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Blucher Chemical Engineering Proceedings Dezembro de 2014, Volume 1, Número 1 X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica Influência da pesquisa em Engenharia Química no desenvolvimento tecnológico e industrial brasileiro Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Universidade Severino Sombra Vassouras RJ Brasil AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE CELULAR DE Cupriavidus necator APÓS LIOFILIZAÇÃO UTILIZANDO LEITE DESNATADO COMO PROTETOR STEFFEN 1, W.F.; MARTINHAGO 1, F.M.; SANTOS 1, E.C.; QUINES 2, L.K.M.; ZANFONATO 2, K.; SCHIMIDT 2, M.; ARAGÃO 3, G.M.F. 1 2 3 Aluno do EQA/CTC/UFSC Doutorando do EQA/CTC/UFSC Professor do EQA/CTC/UFSC Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos Centro Tecnológico Universidade Federal de Santa Catarina Endereço UFSC, Bairro Trindade, Florianópolis, CEP. 88.040-900, SC e-mail: glaucia@enq.ufsc.br RESUMO - Este trabalho teve como objetivo comparar a viabilidade da preservação da bactéria Cupriavidus necator, utilizando como protetor leite desnatado longa vida esterilizado em autoclave (LDEA) e leite desnatado longa vida comercialmente estéril (LDCE). O leite desnatado longa vida foi esterilizado em autoclave (121 C/1 minuto) e o leite desnatado longa vida comercialmente estéril foi utilizado diretamente da embalagem, aberto em condições assépticas. Alíquotas de 1 ml do caldo cultivado foram misturadas a um volume de leite, este representando 10 % do volume total, e acondicionados em tubos de vidro seláveis. Os tubos, contendo o caldo cultivado, permaneceram em freezer a -20 C por 12 h e posteriormente foram liofilizados por 24 h. A viabilidade celular para o caldo protegido com LDEA foi de 7,0 % de sobrevivência, enquanto que para o caldo protegido com LDCE foi de 12,7 %. A viabilidade celular para o caldo cultivado sem adição de leite foi de 0,08 %. Pode-se concluir que o leite desnatado apresentou efeito protetor de C. necator. O LDCE possui maior capacidade de proteção durante a liofilização para o microrganismo estudado, mesmo apresentando, para as duas situações testadas, sobrevivência relativamente baixa quando comparada à literatura existente para outras culturas de microrganismos. Palavras chave: preservação de microrganismos, secagem, congelamento. INTRODUÇÃO A produção de biopolímeros, como os Polihidroxialcanoatos (PHAs), vem sendo amplamente estudada em resposta à preocupação causada pelo acúmulo de plásticos produzidos a partir de fontes não renováveis, como o petróleo. Dentre os PHAs, se destaca o Poli(3-hidroxibutirato) (P(3HB)), devido às suas características de biodegradabilidade e biocompatibilidade (Rodríguez et al., 2012). Muitos microrganismos são capazes de sintetizar o P(3HB), sendo C. necator o que apresenta condições mais favoráveis à produção industrial, devido à sua capacidade de acumular até 80 % deste biopolímero e de assimilar diferentes fontes de carbono (Hafuka

et al., 2011). Sua adequada preservação mostra-se de fundamental importância para os processos produtivos de P(3HB). A preservação de microrganismos por diferentes metodologias, como armazenamento em nitrogênio líquido, congelamento e liofilização, é utilizada há décadas. Durante a preservação, é necessário que o microrganismo seja preservado durante um período de tempo tão longo quanto possível e por meio de um método que não permita ou que minimize as alterações em suas características fisiológicas (Cameotra, 2007). A liofilização consiste em uma técnica que utiliza métodos de congelamento e desidratação associados, sob condições de vácuo, removendo água e outros solventes do produto congelado pelo processo de sublimação (Miyamoto-Shinohara et al., 2008). A fase de crescimento em que a biomassa se encontra quando esta sofre o processo de preservação influencia na viabilidade das células, sendo que as células possuem maiores condições de sobrevivência à preservação na fase estacionária do crescimento, conforme estudo realizado por Corcoran et al. (2004). Este trabalho teve como objetivo comparar a viabilidade da preservação de Cupriavidus necator, utilizando como protetores leite desnatado longa vida esterilizado em autoclave (LDEA) e leite desnatado longa vida comercialmente estéril (LDCE), em meio mineral e com as células em fase estacionária de crescimento. MATERIAL E MÉTODOS Estudo da Cinética do Crescimento em Meio Mineral O microrganismo utilizado neste estudo foi C. necator DSM 545. As células (anteriormente armazenadas em glicerol a -80) foram inoculadas em 150 ml de caldo nutriente (CN), que contém