Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Artes Portfólio Digital Taila Idzi Oficina de Criação Tridimensional Professor Carlos Augusto Camargo Porto Alegre, 09 de julho de 2009
Uma breve biografia Sempre me interessei pela arte, embora ela sempre fosse, para mim, um desses livros misteriosos que se revelam com o passar dos anos. Sempre gostei da imagem, da representação em todas as suas linguagens e também sempre admirei as pessoas que sabiam usar a criatividade para, mesmo com recursos precários, fazer coisas que me levavam a viajar, a ter idéias também. Mesmo assim, nunca foi óbvio que eu seguiria por este caminho. A verdade é que sou uma apaixonada pelo processo criativo, pelos meios mágicos que as pessoas têm idéias e acabam criando as coisas. E foi movida por este interesse que me aventurei pelos caminhos da educação. Eu queria ir mais além, queria saber como as pessoas aprendiam e de que forma o processo criativo se relacionava com a aprendizagem. Aos 14 anos eu entrei para o Curso Normal de Nível Médio. Aos 18 me formei, mas ainda procuro respostas para todas estas questões e todas as outras que vieram a surgir. Eu ainda não sei se quero ser professora, artista, enfim... Mas o fato é que, por mais voltas que eu dê, eu sempre acabo esbarrando na arte, como uma verdade que está ali e quer ser assumida. E abraçar esta verdade tem sido a cada dia mais e mais compensador. Taila Idzi
Trabalho final de revisitação Artistas Revisitados Marek Cecula Look into my mind, 2001 porcelana e vidro, interior com decalque de imagens 5 x ind.dim. h,l,d 20x13x13" 51 x 33 x 33 cm Elise Siegel 21 torsos, 2004 cerâmica
Meu trabalho dialoga com duas obras, mesclando as propostas de Marek Cecula e Elise Siegel. Enquanto em Look into my mind Cecula propõe uma viagem pela subjetividade do artista, tornando público o seu universo interior, em Twenty-one Torsos Siegel coloca o expectador na condição de um intruso, incapaz de compreender o universo infantil. Eu sugiro uma viagem na mente daquelas crianças, que dialogam, ou questionam ou discutem em suas linguagens peculiarmente infantis. É um convite para a compreensão, não mais da mente do artista, mas da mente da criança. E, talvez, um convite ao passado. A idéia é estabelecer uma ponte entre estas duas obras, aparentemente muito diferentes, embora tenham alguns pontos de semelhança como objetos. Esta proposta visa a comunicação entre o exterior e o interior da mente humana, propondo uma viagem à infância para, quem sabe, desvendar ou compreender um pouco mais deste universo invisível que Detalhe: Interior de uma das cabeças Peças antes da queima cabe em nossas mentes. Ao olhar para dentro das cabeças de minhas crianças de barro, o expectador, a princípio indagativo, irá se deparar com um mundo que é ao mesmo tempo caótico e familiar e que faz parte também da vida do adulto. Como ainda me falta experiência e técnica para fazer corpinhos de crianças, resolvi fazer apenas cabeças, como no trabalho de Cecula. A primeira cabeça possui uma gaveta com binquedos, enquanto na segunda é possível olhar para dentro dos olhos e enxergar imagens ao fundo, iluminadas por leds. Ambas foram modeladas a partir de placas utilizando como suporte uma bola de jornal.
Trabalhos anteriores Monstrengo técnico individual A peça ao lado foi moldada em placa, pintada com engobes branco e preto e posteriormente queimada, quando recebeu esmalte vidrado branco na parte externa, preto na parte interna e foi novamente queimada. As peças do interior foram pintadas com engobes coloridos e posteriormente queimadas. A peça ao lado foi moldada em maciço ocado, pintada com engobe branco, queimada e pintada com esmalte vidrado branco. A foto foi feita antes da segunda queima. Monstrengo técnico coletivo Banda de monstrinhos Este trabalho foi feito coletivamente com as colegas Francisca Vieira, Anahi Pozzati e Raquel Magalhães. A idéia de fazer uma banda de monstrinhos surgiu do próprio nome da atividade. Cada uma fez um monstro explorando uma das técnicas aprendidas em aula (maciço ocado, placa, minhoca...). Meu trabalho é o da direita, uma espécie de sapo feito em maciço ocado, backing vocal da banda. Em seguida,
temos os trabalhos da Anahi, um monstro-lesma que possui um acordeão acoplado em seu corpo, da Raquel, um monstro peixe cantor e da Francisca, um monstro cabeludo guitarrista. Considerações sobre o trabalho com cerâmica O princípio foi desafiador: moldar o barro, compreender os movimentos, tanta coisa a aprender! Trabalhar com cerâmica me remete à infância, aos primeiros trabalhos feitos em argila, à surpresa agradável de ver o trabalho seco e à surpresa desagradável quando ele quebrava. Às queimas de biscoito feitas em um forno artesanal da vizinhança, quando eu fazia bonequinhos de massa e ficava muito feliz ao vê-los consistentes e dourados. Além do aprendizado do processo cerâmico, com todas as suas técnicas, o trabalho no ateliê me ensinou a ser mais paciente, compartilhar o que tenho com os colegas, aprender com eles, aceitar opiniões e lidar com a frustração ao perder algumas peças. A cerâmica para mim é uma nova ferramenta de trabalho e eu espero continuar produzindo com as queimas alternativas. Referências para o trabalho de revisitação: http://www.elisesiegel.com/essay1.html http://www.marekcecula.com/sites/art_works7.php