Efeitos do treino com PECS no repertório de Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento de criança com autismo

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Transcrição:

Efeitos do treino com PECS no repertório de Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento de criança com autismo Larissa Helena Zani Santos-Carvalho¹ Almir Del Prette² Ana Cláudia Moreira Almeida Verdu³ ¹ UFSCar, Programa de Pós- Graduação em Psicologia, Capes/ Universidade do Sagrado Coração, Departamento de Psicologia. ² UFSCar, Programa de Pós- Graduação em Psicologia. ³ UNESP, Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem Eixo Temático: 4- Comunicação Alternativa e Ampliada Categoria: Comunicação oral Resumo A disfunção neurofisiológica e dificuldades na comunicação presentes nos quadros de Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem acarretar em déficits em habilidades sociais (HS). O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) é um programa que adota análise de comportamento verbal de Skinner e que auxilia na aquisição de comunicação funcional, favorecendo interações sociais e reduzindo problemas de comportamento (PC). Estudos apontam para a importância de desenvolver HS em indivíduos com TEA, principalmente nos quadros mais graves. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar os efeitos de um treino utilizando o PECS com uma criança com TEA grave sob o repertório de HS e redução de PC dessa criança em diferentes contextos. Para tanto foi utilizado um delineamento de base múltipla entre ambientes (clínica, casa e escola), e participaram do estudo, uma criança do sexo masculino de 10 anos com diagnóstico de TEA grave, sua mãe e sua professora. Anteriormente ao treino com o PECS e ao final de cada fase, em todos os ambientes, foram realizadas filmagens da criança em situações naturais em cada ambiente. Após o término da intervenção com PECS, as filmagens realizadas nas avaliações

de sondagens foram analisadas e as frequências de HS e PC foram computadas durante a linha de base e o treino. Os resultados mostraram ganhos no repertório de HS e redução de PC nos três ambientes, principalmente em casa. Palavras-Chaves: Transtorno do Espectro Autista; PECS; Habilidades Sociais. Introdução O Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser definido como um distúrbio do desenvolvimento, com base em alterações neurológicas (ZORZETTO, 2011) que afetam principalmente três áreas: (1) as interações sociais; (2) o comportamento verbal e (3) a variabilidade de repertórios comportamentais (GUILHARDI, ROMANO, BAGAIOLO e SANTOS, 2011). Devido a essas alterações indivíduos com TEA podem apresentar déficits em habilidades sociais (FECTEAU, LEPAGE e THÉORET, 2006). Santos-Carvalho (2012) realizou uma revisão de estudos na área e encontrou diversas dificuldades em habilidades sociais nos casos de TEA: dificuldades em iniciar e responder a interações sociais; uso inadequado de contato visual; dificuldade de interpretação de comportamento verbal- vocais e não vocais (gestos e expressões faciais, por exemplo); respostas emocionais inadequadas; indiferença afetiva; falta de empatia; no caso daqueles que vocalizam, podem dominar conversas baseadas apenas em assuntos de seu interesse e fazer comentários inadequados (por exemplo, conversar apenas sobre dinossauros); dificuldades em compreender e participar de brincadeiras típicas da idade; dificuldade para fazer amizades; falha em reconhecer o espaço pessoal; dificuldade para compartilhar experiências afetivas; dificuldade

para apresentar atenção compartilhada, comportamento simbólico e imitação. Os déficits em habilidades sociais podem se tornar mais graves de acordo com o grau de severidade do transtorno, incluindo o funcionamento cognitivo da criança, problemas de comportamento, o grau de distúrbio de receptividade e expressividade da linguagem (KOENING, DE LOS REYES, CICCHETTI, SCAHILL e KLIN, 2009) e assim necessitam de tempo adicional de intervenção e de estratégias mais eficazes (HARPER, SYMON e FREA, 2009). Crianças com TEA apresentam alterações no surgimento e no desenvolvimento do Comportamento Verbal, podendo chegar à fase adulta sem nunca ter falado. Uma alternativa de resposta para os casos em que a fala não é possível é o uso do PECS, o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (Picture Exchange Communication System), um tipo de Comunicação Alternativa e Ampliada que foi influenciada pela descrição de operantes verbais de Skinner (1957) e por uma perspectiva analítica do comportamento aplicada aos casos de TEA (FROST e BONDY, 2002). O PECS tem como objetivo ensinar comunicação espontânea e funcional para crianças com TEA em um contexto social (BONDY e FROST, 1994). Estudos indicam efeitos colaterais após ensino com PECS, como o desenvolimento der habilidades comunicativas tais como atenção compartilhada, aumento do contato visual, correspondência entre nome e objeto (matching) além de reduzir problemas de comportamento (HART e BANDA, 2010) e ampliar comportamentos sociais (CHARLOP- CHRISTY et al, 2002, CARR e FELCE, 2007). Considerando que a emissão de operantes verbais é mantida por reforçadores produzidos e mediados pelo comportamento de outra pessoa, o comportamento verbal é eminentemente social. Del Prette e Del Prette (2009)

