A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA, PRINCIPALMENTE TREINAMENTO DE FORÇA, EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS1.

Documentos relacionados
ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS AVE / AVC. Profª. Tatiane da Silva Campos

INFLUÊNCIA DA GAMETERAPIA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTE PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: UMA REVISÃO DA LITERATURA.

17/08/2018. Disfagia Neurogênica: Acidente Vascular Encefálico

ALTERAÇÕES DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA

PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES COM AVE ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UFPB

EXERCÍCIOS RESISTIDOS EM MEMBRO SUPERIOR NO IDOSO COM SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO

Acidente Vascular Encefálico

O IMPACTO DA DOENÇA NEUROLÓGICA PÓS-ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE): ESTUDO DE CASO

CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Poliomielite um novo Olhar, comemorando a Vida, cuidando da Saúde!

EFEITOS DA CINESIOTERAPIA E DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA SOBRE O PADRÃO ESPÁSTICO DE PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Treino de marcha assistido por estimulação elétrica funcional. Gabriel Xavier Marantes Médico Fisiatra CREMERS RQE 24140

EFEITOS DA TERAPIA DO ESPELHO SOBRE A FUNÇÃO MOTORA DE INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: REVISÃO DE LITERATURA

Projeto de iniciação científica realizado no curso de fisioterapia da Unijuí 2

A EQUOTERAPIA COMO RECURSO FISIOTERAPÊUTICO NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Hidroterapia no tratamento do acidente vascular cerebral: estudo de caso

PERFIL FUNCIONAL E CLÍNICO DE INDIVÍDUOS ACOMETIDOS COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL EM UNIDADE DE AVC: APLICAÇÃO DE PROTOCOLO PADRONIZADO É POSSÍVEL

Alves et al Analise das principais sequelas observadas em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral - AVC

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

SEÇÃO 1 IMPORTÂNCIA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E DE SUA PREVENÇÃO

Qualidade de Vida 02/03/2012

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA INSTITUTO TECNOLÓGICO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA

VIVER BEM SEU RAMIRO JARBAS E AS DOENÇAS CEREBROVASCULARES DOENÇAS CEREBROVASCULARES

Risco não é rabisco: AVC. AVC Acidente Vascular Cerebral. Baixas temperaturas aumentam risco de AVC

PROJETO DE EXTENSÃO DE REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

PALAVRAS-CHAVE: Estimulação elétrica neuromuscular; Exercícios fisioterapeutico; Lesão cerebrovascular.

Avaliação da marcha em pacientes hemiplégicos após programa de exercícios aeróbicos e fortalecimento muscular

HELENA RODRIGUES DE OLIVEIRA BENEFICIOS DA FISIOTERAPIA NO ESTÁGIO CRÔNICO DE DISFUNÇÕES MOTORAS E FUNCIONAIS PÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

A Senilidade e suas consequências

INFLUÊNCIA DA CAMINHADA ORIENTADA EM PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS 1

ICS EDUCATIONAL COURSE

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PACIENTES COM AVC REVISÃO DE LITERATURA 1

diferenciação adotados foram as variáveis: gênero, faixa etária, caráter do atendimento e óbitos.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: INCIDÊNCIA REGIÃO DE ITAPEVA-SP.

Abordagem do Pilates em Fisioterapia

O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE ATIVIDADE FÍSICA

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

Componentes Psicomotores: Tônus e Equilíbrio

TÍTULO: NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICAS DE PRATICANTES DE DOIS MODELOS DE TREINAMENTO RESISTIDOS.

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

EFEITOS DO FORTALECIMENTO MUSCULAR E SUA RELAÇÃO COM A ATIVIDADE FUNCIONAL E A ESPASTICIDADE EM INDIVÍDUOS HEMIPARÉTICOS

INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NA FORÇA MUSCULAR DE TRONCO DE MULHERES

CAROLINE MARILIA MARTINI MAURA MARQUES DE O. DIANA

ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO CUIDADO A FAMÍLIA E AO IDOSO COM ALZHEIMER: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Recomendações e orientações para a prática de exercícios físicos no idoso. Prof. Dra. Bruna Oneda

OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

O PERFIL DO SETOR DE NEUROLOGIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO - CAMPO GRANDE-MS

AVALIAÇÃO DA MARCHA E DO RISCO DE QUEDA DE PACIENTES APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Atividade. Cuidar da Saúde é uma atitude para toda a vida. física

AVALIAÇÃO COGNITIVA EM PACIENTES PÓS - ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

