MÁRIO AUGUSTO HELUANY FILHO ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE ISOLADOS EM HEMOCULTURAS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRAO PRETO UNIDADE DE EMERGÊNCIA

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P R O G R A M A D E A P R I M O R A M E N T O P R O F I S S I O N A L S E C R E T A R I A D E E S T A D O D A S A Ú D E C O O R D E N A D O R I A D E R E C U R S O S H U M A N O S F U N D A Ç Ã O D O D E S E N V O L V I M E N T O A D M I N I S T R A T I V O F U N D A P MÁRIO AUGUSTO HELUANY FILHO ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE ISOLADOS EM HEMOCULTURAS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRAO PRETO UNIDADE DE EMERGÊNCIA RIBEIRÃO PRETO 2010

P R O G R A M A D E A P R I M O R A M E N T O P R O F I S S I O N A L S E C R E T A R I A D E E S T A D O D A S A Ú D E C O O R D E N A D O R I A D E R E C U R S O S H U M A N O S F U N D A Ç Ã O D O D E S E N V O L V I M E N T O A D M I N I S T R A T I V O F U N D A P Mário Augusto Heluany Filho ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DE ISOLADOS EM HEMOCULTURAS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE RIBEIRAO PRETO UNIDADE DE EMERGÊNCIA M o n o g r a fi a a p r e s e n t a d a a o P r o g r a m a d e A p ri m o r a m e n t o P r o fi s si o n al/c R H/ S E S-S P e F U N D A P, e l a b o r a d a n o H o s p it al d a s C l í ni c a s d a F a c ul d a d e d e M e d i ci n a d e R i b eir ã o P r e t o d a U n i v e r si d a d e d e S ã o P a u l o U S P Area: Microbiologia Clinica Orientadora: Denissani Aparecida Ferrari dos Santos Lima RIBEIRÃO PRETO 2010

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação da Publicação Serviço de documentação Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Heluany Filho, Mário Augusto Análise de Hemoculturas No Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto 31 p.; Trabalho de conclusão de Curso de Aprimoramento Profissional em Microbiologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP. Orientador: Lima, Denissani Aparecida Ferrari dos Santos e Martinez, Roberto. 1. Bactérias. 2. Sangue. 3. Infecção. 4 Unidade de Emergência.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por sempre me iluminar nos momentos difíceis e me guiar em busca da felicidade. Aos meus pais e meu irmão por sempre estarem ao meu lado e serem meus maiores incentivadores e admiradores, seja nas horas de silêncio, de afeto, ou até nos momentos de discussões e também por me desculparem sempre que estava nervoso quando algo não estava dando certo na vida. Tenho plena convicção que sou muito forte, devido à maravilhosa base familiar que tenho e é neles que encontro a harmonia dos elementos para construir o meu ser. Agradeço a Edwirges Elaine Rodrigues por todas as emoções vividas nesses anos, as quais me fizeram amadurecer muito, mas principalmente agradeço pelo seu amor, por ser a pessoa mais especial da minha vida, por ter sido sempre o meu colo pra descansar e também por sempre me incentivar. Amo muito todos vocês!!! Ao pessoal do laboratório que contribuíram para o meu crescimento profissional e pessoal, o meu muito obrigado. E por fim, e não menos importante, agradeço de coração a minha orientadora, por toda a atenção, dedicação, confiança, carinho e entusiasmo durante esses últimos meses de puro aprendizado e construção de uma amizade e admiração imensa. Sem dúvida tudo isso levou a esse resultado, o qual estou muito orgulhoso.

Dedico este trabalho aos meus pais por se constituírem diferentemente enquanto pessoas, admiráveis em essência, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada dia, meus agradecimentos por terem aceitado se privar de minha companhia pelos estudos, concedendo a mim a oportunidade de me realizar ainda mais e por serem meus bens mais valiosos... À Deus por iluminar o meu caminho sempre!

RESUMO Bacteremias representam uma grave complicação em pacientes críticos, sendo a detecção de patógenos microbianos em hemoculturas um importante recurso diagnóstico. Esse estudo objetivou caracterizar e isolar bactérias do sangue de pacientes admitidos na unidade de emergência do Hospital das Clinicas de Ribeirao Preto, no período de dezembro/2008 a dezembro/2009. As bactérias isoladas foram identificadas, avaliando o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos por sistema automatizado VITEK 1 COMPACT e pelo método de disco difusão. Foram avaliados 6276 pacientes e suas hemoculturas, sendo que 1215 (19,36%) apresentaram desenvolvimento microbiano. A espécie predominante foi Staphylococcus coagulase-negativos (26,50%). Todos cocos Gram-positivos apresentaram sensibilidade à vancomicina e linezolida. Devido ao impacto das infecções da corrente sangüínea no contexto hospitalar, estudos adicionais são necessários para subsidiar medidas de prevenção e controle. Palavras-chaves: Bactérias. Sangue. Infecção. Unidade de emergência.

