EVIDENCIANDO INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ALGÉBRICO: Equações Algébricas de Primeiro Grau

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Transcrição:

EVIDENCIANDO INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO ALGÉBRICO: Equações Algébricas de Primeiro Grau Antonia Zulmira da Silva 1 antoniazs@ig.com.br Resumo: Este minicurso tem por objetivo apresentar e analisar indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico no tópico de Equações algébricas de primeiro grau. Fundamentado na dissertação de Mestrado Profissional da autora, este estudo busca evidenciar indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico, em atividades resolvidas no Caderno do professor de Matemática, empregado em escolas públicas do Estado de São Paulo para o Ensino Fundamental. Para definir os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico, tomei como referências sobre o pensamento algébrico os pesquisadores Fiorentini, Miorim e Miguel (1993) e Fiorentini, Fernandes e Cristóvão (2005) e, a respeito do uso das variáveis, Ursini et al. (2005). Na condução da pesquisa, utilizei o método de análise documental, conforme Lüdke e André (1986). Os resultados do trabalho permitiram concluir que as atividades analisadas possibilitam ao professor conduzir os alunos a desenvolver o pensamento algébrico. Estudos como este tendem a trazer para o ambiente da formação do professor de Matemática, um aprofundamento de tópicos da Educação Básica por exemplo, Equações algébricas, possibilitando a ampliação nas concepções que os professores têm desse conceito matemático. Palavras-chave: Pensamento Algébrico. Equações Algébricas. Ensino Fundamental. Educação Matemática. Introdução Este minicurso tem por objetivo apresentar e analisar os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico no tópico de Equações algébricas de primeiro grau. A análise aqui apresentada teve sua origem no desenvolvimento da pesquisa de Mestrado Profissional desta autora, e estão naturalmente embasadas nesse trabalho. Começo apresentando alguns estudos e motivações que me levam a investigar/analisar e evidenciar indicadores do pensamento algébrico. Em seguida, apresento a fundamentação teórica da dissertação para desenvolver esses indicadores. Também desenvolvo a análise de uma atividade evidenciando a importância dos indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico. Finalizo apresentando algumas considerações quanto a utilidade do estudo sobre os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico, conforme consta em Silva (2012), 1 Mestre Profissional em Ensino de Matemática Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

indicando as possibilidades de discutir e analisar os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico em outros documentos e o potencial desses indicadores na abordagem de atividades para o ensino de Álgebra. Alguns estudos e motivações sobre pensamento algébrico Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) enfatizam a necessidade de que os professores compreendam os objetivos de ensinar Álgebra e entendam como os conceitos algébricos são construídos em lugar de enfatizarem as manipulações algébricas. Fiorentini, Miorim e Miguel (1993, p. 87) destacam elementos para uma melhor compreensão do pensamento que pode ser classificado como algébrico: percepção de regularidades, percepção de aspectos invariantes em contraste com outros que variam, tentativas de expressar ou explicar a estrutura de uma situação-problema e a presença do processo de generalização. Após descreverem as características do pensamento algébrico, afirmam que estas permitem considerá-lo como um tipo especial de pensamento que pode se manifestar não apenas nos diferentes campos da Matemática, como também em outras áreas do conhecimento (p. 88). Esses aspectos reforçaram o interesse em alcançar maior entendimento sobre o ensino de Álgebra, e mais especificamente o de equações algébricas de primeiro grau, pois acredito que esse tópico, mais do que apenas limitar-se à manipulação algébrica, preste-se a promover o desenvolvimento do pensamento algébrico. Fundamentação teórica da pesquisa para desenvolver as análises nas atividades de equações algébricas Para auxiliar as análises, tomei como referenciais teóricos os caracterizadores do pensamento algébrico propostos por Fiorentini, Miorim e Miguel (1993) e por Fiorentini, Fernandes e Cristóvão (2005) e, a respeito do uso das variáveis, Ursini et al. (2005). O estudo se desenvolveu a partir das seguintes questões de pesquisa: As atividades presentes no tópico Equações algébricas de primeiro grau do Caderno do professor de Matemática do terceiro bimestre do oitavo ano do Ensino Fundamental

possibilitam que o professor conduza os alunos ao desenvolvimento do pensamento algébrico? Em caso afirmativo, que indicadores são priorizados? A partir dessas questões, construí um quadro norteador (Quadro 1), explicitando indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico com base em Fiorentini, Fernandes e Cristóvão (2005, p. 5) e em Ursini et al. (2005). Quadro1. Indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico adaptados para as análises desta pesquisa. Indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico Indicador A atividade possibilita que o professor conduza o aluno a: 1 2 Estabelecer relações/comparações entre expressões numéricas/algébricas em língua natural ou padrões geométricos Perceber e tentar expressar estruturas aritméticas/algébricas correspondentes a uma situaçãoproblema 3 Produzir mais de um modelo aritmético/algébrico para uma mesma situação-problema 4 Produzir vários significados para uma mesma expressão numérica/algébrica 5 Interpretar uma igualdade como equivalência entre duas grandezas ou entre duas expressões numéricas/algébricas 6 Transformar uma expressão aritmética/algébrica em outra equivalente mais simples 7 Desenvolver algum tipo de processo de generalização 8 Perceber e tentar expressar regularidades ou invariâncias 9 Perceber o uso da variável como incógnita 10 Perceber o uso da variável como número genérico 11 Perceber o uso da variável como relação funcional 12 Desenvolver a linguagem simbólica ao expressar-se matematicamente Fontes das enunciações originais e de algumas das adaptações: Fiorentini, Fernandes e Cristóvão (2005, p. 5) e Ursini et al. (2005).

