THOMAS MORUS A UTOPIA

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Transcrição:

THOMAS MORUS A UTOPIA A primeira parte da Utopia apresenta, em tom de conversa, uma reflexão sobre a situação política e social da Inglaterra do início do século XVI. Nessa época o absolutismo se consolidava e se começa a por em prática o cercamento dos campos, tornando particulares terras que eram antes exploradas coletivamente.

THOMAS MORUS A UTOPIA A segunda parte é um relato imaginário de Hitlodeu, que em uma de suas viagens pelos mares com a expedição de Américo Vespúcio teria conhecido a ilha de Utopia. Na ilha Utopia todos viviam de forma ideal. Tudo na obra indica que se trata de uma representação de algo que não existe.

THOMAS MORUS A UTOPIA No Estado perfeito imaginado por Morus: Não há propriedade privada e tudo pertence a todos; Todas são iguais, possuem a mesma renda; Não há divisão de trabalho, os habitantes se revezam na agricultura e no artesanato; O trabalho dura apenas seis horas diárias; Reserva-se lugar especial para os sacerdotes e literatos; Não há apenas uma religião ou um Deus e todos sabem respeitar as diferentes crenças; Não há avidez por dinheiro, uma vez que é de todos; Todos cultuam hábitos saudáveis.

TOMMASO CAMPANELLA Acusado de heresia, foi perseguido e torturado várias vezes. Livrou-se das acusações e organizou uma revolta camponesa na Calábria. Com a revolta, ele pretendia fundar uma república, A Cidade Mágica do Sol. Por conta da revolta, ficou preso por 27 anos.

TOMMASO CAMPANELLA No cárcere, Campanella escreveu a sua obra mais famosa, Cidade do Sol. Idealiza uma comunidade teocrática na qual não existe propriedade privada, nem divisão de trabalho, de classes ou de família. Outra característica marcante da cidade é a sua construção geométrica, procurando retratar a ordem do Universo.

FRANCIS BACON Nova Atlântida é mais uma obra utópica bastante conhecida. A obra também trata de uma comunidade feliz que vive na paz e na fartura. O sucesso da comunidade não se deve apenas a organização política e social, mas sobretudo ao trabalho da instituição científica, chamada Casa de Salomão. A Casa de Salomão reúne os sábios da cidade e realiza pesquisas e experimentos voltados para o domínio da natureza e bem-estar dos homens.

A INSPIRAÇÃO As obras de Morus, Campanella e Bacon, inspiradas na República de Platão apresentam uma realidade que não existe, mas que seus autores gostariam que existisse. As obras pressupõem um conteúdo altamente crítico em relação à realidade a sua volta, característica do Renascimento.

NICOLAU MAQUIAVEL Aborda de forma inédita o fato político. Deixa de lado as discussões sobre governos e governantes ideais. Preocupa-se em saber como os homens governam de fato, quais os limites do uso da violência para conquistar e conservar o poder, como instaurar o governo estável.

NICOLAU MAQUIAVEL Outra novidade no pensamento de Maquiavel está no fato de que ela ressalta o aspecto AGONÍSTICO da realidade: luta, discórdia, confronto. Para Maquiavel, o conflito é inerente a toda atividade humana. Ele se refere a Heráclito que defendia que a luta dos inumeráveis seres seria pela justiça.

NICOLAU MAQUIAVEL Declara que a relação entre forças antagônicas deve ser sempre de equilíbrio tenso, para impedir tanto a arrogância do rico como a licenciosidade do povo. Trata-se do reconhecimento de que a política se faz com base em interesses divergentes e se configura no equilíbrio dos opostos, única condição capaz de trazer o bem comum.

NICOLAU MAQUIAVEL O pensamento de Maquiavel contribuiu para a criação de justificativas para os governos absolutistas e divinizados dos séculos XVII e XVIII. Atualmente prevalece a interpretação de que os conselhos dado ao príncipe representariam uma primeira etapa da ação política a conquista do poder e da estabilidade. A segunda etapa seria a instalação do governo republicano

NICOLAU MAQUIAVEL O pecado de Maquiavel parece ter sido valorizar demais o oportunismo em detrimento da virtú. Os conceitos de virtù e fortuna são empregados várias vezes por Maquiavel em suas obras. Para ele, a virtù seria a capacidade de adaptação aos acontecimentos políticos que levaria à permanência no poder. Segundo o autor, em geral, os seres humanos tendem a manter a mesma conduta quando esta frutifica e assim acabam perdendo o poder quando a situação muda.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Hobbes argumenta que o homem não tem disposição natural para viver em sociedade. Argumentando contra Aristóteles, que afirmava que o homem é um animal social, Hobbes afirmava que a sociabilidade do homem não é natural com das abelhas e das formigas. Segundo Hobbes, elas não competem por honra e dignidade, não distinguem bem individual de bem comum, não se julgam mais sábias que as outras, não são maledicentes, não se ofendem por pouco etc.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Em resumo, a socialização humana é difícil e só ocorreu por meio de um pacto, isto é, artificialmente. Hobbes formula um TEORIA CONTRATUALISTA para a questão da origem das associações políticas. Ele afirmava que o medo, a violência, a necessidade natural de segurança e tranquilidade teriam levado os homens a renunciar, por meio de um contrato, à sua liberdade individual.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Hobbes formulou a hipótese do homem em estado de natureza. Nos primórdios da existência o homem vivia uma guerra de todos contra todos, em nome da sobrevivência. O homem é o lobo do homem. A necessidade de segurança, fez o homem renunciar a sua liberdade individual.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Já que a natureza humana tende sempre ao descumprimento do pacto, houve a necessidade de instituir algo mais que obrigasse todos os homens ao seu cumprimento. Assim formou-se o corpo político, o Estado que reunia em si todas as forças, vontades e poderes de cada indivíduo. O corpo político estaria acima dos indivíduos, embora fosse criação e representação destes. Quem comandasse o corpo político seria denominado soberano e possuiria um poder soberano. Os demais seriam súditos.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Para atingir a paz geral, o soberano deveria assumir um poder despótico, ou seja, totalitário, absoluto, podendo fazer e desfazer as leis conforme julgasse necessário. O Estado seria um verdadeiro monstro e por isso Hobbes o compara ao Leviatã.

LEVIATÃ O MONSTRO O Leviatã é personagem da mitologia fenícia, conhecido por sua aparição no Livro de Jó. É descrito como um animal aquático ou réptil, extremamente cruel, mas que defendia os peixes mais frágeis impedindo que os mais fortes os destruíssem.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Hobbes mostra-se um defensor do absolutismo. Viveu um período conturbado de disputas entre o parlamento inglês e os reis e a guerra civil e colocou-se contra a monarquia constitucional. Acreditava que a divisão de poder gerava competições que comprometiam a paz.

THOMAS HOBBES O LEVIATÃ Defendeu a obediência incondicional ao poder instituído. Entretanto, sustentava que, se o soberano não cumprisse a sua parte no pacto, os súditos poderiam desobedecer-lhe, pois o pacto teria sido quebrado.

THOMAS HOBBES Hobbes defendeu a submissão da Igreja ao Estado. Ele viveu uma época intensos conflitos religiosos causados pela Reforma em vários países europeus. Para ele, a paz civil dependeria também da paz religiosa. O soberano deveria decidir também sobre a religião e instituir um culto único e obrigatório. Os súditos só poderiam desobedecer se o soberano mandasse ultrajar a Deus ou adorar um homem comum.