ABSTRACT Bloodstream infections are a serious complication among critical patients. The detection of microbial pathogens in blood cultures is an important diagnostic tool. This study aimed to isolate and characterize bacteria from the blood of patients admitted to the clinical intensive care unit of a teaching hospital, between December 2008 to December 2009. The bacteria isolated were identified and detection of the antimicrobial susceptibility by automated system VITEK 1 COMPACT and using the disk diffusion method. A total of 6276 patients with your blood cultures were evaluated. 1215 (19.36%) of the blood cultures presented microbe development. The predominant species was Staphylococcus sp. (26.50%). Gram-positive cocci showed sensibility to vancomycin and linezolid. Because of the impact of bloodstream infection within the hospital context, additional studies are needed in order to give backing for prevention and control measures. Key-words: Bacteria. Blood. Infection. Emergency unit.

SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO... 09 2. HEMOCULTURA... 13 3. SISTEMAS AUTOMATIZADOS... 15 4. OBJETIVO... 18 5. MATERIAIS E METODOS... 19 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 23 7. CONCLUSÃO... 27 8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 28

1. INTRODUÇÃO A presença de bactérias viáveis no sangue, chamada de bacteremia, pode ocorrer de forma transitória, intermitente ou persistente. Pode ainda estar ou não associada à sepse, na dependência do estado imunológico do paciente e do processo infeccioso desencadeante (BONE, BALK, CERRA e Col., 1992; KNOBEL,1998). A bacteremia em pessoas saudáveis, quando transitória, não deve deixar seqüelas. Porém, em indivíduos com lesões cardíacas suscetíveis, a bactéria pode se alojar em valvas cardíacas, endocárdio e no endotélio próximo a defeitos anatômicos congênitos e resultar em endocardite infecciosa ou ainda endarterite (DAJANI, BISNO, CHUNG e Col., 1990). Há possibilidade também, de ocasionar infecção por contaminação em próteses ortopédicas e enxertos vasculares (SHULMAN, AMREN, BISNO e Col., 1984), originar complicações sépticas em pacientes gravemente leucopênicos e naqueles imunocomprometidos (FLEISCHER,1989). As infecções da corrente sanguínea (ICS) estão entre as mais freqüentes no ambiente hospitalar. Representam uma grave complicação dos pacientes críticos e estão associadas a elevadas taxas de mortalidade e prolongamento do tempo de hospitalização. Nas últimas décadas, tem sido observado um aumento na incidência das ICS, refletindo, entre outros fatores, a freqüente utilização de recursos invasivos no tratamento e monitoração dos pacientes mais graves. Esse aumento se refere, particularmente, a utilização do cateter intravenoso, o qual é considerado um dos

principais fatores de risco ao desenvolvimento deste tipo de infecção (AT, FURTADO JJD, PORFÍRIO FMV, CAVALCANTE NJF. 2000 ). Estima-se que mais de 150 milhões de cateteres intravasculares são adquiridos anualmente por clínicas e hospitais nos Estados Unidos da América (Carratalà et al, 2002). Tais dispositivos estão associados a diversas complicações, principalmente as infecciosas (Crump et al, 2000). A utilização dos cateteres intravasculares têm como objetivo, a monitorização hemodinâmica, acesso para realização de hemodiálise, administração de fluídos, eletrólitos, hemoderivados, medicamentos e suporte nutricional (Hosoglu et al, 2004). Nas unidades de terapia intensiva, os acessos venosos centrais podem ser utilizados por períodos prolongados, o que aumenta exponencialmente a sua manipulação, aumentando o potencial de colonização dos pacientes por microrganismos resistentes. Estes fatores associados aumentam ainda mais o risco de contaminação e subseqüente infecção dos pacientes (O Grady et al, 2002). Embora os cateteres vasculares forneçam o acesso vascular necessário, sua utilização coloca os pacientes em risco de complicações infecciosas locais e sistêmicas, incluindo infecção do local de inserção, tromboflebite séptica, infecção da corrente sangüínea relacionada a cateteres vasculares, endocardite e demais infecções metastáticas como abscesso pulmonar, abscesso cerebral, osteomielite e endoftalmite (O Grady et al, 2002). A infecção da corrente sangüínea é a infecção hospitalar mais freqüente e está associada a significante morbidade, mortalidade e prolongamento do tempo de internação nas unidades de terapia intensiva. Conseqüentemente, aumentam os custos da assistência ao paciente (Correa et al, 2000; Erbay et al, 2006).