discutem algumas correspondências entre operantes verbais e classes de habilidades sociais. Os autores ressaltam que grande parte dos comportamentos sociais classificados por Skinner (1957) como mandos seriam identificados, no campo do treinamento de habilidades sociais, como habilidades sociais assertivas (p.167). O PECS é um procedimento eficaz para ensinar operantes verbais para indivíduos com TEA, mesmo em casos mais graves. Existem aproximações de definições entre classes de habilidades sociais e classes de operantes verbais, já que uma habilidade social pode ter a mesma função de um operante verbal, somente são denominadas de maneira diferentes dentro do campo teóricoprático das Habilidades Sociais e da definição de Comportamento Verbal de Skinner (1957). Sendo assim, se o PECS ensina operantes verbais para indivíduo com TEA grave, logo ensina habilidades sociais para essa população. Walton e Ingersol (2010) fizeram uma revisão de ensinos que se propuseram ensinar habilidades sociais para indivíduos com TEA, e concluiram que poucos estudos foram desenvolvidos para uma população com repertórios mais limitados. O PECS pode ser um procedimento útil para essa população, já que estudos apontam que existem efeitos colaterais do PECS como o ensino de outros comportamentos sociais, que não os diretamentes envolvidos durante o treino. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos de uma intervenção utilizando o PECS com uma criança com TEA grave em relação à ampliação de repertório de habilidades sociais e redução de problemas de comportamento.

Método Delineamento da Pesquisa Foi adotado um delineamento de sujeito único do tipo linha de base múltipla entre ambientes. No delineamento de linha de base múltipla, uma ou mais de uma variável dependente é mensurada e analisada ao mesmo tempo, são estabelecidas mais de uma linha de base (condições controle) e as variáveis independentes são introduzidas em momentos seguidos (distintos) no tempo para cada uma delas. No caso dos estudos com delineamento de linha de base múltipla entre ambientes, a variável dependente pode ser uma mesma resposta emitida por um participante em dois ou mais ambientes diferentes. Esse estudo também se configurou como um delineamento do tipo sondagem, o qual é utilizado para verificar se outras variáveis dependentes, que não aquela que foi mensurada nas condições do experimento, foram afetadas pelas manipulações realizadas. (Sampaio et. al, 2008). Participantes Participou do estudo uma criança com diagnóstico TEA grave (classificação de acordo com a escala de autismo CARS) com idade de 10 anos, do sexo masculino. Participaram também sua mãe e a professora da criança, provendo informações e executando os treinos em seus respectivos ambientes: casa e escola. O participante do estudo recebeu diagnóstico de autismo aos cinco anos, mas de acordo com a mãe, a mesma começou a notar e a se preocupar com o atraso no desenvolvimento de seu filho, quando ele tinha três anos. Após o diagnóstico a mãe matriculou seu filho em um centro especializado em atendimento de autismo de uma APAE. O centro funciona

