Tarifas de Uso de Rede Este tutorial apresenta os conceitos básicos de Tarifas de Uso de Rede das Operadoras de Telefonia Fixa e Celular. Eduardo Tude Engenheiro de Teleco (IME 78) e Mestre em Teleco (INPE 81) tendo atuado nas áreas de Redes Ópticas, Sistemas Celulares e Comunicações por Satélite. Ocupou várias posições de Direção em empresas de Teleco como VP de Operações da BMT, Diretor de Operações da Pegasus Telecom e Gerente de Planejamento Celular da Ericsson. Pioneiro no desenvolvimento de Satélites no Brasil (INPE), tem vasta experiência internacional, é detentor de uma patente na área e tem participado constantemente como palestrante em seminários. Assumiu em 2002 um novo desafio profissional como empreendedor e Presidente do Teleco. Email: etude@teleco.com.br José Luis De Souza José Luis é Engenheiro de Telecomunicações (UGF 73) com extensão em software (ICAI Madrid 1977) tendo atuado nas áreas de Comutação Pública e Privada, Operações de Telefonia Celular, Trunking, Paging, etc. Presidente da FITec, ocupou várias posições de Direção de empresas de Teleco, sendo as mais recentes as de Presidente da Daruma, Presidente da TESS (hoje Claro), VP Comercial da TESS e Diretor de Operações 1
Comerciais da ATL (hoje Claro). Participou do desenvolvimento do Sistema Metaconta na ITT (hoje Alcatel), foi Coordenador do Projeto Trópico no CPqD, desenvolveu produtos nas áreas de automação e comutação como Diretor de Tecnologia da Avel e da Batik, participou da criação da empresa Radiolink de Trunking e @cess de Paging, como Diretor Técnico da Itatel. Desde 1992 participa ativamente como membro dos conselhos da Telexpo e Futurecom, além de Coordenar e Proferir palestras nestes e outros congressos internacionais. È membro do Conselho de Administração da Telebrasil da qual foi o primeiro Presidente do Conselho Consultivo. Assumiu em 2002 um novo desafio profissional como empreendedor e Diretor do Teleco. Email: joseluis@teleco.com.br Categoria: Regulamentação Nível: Introdutório Enfoque: Regulatório Duração: 15 minutos Publicado em: 03/05/2004 2
Tarifa de Uso: O que é? Tarifa de uso de rede é o valor cobrado por minuto por uma operadora para cursar uma chamada em sua rede, quando o cliente que pagará a chamada não é seu. Uma espécie de pedágio cobrado a uma outra operadora para usar sua rede. São as seguintes as tarifas em vigor: Tarifa de Uso Operadora TU-RL Tarifa de uso da rede local Telefonia Fixa TU-RIU Tarifa de Uso da Rede Interurbana Telefonia Fixa VU-M Valor de Uso da Rede Móvel Celular (SMP) Assim, a TU-RL é a tarifa por minuto cobrada por uma operadora do STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado) para cursar uma chamada por sua rede local e TU-RIU é a tarifa por minuto cobrada por uma operadora de STFC para cursar uma chamada por sua rede de longa distância. Rede Local é o conjunto dos centros de comutação, equipamentos e meios de transmissão da prestadora, utilizados como suporte à prestação de STFC na modalidade Local. Rede Interurbana: rede de Prestadora de STFC na modalidade Longa Distância Nacional, constituída pelo conjunto dos centros de comutação, equipamentos e meios de transmissão, suporte à prestação de STFC nas modalidades Longa Distância Nacional e Internacional. VU-M é o valor cobrado por minuto pela operadora do SMP para cursar uma chamada por sua rede. Rede do SMP é o conjunto dos centros de comutação, controle, equipamentos e meios de transmissão, utilizados pela prestadora como suporte à prestação do SMP numa determinada área de prestação. O Regulamento SMP divide o Brasil em 67 áreas para prestação do serviço, que podem ser chamadas também de áreas locais do SMP, correspondentes aos códigos DDD (11, 12, 13... 21, 22... 31, etc). No presente as áreas locais do STFC não seguem a mesma lógica e são em número muito mais elevado. Em uma área local do SMP estão contidas várias áreas locais do STFC. A Anatel pretende que no futuro as áreas locais do STFC sejam ampliadas de modo a se igualar às do SMP. Isto tem sido foco de discussões entre operadoras nas discussões dos contratos de interconexão. 3
