FORMULÁRIO PARA RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPQ

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Transcrição:

FORMULÁRIO PARA RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC/CNPQ DO ALUNO Nome: Paola Stefanon Ferreira Curso: Psicologia DO ORIENTADOR Nome: Rosânia Campos Departamento: Mestrado em Educação DO PROJETO DE PESQUISA Sigla: Título do Análise das matrículas na educação infantil na cidade de Joinville após a projeto: adequação da Lei n 12.796/2013 que fixa a obrigatoriedade da educação básica dos 4 (quatro) anos aos 17 (dezessete) anos Vigência: 2010-2017 1. Introdução Após vinte e seis anos anos da conferência Mundial de Educação para Todos (Jomtien, 1990), ainda são muitos os desafios nessa área, de modo especial para os países que compõem os chamados países de capitalismo dependente. E, nesses países, com grandes defasagens sociais, a educação infantil é ainda um dos maiores desafios. Nas últimas décadas do século XX e a primeira do século XXI, várias modificações no âmbito legal do direito à educação foram realizadas. De modo especial, em 2006, quando foi promulgada a Lei Nº 11.274 que alterou a redação dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que passaram a estabelecer as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de nove anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade, a partir da data de sua publicação; e a lei N 12.796, de 2013, que determina a obrigatoriedade da matrícula a partir dos 4 anos, sendo que o prazo para os municípios se adequarem a lei será até 2016. Entretanto, necessário lembrar que ainda não conseguimos superar a concepção histórica da educação infantil como uma política focal,organizada a partir da lógica assistencialista, associada ao processo civilizatório que teve por base as necessidades individuais e não coletivas, ficando em evidência as responsabilidades individuais e não a questão do direito social. De modo similar, também não podemos considerar superadas as concepções que versão sobre a pré-escola como uma etapa preparatória para o ensino fundamental. Logo, a obrigatoriedade da matrícula, em que pese, a pressão sobre os municípios para ampliarem suas vagas, é também um problema para área. Página 1 de 8

Isto, porque, para além das lutas referente a ampliação das matrículas na educação infantil, são necessárias e fundamentais ainda as discussões sobre a definição dessa etapa educativa, sua função e o que implica reconhecê-la como um direito. Desse modo, nunca é demais recordar que, reconhecer a educação infantil como um direito universal e inalienável, pautado nas relações de educar e cuidar, significa compreendê-la como o lugar de educar-cuidar de forma intencional e sistemática e como espaço de sistematização dos elementos educativos capazes de oferecer educação integral às crianças de zero a cinco anos (AMORIM, 2011, p. 116). em outras palavras, é entender que a educação infantil não é uma etapa preparatória, antes é uma etapa com função e objetivos próprios. Ao considerarmos essas questões, as quais a obrigatoriedade da matrícula novamente evidencia, haja vista o risco de se conformar a etapa pré-escolar nos moldes do ensino fundamental, outro aspecto também nos inquieta, qual seja, como os municípios se adequarem às exigências legais. Isto é, considerando que segundo dados censitários os municípios, no caso dessa investigação, especificamente o município de Joinville, ainda não atendiam o total de demanda por vagas na pré-escola. Assim, a partir dessas considerações, o objetivo dessa pesquisa é investigar as matrículas de educação infantil, em Joinville, após o término do período de implementação da Lei nº 12.796/2013 que definiu a obrigatoriedade da matrícula a partir dos quatro anos. 2. Revisão da literatura Somente ao final do século XX a educação infantil passou a ser mais efetivamente discutida, juntamente com estudos sobre a criança e seus direitos. Novas leis passaram a ser criadas, obrigando a presença das crianças nas escolas de forma gratuita, bem como, o reconhecimento legal do direito da criança e de sua família em frequentarem instituições de educação infantil. Nesse sentido, importante lembrar que, que de acordo com a as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, as creches e pré-escolas se constituem, portanto, em estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de zero a cinco anos de idade por meio de profissionais com a formação específica legalmente determinada, a habilitação para o magistério superior ou médio, refutando assim funções de caráter meramente assistencialista, embora mantenha a obrigação de assistir às necessidades básicas de todas as crianças. (BRASIL, 2013, p. 84). Essa indicação do que configura a educação infantil implica que os municípios necessitam investir nessa etapa, de modo similar ao que fazem na etapa do ensino fundamental. Página 2 de 8