COLÉGIO SALESIANO DOM BOSCO DISCIPLINA: EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR : THIAGO FERNANDES SÉRIE: 2º ANO

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO Ano Lectivo 2017/2018

Prescrição de exercício para cardiopatas

ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTE COM SEQUELA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: RELATO DE CASO

INTELLECTUS Revista Acadêmica Digital do Grupo POLIS Educacional ISSN

Definição. Estigmas. Entender as limitações. Valorizar: Qualidades. Deficiência Motora IBGE Censo pessoas

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ANÁLISE DA MORTALIDADE NO PIAUÍ EM COMPARAÇÃO COM O PERFIL NORDESTINO E BRASILEIRO EM UM PERÍODO DE 5 ANOS

FACULDADE REGIONAL DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO FAMERP

TÍTULO: OS BENEFICIOS DA HIDROTERAPIA EM PACIENTES COM FIBROMIALGIA. CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA

A EQUOTERAPIA EM PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL DANIELE FERNANDA GUILHERME DOS SANTOS 1 ; RUAS, EDUARDO AUGUSTO 2.

QUALIDADES FÍSICAS RELACIONADAS A APTIDÃO FÍSICA. BASES DO TREINAMENTO CORPORAL I

A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM ADAPTAÇÕES E ORIENTAÇÕES DOMICILIARES DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada. Especialização em Fisioterapia Neurológica.

Maria Susana Dias da Silva Melro Lima

Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos. Prof. Dr. Matheus M. Gomes

DESENVOLVIMENTO DAS QUALIDADES FÍSICAS A FLEXIBILIDADE

AVALIAÇÃO DA MARCHA HEMIPARÉTICA APÓS REABILITAÇÃO COM EXERCÍCIO AERÓBIO

A FISIOTERAPIA NO DESEMPENHO FUNCIONAL DE CRIANÇAS COM MIELOMENINGOCELE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

FISIOTERAPIA AÇÕES DE EDUCAÇÃO NO PRÉ, TRANS E PÓS TCTH. Karla Ribeiro Costa Pereira

TERMO ADITIVO DO NÚMERO DE VAGAS REFERENTE AO EDITAL

INFLUÊNCIA DO PILATES E DA HIDROGINÁSTICA NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE OSTEOPOROSE.

O uso de eletroestimulação na reabilitação de pacientes com Acidente Vascular Encefálico (AVE)

Nosso objetivo: Exposição de casos clínicos, compartilhar conhecimentos e ampliar as possibilidades de atendimentos no seu dia a dia profissional.

Controle do Alcance e Preensão. Geruza Perlato Bella

ISSN Atuação dos profissionais fisioterapeutas na reabilitação... Arrais Júnior, S. L.; Lima, A. M.; Silva, T. G. REVISÃO SISTEMÁTICA

Práticas e programas de musculação para a população acima de sessenta anos

AVALIAÇÃO DA FORÇA DE PREENSÃO PALMAR E INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

USO DA TOXINA BOTULÍNICA TIPO A ASSOCIADA A FISIOTERAPIA SOBRE A ESPASTICIDADE DE PACIENTES PÓS AVE: REVISÃO DE LITERATURA

PERFIL DOS PACIENTES HIPERTENSOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Disciplina: Avaliação da Adaptação Muscular ao Treinamento de Força: Métodos Indiretos

Brazilian Journal of health Review

INCIDÊNCIA E EPIDEMIOLOGIA DO ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO EM IDOSOS NA REGIÃO CENTRO-OESTE NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS

A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA REDUÇÃO DA SUBLUXAÇÃO INFERIOR DO OMBRO DO AVCI

PROPOSTA DE UM GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA PAIS DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL ESPÁSTICA

A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA A QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE

ANÁLISE DA MARCHA DE PACIENTE HEMIPARÉTICO DECORRENTE DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ESTUDO DE CASO

AVALIAÇÃO DO GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA (GIF) NA HANSENÍASE. Jordana Raquel Teixeira Nascimento Fisioterapeuta HST

A Savita apresenta um conceito inovador em reeducação corporal no Recife.