como escola de educação especial e oferece atividades baseadas no método TEACCH. O contato da criança com o método de comunicação alternativa constava até o momento de rotina visual e opções de lanche durante o recreio. A criança não apresenta comunicação vocal e também dificuldade na comunicação não vocal, como gestos e expressão facial. Materiais e Instrumentos - Filmadora: Todas as sessões de treinos e sondagens foram filmadas para depois serem transcritas e analisadas. - Avaliação de reforçador para indivíduos com deficiências severas (FISCHER, PIAZZA, BOWMAN & AMARI, 1996): A proposta dessa entrevista estruturada é conseguir o máximo de informações possíveis dos pais (ou do cuidador) sobre o que eles acreditam que seriam reforços úteis para o participante. Portanto, essa avaliação faz aos pais perguntas sobre categorias de estímulo (por exemplo, visual, auditivo, etc.). Depois que o pai gera uma lista de estímulos preferidos, são feitas perguntas de sondagem para obter informações mais específicas sobre as preferências dele/dela e as condições de estímulos sob os quais o objeto ou a atividade tem maior preferência. - Multiple-Stimulus Without Replacement(MSWR) (CARR, NICOLSON e HIGBEE, 2000): instrumento baseado na avaliação de preferência Multiple- Stimulus Without Replacement (MSWO) elaborada por DeLeon e Iwata (1996) a diferença está na redução do número de matrizes de apresentação de estímulo de cinco para três. São oferecidos cinco estímulos para criança em três matrizes realizadas em dias diferentes. Os percentuais da seleção dos

estímulos foram calculados dividindo o número de vezes que um estímulo foi escolhido pela o número de tentativas em que estava disponível. - Manual do Sistema de Comunicação por troca de Figuras (PECS) (FROST e BONDY, 2002): Esse manual descreve todas as etapas do ensino das seis fases do PECS, as quais serão descridas abaixo no procedimento de coleta de dados. - Figuras de comunicação: Após a seleção dos reforçadores da criança, as figuras desses reforçadores foram impressas, plastificadas e afixadas velcro. -Pasta de comunicação: Pasta contendo folhas coloridas para classificação dos tipos de reforçadores (alimentos, objetos, brinquedos, verbos como, por exemplo, eu quero) e velcros que possibilitaram a fixação das figuras de comunicação. Local Este trabalho foi conduzido em uma sala de atendimento clínico de uma instituição pública que atende crianças com TEA, na escola (pertence a mesma instituição) e na casa do participante. A instituição está situada em uma cidade de médio porte, com aproximadamente 380 mil habitantes, do interior de São Paulo. Procedimento de Coleta e Análise de Dados Após a aprovação do Comitê de Ética, a mãe e a professora da criança participaram de uma reunião na qual foi formalizado o convite para a pesquisa. A pesquisadora explicou detalhadamente todos os objetivos e procedimentos

da pesquisa. A mãe e a professora aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas três filmagens de 10 minutos em cada ambiente em situações naturais para estabelecer a linha de base. Na etapa seguinte foram feitas as avaliações de preferência com a entrevista de reforçador para indivíduos com deficiências severas com a mãe e com a criança e aplicação do Multiple-Stimulus Without Replacement (MSWR) com a criança. Em seguida iniciou-se a intervenção com o PECS na clínica, os demais ambientes permaneceram em linha de base. Ao final de cada fase foram realizadas sondagens em todos os ambientes com filmagens de 10 minutos em situações espontâneas. Ao final da quarta fase na clínica, iniciou-se a intervenção na escola, continuando a intervenção na clínica e linha de base em casa. Após a quarta fase na escola a intervenção também passou a ser realizada em casa. Todos os treinos, de todas as fases, em todos os ambientes, foram seguidos de sondagens. As filmagens foram analisadas pela pesquisadora e por dois juízes, em que foram computadas as frequências de episódios de habilidades sociais e problemas de comportamento. A definição operacional dos comportamentos que compuseram essas duas classes de comportamento será apresentada nos resultados. As frequências analisadas pela pesquisadora foram organizadas em gráficos para comparar com o repertório inicial da criança e alterações ao longo do treino, os quais serão apresentados nos resultados. Foram analisadas as médias de episódios de Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento após início da intervenção. Para análise das