Tarifas de uso: Situações Apresenta-se a seguir a aplicação de tarifas de uso nas situações encontradas em chamadas de operadoras fixas e celulares sem considerar as chamadas a cobrar. Chamada Local Fixo» Fixo Numa chamada destinada à mesma área local, entre operadoras diferentes, a operadora onde é originada a chamada remunera TU-RL à outra operadora envolvida. Se a operadora é a mesma não cabe cobrança de tarifa de uso. Chamada Local Fixo» Móvel Numa chamada local (aquela em que não é necessário usar o código de seleção de prestadora - CSP) de um telefone fixo para um celular, a operadora fixa paga VU-M para a operadora celular. Chamada Local Móvel» Fixo Numa chamada local(aquela em que não é necessário usar o código de seleção de prestadora - CSP) de um telefone celular para um telefone fixo, a operadora de celular pagará TU-RL ou TU-RL + TU-RIU dependendo da localização de seu ponto de interconexão com a operadora fixa e da localidade a que se destina a chamada como iliustrado na figura a seguir. Chamada Local Móvel» Móvel Numa chamada local, entre operadoras diferentes, a operadora onde é originada a chamada remunera VU-M à outra operadora envolvida. Se a operadora é a mesma não cabe cobrança de tarifa de uso. Chamadas de Longa Distância Numa chamada de longa distância a operadora escolhida pelo cliente através do CSP deverá remunerar com tarifas de uso de rede as operadoras de serviço local nas duas pontas, caso sejam diferentes dela mesma. São muitas as combinações possíveis. Analisando com exemplos: 4
Numa chamada originada em Brasília por um cliente da Brasil Telecom destinada a São Paulo a um cliente da Claro, utilizando o CSP da Intelig Telecom estão envolvidas as seguintes remunerações pelo uso das redes: A Intelig Telecom, que cobrará a chamada do cliente, pagará TU-RL à Brasil Telecom e VU-M à Claro. Numa chamada originada em Pindamonhagaba por um cliente da Telefônica destinada ao Rio de Janeiro a um cliente da Telemar, utilizando o Código de Seleção de Prestadora (CSP) da Embratel estão envolvidas as seguintes remunerações pelo uso das redes: A Embratel, que cobrará a chamada do cliente, pagará TU-RL à Telefonica e TU-RL à Telemar. Caso a Embratel não tenha interconexão direta na área local de Pindamonhangaba pagará, ainda, TU-RIU à Telefônica para levar a chamada até o ponto de presença da Embratel. No caso de chamadas a cobrar estas situações se aplicam considerando-se aquele que paga a ligação como o originador da chamada. 5
Tarifas de Uso: Valores Os valores de TU-RL, TU-RIU e VU-M variam de operadora para operadora. A tabela a seguir apresenta o valor médio de 2003/2004 estimado pelo Teleco considerando o reajuste de tarifas em vigor, (IPCA para fixo): TU-RL R$ 0,052 TU-RIU R$ 0,096 VU-M R$ 0,386 Como se pode observar, os valores de remuneração das redes móveis são muito maiores que os valores de remuneração das rede de telefonia fixa. O acerto de contas entre operadoras do STFC respeita ainda o regulamento de encontro de contas que estipula um desbalanceamento de tráfego sainte maior que 55% para que uma parte pague à outra os valores apurados no mês. A partir de 2006 será exigido pela ANATEL que o encontro de contas seja feito mensalmente independentemente do porcentual de desbalanceamento de tráfego. O mesmo se aplica ao relacionamento entre operadoras do SMP para o tráfego na mesma área de registro (área de local), até junho de 2005. A TU-RL e a TU-RIU são reajustadas anulamente com base em indicadores econômicos e negociação envolvendo fator de produtividade com a ANATEL. A data base é junho. Já o VU-M é suposto que venha a ser resultado de livre negociação. Este é um dos atuais pontos focais das preocupações das operadoras fixas e celulares, uma vez que o impacto nos preços ao público e o equilíbrio econômico-financeiro das operações estão em jogo quando se fala de VU-M. A rodada definitiva será em fevereiro de 2005, data base para o rejuste, embora as discussões já tenham sido iniciadas, inclusive publicamente. As tarifas de uso representam 7% receita da concessionárias de telefonia fixa local. O impacto do VU-M da receita bruta das operadoras do SMP é bem maior estando entre 27 e 38%. 6
