PRESSÃO ARTERIAL DE ADULTOS JOVENS ESCOLARES: implicações para a formação do enfermeiro

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Transcrição:

PRESSÃO ARTERIAL DE ADULTOS JOVENS ESCOLARES: implicações para a formação do enfermeiro Janaine Gomes de Holanda Oliveira 1 Thereza Maria Magalhães Moreira 2 Vagner Rodrigues Silva Junior 3 Ítalo Lennon Sales de Almeida 4 Raquel Rodrigues da Costa 5 RESUMO Foi objetivo do estudo descrever a incidência de pressão arterial alterada e os fatores relacionados em uma população de adultos jovens escolares como forma de subsidiar a criação de intervenções junto desses jovens por acadêmicos de enfermagem. Trata-se de um estudo descritivo com delineamento quantitativo realizado nas escolas da rede estadual de ensino localizadas em Fortaleza-CE, no período de outubro de 2013 a outubro de 2014. Contou com uma amostra de 218 adultos jovens regularmente matriculados em seis escolas das seis regionais de Fortaleza. Uma escola de cada regional foi escolhida para compor a amostra por meio de sorteio aleatório simples. A análise das variáveis constatou-se que dos 218 escolares, 8,7% apresentaram a pressão arterial (PA) alterada. Quanto ao histórico familiar de hipertensão arterial sistêmica (HAS), 52,8% afirmaram ter parentes com a doença, onde a mãe foi apontada como portadora por 47,9%. Quando questionados sobre a adição de sal na comida, 50,5% afirmaram adicionar sal quando a comida não está salgada o suficiente. Mais da metade (55,5%) afirmaram não ter aferido a pressão em outra ocasião e 1,8% dos escolares já ouviram de algum profissional de saúde que tem a pressão arterial elevada. 1 Acadêmica de enfermagem da UECE. Bolsista IC/UECE. Membro do grupo de pesquisa epidemiologia, cronicidades e cuidados de enfermagem GRUPECCE. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem (UFC) e Pós-Doutora em Saúde Pública (USP). Docente do Programa de Pósgraduação em Saúde Coletiva e do Programa Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde, ambos da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Pesquisadora do CNPq. Líder do GRUPECCE. 3 Enfermeiro. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Membro do Grupo de Pesquisa Epidemiologia, Cuidado em Cronicidades e Enfermagem. 4 Acadêmico de enfermagem da UECE. Bolsista ICT/FUNCAP. Membro do grupo de pesquisa epidemiologia, cronicidades e cuidados de enfermagem GRUPECCE. 5 Acadêmica de enfermagem da UECE. Bolsista CNPq. Membro do grupo de pesquisa epidemiologia, cronicidades e cuidados de enfermagem GRUPECCE.

INTRODUÇÃO A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença definida pela persistência de níveis de pressão arterial acima de valores arbitrariamente definidos ( 140X90 mmhg) como limites de normalidade (<120X80 mmhg) (DBH, 2010). A doença cardiovascular é a mais comum e considerada o maior desafio de saúde pública, pois pondera-se ser um dos mais importantes fatores de risco de mortalidade cardiovascular (MOURA et al, 2004). Estudos mostram a existência de fatores de risco cardiovasculares (FRCV) e de doenças cardiovasculares (DCV) em fases precoces, com evidências de aterosclerose já na idade adulta jovem, revertendo a ideia de relacioná-los às fases mais avançadas (MOREIRA, 2010). Segundo Moreira (2010) Questões importantes nessa fase da vida, como a busca de estabilidade no campo profissional, nas relações pessoais, dentre outros, tornam os adultos jovens vulneráveis ao consumismo contemporâneo, que, com sua influência, interfere nos comportamentos de saúde. Desta forma, por ser a hipertensão arterial uma doença multifatorial, o desenvolvimento e a implementação de estratégias de intervenção com os jovens, em particular, aquelas de educação em saúde com enfoque na prevenção, envolvem uma ótica ampla, na qual devem ser considerados aspectos individuais e coletivos (CHAVES et al, 2006). De acordo com Silva e Sena (2008) em sua formação, o enfermeiro, apresenta uma trajetória de mudança que sinaliza a construção da integralidade do cuidado na saúde. Partindo do pressuposto de que a alteração da pressão arterial está relacionada a multifatorialidade, entende-se que a formação do enfermeiro não pode ter como referência apenas a doença, o processo diagnóstico e o tratamento, mas deve possibilitar uma compreensão ampliada das necessidades de saúde, com vistas a desenvolver ações voltadas para a integralidade do cuidado (SILVA; SENA, 2008). Foi objetivo do estudo descrever a incidência de pressão arterial alterada e fatores relacionados em adultos jovens escolares como forma de subsidiar a criação de intervenções junto desses jovens por acadêmicos de enfermagem. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo com delineamento quantitativo realizado com adultos jovens (20 a 24 anos) escolares. A Organização Mundial da Saúde