Neurofisiologia do Movimento. Dr. Fábio Agertt

TÍTULO: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO NA PORCENTAGEM DE GORDURA EM IDOSOS

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Prof. Ms. José Góes Colaboração Geovane Filho

UNA-SUS Universidade Aberta do SUS SAUDE. da FAMILIA. CASO COMPLEXO 2 José Clemente. Fundamentação Teórica: Envelhecimento

Transcrição:

311 A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA, PRINCIPALMENTE TREINAMENTO DE FORÇA, EM PACIENTES HEMIPLÉGICOS1. THE INFLUENCE OF PHYSICAL ACTIVITY, MAINLY STRENGTH TRAINING IN PATIENTS HEMIPLEGICS1 Marcos Antonio Felipe Moreira2, Emanuel Duarte da Silva3, Lilian G. de Paula⁴, Silvia Helena Oliveira Moraes⁵, Karina Oliveira Martinho⁶ Resumo : O Acidente Vascular Encefálico (AVE), popularmente conhecido como derrame é caracterizado pelas alterações em uma área encefálica, sendo transitórias, isquêmica ou hemorrágica, decorrentes de uma anormalidade na irrigação sanguínea do cérebro, que podem deixar sequelas como comprometimento das funções psicomotoras, afeto-comportamental, disfagia, senso-perceptivas, cognitivas e até a dependência total. Apresenta a terceira causa de morte em países ocidentais, sendo a causa mais importante de incapacidade grave. Esta revisão de literatura atualizada visa verificar os efeitos e a influência da atividade física em pacientes hemiplégicos. Para a construção deste, foi realizado uma busca eletrônica nos bancos de dados PubMed, Scielo e Medline. Assim, afirmase que a implementação regular da atividade física em pacientes com AVC traz vários benefícios como força muscular, sem aumento de tônus, amplitude de movimento, equilíbrio, coordenação, resistência, prevenção, expressão corporal, condicionamento físico, velocidade da marcha, aumento de VO2 máximo, desempenho funcional, qualidade de vida e influencia na melhora do aspecto emocional, autonômica, independência e social. Vida. Palavras chave: Musculação, Acidente Cerebral Vascular, Qualidade de 2Graduando em Fisioterapia FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: marcosmoreiraefi@hotmail.com; 3Graduando em Fisioterapia - FACISA/UNIVIÇOSA. e-mail: emanueluni@hotmail.com; ⁴Graduanda em Fisioterapia FACISA/UNIVIÇOSA. email: fisioterapia@univicosa.com.br ⁵Professora/Gestora da Faculdade de Ciências Biológias e da Saúde FACISA/UNIVICOSA.email:fisioterapia@univicosa.com.br ⁶Professora da Faculdade de Ciências Biológias e da Saúde FACISA/UNIVICOSA e-mail:kkmartinho@yahoo.com.br

312 Marcos Antonio Felipe Moreira et all Abstract: The Vascular Accident (CVA), popularly known as stroke is characterized by changes in a brain area, being transient, ischemic or hemorrhagic, caused by an abnormality in the blood supply to the brain, which can leave sequelae such as impairment of psychomotor functions, afeto-behavioral, dysphagia, sensoryperceptual, cognitive and even total dependence. It presents the third cause of death in Western countries, the most important cause of severe disability. This updated literature review aims to determine the effects and influence of physical activity in hemiplegic patients. To build this, it performed an electronic search in the databases PubMed, Scielo and Medline. Thus, it is stated that the regular implementation of physical activity in stroke patients has several benefits such as muscle strength without increasing tone, range of motion, balance, coordination, endurance, prevention, body language, fitness, walking speed, VO2 max increase, functional performance, quality of life and influences in improving the emotional aspect, autonomic, independence and social. Keywords: Bodybuilding, Cerebral Vascular Accident, Quality of Life. Introdução A doença cerebrovascular é uma das principais causas de morte no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013), no mundo e uma das maiores causas de desabilidades em países industrializados (OLIVEIRA, 2001). Segundo Junqueira et. al., o Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma doença comum e de grande impacto na saúde pública em todo o mundo por ser a principal causa de incapacidades neurológicas em adultos acometendo a função das extremidades de membros, controle motor, equilíbrio, força e mobilidade, e devido aos altos custos despendidos com o seu tratamento agudo e em longo prazo. A hipertensão arterial e o fumo claramente aumentam o risco do indivíduo de ser acometido por um acidente vascular, mas outros fatores de risco potenciais incluem a inatividade física, a obesidade, a intolerância à glicose, as dislipidemias, dietas e utilização de altas doses de contraceptivos. De acordo com Junqueira et. al, (2004), a principal consequência positiva é a espasticidade, definida como hiperatividade do reflexo de estiramento, dependente da velocidade. As consequências negativas são

