Profª. Ms. Ana Claudia Duarte Pinheiro

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Transcrição:

1 Profª. Ms. Ana Claudia Duarte Pinheiro Bom dia. Agradeço o convite feito pela Pró-Reitoria de Graduação PROGRAD. É muito honroso tratar, junto à Universidade, de um tema tão polêmico; certamente não consigamos trazer soluções para os problemas que já se evidenciaram ao longo do tempo, mas a contribuição é subir pelo menos mais um degrau nessa luta pela igualdade. A igualdade é um tema que vem sendo tratado, ao longo do tempo, a partir do momento que a sociedade a incorporou como um valor, e isso deve permanecer na tábua de valores da sociedade no sentido de tratamento igualitário. Juridicamente, existem algumas indicações dentro da constituição que permitem essa abordagem, então a ação afirmativa, no caso, essas políticas públicas implementadas pelo Estado, não surgem somente dos aspectos históricos, também, das evidências sociais. O mundo jurídico tenta alcançar essa abordagem no sentido de proporcionar aquilo que a sociedade busca. A Constituição Federal, em alguns momentos, afirma a necessidade do indivíduo em tornar-se livre, justo, solidário; empreendendo esforços no sentido de promover o bem, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor e idade, evidenciando a possibilidade da sociedade obter um entendimento do valor que deve ser respeitado e protegido para que se alcance essas propostas constitucionais. Para construir uma sociedade justa, sem desigualdades sociais, é preciso implementar algumas propostas. Apresentar uma proposta constitucional e consolidar, confirmar esses valores dentro do ordenamento jurídico e criar regras que permitam alcançar esses valores. A primeira proposta constitucional é a acessibilidade à escola. Políticas públicas devem ser implementadas por parte do poder público a fim de que a escola seja acessível. O Estado oferece esse acesso para proporcionar perspectivas a esse cidadão em termos de formação, por meio disso temos a sociedade contemplada, assim como a saúde; a educação é e deve ser universal. Outros mecanismos devem ser criados, na forma de regras jurídicas, para contemplar essa possibilidade de escola para todos. Atualmente, existem as ações

2 afirmativas promovidas pelas 34 (trinta e quatro) instituições públicas que tem como objetivo possibilitar o ingresso do estudante carente à universidade. Se existem programas, por exemplo, o FIES 1, que favorece aqueles que preenchem os requisitos como a classe social de baixa renda e notas em um nível suficiente, haja vista essas pessoas se beneficiem do financiamento. A avaliação da instituição, não só a técnica institucional interna, mas também uma avaliação relativa ao ENADE 2 e, antigamente, aos provões. São requisitos para que a instituição e o aluno possam gozar desse benefício que é o financiamento estudantil. Embora não seja denominado como tal, é uma forma de ação afirmativa e a possibilidade do aluno de baixa renda em cursar o ensino superior utilizando-se da esfera privada, já que a pública não contém a universalidade que o ensino fundamental e médio contemplam com as precariedades que têm. A população de menor renda tem grande impacto na sociedade, no sentido de discutir se a universidade não está fazendo uma discriminação às avessas. Um questionamento em relação a isso é se a escola privada continua sendo acessível para qualquer parcela da população, pois se a instituição privada conduz à acessibilidade, então não há motivo para discriminação. Entende-se que a escola pública é um direito universal. Se a escola particular permite tão boa qualidade quanto a pública, têm-se mecanismos econômicos e financeiros a fim de que possibilitem a escola particular para pessoas de baixa renda e a escola pública acessível àqueles que não têm as mesmas condições de outros que estão, na grande maioria, na escola pública. Criam-se esses mecanismos de ação afirmativa. A dificuldade dessas discussões que a sociedade apresenta é o aprimoramento dessas políticas públicas. Estas políticas são tanto para inserir estudante de baixa renda como o estudante negro que, na maioria das vezes, é um estudante carente na escola particular, outrora na escola pública. Só que esta exige um mecanismo maior que convém, que é a ação afirmativa. A escola pública está acessível, agora, ainda mais para aquele de baixa renda. Esse discurso dicotômico estabelece que a escola pública de ensino fundamental e médio teria de melhorar sua qualidade, para que o aluno que utiliza deste 1 Financiamento Estudantil. 2 Exame Nacional de Desempenho de Estudantes.