circunscreve a adolescência à segunda década da vida (de 10 a 19 anos) e considera que a juventude se estende dos 15 aos 24 anos. Esses conceitos comportam desdobramentos, identificando-se adolescentes jovens (de 15 a 19 anos) e adultos jovens (de 20 a 24 anos) (BRASIL, 2007). Esta pesquisa foi realizada nas escolas da rede estadual de ensino localizadas em Fortaleza-CE, no período de outubro de 2013 a outubro de 2014. Contou com uma amostra de 218 adultos jovens regularmente matriculados em seis escolas das seis regionais de Fortaleza. Uma escola de cada regional foi escolhida para compor a amostra por meio de sorteio aleatório simples. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário com itens referentes às características clínicas e também foi aferida a pressão arterial dos estudantes em três momentos, utilizando o método indireto com técnica auscultatória com estetoscópios Littmann 3M e esfigmomanômetro anaeróide TycosWelch- Allyn calibrado. Os valores posteriormente tiveram suas médias calculadas e classificadas seguindo a classificação das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010). Os dados foram tabulados e analisados por meio do Programa estatístico IBM - Statistical Package for the Social Sciences-SPSS versão 18.0, no qual foram calculadas as frequências absolutas e percentuais das variáveis em estudo. A pesquisa foi iniciada após a apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em 2013, sob protocolo de nº 263.271. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a tabulação dos dados e posterior análise das variáveis constatou-se que dos 218 escolares, 8,7% apresentaram a pressão arterial (PA) alterada. Quanto ao histórico familiar de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), 52,8% afirmaram ter parentes com a doença, onde a mãe foi apontada como portadora por 47,9%. Quando questionados sobre a adição de sal na comida, 50,5% afirmaram adicionar sal quando a comida não está salgada o suficiente. Mais da metade (55,5%) afirmaram não ter aferido a pressão em outra ocasião e 1,8% dos escolares já ouviram de algum profissional de saúde que tem a pressão arterial elevada. Martins et. al (2010) investigaram uma população de 605 estudantes da Universidade Estadual do Piauí com média de idade de 21,7 ± 3,7 anos e nela encontraram que 9,7% dos estudantes apresentaram níveis

pressóricos acima dos valores de normalidade. A incidência de pressão arterial aumentada aqui encontrada foi inferior à observada por Simão e cols (23,5%) e Rabelo e cols.(15,8%) em população universitária de faixa etária semelhante. Apesar da nossa pesquisa não ter sido realizada com universitários, a faixa etária encontrada é similar ao dos estudos citados até então. No presente estudo verificou-se que 50,5% dos adultos jovens escolares afirmaram adicionar sal quando a comida não está salgada o suficiente. Sabemos que a prevenção ou controle da hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser obtida por meio da eliminação ou do controle dos fatores de risco ambientais, dentre eles o consumo excessivo de sal (SANTOS E SILVA, 2003). Apesar de 52,8% dos estudantes afirmarem ter parentes com HAS, onde a mãe foi apontada como a portadora por 47,9%, mais da metade (55,5%) afirmarem não ter aferido a pressão em outra ocasião e 1,8% dos escolares já ouvirem de algum profissional de saúde que tem a pressão arterial elevada, é necessária uma maior investigação sobre a presença de outros fatores relacionados ao aumento da pressão arterial, como sedentarismo, tabagismo, uso abusivo de álcool, estresse, consumo excessivo de café e gordura animal, histórico de sobrepeso/obesidade e estilo de vida adotado na infância (SANTOS E SILVA, 2003; GUEDES et al., 2006; LANCAROTE et al., 2010; FONSECA et al., 2010; NAGHETTINI et al., 2010). Algumas limitações podem ser apontadas neste estudo, como a medida da pressão arterial em um único momento, uma vez que as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial recomendam que, para o diagnóstico de hipertensão arterial, devem ser realizadas medidas em duas consultas diferentes (MION JUNIOR et. al, 2006). Contudo, numerosos estudos, por dificuldades metodológicas, utilizam avaliação de pressão arterial semelhante àquela aqui adotada (SIMÃO et. al, 2008; AQUINO et. al, 2001; BLOCH et. al, 1994; FUCHS et. al, 1994). O estudo da temática serve para o embasamento na criação das intervenções realizadas junto da população de escolares. No processo formativo do enfermeiro a educação em saúde deve ser contemplada como atividade formativa fundamental para a consolidação competências assistenciais, pois trata-se basicamente da interface entre usuário e profissional (em formação) para a discussão e construção de saberes, onde o saber científico pode ser inserido na vida cotidiana da