313 representadas por fraqueza muscular, perda de destreza e choque. Alguns autores acreditavam que o treinamento muscular não deveria ser usado na reabilitação de indivíduos com lesão de neurônio motor superior. Para eles, a diminuição da potência muscular não estaria relacionada à fraqueza, e, sim, à hipertonia da musculatura espástica, com isso, o treinamento aumentaria e reforçaria o movimento anormal. Entretanto, tem sido demonstrado que a disfunção motora é causada por desequilíbrio muscular decorrente do desuso e da fraqueza muscular (JUNQUEIRA, et. al., (2004)). Portanto esta pesquisa visa verificar as influências e benefícios que a atividade física e o treinamento de força trazem aos portadores de hemiplegia. Material e Métodos Este trabalho baseou-se numa pesquisa de artigos científicos nos bancos de dados PubMed, Scielo e Medline, no período entre 1999 a 2014. Os indexadores utilizados foram atividade física, musculação, treinamento de força, pacientes neurológico, hemiplegia, AVC e Acidente Vascular Encefálico. Dos artigos encontrados, foram excluídos os artigos que não relacionavam a atividade física, treinamento de força em hemiplégicos. Discussão De acordo com Junqueira et. al., (2004) a relação entre espasticidade e fraqueza muscular tem sido relatada como fator determinante nos déficits da performance funcional em sujeitos com AVC. A força muscular do membro parético e a espasticidade correlacionam-se com as atividades funcionais, principalmente com a marcha. A força muscular do lado parético, quando avaliada por medidas de torque e força, relaciona-se positiva e significativamente com a velocidade da marcha, a cadência, o nível de independência e a distância. Muitos pesquisadores têm demonstrado significativa relação entre a força muscular do hemicorpo afetado e a independência funcional, e, ainda, com o prognóstico do paciente. De acordo com Teixeira-Salmela et. al, (2000) e entendendo a

314 Marcos Antonio Felipe Moreira et all contribuição das mudanças adaptativas estruturais e funcionais nos músculos e sabendo que essas mudanças ocorrem em resposta à paralisia e à fraqueza muscular determinada pelo desuso e inatividade física, surge a necessidade de um programa de reabilitação para pacientes pós-avc com ênfase no treinamento de força muscular. Os exercícios de fortalecimento muscular atuam aumentando o recrutamento de unidades motoras, melhorando a capacidade e o timing na geração de força, diminuindo a rigidez muscular e a hiperativação reflexa e preservando a extensibilidade funcional dos músculos. O fortalecimento muscular ainda promove o aprendizado motor traduzido pelo desenvolvimento de padrões neuromotores de coordenação por meio da prática da ação específica. O treinamento para o aprendizado motor tem potencial para dirigir a reorganização cerebral e otimiza a performance funcional. Por isso, ao treinar força muscular é importante praticar atividades funcionais necessárias para realização de AVDs (JUNQUEIRA et. al. 2004) Dentre as principais manifestações decorrentes desta patologia as mais significativas são a fraqueza muscular e a espasticidade. Várias causas da fraqueza muscular têm sido descritas: atrofia muscular com redução no tamanho das fibras tipo II, diminuição do número de unidades motoras recrutadas durante o exercício dinâmico e da capacidade oxidativa do músculo par ético. Os déficits de força muscular causam um impacto significativo para o paciente hemiplégico, dificultando a realização de diversas tarefas funcionais como deambular, fazer atividades de vida diária, fazer compras, visitar os amigos, usar transporte público, levando-o a um estilo de vida sedentário e cada vez mais dependente e agravando, assim, os déficits já existentes (TEIXEIRA- SALMELA et.al. (2000)). Ainda segundo Teixeira-Salmela (2000), a fraqueza muscular não é restrita ao lado hemiparético. Estudos envolvendo indivíduos com lesões cerebrais e grupo-controle de indivíduos saudáveis têm identificado fraqueza na musculatura ipsilateral à lesão cerebral. A fraqueza muscular presente no lado não-afetado é devida à lesão do trato corticoespinhal ipsilateral ao AVC e à diminuição do nível de atividade dos indivíduos; portanto, o membro aparentemente saudável não deve ser usado como parâmetro de comparação da força muscular.

