DOUTRINAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS PROFA. ME. ÉRICA RIOS ERICA.CARVALHO@UCSAL.BR
Ética e História Como a Ética estuda a moral, ou seja, o comportamento humano, ela varia de acordo com seu objeto ao longo do tempo e a depender do contexto social local. Valores entram em crise, padrões de conduta se modificam, por isso há diferentes abordagens históricas: 1. Ética grega antiga 2. Ética cristã medieval 3. Ética moderna 4. Ética contemporânea
ÉTICA GREGA ANTIGA 1. SOFISTAS: retórica, relativismo da verdade, impossibilidade de saber o que realmente existe ou não, foco no saber sobre o homem e não sobre a natureza, crítica à tradição. 2. SÓCRATES: relativismo da verdade, crítica à tradição, mas racionalismo no saber sobre o homem ( Conhece-te a ti mesmo ). O conhecimento sobre o homem é universalmente válido, é moral e prático. Concebe o bem como felicidade da alma e o bom como útil para a felicidade. Virtude como conhecimento e vício como ignorância. Bondade, conhecimento e felicidade são intimamente entrelaçados. 3. PLATÃO: dualismo (mundo sensível e mundo das ideias), doutrina da alma (formada por razão, vontade e apetite). Sozinho, o indivíduo não pode alcançar a perfeição, o ideal. Por isso precisa do Estado ou comunidade política, a quem se submete. A ideia do homem somente se realiza na polis. A República descreve a polis ideal, com divisão de classes e abolição da propriedade privada para as 2 classes superiores (governantes e guerreiros), a fim de alcançar a harmonia social.
ÉTICA GREGA ANTIGA 4. ARITÓTELES: oposição ao dualismo platônico. O ser individual tem ato e potência. O único ser que é só ato é Deus. O homem tem que realizar com seu esforço o que lhe é potência, para realizar-se como ser humano. Conceito de eudaimonia (felicidade) como o fim último de todo ser humano, realizável não pela riqueza ou pelo prazer, mas pela razão (vida teórica, contemplação). A realização da eudaimonia só pode se dar na polis e só é alcançável para uma elite, que passa a vida em contemplação às custas de uma massa de escravos excluídos dessa possibilidade. Ademais para atingir essa vida, é preciso adquirir virtudes (termo médio entre 2 extremos): VÍCIO VIRTUDE VÍCIO
ÉTICA GREGA ANTIGA 5. ESTÓICOS E EPICURISTAS: a moral não se define em relação à polis, mas ao universo. O problema moral é colocado sobre o fundo da necessidade física, então a física é a premissa da ética. O bem supremo é viver de acordo com a natureza, com nossa função no universo. Cidadão do cosmos, não da polis.
ÉTICA CRISTÃ MEDIEVAL Concepção de Deus como um ser bom, onisciente, onipresente e onipotente, com caráter patriarcal e dominador. Céu como recompensa, inferno como ameaça. O fim último do ser humano é Deus, como valor supremo e ideal a ser buscado. Subordinação plena do ser humano a Deus, regulação do comportamento visando outro mundo. Todos são iguais perante Deus, inclusive mulheres e escravos, mesmo sem as condições materiais serem iguais oujustas.
ÉTICA MODERNA Séc. XVI até o começo do XIX Antropocentrismo racionalismo (Iluminismo) Homem concebido como em abstrato, de forma universal e imutável. Alguns dos principais filósofos do período: Bacon, Espinosa, Descartes, Hume, Locke, Kant e Hegel. e
ÉTICA CONTEMPORÂNEA Séc. XIX até hoje Reação ao formalismo e ao racionalismo abstrato kantiano e à sua forma absoluta em Hegel Em favor do ser humano concreto, social Procura a ética sem fundamentação transcendente, mas com origem no próprio homem
Existencialismo Início com Kierkegaard (1813-1855), que se dizia anti-hegel. Deus como fundamento último da moral. Sartre (1905-1980): por ser ateu, defende a abolição de Deus como fundamento último dos valores. Então não se pode falar em valores, princípios ou normas que possuem objetividade ou universalidade. O homem é o que ele faz dele mesmo. O homem é a liberdade. Simone de Beauvoir (1908-1986): obras marcantes do feminismo, percepção da mulher como segundo sexo e provocação a uma ética que desconstrua o patriarcado.
Pragmatismo Nasce nos EUA com Pierce e Dewey, num contexto de mercantilização de todos os aspectos da vida humana e de valorização do espírito de empresa. Verdade = o que for útil Ação é ética se levar ao êxito de algum objetivo pessoal Variante utilitarista marcada pelo egoísmo
Psicanálise e Ética Embora não se possa falar propriamente em uma ética psicanalítica, Freud (1856-1939) destacou o papel da motivação inconsciente no comportamento humano, o que tem consequências para reflexões éticas. A psicanálise também ajuda a perceber que normas impostas de maneira autoritária são alheias à moral.
Marxismo Explica e critica as morais do passado, ao tempo em que evidencia as bases teóricas e práticas de uma nova moral. Crítica ao idealismo alemão Marx vira Hegel de ponta-cabeça e cria com Engels o materialismo dialético. Ser humano como ser social e histórico. Moral como expressão das relações sociais e condições materiais de vida. O homem deve intervir na transformação da sociedade, pois há o risco de retorno à barbárie sem sua ação prática consciente rumo a condições materiais mais justas e, consequentemente, a uma moral mais elevada.