Com os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico definidos para o estudo das atividades do tópico Equações algébricas de primeiro grau, tomei como base a análise qualitativa de caráter documental, segundo Lüdke e André (1986). Na sequência, apresento a atividade escolhida, bem como sua respectiva análise. A mesma ação poderá ser realizada nas duas situações-problema sugerida neste estudo. Análise da Atividade Análise da Atividade 1 do Caderno do professor do terceiro bimestre do oitavo ano (SÃO PAULO, 2009, p. 12). Quadro 2. Enunciado e resolução proposta para a Atividade 1. Escreva uma sentença matemática que represente a seguinte frase: X reais a menos que Y reais é igual a 40 reais. É possível que boa parte dos estudantes responda X Y = 40, quando o correto seria Y X = 40. Um exemplo numérico pode ajudá-lo a esclarecer a questão: Dez reais a menos que 50 reais é igual a 40 reais (50 10 = 40). Fonte: SÃO PAULO (2009, p. 12). Ao trecho do enunciado Escreva uma sentença matemática associo com o segundo indicador do pensamento algébrico, o qual possibilita o professor conduzir o aluno a: Perceber e tentar expressar estruturas aritméticas/algébricas correspondentes a uma situação-problema Entendo que a expressão estruturas aritméticas/algébricas correspondentes a uma situação-problema se refira às sentenças matemáticas utilizadas para resolver tal situaçãoproblema. A frase X reais a menos que Y reais é igual a 40 reais do enunciado com a expressão Y X = 40 encontrada na resolução permitem presumir uma relação com o primeiro indicador de desenvolvimento do pensamento algébrico, que possibilita ao professor conduzir o aluno a: Estabelecer relações/comparações entre expressões numéricas/algébricas em língua natural ou padrões geométricos

Assim, escrever a expressão algébrica que representa a frase do enunciado pode levar a uma relação/comparação entre língua natural e uma expressão numérica/algébrica. Compreendo que a produção de mais de um modelo de resolução é focalizada no trecho Y X = 40. Um exemplo numérico [...]. Dez reais a menos que 50 reais é igual a 40 reais (50 10 = 40). Nesse trecho está presente o terceiro indicador de desenvolvimento do pensamento algébrico, que pode possibilitar ao professor conduzir o aluno a: Produzir mais de um modelo aritmético/algébrico para uma mesma situação-problema Tais modelos abrangem as diversas resoluções possíveis que poderiam ser realizadas pelos alunos para um problema. Isso permite sugerir que o professor observe as resoluções de seus alunos, socializando-as em classe, antes de apresentar aquelas oferecidas no Caderno do professor. Segundo Fiorentini, Miorim e Miguel (1993), um importante caminho para desenvolver o pensamento algébrico é revelar ao estudante que não existe um modo único de chegar à solução de determinada atividade. Na frase do enunciado Escreva uma sentença matemática que represente a seguinte frase: X reais a menos que Y reais é igual a 40 reais, notei a presença de dois indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico: o décimo e o décimo segundo. O décimo indicador possibilita que o professor conduza o aluno a: Perceber o uso da variável como número genérico indicando que a variável está presente na sentença matemática como número genérico, simbolizando um constituinte do enunciado. Conforme Ursini et al. (2005, p. 31) para trabalhar a variável como número genérico, requer-se também a capacidade de usar símbolos para representar uma situação geral. O décimo segundo indicador de desenvolvimento do pensamento algébrico pode possibilitar que o professor conduza o aluno a: Desenvolver a linguagem simbólica ao expressar-se matematicamente o que favorece ao professor o emprego da linguagem simbólica para expressar matematicamente a frase referida.

