Revista Eletrônica Interdisciplinar

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Transcrição:

INFECÇÕES HOSPITALARES DO TRATO URINÁRIO: PERCEPÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM Raquel Aline Alves de Sousa Reis 1 Ana Carla Santana Castro 2 Nasciane Correa Devotte 3 RESUMO O presente estudo tem como objetivo principal identificar do conhecimento à medidas preventivas recomendadas para prevenção de infecções de trato urinário pelos profissionais de enfermagem da unidade de terapia intensiva (UTI). A prevalência das infecções hospitalares (IH) no Brasil ainda é desconhecida, porém de acordo com um inquérito do Ministério da Saúde mostrou que entre as unidades de saúde analisadas, o índice de IH variou de 13% a 15%. A infecção do trato urinário (ITU) é considerada uma das patologias infecciosas mais comuns, perdendo somente para as infecções respiratórias. As medidas preventivas adequadas das infecções do trato urinário na UTI diminui de forma significativa a necessidade de antimicrobianos, amenizando a pressão seletiva que permite o desenvolvimento de microorganismos multirresistentes. Nota-se a necessidade de capacitação e educação continuada em relação aos cuidados com os pacientes submetidos a cateterismo vesical de demora, visando a redução dos riscos de infecções relacionados ao procedimento. Palavras-chave:Concepção de Enfermagem; Infecção Hospitalar; Prevenção. ABSTRACT The present study has as main objective to identify the knowledge to the preventive measures recommended for prevention of urinary tract infections by nursing professionals of the intensive care unit (ICU). The prevalence of hospital-acquired infections (IH) in Brazil is still unknown, but according to a survey by the Ministry of health showed that among health units analyzed, the index ranged from 13% IH to 15%. Urinary tract infection (UTI) is considered one of the most common infectious diseases, losing only to respiratory infections. Appropriate preventive measures of urinary tract infections in ICU reduces significantly the need for antimicrobials, easing the selective pressure that allows the development of multidrug-resistant organisms. Note the need for training and continuing education in relation to the care of the patients undergoing bladder catheterization of delay, aimed at risk reduction. Keywords: Design of nursing; Hospital Infection; Prevention. 1 Acadêmica do curso de Bacharelado em Enfermagem, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças MT. E-mail: raquel_top29@hotmail.com 2 Docente orientadora do curso de Enfermagem, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças MT. Especialista em Nefrologia pelo Centro de Especialização em Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: prof.enf.anacarla@gmail.com 3 Enfermeira. Docente do curso de Enfermagem, das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, de Barra do Garças MT. Especialista em Saúde Pública com Ênfase em estratégia de Saúde da Família pelo Instituto Matogrossense de pós graduação IMP. E-mail: nascianedevotte@gmail.com. 1. INTRODUÇÃO O termo infecção consiste no alojamento e desenvolvimento ou proliferação de um agente infeccioso no organismo, inclusive vírus, bactérias, protozoários e helmintos (GUIMARÃES, 2010). Assim, os principais fatores que podem influenciar ao adquirir uma infecção são: alterações do sistema imunológico, idade (recém-nascidos e pessoas idosas são mais susceptível), uso excessivo de antibióticos, procedimentos médicos, principalmente, os invasivos, imunossupressão e falhas nos procedimentos de controle de infecção (FIGUEIREDO, 2012). Uma das classificações de infecções, são as comunitárias, que consistem naquelas diagnosticadas no ato da entrada do paciente ao hospital desde que não esteja relacionada ao hospitalizações anteriores. Essas infecções estão associadas com complicação ou extensão de infecção já presentes na admissão, menos que haja troca de microorganismo (BRITO e COSTA, 2013). No entanto, infecção hospitalar (IH) consiste em toda aquela associada à hospitalização, quando o período de incubação do agente causador da infecção for desconhecido e não houver manifestação clínica ou dado laboratorial de infecção no ato da internação, ou o início de qualquer sinal ou sintoma de infecção a partir de 72 horas após a entrada do paciente na unidade hospitalar, apresentando diagnóstico de infecção comunitária e for isolado um patógeno diferente, seguido da piora do quadro clínico do paciente (ANVISA, 2010). A prevalência das infecções hospitalares (IH) no Brasil ainda é desconhecida, porém de acordo com um inquérito do Ministério da Saúde mostrou que entre as unidades de saúde analisadas, o índice de IH variou de 13% a 15%. Nota-se um índice muito alto quando comparado a um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontou em 14 países, entre 1983 a 1985, índice médio de 8,7% (GARCIA et al., 2013). Com isso, percebe-se a necessidade de medidas preventivas eficazes para a diminuição 421

