Fenômeno do Mundo-Pequeno

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Transcrição:

Fenômeno do Mundo-Pequeno Redes Sociais e Econômicas Prof. André Vignatti

Seis Graus de Separação ou Fenômeno do Mundo Pequeno As redes sociais têm vários caminhos curtos Esse fato se chama fenômeno do mundopequeno ou seis graus de separação 1ª experiência: feita por Stanley Milgram: Participantes tentam encaminhar carta a um alvo O alvo tinha nome, cidade, endereço, etc... mas só podiam enviar a carta para conhecidos 1/3 das cartas chegaram ao destino, em uma média de 6 passos

Fenômeno do Mundo Pequeno Dois fatos marcantes: 1. Redes sociais têm vários caminhos curtos 2. Pessoas sem mapa global são eficazes ao encontrar tais caminhos curtos 1º fato parece ser fácil de acreditar 2º fato NÃO é tão fácil de acreditar: Enviar carta à pessoa com CPF 123.456.789-0, daria errado Geralmente usa-se informações geográficas e sociais

Estrutura e Aleatoriedade Obter modelos formais para as duas características Suponha que você tem 100 amigos, cada um tem 100 amigos em duas etapas que você se conecta a 100 * 100 = 10.000 pessoas

Estrutura e Aleatoriedade Mas fechamento triádico limita o número de pessoas que você pode alcançar Assim, uma rede social tem clusters, aumentando o tamanho dos caminhos

O Modelo de Watts-Strogatz Modelo: pessoas em grade 2D (uma forma de modelar de proximidade geográfica) 2 princípios básicos explicam caminhos curtos: Homofilia: nó tem link para outros num raio de r passos na grade Cria vários triângulos Os Laços Fracos: nó tem link para k outros nós aleatoriamente Atingem nós distantes

O Modelo de Watts-Strogatz Teorema: O diâmetro esperado é θ(log n) (não vamos a demonstração aqui)

O Modelo de Watts-Strogatz Na verdade é necessário MUITO menos aleatoriedade para manter os caminhos curtos: Suponha que só é permitido um único link aleatório para cada k nós

O Modelo de Watts-Strogatz Explicação: Quadrado k k (uma cidade) tem k links aleatórios considera-se o fenômeno a nível de cidades Pode-se achar caminhos curtos entre pares de cidades dentro de uma cidade, usamos os links de proximidade (homofilia) Principal resultado do modelo de Watts-Strogatz: Pouca aleatoriedade torna o mundo pequeno

Busca Descentralizada 2º Fato do Experimento de Milgram: pessoas encontram caminhos curtos sem mapa global Modelo de Watts-Strogatz não explica!!! Problema: laços fracos são muito aleatórios Links aleatórios só levam para muito longe Teorema: busca descentralizada no Watts-Strogatz usa muitos passos Novo modelo: Kleinberg - links levam a distâncias aleatórias curtas, médias e longas

Modelo para Busca Descentralizada Nó s deve enviar mensagem para nó t s sabe apenas a localização de t na grade Mas s não conhece nenhuma aresta de qualquer outro nó arestas aleatórias saindo de s, abrangendo faixas intermediárias de escala

Modelagem do Processo de Busca Descentralizada faixas intermediárias: expoente de clustering q: d(v, w): número de passos entre v e w Arestas aleatórias geradas com probabilidade 1/d(v, w) q q = 0: links escolhidos uniformemente de maneira aleatória

Variando o Expoente de Clustering q pequeno: links de longo alcance são muito aleatórios : somente saltos longos q grande: links de longo alcance não são aleatórios o suficiente : somente saltos curtos

Busca Descentralizada Quando q = 2 Qual q faz a busca descentralizada rápida? Experimentos: mais eficiente quando q = 2 (links aleatórios seguem a distribuição do inverso do quadrado)

Explicação de q = 2 O que há de especial no q = 2? No mundo real, mentalmente organizamos distâncias em diferentes escalas de resolução : algo pode estar no mundo, no país, no estado, na cidade, no quarteirão ou seja, são intervalos de distância cada vez maiores: a distância de 2-4, 4-8, 8-16,...

Explicação de q = 2 Área no plano cresce com o quadrado do raio, o número de nós num grupo é d 2 Com q=2, links se espalham igualmente entre todos os grupos de escalas

Dados Geográficos sobre Amizade Análise empírica para verificar q=2 Análise de 500 mil usuários e suas ligações no LiveJournal (só quem forneceu CEP) Problema: distribuição geográfica não uniforme (o modelo de q=2 é útil somente para pontos uniformemente distribuídos no plano)

Amizade baseada em Ranks Alternativa: criar links usando seu rank (posição relativa) ao invés de distância Elimina o problema de distribuições geográficas não uniformes Suponha que um nó v rankeia os outros nós pela proximidade: o ranking de w é rank v (w) = i, se w é o i-ésimo mais próximo v Ou seja, o nó mais próximo de v tem rank 1, o segundo mais próximo tem rank 2, etc...

Amizade baseada em Ranks O nó v cria um link aleatório escolhendo w com probabilidade 1/rank v (w) p

Amizade baseada em Ranks Se p = 1 e população uniformemente distribuída d 2 nós mais próximos Assim, p = 1 é generalização da distribuição do inverso do quadrado Propriedade: Para construir uma rede que tem busca descentralizada eficiente, crie um link para cada nó com probabilidade que é inversamente proporcional ao número de nós mais pertos

Amizade baseada em Ranks Voltando ao experimento do LiveJournal: Consideramos pares de nós, onde um atribui ao outro um rank igual a r Qual a fração f desses pares que são realmente amigos? Essa fração decresce proporcional a 1/r? (Ou seja, é uma power law?) O mesmo para o Facebook ( rank 0,95)

Fenômenos do Mundo Pequeno: Seqüência de Conclusões 1. Experimento de Milgram: (a) parece que há caminhos curtos e (b) as pessoas sabem como encontrá-los de forma eficaz 2. Construir modelos matemáticos para (a) e (b) 3. Fazer uma previsão com base nos modelos: expoente de clustering q = 2 4. Validar esta previsão usando dados reais de grandes redes sociais (LiveJournal, Facebook)