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Transcrição:

Resenha - Dolores Duran: experiências boêmias em Copacabana nos anos 50 Cintia Rufino Franco da Silva A obra é um desdobramento de um trabalho desenvolvido pela autora em parceria com o professor doutor Fernando A. Faria, cuja análise foi centrada nas composições de Lupicínio Rodrigues, sob o título Melodia e sintonia em Lupicínio Rodrigues: o feminino, o masculino e suas relações. Maria Izilda Santos de Matos é doutora em História pela USP e professora titular da PUC São Paulo. Entre suas obras destacam-se Melodia e Sintonia: o masculino, o feminino e suas relações em Lupicínio Rodrigues. RJ, 2.ed., Ed. Bertrand Brasil, 1999. Dolores Duran: Experiências Boêmias em Copacabana nos anos 50. RJ, Bertrand Brasil, 1997. O imaginário em debate. SP. A cidade em debate. SP. Por uma história das mulheres. EDUSC, 2000. Meu lar é o botequim. Cia Editora Nacional, 2001. A autora nos mostra a necessidade de se pesquisar sobre a vida noturna, especificamente a cultura boêmia, interpretada como rejeição ao mundo do trabalho logo identificada com o ócio, não necessariamente em contraposição à vida diurna, que prioriza o mundo do trabalho. Matos, através das crônicas de Antonio Maria, dá um panorama geral da Copacabana noturna da década de 50; traça uma breve biografia de Dolores Duran, sublinhando que sua trajetória como compositora tem de ser vista em paralelo à sua carreira de cantora. 1

De acordo com Matos, a boemia de Copacabana não estava ligada ao consumo de álcool ou drogas. Antes era um modo de vida musical, cujas boates eram frequentadas pela nata da sociedade e intelectualidade. Dolores, cujo nome de batismo é Adiléia Silva da Rocha, nasceu em 1930, no Rio de Janeiro. Iniciou sua trajetória musical com 6 anos, cantando em concursos e festas. Participou com sucesso de programas de calouros. Após a morte do pai, pressionada pelas dificuldades financeiras, Dolores começou a trabalhar em um programa de histórias infantis no radioteatro da Tupi, aos 12 anos. Foi convidada a fazer um teste na boate Vogue, e sendo aprovada, obteve um contrato de crooner, iniciando assim, seu trabalho na noite com apenas 16 anos de idade. Apresentou-se no Uruguai, Argentina e ingressou, em 1956, na caravana circense de Paulo Gracindo, alternando apresentações em boates e o picadeiro. Morreu em 1959, aos 29 anos, vítima de um colapso cardíaco. Nunca teve esmagadora popularidade e sua discografia foi pequena, no entanto, como afirma Matos, foi suficiente para incluí-la entre os grandes intérpretes nacionais. As composições de Dolores Duran mostram uma mulher apaixonada, com medo da solidão, terna, submissa, mas em contrapartida, mostra uma mulher com iniciativa, que é decidida, racional, livre. Enquanto que se faz uma idealização do homem parceiro, sincero. Embora também seja apontado como instável, traidor, fingido, que tem medo de uma entrega maior. Mostram, também, uma multiplicidade de papéis femininos: a mulher apaixonada, que sofre calada, que tem medo da solidão, pura, sincera, doce, fiel. 2

Entretanto, mostra uma mulher com iniciativa, decisão, racional e livre, refletindo um ideal de feminilidade e exprimindo o ser mulher de sua época. Nas canções é idealizado o homem parceiro, sincero, que possibilite o prazer de estar junto, ao mesmo tempo em que aponta um homem instável, infiel, enganador, traidor, fingido, que tem dificuldades de expressar seus sentimentos, tem medo de amar. As novas tendências de historiografia nos permitem, atualmente, rejeitar a ideia de que a História é uma disciplina enclausurada, nos permitindo cada vez mais buscar novos horizontes para o enriquecimento da análise histórica, fazendo com que a música não somente venha a enriquecer o processo de investigação de determinado período, como também pode ser utilizada como documento válido para a construção de arquétipos e conceitos que nos permite uma análise profunda das mentalidades do período selecionado, bem como também construir uma análise própria das relações sociais, políticas e culturais. A música, assim, deixa de ser um mero auxiliar ao historiador para ser um documento importante o qual pode revelar direções inteiramente complexas de um objeto de estudo através da análise dos padrões sociais e políticos os quais refletem. O historiador, utilizando-se de uma metodologia clara, pode delinear os arquétipos tanto objetivos, como subjetivos nas letras musicais de um período, como também analisar as influências musicais para entender de forma mais ampla a realidade estudada. Deve-se investigar as informações explícitas e implícitas nas músicas para se delinear o perfil do momento histórico possibilitando segurança na defesa de seu objetivo e enriquecendo sua análise. Uma história das sensibilidades torna-se 3