figuras de frequências de episódios de Habilidades e Problemas de Comportamento, também foi calculado a Porcentage of Nonoverlapping Data (PND). O índice do tamanho do efeito da intervenção pela porcentagem de PND é calculado pela seguinte razão: o número de pontos do pós-teste cujo valor ou resultado exceda o ponto de maior valor da linha de base (os pontos do pós-teste de maior valor que o maior ponto da linha de base) sobre o total de pontos obtidos no pós-teste (os pontos do pós-teste). Para se obter essa medida em porcentagem, multiplica-se esse valor por 100. A fórmula pode ser: (os pontos do pós-teste de maior valor que o maior ponto da linha de base / os pontos do pós-teste) * 100 (SCRUGGS, MASTROPIERI, e CASTO, 1987). Também foi realizada uma análise dentre os episódios de Habilidades Sociais, quais correspondiam a Operantes Verbais treinados diretamente com o PECS e quais não tinham correspondência. Resultados e Discussão As filmagens foram analisadas pela pesquisadora e por mais dois juízes. Para computar a frequência das habilidades sociais e problemas de comportamento foram considerados episódios de comportamentos. Os comportamentos eram iniciados quando a criança emitia a primeira resposta, seja de habilidades sociais ou de problemas de comportamento, e era finalizado quando permanecia cinco segundos sem apresentar nenhuma resposta da mesma classe de respostas. As respostas consideradas como habilidades sociais foram: - Seguir instrução: Diante de uma solicitação verbal de um adulto a criança iniciou a execução a tarefa especificada em até cinco segundos.

- Contato Visual: A criança olhou nos olhos de um adulto ou criança durante uma interação por pelo menos cinco segundos. - Fazer pedidos: A criança fez solicitação de algo que desejava através das figuras do PECS, vocalização, gestos (apontou para o que queria) e instrumentalização (pegou no braço de uma pessoa e direcionou para o item desejado). - Resolver problemas: Diante de uma situação problema a criança tentou solucionar ou pediu ajuda para um adulto. - Reagir a um estímulo: Diante de situações como, uma pessoa nova entrar no ambiente, alguém chamar a criança pelo nome ou acionar algum estímulo com intuito de chamar a atenção da criança, a criança olhou para tal estímulo ou se dirigiu até ele. - Demonstrar felicidade: Diante de um evento prazeroso, como ganhar algo preferido ou participar de atividade preferida, a criança demonstrou contentamento pulando, sorrindo ou vocalizando. - Aceitar convite para brincar: Diante de um convite de um adulto ou de outra criança para participar de brincadeira a criança se dirigiu ao par ou ao grupo e participou da atividade. - Realizar atividade instruída: Diante da instrução de adulto para realizar alguma atividade, a criança desempenhou o comportamento solicitado. - Demonstrar afeto: A criança se aproximou de um adulto ou de outra criança e fez movimentos como tocar, abraçar, beijar.

- Sorriso social: Diante de contentamento por adulto fazer algo do seu agrado, a criança olhou para o adulto e sorriu. As respostas consideradas como problemas de comportamento foram: - Lamber/ Colocar objetos impróprios na boca: A criança direcionou algo que não seja comestível até boca, fez manipulações com a língua nesse item ou cuspiu no dedo e passou no item. - Evitar contato visual: Diante de um adulto tentar estabelecer contato visual a criança desviou a cabeça. - Sair do lugar em hora imprópria: Diante de uma atividade em que a criança necessita permanecer sentada e foi instruída a permanecer sentada, a criança levantou da cadeira e se afastou. - Intolerância para esperar sua vez: Diante de situações em que a regra é alternância de turnos, a criança infringiu a regra e passou a vez do colega sem esperar sua vez. - Desobedecer: Diante de uma regra, sendo essa uma solicitação verbal, a criança apresentou comportamento oposto ao exigido. - Ignorar estímulo: Diante de situações como, uma pessoa nova entrar no ambiente, alguém chamar a criança pelo nome ou acionar algum estímulo com intuito de chamar a atenção da criança, a criança ignorou tal estímulo. - Estereotipia vocal: A criança fez vocalizações repetidas, uma seguida da outra, sem intenção de se atentar para qualquer estímulo, sem interagir com par ou realizar atividade proposta.