315 Espasticidade, Resistência E Fraqueza Muscular Segundo O Sullivan e Schmitz (1988) a espasticidade caracteriza-se pelo aumento da resistência ao alongamento passivo e é dependente da velocidade do alongamento; está associada à exacerbação dos reflexos tendinosos, sendo uma das seqüelas mais comuns presentes nas lesões do sistema nervoso central. No AVC há uma predileção da espasticidade pela musculatura flexora de membros superiores e extensora de membros inferiores. Indivíduos que sofreram AVC apresentam uma reduzida capacidade aeróbica em relação a indivíduos saudáveis com idade similar. A baixa resistência aeróbica observada nestes indivíduos deve-se, provavelmente, a uma diminuição do recrutamento de unidades motoras durante uma atividade dinâmica, redução da capacidade oxidativa dos músculos paréticos e a uma diminuição global da resistência aeróbica (TEIXEIRA-SALMELA, 2000). A fraqueza muscular tem sido reconhecida como fator limitante de pacientes pós-avc e é refletida pela incapacidade de gerar força muscular em níveis normais. Mudanças fisiológicas no músculo plégico podem contribuir para o déficit de força observado. Estudos morfológicos dos músculos esqueléticos de pacientes hemiplégicos têm sugerido que a atrofia muscular é conseqüente do desuso, da perda dos efeitos tróficos centrais, da atrofia neurogênica, do repouso excessivo no leito durante a fase aguda do AVC, da perda de unidades motoras, da alteração na ordem de recrutamento e do tempo de disparo das unidades motoras, da alteração na condução dos nervos periféricos e do estilo de vida sedentário (TEIXEIRA-SALMELA et.al, 2000). De acordo com Torriani-Pasin (2014), a prática de atividade física e exercícios têm o potencial de influenciar positivamente múltiplos aspectos físicos e psicossociais após um AVC. Há fortes evidências de que a prática de programas de exercícios físicos pode melhorar a capacidade cardiovascular, a habilidade de marcha e a força muscular de membros superiores e inferiores após um AVC. Além disso, robustos resultados têm demonstrado que os benefícios estendem-se para a redução dos sintomas de depressão, melhoram os aspectos cognitivos, tais como a memória, reduzem a fadiga permitem garantir melhor qualidade de vida e maior participação social após um AVC. Um aspecto importante da prática da atividade física após o AVE é

316 Marcos Antonio Felipe Moreira et all a melhora da qualidade de vida desses pacientes. Há estudos dos benefícios de um programa de exercícios físicos para pessoas que tiveram Acidente Vascular Encefálico com tempo superior a seis meses mostrou que, além dos significantes benefícios nas limitações funcionais como resistência, equilíbrio e mobilidade, sendo observada também uma melhora na qualidade de vida nos meses iniciais da reabilitação (JUNQUEIRA 2004). Entretanto, muitos profissionais da saúde têm experiência limitada no oferecimento de programas de atividade física que sejam seguros e ofertados de forma contínua e regular para essa população. Seja pela falta de centros especializados nesse serviço, seja pelo trabalho individualizado e não efetivamente interdisciplinar, ou pela falta de estrutura física e/ou conhecimento para a prescrição de atividade física adequada, é inegável que esse desafio necessita ser superado em nosso país (TORRIANI- PASIN 2014). Considerações Finais Programas de treinamento de força muscular e condicionamento aeróbico que proporcionam ganho considerável no desempenho funcional, qualidade de vida, força e condicionamento, sem, contudo, exacerbar os padrões espásticos obtidos pelo AVE. O aumento de força muscular em atividades funcionais do paciente é um fator muito importante para a melhora na qualidade de vida. Tal abordagem requer baixos custos e mostrou-se viável para implantação em clínica de fisioterapia, inclusive em postos de saúde. Pesquisas futuras se fazem necessárias para investigar os efeitos do treinamento contínuo e do sedentarismo nessa população. Além disso, a atividade física deve integrar os programas de políticas públicas de saúde a fim de reduzir a incidência de AVE. Referências Bibliográficas JUNQUEIRA, R. T., RIBEIRO, A. M. B. E SCIANNI, A. A. Efeitos Do Fortalecimento Muscular E Sua Relação Com A Atividade Funcional E A Espasticidade Em Indivíduos Hemiparéticos Rev. Bras Fisioter. V.8, nº.3,

317 p.247-252.2004. OLIVEIRA, Ricardo Jacó, Atividade física e Doença Cerebrovascular. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Brasília v.9, nº 3,p. 65-78.2001. OMS. Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com acidente vascular cerebral / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2013, 72p. O SULLIVAN, B.S.; SCHMITZ, T.J. Fisioterapia, Avaliação e Tratamento. 2 ed. São Paulo: Manole, 1988. TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; OLIVEIRA, E.S.G, SANTANA, E. G. S, RESENDE, G.P. Fortalecimento muscular e condicionamento físico em hemiplégicos Acta Fisiátrica. V.7, nº3,p. 108-118, 2000. TORRIANI-PASIN, C..Editorial: Qualidade de vida após um AVC: os efeitos da prática de atividade física regular em pacientes crônicos. Docente na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), São Paulo-SP, Brasil.