O uso de cateteres venosos centrais, especialmente os inseridos em pacientes internados em unidades de terapia intensiva, estão associados as infecções da corrente sanguínea. Além disso, alguns cateteres podem ser inseridos em situações de emergência, durante as quais a atenção à técnica asséptica pode não ser possível, o que aumenta o risco de desenvolvimento de infecção da corrente sangüínea (Trautner et al, 2004). O fator principal que está associado à ocorrência da infecção da corrente sangüínea é o tempo prolongado de utilização dos cateteres venosos centrais, já que expõe o paciente a um risco cumulativo (Fridkin et al, 1997), porém, há outros fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento desta infecção. Esses podem ser agrupados em fatores relacionados ao paciente e aqueles relacionados aos cateteres (O Grady et al, 2002). Analisando o ponto de vista epidemiológico, os cocos Gram-positivos têm emergido como os principais agentes, destacando-se os Staphylococcus aureus, os estafilococos coagulase-negativos (ECN) e os enterococos. Embora os ECN sejam freqüentemente isolados em hemoculturas, são clinicamente significantes em menos de 15,0% dos casos. Por fazerem parte da microbiota da pele e apresentarem uma virulência relativamente baixa, antigamente eram usualmente considerados contaminantes de hemoculturas, mas com o crescente número de casos, passaram a ser identificados e analisados com mais atenção. As bacteremias por bastonetes Gram-negativos estão se tornado mais freqüentes, a mortalidade associada é maior quando comparada aos cocos Gram-positivos (COSTA JM, RAMOS IB, CARVALHO DJ, DIAS JR R. 1994).

O isolamento em corrente sanguínea de bactérias multirresistentes, também vem sendo considerado uma tendência dos últimos anos. Vários agentes antimicrobianos têm se tornado menos ativos, reduzindo o número de opções terapêuticas e aumentando o impacto clínico das ICS. Dentre as preocupações relacionadas à resistência antimicrobiana, destacam-se os estafilococos oxacilina resistentes, os enterococos vancomicina resistentes, a produção de beta-lactamases de espectro ampliado (ESBL) por enterobactérias e a resistência das pseudomonas às carbapenemas (LEVY CE, MONTELLI AC, FURTADO JS, PEREIRA AA, MAMIZUKA EM, SILVA MLR, 1991 ). A detecção de patógenos bacterianos em hemoculturas é considerada um indicador da disseminação de um processo infeccioso e tem sido reconhecida como um importante recurso diagnóstico nos episódios de ICS. Conhecer as bactérias mais freqüentes e o seu perfil de suscetibilidade é essencial ao direcionamento apropriado da terapia antimicrobiana nos pacientes com ICS, contribuindo, assim, para a redução da mortalidade (WEINSTEIN MP, TOWNS ML, QUARTEY SM, MIRRETT S, REIMER LG, PARMIGIANI C, RELLER LB. 1997). Nestas condições, as bactérias mais freqüentemente isoladas de hemoculturas de pacientes com septicemia, neste presente estudo são: Staphylococcus coagulase-negativos, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, Acinetobacter baumannii, muitas dessas encontradas no ambiente hospitalar, flora normal ou em colonização no paciente.

2. HEMOCULTURA A indicação e a coleta adequada de hemoculturas contribuem para o sucesso do tratamento. As bacteriemias em pacientes internados são importante causa de morbimortalidade, atingindo cerca de 250 mil indivíduos nos EUA todo ano. Diversos fatores de risco estão associados a esse quadro, como o uso de cateteres intravasculares, a endocardite e as infecções cutâneas, respiratórias e do trato geniturinário (KARLOWSKY JA, JONES ME, DRAGHI DC, THORNSBERRY C, SAHM DF, VOLTURO GA.2004). Estudos retrospectivos demonstraram que pacientes com neoplasias hematológicas ou com síndrome da imunodeficiência adquirida apresentam risco quatro vezes maior de desenvolverem infecção da corrente sangüínea. Entretanto, esse risco é maior em determinados pacientes com neutropenia e/ ou recebendo terapia imunossupressora (Fatkenheuer et al, 2002; Polderman, 2002). Uma das variáveis mais críticas para a positividade do exame de hemocultura é o volume de sangue analisado. Tendo em vista, que a quantidade de bactérias circulantes é variável e intermitente, diante disso, Dalforno e colaboradores sugerem em sua revisão, que o volume ideal de sangue a ser coletado seja entre 5 e 10 ml (DAL FORNO et al., 2005). Em 2002, em estudo de revisão, Raad et al demonstraram que a microbiota da pele do paciente e as mãos dos profissionais freqüentemente estão envolvidos na contaminação dos frascos de hemoculturas.