- Ignorar pergunta: Diante de uma pergunta feita por um adulto direcionada para a criança, sendo essa pergunta passível de ser respondida com alguma ação da criança, a criança ignorou sem intenção de responder a pergunta. Os episódios foram computados em cada sessão de sondagem e agrupados em figuras para apresentar mudanças no repertório da criança durante o treino. A Figura 1 mostra as frequências dos comportamentos classificados como Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas filmagens realizadas em situações naturais na clínica. Figura 1- Frequência das Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas sondagens na clínica. No eixo X estão as sessões de linha de base e sondagens durante o treino, no eixo Y estão as frequências dos episódios de Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento. A linha com os círculos vazados apresentam as frequências das Habilidades Sociais e a linha com os quadrados preenchidos apresentam as frequências dos Problemas de Comportamento. A linha vertical tracejada representa o momento em que o treino foi iniciado. Até a quarta sessão de sondagem os treinos tinham sido realizados apenas na clínica, os

demais ambientes permaneceram em linha de base, os treinos iniciaram na escola na sessão número cinco e em casa na sessão número nove. As próximas duas figuras seguem a mesma configuração. Anteriormente ao treino (LB1, LB2 e LB3) as frequências de Problemas de Comportamento eram superiores às frequências de Habilidades Sociais, uma média de 28 episódios de Problemas de Comportamento e 13 de Habilidades Sociais. Durante o treino, de maneira geral, as frequências de Habilidades Sociais permaneceram superiores às frequências de Problemas de Comportamento uma média de 8,5 episódios de Habilidades Sociais e 2 de Problemas de Comportamento. Nenhum ponto de Habilidades Sociais depois da intervenção, o maior foram 21 episódios na sessão número quatro, ficou acima do maior ponto da linha de base que foram 29 episódios. Considerando o cálculo de PND (descrito na análise de resultados), não é um resultado considerado eficaz. Entretanto, com exceção de um ponto, sessão número seis, todos os demais pontos de Habilidades Sociais ficaram cima de Problemas de Comportamento, diferente da linha de base. Figura 2 mostra as frequências dos comportamentos classificados Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas filmagens realizadas em situações naturais na escola.

Figura 2- Frequência das Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas sondagens na escola. Anteriormente ao treino (LB1, LB2 e LB3) as frequências de Problemas de Comportamento eram similares às frequências de Habilidades Sociais, uma média de 10 episódios de Problemas de Comportamento e 8,5 de Habilidades Sociais. Durante o treino, de maneira geral, as frequências de Habilidades Sociais permaneceram superiores às frequências de Problemas de Comportamento, uma média de 17,8 episódios de Habilidades Sociais e 3,3 de Problemas de Comportamento. A diferença nas frequências foram superiores, quando comparada à diferença nas frequências na clínica. Exceto na sessão número cinco, quando iniciou o treino na escola, as frequências permaneceram estáveis ao longo do treino Nessa figura, 12 das 14 sessões de treino tiveram pontuação maior que o ponto mais alto da linha de base, que foram 11 episódios de Habilidades Sociais, na segunda sessão de linha de base. Sendo assim, o índice do tamanho do efeito da intervenção pela porcentagem de PND foi de 85,7%, valores de 70 a 90% são considerados moderadamente eficazes.

Figura 3 mostra as frequências dos comportamentos classificados Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas filmagens realizadas em situações naturais na casa. Figura 3- Frequência das Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento nas sondagens na casa. Anteriormente ao treino (LB1, LB2 e LB3) as frequências de Problemas de Comportamento eram similares às frequências de Habilidades Sociais, uma média de 7,6 episódios de Problemas de Comportamento e 2,6 de Habilidades Sociais. Durante o treino, de maneira geral, as frequências de Habilidades Sociais permaneceram superiores às frequências de Problemas de Comportamento, uma média de 34 episódios de Habilidades Sociais e 4,6 de Problemas de Comportamento. A diferença nas frequências foram superiores, quando comparada à diferença nas frequências na clínica e na escola. Logo no início do treino na clínica, sessão número um, pode ser observada um aumento significativo nas frequências das Habilidades Sociais, entre as sessões seis e oito as frequências diminuíram e a partir da sessão número nove, quando inicia o treino em casa, voltam a aumentar.

Nessa figura, 14 das 14 sessões de treino tiveram pontuação maior que o ponto mais alto da linha de base, que foram cinco episódios de Habilidades Sociais, na segunda sessão de linha de base. Sendo assim, o índice do tamanho do efeito da intervenção pela porcentagem de PND foi de 100%, valores acima de 90% são considerados altamente eficazes. O fato das frequências das Habilidades Sociais terem sido superiores na casa, pode ser pelo fato de que esse foi o ambiente em que nunca foram utilizadas figuras para comunicação alternativas anteriormente ao treino. Como o principal objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos do treino para Habilidades Sociais que não foram treinadas diretamente com o PECS, as frequências de Habilidades Sociais foram analisadas segmentando as Habilidades Sociais que não tinham correspondência com operantes verbais treinados diretamente pelo PECS e as Habilidades Sociais que também podem ser classificadas como operantes verbais e que foram treinadas com o PECS, no caso dos resultados obtidos com a criança, mandos. A Figura 4 apresenta a frequência de Operantes Verbais e outras Habilidades Sociais por cada sessão de sondagem na clínica.

