fls. 85 Registro: 2016.0000344519 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante EDUARDO ALVES DOS SANTOS, são agravados ADALGISA CARDOSO DOS SANTOS (ESPÓLIO) e PEDRO ALVES DOS SANTOS (ESPÓLIO). ACORDAM, em sessão permanente e virtual da do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores LUIS MARIO GALBETTI (Presidente sem voto), LUIZ ANTONIO COSTA E MIGUEL BRANDI. São Paulo, 20 de maio de 2016. Rômolo Russo Relator Assinatura Eletrônica
fls. 86 Voto nº 16932 Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000 Comarca: São Paulo 2ª. Vara de Família e Sucessões F Reg Santana Ação: Inventário Agravante: Eduardo Alves dos Santos Agravado: Adalgisa Cardoso dos Santos (Espólio) Agravo de Instrumento. Inventário. Agravante que busca a declaração de isenção do recolhimento do ITCMD. Decisão de primeiro grau que determinou ao inventariante diligenciar junto ao órgão fiscal. Imóvel inventariado com valor equivalente a 2.724,13 UFESP's, quando aberto inventário. Isenção à transmissão de imóvel cujo valor não ultrapasse 2.500 UFESP's, desde que seja o único imóvel transmitido, consoante exegese do art. 6º da Lei Estadual nº 10.705/2000. Imóvel em valor superior a 2.500 UFESP's. Isenção do recolhimento de ITCMD a transmissão "causa mortis" de imóvel residencial cujo valor não ultrapassar 5.000 UFESP's, desde que os herdeiros nele residam e não sejam proprietários de outro imóvel. Herdeiros que não residem no imóvel inventariado, afastando-se esta hipótese de isenção. Isenção na forma do art. 6º do Decreto Estadual nº 45.837/2001, a qual contempla espólio com valor total de até 7.500 UFESP's, que está condicionada à aprovação pelo órgão fiscal. Espólio compatível com a aludida isenção, cabendo, contudo, ao inventariante diligenciar junto à autoridade fiscal a bem de obter a necessária aprovação. Agravo desprovido. Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000 -Voto nº 2
fls. 87 Insurge-se o inventariante, ora agravante, contra a r. decisão que, verbis: Fls. 131 - item '1': Deverá o inventariante diligenciar, pessoalmente, junto à Fazenda Pública Estadual. Afirma que deve ser declarada a isenção do recolhimento de ITBI causa mortis (sic), uma vez que o espólio é composto de um único imóvel com valor inferior a 7.500 UFESP's. Requer o provimento do recurso. Indeferido o efeito ativo ao recurso (fls. 72/76). É o relatório. De plano, marque-se que incide na hipótese dos autos o ITCMD (Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos), tributo estadual regulado pela Lei Estadual nº 10.705/2000. O ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis) somente incide sobre as transmissões onerosas de imóveis, sendo tributo de competência municipal, regulamentado nesta Capital pelo Decreto Municipal 55.196/2014. Marcada a aludida ressalva, cabe sublinhar que cabe ao juiz do inventário julgar o cálculo do imposto na forma do art. 1.013 do CPC, verbis: Art. 1.013. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, que correrá em cartório e, em seguida, a Fazenda Pública. 1º Se houver impugnação julgada procedente, ordenará o juiz novamente a remessa dos autos ao contador, determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo. imposto. a pleiteada isenção. 2º Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do No entanto, incabível, reconhecer-se de plano Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000 -Voto nº 3
fls. 88 Com efeito, o imóvel inventariado ostenta valor de R$ 54.864,00 (fls. 42), o que equivalia, à época da abertura do inventário (2014) a 2.724,13 UFESP's. Nesse percurso, cabe marcar-se que está isenta do recolhimento de ITCMD a transmissão "causa mortis" de imóvel residencial cujo valor não ultrapassar 5.000 UFESP's, desde que os herdeiros nele residam e não sejam proprietários de outro imóvel. Outrossim, também está isenta a transmissão de imóvel cujo valor não ultrapasse 2.500 UFESP's, desde que seja o único imóvel transmitido, consoante exegese do art. 6º da Lei Estadual nº 10.705/2000, verbis: Artigo 6º - Fica isenta do imposto: I - a transmissão "causa mortis": a) de imóvel de residência, urbano ou rural, cujo valor não ultrapassar 5.000 (cinco mil) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs e os familiares beneficiados nele residam e não tenham outro imóvel; b) de imóvel cujo valor não ultrapassar 2.500 (duas mil e quinhentas) UFESPs, desde que seja o único transmitido. Na peculiaridade dos autos, a qualificação dos herdeiros indica que não residem no imóvel inventariado, o que obsta a aplicação da isenção prevista no art. 6º, I, 'a', da Lei Estadual nº 10.705/2000. Outrossim, o imóvel ultrapassa o valor de R$ 2.500,00 UFESP's, de modo que não se insere na isenção prevista no art. 6º, I, 'b', da Lei Estadual nº 10.705/2000. Noutro aspecto, a isenção na forma do art. 6º do Decreto Estadual nº 45.837/2001, verbis: Artigo 6º - Fica isenta do imposto: I - a transmissão "causa mortis": Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000 -Voto nº 4
fls. 89 a) do patrimônio total do espólio, cujo valor não ultrapassar 7.500 (sete mil e quinhentas) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs; 1º - Na hipótese da alínea "a" do inciso I, entende-se por "patrimônio total do espólio" o valor correspondente ao acervo tributável por este Estado, correspondendo a cada herdeiro ou legatário uma fração proporcional ao respectivo quinhão ou legado. 2º - Nas hipóteses previstas nas alíneas "a" dos incisos I e II: 1 - se os valores excederem os limites ali fixados, o imposto será calculado apenas sobre a parte excedente; 2 - será observado o valor da Unidade Fiscal do Estado de São Paulo - UFESP vigente na data da abertura da sucessão, da avaliação ou da celebração do contrato de doação. 3 - a isenção estará condicionada ao seu reconhecimento pela Secretaria da Fazenda, conforme os procedimentos previstos nos artigos 20 e 21, observados os prazos e demais condições ali estabelecidas, exceto no caso de doação extrajudicial. 3º - Nas hipóteses previstas no inciso II, deverá constar expressamente dos respectivos instrumentos o valor do bem e o fundamento legal que deu base à isenção. Por conseguinte, a isenção fiscal compatível com o valor do monte mor está condicionada à aprovação pela Secretaria da Fazenda, peculiaridade que impõe a manutenção da r. decisão agravada, a qual determinou aos agravantes diligenciar, pessoalmente, junto à Fazenda Pública Estadual). Por esses fundamentos, meu voto nega provimento ao recurso. RÔMOLO RUSSO Relator Agravo de Instrumento nº 2016321-23.2016.8.26.0000 -Voto nº 5