extremamente rica para o trabalho com comparações de opostos, contrapondo arquétipos padronizados para uma análise baseada no gênero e na cultura construída para e por cada um deles. A obra nos permite ter um panorama da boemia carioca de Copacabana na época de Dolores Duran, bem como perceber como a compositora foi um sujeito histórico de seu tempo, contribuindo para a construção de padrões sociais e afetivos, bem como sofrendo também influência dos mesmos em um processo de decadência da Era Dourada do rádio onde imperava um sentimento nostálgico em relação ao passado e um sentimento de incerteza com relação ao futuro. O presente livro nos permite conhecer o arquétipo da mulher dos anos 50, a qual se sente fragilizada e dignificada por seu sofrimento na espera de seu príncipe que na maioria das vezes lhe é infiel e concede ao feminino somente o papel de servir-lhe no lar. Naturalmente a passividade do arquétipo da mulher nas canções de Dolores Duran não é invariável, pois em muitos momentos a figura feminina se ressente e coloca uma máscara de vingança, sendo, porém o perdão nas canções, a natureza da mulher, a mesma acaba guardando no peito e sofrendo sozinha, qualidades da Mater Dolorosa e seu papel de eterna misericórdia. Além disso, a obra é uma grande contribuição aos estudos de história de gênero e um exemplo de como abordar temas como história das sensibilidades e das relações afetivas tendo a música como documento fundamental para se entender as subjetividades de um período. A obra de Matos possui caráter singular em sua elaboração por colocar as letras de música como fonte para a pesquisa, dando verdadeira dimensão de como o 4

historiador deve proceder na utilização deste tipo de fonte. O presente livro demonstra, ainda, como as composições musicais podem ser evidências da construção temporal do momento estudado, percebendo-se as subjetividades implícitas, bem como os arquétipos, estereótipos e valores conceituais da sociedade estudada. 5

O polêmico ensino da Língua Portuguesa Cairane Barros Atualmente muito se discute sobre o Ensino de Línguas. Há dois pontos sempre se divergindo: o ensino ou não da gramática normativa. Enfim, em meio tantas discussões, a dúvida que paira é: o que e para quem ensinar? Essas duas perguntas devem ser o ponto de partida, para qualquer educador, não somente o de línguas. O que ensinar deve estar voltado ao que o aluno precisa de fato aprender e não somente ao que o professor tem que cumprir ou o que julga pertinente. É interessante que o professor considere que o aluno não seja algo vazio que deve só receber instruções. Assim, tem que ser levado em conta o que o aluno traz, a sua bagagem cultural, de mundo e conhecimentos prévios, e, através destas ferramentas o educador saberá o que e para quem ensinar. Voltemos a questão do Ensino de Línguas. Há muita polêmica sobre o ensino tradicional da Gramática, pois ela é considerada preconceituosa diante das variedades linguísticas. Outro aspecto é a questão de privilegiar somente a escrita em que se acaba elegendo uma única variante como melhor e única (variante padrão). É papel e dever da escola ensinar esta variedade sem ignorar todas as outras formas de manifestações. Ao se considerar somente a língua culta, o aluno que não possui domínio sobre essa linguagem, de certo terá grande dificuldade para entender os assuntos escolares. Esse é um dos fatores apontados por Soares quando afirma que a escola é incompetente para a educação das camadas populares. A autora nos remete ao 6

famoso fracasso escolar, pois ao se aceitar e transmitir a língua padrão existirão problemas de linguagem na aquisição do saber escolar, gerando conflito entre a linguagem usada pela escola linguagem padrão: própria das camadas privilegiadas e a linguagem das camadas populares: desprezada, censurada e estigmatizada pela escola. Dessa forma a escola irá contribui para a desigualdade social. Só cabe uma pergunta, a escola é para TODOS, mas e o ensino? Acredita-se que a prática mais aplicada e que remete a uma aprendizagem significativa, é aquela em que em primeira instancia reconhece o perfil de cada turma que lecionará e que em seguida transmitirá os conteúdos de uma maneira a aproximá-la da vida e prática real dos alunos, assim, estes enxergarão o porquê e para que aprender determinado assunto, inclusive, se não o mais importante que é a aprendizagem da língua padrão. 7