Figura 4- Frequência dos Operantes verbais e das Habilidades Sociais nas sondagens na clínica No eixo X estão as sessões de linha de base e sondagens, no eixo y estão às frequências de Operantes Verbais e Habilidades Sociais. As barras preenchidas na cor preta representam as frequências das Habilidades Sociais e, as barras brancas as frequências de Operantes Verbais. A linha vertical tracejada marca o início do treino na clínica, na sessão número cinco iniciaram os treinos escola e na sessão número nove, em casa. As próximas duas figuras seguirão a mesma configuração. Como é possível observar na Figura 4, a criança não apresentou nenhum operante verbal nas sessões de linha de base, anteriormente ao início do treino. As frequências de Habilidade Sociais e Operantes Verbais são muito semelhantes, uma média 4,4 episódios de Operantes Verbais e 4 de Habilidades Sociais. Em todas as sessões de sondagem foi possível observar a presença de ambas. A Figura 5 apresenta a frequência de Operantes Verbais e outras Habilidades Sociais por cada sessão de sondagem na escola.

Figura 5- Frequência dos Operantes verbais e das Habilidades Sociais nas sondagens na escola Assim como na figura 4 é possível observar que a criança não apresentou nenhum Operante Verbal nas sessões de linha de base. Entretanto, nas sondagens na escola, as frequências de Habilidades Sociais foram superiores às frequências dos Operantes Verbais, uma média de 12,2 episódios de Habilidades Sociais e 5,6 de Operantes Verbais. Na sessão cinco, quando iniciaram os treinos na escola, é possível observar a frequência mais alta de Habilidades Sociais. A Figura 6 apresenta a frequência de operantes verbais e outras habilidades sociais por cada sessão de sondagem na casa. Figura 6- Frequência dos Operantes verbais e das Habilidades Sociais nas sondagens na casa Assim como na figura 4 e 5 (anteriores) é possível observar que a criança não apresentou nenhum Operante Verbal nas sessões de linha de base, anteriormente ao início do treino. As frequências de Habilidades Sociais foram superiores às frequências dos Operantes Verbais, uma média de 15 episódios de Operantes Verbais e 19,5 de Habilidades Sociais. É possível

verificar frequências altas de Habilidades Sociais logo no início do treino na clínica e após a sessão número nove, quando inicia o treino em casa. De maneira geral, os resultados mostrados nas Figuras de 1 a 6, houve um aumento de frequência das Habilidades Sociais e não só as correspondentes aos Operantes Verbais, mas também outras Habilidades Sociais que não foram diretamente treinadas com o PECS. Esses dados vão de encontro com a literatura que aponta os ganhos no repertório de Habilidades Sociais e redução nos Problemas de Comportamento após treino com o PECS. Conclusão O PECS foi eficaz para ampliar o repertório de Habilidades Sociais e reduzir Problemas de Comportamento da criança participante. Apesar dos ganhos poderem ser observados nos três ambientes, foi na casa em que se encontraram os resultados mais significativos. Esse foi o ambiente em que nunca havia sido realizada nenhuma intervenção utilizando figuras para comunicação alternativa, diferente da escola e da clínica. Assim de acordo com os achados, já apontados por Kravits et al., (2002) e Charlop-Chirsty et al. (2002) o PECS foi um instrumentos eficaz para ampliar repertórios de Habilidades Sociais e reduzir Problemas de Comportamento que não foram diretamente envolvidos no treino. Referências CARR, J. E., NICOLSON, A. C., e HIGBEE, T. S. Evaluation of a brief multiplestimulus preference assessment in a naturalistic context. Journal of Applied Behavior Analysis, 33, 353 357, 2000. CARR, D. & FELCE, J. The Effects of PECS Teaching to phase III on the Communicative Interactions between Chindren with Autism and their Teachers, 2007.

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