população, possibilitando melhorias na saúde e na qualidade de vida (MOUTINHO et al, 2014). CONCLUSÃO Conhecer os níveis pressóricos dos escolares e as características relacionadas aos hábitos alimentares, histórico de Hipertensão Arterial Sistêmica na família e se o jovem já aferiu a pressão arterial (PA) em outros momentos é fundamental para o planejamento das atividades que serão realizadas na atuação do enfermeiro junto dos escolares. De posse dessas informações a intervenção de enfermagem poderá trabalhar com temáticas importantes quando o assunto é a pressão arterial como a relação que a hipertensão arterial tem com a hereditariedade, a importância de se aferir a PA periodicamente e os reflexos que a alimentação rica em sódio podem ter sobre ela. A realização de pesquisas que investigam tais características e o posterior desenvolvimento das intervenções são fundamentais para o processo formativo dos enfermeiros, pois dá os subsídios necessários para a construção de práticas e saberes junto da população investigada. REFERÊNCIAS AQUINO, E. M. M. L. L. ET AL. Hipertensão arterial em trabalhadoras de enfermagem padrão de ocorrência, diagnóstico e tratamento. Arq. Bras. Cardiol., n. 76, v. 3, p. 197-202, 2001. BLOCH, K.V. ET AL. Hipertensão arterial e obesidade na Ilha do Governador- Rio de Janeiro. Arq. Bras Cardiol., n. 62, v. 1, p. 17-22, 1994. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Marco legal: saúde, um direito de adolescentes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2007. CHAVES, E.S. et al. Eficácia de programas de educação para adultos portadores de Hipertensão Arterial. Rev. Bras. Enferm., n. 59, v. 4, p. 543-547, jul-ago, 2006. DBH, Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, VI. Rev Bras Hipertensão, abr, 2010. FONSECA, F. L. ET AL. Excesso de peso e o risco cardiovascular em jovens seguidos por 17 anos. Estudo do Rio de Janeiro. Arq. Bras. de Cardiol., São Paulo, v. 78, n. 2, p. 81-88, fev., 2010.

FUCHS, F.D. ET AL. Prevalência da hipertensão arterial sistêmica e fatores associados na região urbana de Porto Alegre: estudo de base populacional. Arq. Bras. Cardiol., n. 63, v. 6, p. 473-9, 1994. GUEDES, D. P. ET AL. Fatores de risco cardiovascular em adolescentes: indicadores biológicos e comportamentos. Arq. Bras. de Cardiol., São Paulo, v. 86, n. 6, p. 439-450, jun., 2006. LANCAROTTE, I. ET AL. Estilo de vida e saúde cardiovascular em adolescentes de escolas do Município de São Paulo. Arq. Bras. de Cardiol., São Paulo, v. 95, n. 1, p. 61-69, jul., 2010. MARTINS, M. C. C. ET AL. Pressão Arterial, Excesso de Peso e Nível de Atividade Física em Estudantes de Universidade Pública. Arq. Bras. Cardiol., n. 95, v. 2, p. 192-199, 2010. MION JUNIOR, D. ET AL. Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Nefrologia. V Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial. Arq. Bras. Cardiol., n. 89, v. 3, e24-e79, 2006. MOREIRA, T.M.M; GOMES, E.B; SANTOS, J.C. Fatores de risco cardiovasculares em adultos jovens com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS), n. 31, v. 4, p. 662-669, dez., 2010. MOURA, A.A ET AL. Prevalência de pressão arterial elevada em escolares e adolescentes de Maceió. Jornal de Pediatria, n. 1, v. 80, 2004. MOUTINHO, C.B. ET AL. Dificuldades, desafios e superações sobre educação em saúde na visão de enfermeiros de saúde da família. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, Mai-Ago, 2014. NAGHETTINI, A. V. ET AL. Avaliação dos fatores de risco e proteção associados a elevação da pressão arterial em crianças. Arq. Bras. de Cardiol., São Paulo, v. 65, n. 3, p. 92-97, abr., 2010. RABELO, L.S. ET AL. Fatores de risco para doença aterosclerótica em estudantes de uma universidade privada em São Paulo Brasil. Arq. Bras. Cardiol., n. 72, v. 5, p. 569-574, 1999. SANTOS, Z. M. S. A.; SILVA, R. M. Hipertensão arterial: abordagens para a promoção do cuidado humano. Fortaleza: Brasil Tropical, 132p, 2003. SILVA, K.L; SENA, R.R. Integralidade do cuidado na saúde: indicações a partir da formação do enfermeiro. Rev. Esc. Enferm. USP, n. 42, v. 1, p. 48-56, 2008. SIMÃO, M. ET AL. Hipertensão arterial entre universitários da cidade de Lubango, Angola. Rev. Latino-Am. Enfermagem, n. 16, v. 4, p. 672-8, 2008.