desses índices no país. Por muito tempo, a IH tem sido um fator preocupante entre os órgãos governamentais, e apesar de que a sua regulamentação tenha acontecido nos anos 80, esse problema no Brasil continua sendo negligenciado (GASPAR, BUSATO e SEVERO, 2012). Os pacientes em estado grave atendidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem apresentar vários fatores de risco para infecção hospitalar. Entretanto, esses fatores estão relacionados aos procedimentos invasivos que atingem as barreiras naturais de defesa e contribuem a introdução de agentes patológicos. Destaca-se os procedimentos de possui maior risco, intubação traqueal, ventilação mecânica (VM), cateter venoso central (CVC) e cateter vesical de demora (SVD), tubos gástricos e enterais e drenos variados. Além disso, o uso de infusões endovenosas, hemoterapia e nutrição parenteral estende o risco de inserção de microorganismos na corrente sanguínea (PADILHA et al., 2010). Atualmente, a infecção do trato urinário (ITU) é considerada uma das patologias infecciosas mais comuns, perdendo somente para as infecções respiratórias. No entanto, as ITUs podem ser classificadas em quatro grupos: uretrites, cistites, síndrome uretral aguda e pielonefrites. Geralmente, as infecções consideradas não graves surgem principalmente em mulheres sadias e eventualmente em crianças, jovens e adultos do sexo masculino, podendo responder rapidamente aos agentes antimicrobianos aos quais, o agente etiológico é susceptível. Já as infecções graves afetam em ambos os sexos e são difícil de ser tratadas (MATA et al., 2014). Destaca-se que a bactéria Escherichia coli é o agente etiológico mais frequentes das ITUs, sendo responsável por aproximadamente 40% das infecções urinárias dos pacientes hospitalizados. Além disso, vale destacar que as ITUs também podem ser causadas pela Klebsiella, Enterobacter, Serratiae leveduras, particularmente espécies de Candida, e bactérias não fermentadoras, como Pseudomonasaeruginosa, podendo ser encontrados em infecções hospitalares devido a alta resistência destes aos antibióticos (GARCIA et al., 2013). As medidas preventivas adequadas das infecções do trato urinário na UTI diminui de forma significativa a necessidade de antimicrobianos, amenizando a pressão seletiva que permite o desenvolvimento de microorganismos multirresistentes. Umas das principais meios de prevenção é a higienização das mãos, devido às mãos dos profissionais da saúde, principalmente, da equipe de enfermagem ser o principal mecanismo de transmissão de patógenos de um paciente a outro ou da microbiota microbiana hospitalar ao paciente. Além disso, vale destacar a importância do uso das luvas de procedimento para a prevenção de infecções, pois as mesmas protegem de contato direto das mãos com sangue e fluidos corporais (PADILHA et al., 2010). Percebe-se que as infecções são umas das principais causas de mortes, relacionadas às pacientes submetidos a procedimentos clínicos. O alto risco de mortalidade relacionado às infecções está associado a procedimentos invasivos diagnósticos e terapêuticos à seriedade da patologia de base que afeta o paciente, ao sítio da infecção, à adaptação da terapia e à suscetibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos (SOUZA et al., 2015). Este estudo se desenvolverá através da percepção da equipe de enfermagem em relação às infecções hospitalares do trato urinário, com o intuito de responder ao problema, e para isso será analisado se a equipe de enfermagem possui os conhecimentos necessários aos pacientes, para prevenir infecções hospitalares do trato urinário. Frente ao exposto, fica evidente que a importância que a infecção de trato urinário representa para o ambiente hospitalar, e o risco de exposição dos pacientes a esse tipo de patologia, que consequentemente prolonga o tempo de internação, e pode ocasionar agravo do quadro clínico.nesse contexto, e pensando especificamente na enfermagem, se torna necessário investigar a infecção de trato urinário e sua relação com os conhecimentos dos profissionais de enfermagem, visto que o manuseio com técnicas incorretas expõe o paciente aos riscos Os resultados encontrados podem inferir em iniciativas para intervenções, que poderão ocasionar uma melhor qualidade ao cuidado prestado ao paciente e estimular o processo de educação continuada com os profissionais. Contudo, este trabalho tem como objetivo principal a identificação do conhecimento à medidas preventivas recomendadas para prevenção de infecções de trato urinário pelos profissionais de enfermagem da unidade de terapia intensiva (UTI). Além de investigar o nível de conhecimento dos profissionais de enfermagem referente a medidas preventivas de infecção do trato urinário, avaliar a adesão a medidas preventivas e conhecer o perfil profissional da equipe de enfermagem de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 2. METODOLOGIA 422

Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa (ABEC, 2015), que identificou o conhecimento sobre medidas preventivas recomendadas para prevenção de infecções do trato urinário pelos profissionais de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A pesquisa foi realizada no Hospital Milton Pessoa Morberck, localizado na Avenida Marechal Candido Rondon, nº 2897, Setor Jardim das Mangueiras, na cidade de Barra do Garças - MT, CEP 78.600-000. Os sujeitos da pesquisa foram os enfermeiros e técnicos de enfermagem lotados na unidade, não incluindo os profissionais que não estejam lotados na unidade, ou seja, em períodos de férias, licenças maternidade e licença prêmios. Os dados do presente estudo foram coletados através de questionário estruturado com as seguintes variáveis: gênero do entrevistado (masculino ou feminino); idade; tempo de trabalho, e questionamentos quanto a adesão a medidas recomendadas para prevenção de infecções relacionadas ao trato urinário. Os dados obtidos foram transcritos para uma planilha no programa Windows Office Excel 2010, contendo todas as variáveis, e os dados obtidos que serão agrupados e analisados. (ABEC, 2015). Além disso, antes da realização da entrevista, foi repassado aos entrevistados o termo de consentimento livre e esclarecido, para esclarecido do tipo de pesquisa a ser feito, no qual o mesmo autoriza a entrevista. A pesquisa por artigos científicos publicados foram realizados em bases de dados como, Google acadêmico, Bireme,Scieloe entre outros, utilizando-se as palavras-chave, em diferentes combinações: infecção hospitalar, infecção do trato urinário, percepção da equipe de enfermagem, cuidados de enfermagem. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Hospital Municipal de Barra de Garças MT, atualmente, conta com 10 (dez) leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto Tipo II, conforme dados publicados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos da Saúde (CNES, 2016). E para elaboração do artigoforam entrevistados um total de 14 profissionais da enfermagem, entre eles, enfermeiros e técnicos em enfermagem. Como mostra na tabela abaixo, 92,9% dos entrevistados são mulheres e apenas 7,1% homens, este resultado corroba com o estudo na enfermagem com predominância do gênero feminino na enfermagem(esser, MAMEDE e MAMEDE, 2012). Quanto ao nível de escolaridade, 57,2% dos entrevistados possui ensino médio completo, 35,7% concluíram o ensino superior e 7,1% não responderam. Com relação à idade, 57,1% não relatou a idade, 14,3% possuem entre 20 a 30 anos, 14,3% encaixa na faixa etária entre 31 a 40 anos e 14,3% tem 41 anos ou mais. Quanto à raça, 85,7% relataram ser pardo e 14,3% brancos. Além disso, foi questionado o estado civil de cada entrevistado e 50% deles disseram ser casados, 14,3% amasiados, 7,1% divorciados e 7,1% dos entrevistados não quiseram responder a pergunta. Além do mais, foram questionados se os profissionais trabalham em ambientes hospitalares e 92,9% deles relataram que sim e 7,1% não responderam a pergunta. Quanto à categoria funcional, 78,6% dos profissionais são técnicos em enfermagem e apenas 21,4% dos entrevistados são enfermeiros. Com relação ao tempo de formação, 21,5% dos profissionais concluíram sua formação entre 06 a 10 anos, 14,3% atua entre 01 a 05 anos, 14,3% atua a mais de 16 anos, 7,1% deles atua entre 11 a 15 anos e a maioria deles não souberam responder a pergunta (42,8%). Também foi questionado em qual unidade de trabalho o profissional atua neste Hospital e 92,9% dos entrevistados são profissionais atuantes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e apenas 7,1% atua na clínica médica. Além disso, 85,7% dos profissionais relataram não atuar em outra instituição hospitalar e 14,3% deles disseram trabalhar em outro hospital. Para tanto, foram questionados sobre as técnicas e os cuidados ao realizar o cateterismo vesical de demora e em quais momentos deve realizar a higienização das mãos e todos os entrevistados relataram ser antes e após o procedimento.os dados colhidos vão de acordo com o estudo feito por Magalhães, et al (2014), que afirma que o hábito de lavagem das mãos corretamente deve ser realizada de forma criteriosa, a fim de prevenir as ITUs. Além disso, devem ser sempre levadas em consideração, as condições anatômicas de cada paciente, assim como a educação do paciente e da família (MAGALHÃES et al, 2014). Em relação ao tipo de luva utilizada para realizar o procedimento, 85,7% dos entrevistados relataram usar a luva estéril e 14,3% disseram usar a luva de procedimento. Quanto ao antisséptico 423