em sua composição peptona de carne (5,0 g.l -1 ) e extrato de carne (3,0 g.l -1 ). Esta cultura foi incubada em agitador orbital, a 35 ºC e agitação de 150 rpm. Após 24 horas, 10 % do volume desta foi transferido para uma segunda pré-cultura, que consistiu em CN com mesma composição e volume do primeiro, e incubado durante 18 horas. Em seguida, uma alíquota de 40 ml serviu de inoculo para 400 ml de volume total de meio mineral, conforme descrito por Aragão (1996), com modificações. O acompanhamento do crescimento em meio mineral foi realizado através da determinação da absorbância (600 nm) com intervalos de 2 a 4 horas, durante 43 horas, este acompanhamento teve como objetivo a determinação da fase estacionária de crescimento do microrganismo estudado. Plaqueamentos em profundidade foram realizados utilizando CN, estes em triplicata para uma diluição de até 1:10 10. As placas foram incubadas em estufa microbiológica a 35 ºC por 48 horas. Leite O leite utilizado como protetor foi leite desnatado longa vida da marca Parmalat. O LDEA foi obtido através da esterilização do leite em autoclave a 121 ºC durante 1 minuto, e o LDCE foi empregado diretamente da embalagem longa vida, aberto em condições assépticas. Avaliação da Viabilidade Celular de C. necator Após Liofilização Com a determinação da duração da fase estacionária de crescimento, um novo cultivo foi realizado (mesmas condições utilizadas para determinar o momento da fase estacionária). Alíquotas de 30 ml foram retiradas após 42 horas de cultivo. Estas amostras foram misturadas com LDEA e LDCE, de modo que o volume do leite representasse 10 % do volume final de mistura (leite + biomassa). Alíquotas de 1,11 ml destas misturas foram acondicionadas em tubos de vidro (8x120x1 mm). Para efeito comparativo da adição do leite no processo, 1 ml de caldo cultivado foi adicionado a tubos de vidro sem adição de leite. Em seguida, os tubos de vidro permaneceram a -20 ºC por 12 horas e posteriormente foram transferidos para câmara de secagem a -50 ºC e pressão de 6 mmhg, por 24 horas. O equipamento utilizado foi o liofilizador L101 (Liobras). Após o processo de liofilização, os tubos foram selados com auxílio de maçarico.

Os plaqueamentos foram realizados nas seguintes etapas do processo: em meio mineral com 42 horas de cultivo (MM); após o congelamento (C) e após o processo de liofilização (L), esses plaqueamentos deram-se com o objetivo de determinaras Unidades Formadoras de Colônias por ml de caldo cultivado (UFC.mL -1 ) antes e imediatamente após o processo de liofilização. A viabilidade celular expressa em % foi calculada através da Equação 1, que considera a população de microrganismos antes do processo, ou seja, o resultado obtido no plaqueamento em meio mineral, e a população de microrganismos depois do processo, tanto para o congelamento quanto para a secagem. Viabilidade%= Pop. depois UFC*ml-1 Pop. antes (UFC*ml -1 ) *100 (1) RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudo da Cinética de Crescimento em Meio Mineral A cinética de crescimento de C. necator está apresentada na Figura 1. Observa-se que o início da fase estacionária ocorreu em aproximadamente 36 horas de cultivo e o término da mesma, em 42 horas. A partir de 36 horas, a viabilidade celular se manteve constante, próximo a 5x10 10 UFC.mL -1. Conforme exposto por Corcoran et al. (2004), a partir do início da fase estacionária de cultivo, as células se encontram em condições mais adequadas para o posterior processo de liofilização, devido à alta concentração celular neste patamar. A fim de usar a máxima concentração celular no meio, definiu-se que o tempo de cultivo seria ao final da fase estacionária de crescimento, ou seja, em 42 horas. Figura 1 Evolução do crescimento de C. necator expressa em absorbância (600 nm) e contagem das células viáveis (UFC.mL -1 ) em meio mineral ao longo do tempo de cultivo. Avaliação da Viabilidade Celular de C. necator Após Liofilização Os dados obtidos com os plaqueamentos realizados nas etapas da liofilização estão mostrados na Figura 2. Figura 2 Viabilidade celular nas diferentes etapas do processo de liofilização: Meio mineral (MM), Após congelamento (C) e Após a liofilização (L). Para os plaqueamentos realizados antes do processo de liofilização, as viabilidades celulares obtidas para amostras utilizando LDEA, LDCE e Sem Leite, foram de 72,4 %, 55,9 % e 10,3 %, respectivamente. É possível observar que já no congelamento, o leite desnatado mostrou efeito positivo de proteção da biomassa, pois manteve viabilidade celular maior que a do caldo congelado sem adição de protetor.