Tarifas de Uso: Considerações Finais Este tutorial apresentou os conceitos básicos de Tarifas de Uso de Rede das Operadoras de Telefonia Fixa e Celular. Como apresentado, a questão principal em discussão, analisada a seguir, envolve a negociação dos valores de VU-M, fonte principal de receita de usuários pré-pago que representavam (março de 2004) 77,7% dos celulares do Brasil (49,1 milhões). A tabela apresentada a seguir com o perfil de tráfego dos clientes da Telemig Celular exemplifica esta situação. Tabela: Minutos mensais de uso (MOU) de clientes da Telemig Celular (2003) Clientes Recebidas Chamadas Originadas Pos pago 64 130 Pré-pago 39 11 O cliente pré-pago recebe mais que origina chamadas. Os minutos de chamadas recebidas correspondem a cerca de 75% do total de minutos. Isto faz com que ar aceite do cliente pré-pago seja composta em mais de 2/3 de receita de VU-M. Os níveis atuais de receita têm viabilizado a popularização do celular como parte importante do modelo brasileiro de remuneração de uso de redes. Maior o VU-M, melhor o desempenho das operadoras do SMP e mais ofertas para atrair clientes pré-pagos com claro subsídio dos aparelhos. Menor VU-M menos subsídios para atrair clientes, menor crescimento da base de clientes. O VU-M compõe a tarifa VC1 fixo-móvel, tendo impacto direto no resultado das operadoras do STFC, uma vez que a inadimplência do cliente fica com estas e a receita do VU-M vai para as operadoras do SMP. O aumento do VU-M implica em aumento das tarifas fixo-móvel, alterando também a competitividade das operadoras do STFC, porque diminui o tráfego fixo-móvel. Maior o VU-M, maior o VC-1 e menos competitiva a operadora do STFC. Com as ofertas de tarifas especiais. para chamadas móvel-móvel da mesma operadora e de móvel-fixo, as operadoras do SMP têm conseguido atrair parcela significativa do tráfego fixo-móvel. No mercado corporativo, caracterizado pelo elevado volume de tráfego, as tarifas estão ainda mais agressivas, sendo mais baixas que o VU-M em muitos casos, sinalizando que profundas negociações acontecerão em fevereiro de 2005. A competição entre operadoras do serviço fixo e móvel está, portanto, centrada no VU-M, uma vez que o grande volume de tráfego ainda é o local e a TU-RL tem valor em média 7 vezes menor que o do VU-M. 7
Por outro lado, para que as tarifas de público em geral venham a cair, não há outra solução se não a de baixar o VU-M, o que certamente é esperado pela ANATEL, por ter optado pela livre negociação do seu valor. Está claro que para aumentar a penetração do SMP, as operadoras têm que ter ofertas agressivas de aparelhos pré-pagos, dando maior acesso aos clientes das classes D e E. Com VU-M s menores, as negociações com fabricantes de aparelhos certamente farão com que sejam oferecidos modelos simples de custo inferior aos hoje comercializados. Com isso, a economia de escala deve equilibrar a equação de todos os atores. Finalmente, vale lembrar que os governos estaduais devem fazer a sua parte, reduzindo o ICMS a nível aceitável (10%), sem o que a equação de viabilidade do serviço pré-pago não se equilibrará, por falta de escala. 8
Tarifas de Uso: Teste seu Entendimento 1. Numa chamada local de um telefone fixo da operadora A para um telefone fixo da operadora B: A operadora A remunera a TU-RIU à operadora B. A operadora B remunera a TU-RL à operadora A se a chamada for a cobrar. A operadora A remunera a TU-RL À operadora B se a chamada for a cobrar. 2. Numa chamada de um telefone móvel de Brasília para um telefone móvel de Salto usando o CSP da Intelig Telecom: A operadora de Brasília não remunera nenhuma outra. A operadora de Brasília só remunera a Intelig Telecom com VU-M. A Intelig Telecom remunera a operadora de Brasíla e a de Salto com as correspondentes VU-M s. 3. O reajuste do VU-M será fixado anualmente por: Negociação entre a operadora do SMP e as demais operadoras. Determinação da ANATEL. Indexação ao IGP-DI e negociação com a ANATEL. 9