utilizado para assepsia da região genital do paciente, 50% dos profissionais relataram usar a clorexidina 5%, 28,6% usam clorexidina 0,5% e 21,4% usam clorexidina 2% (ERCOLE et al, 2013). Também foi questionado aos entrevistados se os mesmos utilizam campo fenestrado para a passagem de sonda vesical e 64,3% deles afirmaram que sim e somente 35,7% disseram que não utilizam, conforme a literatura os antissépticos indicados são soluções aquosas de iodóforos, tais como, polivinilpirrolidona (PVP), composto por polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I), que possuem funções de preparar a pele da região genital do paciente contra germes ou bactérias. Estas soluções podem ser encontradas na forma degermante, alcoólica e aquosa(paschoal e BOMFIM, 2012). Percebe-se que 57,2% dos profissionais de enfermagem utilizam o coletor de urina fechado em pacientes com cateter vesical de demora e 42,8% deles afirmaram utilizar o coletor de urina aberto. Com relação a quantidade de coletor disponível, 50% dos entrevistados afirmaram que existem coletores de urina aberto suficiente na instituição que atenda esta demanda, já 14,3% deles negaram não ser suficiente e 35,7% não souberam responder. Quanto ao coletor de urina semifechado, 7,1% deles afirmaram ter o número suficiente na unidade,14,3% negaram não ser suficiente e 78,6% não souberam responder. E quanto ao coletor de urina fechado, 42,8% dos entrevistados afirmaram ser suficiente e 57,2% deles não souberam responder. Estudos demonstram que, o indicado é o coletor de urina de sistema fechado com sistema de drenagem com válvula antirefluxo, devido o mesmo prevenir contra infecções do trato urinário e garantir a segurança do paciente (ANVISA, 2013). Nesse sentido, quando questionado sobre a realizaçãoda coleta de urina para exame de cultura em paciente com sonda vesical de demora, 85,7% afirmaram ser puncionando-se a mangueira de drenagem com agulha e vale ressaltar que 14,3% dos entrevistados afirmaram que se deve desconectar a sonda da mangueira de drenagem.os dados colhidoscorrobam com estudo feito por Calori e Pelatieri (2015),que afirma não poder abrir o sistema entre a sonda e a bolsa coletora, devido o sistema de sondagem vesical de demora ser fechado e estéril, devendo ser sempre mantido desta maneira. Em relação ao uso de antibióticos profiláticos, conforme prescrição médica em pacientes submetidos à cateterismo vesical deste Hospital, 64,3% dos profissionais entrevistados afirmaram não realizar esse tipo de terapêutica na instituição, 28,5% deles disseram que realizam esse tratamento e 7,1% não soube responder, conforme a literatura o correto é fazer o uso da antibioticoterapia ou antimicrobianos em casos diagnosticados e confirmados de infecção do trato urinário por cateterismo vesical (CONTERNO, LOBO e MASSON, 2011). Também foi questionado aos profissionais se durante sua prática nesta instituição o mesmo realiza anotação diária do número de dias que os pacientes encontram-se cateterizados e 64,3% disseram não relatar essas informações nos prontuários dos pacientes e apenas 35,7% deles afirmaram fazer esse registro. Os dados colhidos vão de acordo com estudos realizados por Mazzoet al (2011), que afirma que tal registro e de possíveis intercorrências é de suma importância para auxiliar na avaliação acerca da permanência do cateterismo vesical, além de amparar legalmente o profissional da enfermagem, também proporciona a continuidade dos cuidados de enfermagem prestados ao paciente cateterizados. Dessa forma, nota-se a necessidade de capacitação e educação continuada em relação aos cuidados com os pacientes submetidos a cateterismo vesical de demora, visando a redução dos riscos de infecções relacionados ao procedimento. Uma vez que o procedimento apresenta riscos de complicações decorrentes devido à decorrência ao manuseio do trato urinário, sendo a uma das principais complicações a bacteriúria (SILVA, BRANDÃO e MEDEIROS, 2014). Deve-se considerar que a Instituição constitui um campo de prática para graduação e formação de novos profissionais na área da saúde, tais cuidados compõem o processo de formação destes novos profissionais, o que apresenta muitas possibilidades de ressonância no seu dia a dia (PASCHOAL e BOMFIM, 2012). 