Os resultados do plaqueamento realizado após o processo de liofilização estão apresentados na Figura 3. A viabilidade obtida para amostras utilizando LDEA, LDCE e Sem Leite, foram de 7,0 %, 12,7 % e 0,08 %, respectivamente. Figura 3 Viabilidade celular de C. necatorapós o processo de liofilização para os diferentes protetores utilizados. Estes resultados mostraram que o leite desnatado possui efeito protetor sobre o microrganismo estudado e nas condições estudadas, uma vez que a viabilidade celular encontrada para os ensaios realizados sem a adição do mesmo resultou em viabilidade de 0,08 %, viabilidade inferior à obtida com a adição do leite em quaisquer condições utilizadas neste trabalho. Apesar de o LDEA ter apresentado melhor condição de proteção às células durante a fase de congelamento, o LDCE foi o que melhor protegeu as células durante o processo de secagem/liofilização. A importância da realização de plaqueamentos após o congelamento serviu para indicar qual etapa do processo causa maiores danos à biomassa (morte celular), uma vez que a liofilização é a junção do processo de congelamento e do processo de secagem a baixas pressão e temperatura. O protetor celular utilizado no processo de liofilização deve proteger a célula tanto no congelamento, como na secagem (Morgan e Vesey, 2009; Berk, 2013). É possível utilizar também uma combinação de protetores, visando melhor proteção das células durante as duas etapas da liofilização. A viabilidade máxima obtida neste trabalho (12,7 %) pode ainda ser otimizada, através do estudo da quantidade ideal de protetor a ser utilizado. Não há relatos na literatura consultada para a preservação de C. necator através de liofilização.estudos realizados por Zayed e Roos (2004) mostraram que a preservação de Lactobacillus salivarius utilizando leite desnatado atingiu viabilidade celular de aproximadamente 22 %. Neste mesmo trabalho a utilização de outros protetores como trealose, sacarose, e a utilização de uma mistura destes protetores também foi analisada, condição em que se obteve cerca de 85 % de viabilidade celular. Ao comparar a viabilidade encontrada por esses autores com a viabilidade obtida neste trabalho, observa-se que esta viabilidade é relativamente baixa, apesar de se tratar de outro microrganismo. CONCLUSÃO Com os resultados obtidos, conclui-se que o leite apresentou efeito protetor sobre Cupriavidus necator nas condições estudadas, e que o leite desnatado comercialmente estéril ofereceu maior proteção às células. Apesar da proteção demonstrada, o leite desnatado utilizado nas condições estudadas foi pouco eficiente no processo de liofilização. Estudos adicionais se fazem necessários para futuramente obter-se maior viabilidade deste microrganismo. REFERÊNCIAS ARAGÃO, G. M. F. (1996), Production polyhydroxyalcanoates par Alcaligenes eutrophus: caractérisation cinétique et contribution à l optimisation de la mise en oeuvredes cultures, L institut National des Sciences appliquees de Toulouse, Toulouse (Doctorat spécialité: Biologie et genetique Moleculaires et Cellulaires Biotechnologie). BERK, Z. (2013), Freeze drying (lyophilization) and freeze concentration, Food Process Engineering and Technology, 2 th Academic Press, 567p.

CAMEOTRA, S. S. (2007), Preservation of microorganisms as deposits for patent application, Biochemical and Biophysical Research Communications, 353, 849-850. CORCORAN B. M., ROSS R. P., FITZGERALD G.F., STANTON C. (2004), Comparative survival of probiotic lactobacilli spray-dried in the presence of prebiotic substances, Journal of Applied Microbiology, 96, 1024 1039. HAFUKA, A., SAKAIDA, K., SATOH, H., TAKAHASHI, M., WATANABE, Y., OKABE, S. (2011), Effect of feeding regimens on polyhydroxybutyrate production from food wastes by Cupriavidus necator, Bioresorce Technology, 102, 3551-3553. MIYAMOTO-SHINOHARA, Y., SUKENOBE, J., IMAIZUMI, T., NAKAHARA, T. (2008), Survival of freeze-dried bacteria, Journal of General and Applied Microbiology, 54, 9 24. MORGAN, C., VESEY, G. (2009), Freeze Drying of Microorganisms, Encyclopedia of Microbiology 3 th, Academic Press, 162p. RODRÍGUEZ, A. C., CALAFELL, M. M., MARQUÉS, M. S. C. (2012), Enzymatic degradation of poly(3-hydroxybutyrate) by a commercial lipase, Polymer Degradation and Stability, 97, 2473-2476. ZAYED, G., ROOS Y. H. (2004), Influence of trehalose and moisture content on survival of Lactobacillus salivarius subjected to freeze-drying and storage, Process Biochemistry, 36, 1081-1086.