O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL. Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii.

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Transcrição:

O QUE SE PEDE NÃO É O QUE SE DESEJA: OS EFEITOS DA ESCUTA DO PSICANALISTA NO HOSPITAL Aline da Costa Jerônimo i, Roseane Freitas Nicolau ii Resumo Este trabalho é parte dos resultados da pesquisa realizada no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, cujo objetivo foi investigar os ganhos secundários do sintoma nospacientes em atendimento na instituição. Considerando que no confronto entre as concepções médica e psicanalítica no que se refere a escuta dos sintomas, psicanálise e medicina ocupam posições distintas, pretende-se questionar como a psicanálise pode operar no hospital a partir da fala do paciente e os efeitos da escuta oferecida pelo psicanalista no contexto hospitalar. Neste sentido, tomamos a fala dos entrevistados, pensando o descompasso que há entre a demanda de cura e o desejo. Segundo Miller (1997), podemos localizar a demanda na ordem do enunciado, e desejo na ordem da enunciação enquanto dizer que está para além da fala. Apesar do sofrimento, os sintomas dos pacientes não cediam aos tratamentos médicos, o que aponta para uma parcela de gozo que o sujeito não quer renunciar. Se para a medicina o sintoma é um distúrbio que deve ser eliminado, atendendo a demanda de cura do paciente, para a psicanálise este constitui uma metáfora que diz do sujeito e aponta para o desejo. Introdução A medicina, por intermédio de suas práticas terapêuticas, visa o retorno do indivíduo a um suposto estado de bem estar, buscando o alívio das dores, e cura ao sofrimento. No entanto, nem sempre este objetivo é alcançado e o sintoma resiste. Algo escapa ao conhecimento médico-científico, está além dos limites do organismo, relaciona-se ao sujeito e não a agentes infecciosos ou afecções fisiológicas. A partir da revisão bibliográfica e das entrevistas realizadas no Hospital Bettina Ferro, fica evidente o confronto entre as concepções médica e psicanalítica de sintoma, demonstrando a maneira distinta desses dois campos de operar com ele. Se para a medicina o sintoma aponta para um distúrbio que deve ser eliminado, para a psicanálise o sintoma constitui uma metáfora que diz do sujeito e de seus modos de obtenção de gozo. Para Freud, o sintoma é portador de um sentido inconscientemente construído, que é formado a partir de

uma cadeia de associações, portanto, uma construção psíquica oriunda de um processo defensivo (Silva, 2009). Sintoma: verdade que fala do desejo Nas entrevistas realizadas no Hospital Bettina Ferro, a demanda de cura enunciado pelos pacientes é recorrente, porém, o fracasso do tratamento e o persistente estado de adoecimento sem justificativa evidenciam um apelo para além do tratamento médico, que não cessa de se inscrever no corpo, torna-o palco para um sofrimento tecido pelo inconsciente. Segundo Winograd e Teixeira (2011), o adoecimento orgânico apresenta-se como expressão corporal de afetos que não foram elaborados psiquicamente. Tal qual percebemos a partir das falas dos pacientes, este excesso de energia investida no corpo, e principalmente no órgão adoecido, torna-o área privilegiada de investimento pulsional. Paralelamente às formas de satisfação reconhecidas pelo eu, são forjados outros modos de obtenção de prazer alheias aos ditames da consciência. Freud destaca o papel das representações aflitivas em seu texto As neuropsicoses de defesa (1894) Esses pacientes que analisei, portanto, gozaram de boa saúde mental até o momento em que houve uma ocorrência de incompatibilidade em sua vida representativa - isto é, até que seu eu se confrontou com uma experiência, uma representação ou um sentimento que suscitaram um afeto tão aflitivo que o sujeito decidiu esquecê-lo, pois não confiava em sua capacidade de resolver a contradição entre a representação incompatível e seu eu por meio da atividade de pensamento. (Freud, 1894/96, p. 55). Quando interrogados sobre o início dos sintomas os quais eram acometidos, os entrevistados, em sua totalidade, deram respostas vagas quanto ao início destes. Os sintomas surgiam para eles como algo inesperado, que gerava incomodo. O modo como cada um procurou resposta a seu padecimento foi diferente. Porém, o que chama a atenção por se repetir nas entrevistas é a insistência do sintoma, já que este os acompanha há anos, mesmo após recorrentes tentativas de tratamento. Nota-se a dificuldade da equipe médica em fechar um diagnóstico, já que o sintoma persiste à revelia dos tratamentos, como sugere a fala do entrevistado:

Os médicos me passaram um aparelho, eu usei um monte de tempo, depois deu problema. Eu já não ouvia, mandei concertar, também já não ouvia. Tinha que aumentar todo, tinha hora que tinha que abaixar de novo onde tinham regulado. E foi assim, piorando cada vez mais, e agora me dá dor de cabeça constantemente, dói Apesar dos inúmeros exames, o entrevistado não tinha um diagnóstico definido. Os inúmeros tratamentos não o livravam das constantes dores de cabeça e dificuldade de audição. A demanda consciente de ser curado não lhe colocava em outra posição perante seu sintoma, evidenciando o paradoxo entre o que pede e o que deseja. À procura do diagnóstico, muitos vêm à clínica como última esperança na sua peregrinação em busca de respostas para o seu mal. Essa busca nem sempre é de cura, pois não há, como observou Lacan (1966/2010) ao inserir a noção de gozo no campo da psicossomática, uma equivalência entre aquilo que o paciente pede e aquilo que deseja.sendo assim, de que forma pode haver uma redistribuição de gozo por parte do sujeito? Freud rompe com a dicotômica saúde x doença ao trazer a noção de satisfação a partir do sintoma, esse se afigura como saúde e doença, dor e prazer. Para além da demanda de cura por parte do sujeito, existe um gozo, que se manifesta como aquilo que insiste e que não cessa, o qual o sujeito não sabe e nada quer saber. Camargo (2007) Fala que diz do desejo: os efeitos da escuta do psicanalista no hospital Segundo Clavreul (1986) O discurso do mestre é bastante próximo ao discurso do médico, este é pautado na cientificidade e objetividade, excluindo a subjetividade tanto daquele que o enuncia quanto daquele que o escuta, ambos estão alienados no discurso da ciência. O médico detém o saber sobre o paciente, este operando com o discurso da histérica, age impelindo o mestre ao trabalho, demandando ao médico a cura de seus males. Espera-se que o Outro tenha a verdade sobre o seu sofrimento e o apazigue, porém enquanto o sujeito está apegado ao seu sintoma, o médico está apegado ao seu saber. Em contrapartida, o psicanalista ocupando a posição de suposto saber faz circular a palavra, e neste movimento passa da dimensão do fato para o dito, localizando a posição subjetiva do sujeito no discurso. Miller (1997), nos diz que não há uma só frase, um só discurso, uma só conversa, que não traga a marca da posição do sujeito quanto ao que diz. Portanto, o analista convida o paciente a falar do seu sintoma na medida em que este diz de

sua história, aproximando-se do que há de singular no processo de adoecimento e suas articulações com o desejo. Considerações Finais A psicanálise está assentada nos fundamentos da fala, através do discurso o sujeito tece sua história e diz do seu desejo. É colocando em jogo as palavras que elepõe em movimento a cadeia significante, tecendo um textoque escreve novos sentidos ao sintoma. Escreve-se uma nova escrita, não pela via do sintoma, que veio no lugar da voz se calou, mas pela palavra enquanto via de acesso ao saber desconhecido. Deste modo, o psicanalista convoca o paciente a falar de seu corpo marcado pela dor, retomando o que esse sintoma diz do sujeito, que ao falar posiciona-se no discurso. Portanto, a voz que encontra a escuta do analista torna-se fala plena, ressoa na subjetividade do paciente, gerando mudanças. O analista sustenta o lugar do sujeito, neste sentido assegura o estatuto da fala enquanto via rumo à verdade. Referências CAMARGO, Questões sobre o lugar da psicanálise nas instituições de saúde pública. In: XVI, 2007, Rio de Janeiro. Anais de resumos e de trabalhos completos do XIV Encontro Nacional da ABRAPSO. Rio de Janeiro: ABRAPSO, 2007. v. 1 CLAVREUL, J. A ordem médica: poder e impotência do discurso médico. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983 COPPUS, A. O corpo nas neuroses: inibição, sintoma e angústia.2010.dissertação (Mestrado em Psicologia) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010 FREUD, S (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: FREUD, S. Edição Standard Brasileira das Obras psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. VII. FREUD, S. (1894) As neuropsicoses de defesa. In: FREUD, S. Edição standard brasileira das Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. III FREUD, S. (1920). Além do princípio do prazer. In: FREUD, S. Obras Psicológicas de Sigmund Freud Escritos sobre a Psicologia do Inconsciente. Tradução Luiz Alberto Hanns. Rio de Janeiro: Imago 2004. Vol. II MILLER, J. Lacan elucidado: palestras no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997 SILVA, M. M. Para além da saúde e da doença - o caminho de Freud. Ágora (PPGTP/UFRJ), v. XII, p. 259-274, 2009 WINOGRAD, M.; TEIXEIRA, L. C. Afeto e adoecimento do corpo: considerações psicanalíticas. Ágora, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 165-182, jul./dez. 2011

i Graduanda do curso de Psicologia da UFPA, bolsista PIBIC e membro do Grupo de Pesquisa Psicanálise na Interdisciplinaridade. alinejrm@hotmail.com ii Psicanalista, Professora-Doutora do Programa em Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), coordenadora do Grupo de Pesquisa Psicanálise na interdisciplinaridade, e membro do GT da ANPEPP Dispositivos Clínicos em Saúde Mental.rf-nicolau@uol.com.br