4. CONCLUSÃO Percebe-se que o cateterismo do trato urinário é um dos procedimentos mais comuns feitos nas UTIs, porém essa prática é considerada uma das principais causas de infecções urinárias. Com isso, fica claro a importância das medidas preventivas adotadas pela equipe de enfermagem nos setores de Terapia Intensiva. O enfermeiro deve seguir diretrizes fundamentadas em evidências visando à garantia do cuidado e reduzir a ocorrência de complicações como a ITU. Vale destacar a importância do conhecimento teórico e da educação continuada dos profissionais da enfermagem em relação à prática de 424

sondagem vesical de demora, pois os mesmos devem repassar segurança e conforto aos pacientes. Além do mais, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) deve estar sempre atuante nos setores de Terapia Intensiva, definindo, divulgando e monitorando a prática adequada de cateterização vesical e realizar ações educativas junto à equipe multidisciplinar, principalmente, a equipe de enfermagem sobre a importância da implantação e adoção das medidas preventivas das ITU-CV (infecção do trato urinário por cateterização vesical) em pacientes internados nas UTIs 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABEC - FACULDADES UNIDAS DO VALE ARAGUAIA. Elaborando Trabalhos Científicos. 3ª ed, Revisada e Ampliada, 1ª Impressão. Barra do Garças - MT: ABEC, 2015. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS). Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde (GGTES). Brasília DF, 2013. ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea. Gerência Geral de Tecnologia em Serviços. Brasília DF, ago. 2010. BRITO, Ana Carolina Cristino; COSTA, Mônica Ribeiro. Critérios de Definição de Infecção Relacionada á Assistência á Saúde. Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Goiânia, 2013. CALORI, Mateus Antonio de Oliveira; PELATIERI, Paula de Cássia. Cuidados no domicilio com cateter vesical de demora. Saúde em Foco, Edição n. 07, p. 217-221, 2015. CNES, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Disponível em: <http://cnes.datasus.gov.br/> Acesso em 25 de outubro de 2016, às 22:35 h. CONTERNO, Lucieni de Oliveira; LOBO, Juliana Andrade; MASSON, Wallan. Uso excessivo do cateter vesical em pacientes internados em enfermarias de hospital universitário. RevEscEnferm USP, São Paulo, v. 45, n. 5, p. 1089-1096, abr/jan. 2011. ERCOLE, Flávia Falci; et al. Revisão integrativa: evidências na prática do cateterismo urinário intermitente/demora. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Belo Horizonte, v. 21, n. 1, 10 telas, jan/fev. 2013. ESSER, Maria Angélica Motta da Silva; MAMEDE, Fabiana Villela; MAMEDE, Marli Villela. Perfil dos profissionais de enfermagem que atuam em maternidades em Londrina, PR. Rev. Eletr. Enf. [Internet]., v. 14, n. 1, p. 133-141, jan/mar. 2012. FIGUEIREDO, Danielle Alves. Fatores de risco associados à infecção hospitalar em uma Unidade de Terapia Intensiva. Universidade Federal da Paraíba. Centro de Ciâncias Exatas e da Natureza. Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde. João Pessoa-PB, 2012. GARCIA, Lúcia Maria; et al. Perfil epidemiológico das infecções hospitalares por bactérias multidrogarresistentes em um hospital do norte de Minas Gerais. Rev Epidemiol Control Infect., v. 3, n. 2, p. 45-49, dez/mar. 2013. GASPAR, Maria Dagmar da Rocha; BUSATO, Cesar Roberto; SEVERO, Emanoel. Prevalência de infecções hospitalares em um hospital geral de alta complexidade no município de Ponta Grossa. Acta Scientiarum, Maringá, v. 34, n. 1, p. 23-29, jan/jun. 2012. MAGALHÃES, Samira Rocha; et al. Evidências para a prevenção de infecção no cateterismo vesical: revisão integrativa. Revista de Enfermagem UFPE online., Recife, v. 8, n. 4, p. 1057-1063, abr. 2014. MATA, Keylla Silveira da; et al. Complicações causadas pela infecção do trato urinário na gestação. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 15, n. 4, p. 57-63, out/dez. 2014. MAZZO, Alessandra; et al. Cateterismo urinário: facilidades e dificuldades relacionadas à sua padronização. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, v. 20, n. 2, p. 333-339, abr/jun. 2011. PASCHOAL, Mayara Renata Duarte; BOMFIM, Fernando Russo Costa. Infecção do Trato Urinário por Cateter Vesical de Demora. Ensaios e Ciência: 425

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