De acordo com a experiência de O Grady et al, no isolamento de microrganismos patogênicos em ambiente hospitalar, as enterobactérias e os Staphylococcus aureus estão entre os agentes mais freqüentes nas infecções, respondendo por pouco mais da metade dos casos. Diante disso, a indicação correta da hemocultura e a coleta adequada de amostras de sangue são essenciais para aumentar a eficiência diagnóstica do exame. Algumas vezes, porém, o esclarecimento do caso pode requerer a coleta de novas amostras (O Grady et al, 2002).. De qualquer maneira, a valorização de um resultado de hemocultura depende do agente identificado, da proporção de frascos positivos sobre o total de frascos coletados, do tempo transcorrido para a positividade do resultado e do estado imunológico do paciente. Isso porque geralmente se detectam, em prazos inferiores a 48 horas, os agentes significativos e, em prazos maiores, os contaminantes, que também podem ser patógenos importantes em muitas situações (Correa et al, 2000). Sempre que possível, as amostras de sangue devem ser coletadas antes de o médico instituir a antibioticoterapia. Entretanto, o uso prévio de antimicrobianos não constitui fator impeditivo para realizar o exame. Caso o tratamento já venha sendo realizado, é aconselhável que o sangue seja colhido poucos minutos antes da administração do medicamento e em frascos de hemoculturas com inativadores de antibióticos (Correa et al, 2000).

3. SISTEMAS AUTOMATIZADOS EM HEMOCULTURAS Os principais sistemas de hemocultura utilizados hoje são os automatizados com monitorização contínua, que incluem o BacT/ALERT AS BIOMÉRIEUX (Organon Teknika, Scarborough, Canadá), a geração 9000 do BACTEC (Becton & Dickinson, Brasil), o DIFCO ESP (Difco Laboratories, Detroit,EUA), MicroScan Blood Culture System 5 (Baxter MicroScan, Califórnia, EUA). A detecção do crescimento de microrganismos utiliza métodos que variam entre os diferentes sistemas, porém, em todos eles, a detecção do crescimento bacteriano não exige manipulação direta, o que diminui a chance dos resultados falso-positivos. A monitorização é contínua, reduzindo o tempo de detecção do crescimento de microrganismos (KARAHAN et. al., 2006). O sistema de hemocultura automatizado, Bactec 9240, observado na figura 1, utiliza sensor colorimétrico e reflexão da luz para monitorar a presença e produção de dióxido de carbono dissolvido no meio de cultura. Existindo microrganismos na amostra testada, estes metabolizarão os substratos contidos no meio de cultura. O crescimento de microorganismos produz o dióxido de carbono, o sensor permeável a gases existente no fundo do frasco altera sua cor, indicando a presença de microrganismos na amostra sanguínea (KARAHAN et. al., 2006; NOLTE. et al.,1993).

Figura 1: BACTEC 9240 O Sistema de Detecção Microbiana BacT/ALERT SA BIOMÉRIEUX (Organon Teknika, Scarborough, Canadá), possui um meio de cultura que fornece condições nutricionais e ambientais adequadas para o crescimento bacteriano. A formulação do meio de cultura consiste da digestão pancreática da caseína (1,7% p/v), da digestão da soja pela papaina (0,3% p/v), do polianetosulfonato de sódio (0,035% p/v), do hidrocloreto de piridoxina (0,001% p/v), além de outros complexos de aminoácidos e substratos de carboidratos em água purificada (KARAHAN et. al.,2006). O sistema VITEK 1 COMPACT, observado na figura 2 é um aparelho automatizado dedicado à identificação de bactérias, leveduras e a testes de sensibilidade de bactérias. Este sistema funciona como cartas bioburden, cartas de identificação e de sensibilidade. (Manual de Referencia em Microbiologia).