3 serviço tenha as mesmas condições de acesso que o aluno da particular; o embate não é o mesmo, as condições não são as mesmas. Apesar de que a mídia, de maneira informal, tenha revelado que, em um determinado momento da história, o poder público destinou menos verba para a educação e, por conseqüência, estas instituições de ensino público vêm acumulando esses problemas. Isso é uma opção política que foi feita, ao mesmo tempo, incentivando a particular e, por causa disso, é a instituição privada do ensino superior que tem alguns benefícios quando absorve aquele estudante com menores condições financeiras. Há um compasso nessas políticas, porém não existe, em relação ao poder dominante, a legitimidade da sociedade, que prefere que o ensino fundamental e médio tenha melhores condições para que todos tenham igual acesso às universidades públicas. Hoje se observa nas regras jurídicas as situações que mantêm o poder dominante, ou seja, mantêm as condições de como estão; e essas regras, embora busquem consolidar uma sensação de igualdade, não produzem essa ação, esse valor escolhido pela sociedade. Elas não substanciam tal situação. As cotas universitárias são uma busca de se alcançar a igualdade. As regras jurídicas que visam esse alcance, na verdade, são mantenedoras do Estado pobre porque não mudam a realidade. Para cada desigualdade, uma ação específica; o poder público não pode se manter inerte às diferenças, no sentido de alcançar ou de proporcionar políticas específicas que visem uma transformação da sociedade. É necessária a mudança da concepção social no sentido de dar oportunidades tanto aos deficientes quanto às mulheres, às minorias éticas, religiosas, enfim, e oportunizar, momentaneamente, ações afirmativas que a universidade propõe, no entanto, não pode se perpetuar o direito de estudar para alguns na universidade pública e retirar de outros por conta desse oferecimento. Apesar disso, ainda se dispõe a escola particular. Foram suprimidas as condições desses alunos oriundos da escola particular, pois para essa parcela da população há a possibilidade de pagar uma instituição privada de ensino superior. Ao mesmo tempo em que há o resgate da escola pública de ensino fundamental e médio e a criação de vagas

4 na particular, proporciona-se a uma determinada camada dessa população o acesso à escola pública. É necessário criar políticas de absorção deste pessoal que está no mercado de trabalho. O desemprego não menospreza ninguém desde que seja uma condição natural de aguardar aquele momento mais adequado para se inserir nesse mercado. Entretanto, se há um preparo e o mercado não absorve, há uma distorção que se apresenta, em termos de regras jurídicas, no alcance dessas regras que permitem a igualdade, mas não há uma sucessão delas e, sim, pontuais que não vão proporcionar perspectivas ao cidadão; quer dizer, não há o efetivo exercício da cidadania, o indivíduo continua com uma escola precária que não tem a capacitação empregatícia que é condição essencial para o desenvolvimento. Em função disso, o Estado, embora pareça que não está inerte a essas condições das diferenças sociais, na verdade, ainda não cria mecanismos de superação. Quando se fala em ação afirmativa, existe essa proposta em discussão pela sociedade e que está prestes a se tornar uma regulamentação legal. Isso existe para satisfazer determinadas camadas da população e não proporciona a igualdade porque não se tem no ordenamento jurídico situações que permitam que essa política seja de continuidade, mantém e não se alcança o desenvolvimento para o qual deveria ter sido proposta. As ações afirmativas são importantes, na medida que concretizam os direitos fundamentais do homem, que estão positivados no ordenamento jurídico pátrio, no sentido de um conjunto de valores eleitos pela sociedade, confirmados pelo Poder Legislativo estabelecidos com a Carta Maior. Esses direitos fundamentais, que muitos dizem que são os direitos humanos, apesar de que nem todos estão positivados e nessa condição não denominados de direitos fundamentais. Há a Carta Maior, a Constituição Federal, que encarta esses direitos fundamentais e deve na Legislação Infraconstitucional, nos códigos, enfim; positivar esses valores. É uma forma de consolidá-los e confirmá-los perante a sociedade, pois são necessárias as ações afirmativas a fim de que o regramento jurídico proporcione essa condição de igualdade; a ação afirmativa é uma medida temporária especial. Irá beneficiar, gerar, com base no passado, favorecer as gerações presentes e oportunizar um futuro mais

5 justo e digno, porém, este futuro só terá condições presentes mais justas e dignas, se estiver inserido no ordenamento jurídico a confirmação e a consolidação dos valores da Constituição Federal. É preciso contemplar, analisar essas situações e promover uma sociedade mais justa, digna e, significa que a ação seja pontual em relação aos poderes constituídos, em especial o Executivo e Legislativo porque o Judiciário tem um reflexo maior na sociedade que estes poderes. É relevante a consolidação de um posicionamento da sociedade e a cobrança perante esses poderes instituídos, com uma mudança e transformação da sociedade, só assim, haverá uma perspectiva de desenvolvimento. Essa ação das universidades públicas, as 34 (trinta e quatro) instituições que promovem políticas internas de ação afirmativa, é o primeiro passo, mas ficará perdido se no final de um curso de 4 (quatro), 5 (cinco) ou 6 (seis) anos, o estudante não apresentar condições de ser absorvido pelo mercado de trabalho.