Síntese dos indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico presentes na Atividade 1 Reuni no quadro abaixo os indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico que emergiram da análise do enunciado da Atividade 1 e da resolução para ela proposta. Quadro 3. Síntese dos indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico evidenciado na Atividade1. Indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico Indicador A atividade possibilita que o professor conduza os alunos a: 1 Estabelecer relações/comparações entre expressões numéricas/algébricas em língua natural ou padrões geométricos 2 Perceber e tentar expressar estruturas aritméticas/algébricas correspondentes a uma situaçãoproblema 3 Produzir mais de um modelo aritmético/algébrico para uma mesma situação-problema 10 Perceber o uso da variável como número genérico 12 Desenvolver a linguagem simbólica ao expressar-se matematicamente Posso inferir que tais indicadores possibilitam que o professor conduza seus alunos a desenvolverem, ao menos em parte, o pensamento algébrico em suas aulas com a atividade analisada. A seguir, apresento nos Quadros 4 e 5 situações-problema a serem analisadas sob a ótica dos indicadores de desenvolvimento do pensamento algébrico, exposto no Quadro1, conforme a pesquisa de Silva (2012). Quadro 4. Enunciado e resolução proposta para a Atividade. Se X operários constroem um muro em Y horas, quantas horas serão necessárias para que o triplo do número de operários construa o mesmo muro? (Naturalmente, estamos supondo que todos os operários têm rendimento igual no desempenho da tarefa de construção.) Solução: A resposta correta não é 3Y, porque o problema em questão envolve grandezas inversamente

proporcionais. Ou seja, quanto maior o número X de operários, menor o número Y de horas necessárias para levantar o muro (o dobro de X implica a metade de Y, e assim por diante). A resposta correta é Y/3. Veja como um exemplo numérico seria útil na identificação do erro da expressão 3Y: Fonte: São Paulo (2009, p. 12). Quadro 5. Enunciado e resolução proposta para a Atividade. Escreva por extenso uma sentença que forneça a mesma informação que a expressão X = 5Y fornece. Solução: Uma resposta tipicamente errada seria: X = número de figurinhas de João e Y = número de figurinhas de Paulo. Logo, Paulo tem o quíntuplo do número de figurinhas de João. Nesse caso, partindo do enunciado criado pelo aluno, se João tem 3 figurinhas, Paulo terá 15, que é o quíntuplo de 3, ou seja, se X = 3, Y tem que ser igual a 15, o que se verifica pela expressão X = 5Y indicada no enunciado do problema. Para corrigir a resposta do aluno, bastaria trocar Paulo e João na frase que relaciona seus números de figurinhas. Fonte: São Paulo (2009, p. 14). Considerações O presente estudo pode ser útil aos professores de Matemática em geral, e não somente aos do Ensino Fundamental. Considerando a atividade analisada do tópico Equações algébricas de primeiro grau do Caderno do professor (SÃO PAULO, 2009) possibilita que o professor conduza os alunos a desenvolverem o pensamento algébrico, pois revelou-se a presença de mais de um indicador e quanto mais indicadores forem evidenciados em uma situação-problema maior é possibilidade dos estudantes desenvolverem o pensamento algébrico. Como expõem Fiorentini, Miorim e Miguel (1993, p. 88), o pensamento algébrico nos leva [...] a pensar que ele é um tipo especial de pensamento que pode se manifestar não apenas nos diferentes campos da Matemática, como também em outras áreas do conhecimento. Neste sentido, estudos como este tendem a trazer, para o ambiente da formação do professor de Matemática, um aprofundamento de tópicos da Educação Básica por exemplo, de equações algébricas de primeiro grau, podendo possibilitar uma ampliação nas concepções que os professores têm desse conceito matemático. Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática. Brasília: MEC, 1998. BORRALHO, A.; BARBOSA, E. Pensamento algébrico e exploração de padrões. In: PROFMAT-2009, 2009, Viana do Castelo (Portugal). Anais... Viana do Castelo: APM, 2009. Disponível em: <http://www.apm.pt/files/_cd_borralho_barbosa_4a5752d698ac2.pdf>. Acesso em 13 fev. 2011. FIORENTINI, D.; FERNANDES, F.L.P.; CRISTÓVÃO, E.M. Um estudo das potencialidades pedagógicas das investigações matemáticas no desenvolvimento do pensamento algébrico. In: SEMINÁRIO LUSO-BRASILEIRO DE INVESTIGAÇÕES MATEMÁTICAS NO CURRÍCULO E NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES, 2005, Lisboa. Comunicações... Lisboa: 2005. Disponível em: <www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/temporario/sem-lb/fiorentini-fernandes- Cristovao2.doc>. Acesso em: 20 fev. 2010. FIORENTINI, D.; MIORIM, M.A.; MIGUEL, A. Contribuição para um repensar... a educação algébrica elementar. Pro-Posições, v. 4, n. 1, p. 78-91, 1993. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. RIBEIRO, A.J.; MACHADO, S.D.A. Equações e seus multissignificados: potencialidades para a construção do conhecimento matemático. Zetetiké, Campinas, v. 17, n. 31, p. 85-104, 2009. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Caderno do Professor: matemática: ensino fundamental: 7.ª série [8. o ano]: volume 3. São Paulo: SEE, 2009. SILVA, A. Z. Pensamento algébrico e equações no Ensino Fundamental: uma contribuição para o Caderno do professor de Matemática do oitavo ano. 2012. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática) Centro de Ciências Exatas e Tecnologias, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. URSINI, S.; ESCAREÑO, F.; MONTES, D.; TRIGUEROS, M. Enseñanza del álgebra elemental: una propuesta alternativa. México: Trillas, 2005.