Figura 2: VITEK 1 COMPACT O leitor VITEK mede a quantidade de luz que passa através de cada paço e a medida que se desenvolve o crescimento bacteriano, a luz vai diminuindo. O leitor realiza e registra de hora a hora, começando pela hora zero até um máximo de quinze horas. Quando um limiar pré determinado no poço de controle positivo e quando se alcança uma hora mínima de denominação para a identificação do microrganismo, dá-se inicio à analise para obter a concentração inibitória mínima. Ao comparar os vários pontos de dados com a curva de crescimento padrão, o software determina rapidamente uma concentração inibitória mínima exata, disponibilizando os resultados muito mais cedo e mais rápido do que com técnicas convencionais (Manual de Referencia de Microbiologia).

4. OBJETIVO O presente estudo objetivou identificar e avaliar o perfil de suscetibilidade de microrganismos isolados de amostras de sangue de pacientes admitidos na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- USP.

5. MATERIAIS E METODOS Os dados foram obtidos a partir de um estudo retrospectivo realizado no Laboratório de Patologia Clínica Setor Microbiologia da Unidade de Emergencia do Hospital das Clínicas de Ribeirao Preto -USP, nos períodos de dezembro 2008 a dezembro 2009. As hemoculturas dos pacientes analizados foram realizadas no Laboratório, através de sistema automatizado, utilizando o equipamento Bactec 9120 para monitorização contínua das amostras. VITEK 2 COMPACT foi utilizado para identificação e para os testes de sensibilidade a antimicrobianos pelo método da concentração míima inibitória. De acordo com o protocolo utilizado na rotina laboratorial de análises clínicas, nas amostras positivas foram realizados testes microbiológicos para a identificação do microrganismo. Na amostra positiva indicada pelo sistema automatizado, foi realizada primeiramente a bacterioscopia, fazendo a desinfecção da tampa do frasco,que foi homogeinizado e em seguida puncionado retirando aproximadamente 1ml do material presente no frasco de hemocultura. Foi transferida uma gota da amostra para uma lâmina nova e limpa, a gota foi espalhada sobre a lâmina com auxilio de uma alça calibrada. O esfregaço foi secado e fixado na chama do bico de Bunsen e após foi corado pelo método de Gram. A lâmina foi lida no microscópio ótico. O material foi semeado por técnica de esgotamento e isolamento nos meios de cultura Agar chocolate, Agar MacConkey e Agar Manitol. Foram incubadas as placas Agar

chocolate em tensão de dióxido carbono e as placas com Agar MacConkey em tensão normal de oxigênio, por 24 horas a 37 ºC. Após o crescimento das colônias no meio de cultura, observados na figura 3, figura 4 e na figura 5, foram avaliadas macroscopicamente e posteriormente foram submetidas à identificação e suscetibilidade automatizada pelo sistema VITEK 2 COMPACT. Figura 3: Agar chocolate com cocos gram-positivos Figura 4: Agar MacConkey com bacilos gram-negativos.

Figura 5: Agar Manitol com cocos gram-positivos Quando necessário os isolados clínicos foram submetidos aos testes de sensibilidade por disco difusão,segundo Kirby Bauer (BAUER, AW; KIRBY, WMM; SHERRIS, J.C. et al, 1966), de acordo com a padronização do NCCLS (M100/S14), que permite classificar como sensível (S) ou resistente (R), de acordo com o diâmetro do halo de inibição apresentado, observado na figura 6. Figura 6: Antibiograma manual em agar Mueller Hinton com alos sensíveis e resistentes.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos períodos analisados, entre 2008 e 2009, foram analisadas 6.276 hemoculturas; destas, 5.061 foram negativas, o equivalente a 80,64%, e 1.215 (19,36%) apresentaram culturas positivas, observadas no gráfico 1. Gráfico 1 : Quantidade de hemoculturas analisadas. Entre os microorganismos identificados nas culturas positivas, estafilococos coagulase-negativo, foi registrado em 322 casos (26,50%), seguido de Staphylococcus aureus, com 222 casos (18,27%), Klebsiella pneumoniae (8,23%), Pseudomonas aeruginosa (6,83%), Escherichia coli (5,02%) e outros podendo ser observados na tabela 1 e no gráfico 2.

Microrganismos Número de microrganismos Porcentual encontrados Estafilococos coagulase- negativo 322 26,50% Staphylococcus aureus 222 18,27% Klebsiella pneumonia 100 8,23% Pseudomonas aeruginosa 83 6,83% Escherichia coli 61 5,02% Acinetobacter baumannii 61 5,02% Streptococcus do grupo viridians 40 3.28% Streptococcus pneumoniae 29 2,38% Streptococcus pyogenes 26 2,13% Streptococcus agalactiae 26 2,13% Enterococcus faecalis 20 1,64% Salmonella sp. 16 1,31% Proteus mirabilis 7 0,57% Enterobacter cloacae 6 0,48% Morganella morganii 6 0,48% Fungo 65 5,34% Outros microrganismos 125 10,28% Total 1215 100,00% Tabela 1: Incidência de microrganismos isolados de hemocultras. Gráfico 2: Bactérias isoladas de hemocultura com maior porcentual.

Quanto ao perfil de resistência e suscetibilidade, das culturas positivas, verifica-se que os gram positivos em geral foram resistentes a oxacilina e sensíveis a vancomicina com exceção se Streptococcus pyogenes, que se mostrou sensível a oxacilina. Entre os gram positivos, Staphylococcus aureus apresentou maior resistência a oxacilina e este resultado evidencia um aumento de S. aureus resistentes a este antibiótico. Amicacina é o aminoglicosideo que apresentou melhor eficiência para este micorganismo enquanto que pra Enterococcus faecalis a resistência foi de 95% para este antibiótico. Estes resultados reforçam os obtidos por Meneghetti et al (2004), em um estudo onde foi verificado que 37,1% dos isolados clínicos eram S. aureus resistentes à oxacilina, evidenciando um aumento de linhagens de S. aureus resistentes a este antibiótico. A resistência de Staphylococcus coagulase-negativo (SCN) à oxacilina foi de 79%, sendo superior àquela encontrada por Cunha e Lopes (2002), que verificaram uma resistência de 50,4% para este antibiótico nas linhagens de SCN isoladas de sangue, urina, secreções, cânulas, drenos e cateteres provenientes de recémnascidos. Em relação aos bacilos gram negativos, Pseudomonas aeruginosa apresentou resistência a gentamicina(77%), ciprofloxacina(60%), ceftazidima(84%) e ao cefepime(50%). Obtivemos para Klebsiella pneumoniae sensíbilidade ao imipenem e à amicacina(66%). Do total de cepas de Klebsiella pneumoniae identificadas, 40% são cepas multidrogas resistentes, conhecidas como ESBL, e 4% são KPC. Escherichia coli foi mais sensibilidade a ceftazidima(96%), a amicacina e aztreonam. Acinetobacter baumannii mostrou-se resistente ao ceftazidima(50%), cefepime(94%), ciprofloxacina(78%) e sensível ao imipenem (68%). Estes resultados

corroboram com os resultados encontrados por ROCHA et. al.; em estudos retrospectivos de hemocultura no Hospital das Clínicas. Levando em consideração os antibióticos testados no teste de sensibilidade, a suscetibilidade e a resistência dos microrganismos de maneira geral podem ser observadas na tabela 2. Este resultado possibilita o uso de antibióticos mais eficazes no emprego de cultura de sangue positivas, que necessitam de tratamento emergencial. Antibióticos Microrganismos*(%) Stc coagulae- Stc K. P. E. A. Strept. negativo aureus pneumonia aeruginosa coli baumannii pyogenes Amicacina 66 53 90 50 Cefepime 60 50 85 4 74 Ceftazidima 12 16 96 50 Meropenem 96 53 80 68 Imipenem 96 53 80 68 Vancomicina 97 95 100 Gentamicina 42 51 57 33 61 45 Oxacilina 21 33 100 Ciprofloxacina 11 28 39 40 61 22 67 Eritromicina 16 43 100 Rifampicina 10 7 Clindamicina 10 7 Tabela 2: Percentual de suscetibilidade dos principais microrganismos isolados.

7. CONCLUSÃO A bactéria que apresentou maior incidência em hemoculturas, no período analisado, foi o Staphylococcus coagulase-negativo. As bactérias gram positivas, de maneira geral, apresentaram-se sensíveis a vancomicina e resistentes a penicilina e as gram negativas mostraram-se resistentes as cefalosporinas e quinolonas e sensíveis a aminoglicosídeos. Levando em consideração o estudo realizado e os resultados obtidos, podese concluir que, a rapidez da identificação do microrganismo e a escolha da droga adequada para o tratamento de emergência é muito importante, evitando sua morte e a disseminação de bactérias resistentes no hospital.

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