No entanto, conforme os números de matrículas indicam isso não é um fato. Desse modo, apesar dos avanços legais observados no país, como a expansão significativa no número de matrículas tanto na creche, quanto na pré-escola, ainda percebemos o movimento pendular entre reconhecimento da educação infantil como direito ou da educação infantil como estratégia para atender as famílias pobres; do reconhecimento da especificidade da educação infantil ou de sua primarização da pré-escola (BRASIL, 2012). Assim, como ainda acompanhamentos o atendimento desigual, no que se refere ao número de matrículas entre: pré-escola e creche; entre as crianças pobres e ricas; entre crianças brancas e negras, enfim, ainda que pese algumas conquistas na área, não é possível afirmar-se que educação infantil atualmente no Brasil é um direito efetivo de todas as crianças e suas famílias. Ainda importante considerar que, de acordo com a Sinopse Estatística da Educação Básica (BRASIL/INEP, 2013), um total 2.730.119 matrículas efetuada são em creches e 4.860481 matrículas correspondem a pré-escola, evidenciando tanto as discrepâncias anteriormente indicadas, quanto o como ainda a focalização no atendimento formal das crianças em idade mais próxima da escolarização é prioridade. Esse fato somado a obrigatoriedade atual da matrícula na pré-escola, nos parece, poderá acirrar essa discrepância, bem como, novamente reforçar a lógica do ensino fundamental na educação infantil. Nesse sentido, importante que os municípios ao ampliarem suas matrículas não percam de vista que a infância é o tempo em que criança deve se introduzir na riqueza da cultura humana histórica e socialmente criada, reproduzindo para si qualidades especificamente humanas. Isso permite às novas gerações subir nos ombros das gerações anteriores para superá-las no caminho do desenvolvimento tecnológico, científico e do progresso social. Desse ponto de vista, a luta pela infância pelo direito a um tempo despreocupado com a produção da sobrevivência e contra sua abreviação e sua exploração tem sido parte da luta histórica dos homens e mulheres que nos antecederam para melhorar a vida em sociedade (Leontiev 1978, apud MELLO 2007, p. 90). As diferenças apresentadas, em números, nas pesquisas de Campos e Babosa (2015) entre os atendimentos às creches e a pré-escola, evidenciam que a prioridade sempre foi o atendimento às crianças mais perto da escolarização. Dito de outro modo, fundamental que não se transforme a pré-escola em ante salas do 1 o ano do ensino fundamental, mas antes se garantam o acesso aos meninos e meninas em uma educação infantil que respeite a infância e a criança. Garantindo que a educação seja um direito universal na prática. 3. Metodologia Página 3 de 8

Essa foi uma pesquisa documental, que teve como fonte de análise documentos disponíveis nos meios on-line do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A pesquisa documental, de acordo com fonseca (2002, p. 32): Trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc. a) Identificar os dados de matrículas para creches e pré-escolas no período de 2010 (último ano para instituição do ensino fundamental de nove anos com matrícula obrigatória aos seis anos de idade) até 2016; b) Analisar o número de matrículas, nesse período, em instituições denominadas conveniadas; c) Identificar as matrículas em relação ao período de atendimento: integral ou parcial, no citado período. 4. Resultados e discussão Santa Catarina é formada por 295 municípios, sua população total, de acordo com o IBGE (2010), é de 6.248.436 habitantes, sendo que destes 7,9% são crianças de 0 a 5 anos de idade. Joinville, localizado na região nordeste do estado, se constitui como seu principal polo econômico e sua maior cidade em termos populacionais Sua população residente é de 515.288 habitantes, sendo 41.111 crianças de 0 a 5 anos de idade (IBGE, 2010). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDHM é de 0,809 (IBGE, 2010), este índice mede o progresso do município a partir de três dimensões, considerando: a) expectativa de vida ao nascer; b) educação e c) renda per capita. 1 Em pesquisa realizada anteriormente, por Sommer e Campos (2015), antes da implementação do atendimento parcial compulsório em toda a rede pré-escolar municipal, se identificou que os municípios da AMUNESC já estavam adotando a parcialização do atendimento na educação infantil. E, de modo específico, o município de Joinville, o qual durante o período de 1 Pesquisa denominada As Propostas Pedagógicas dos Municípios da AMUNESC para as Crianças de 0 a 3 anos em Face da Lei Nº 12.796/2013, financiada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC - CNPq) /2014. Página 4 de 8

2007 a 2014, apresentou um aumento de matrículas parciais em creches corresponde a 2065% e na pré-escola a 126,36%. Essa variação também ocorreu nas denominadas creches conveniadas, de modo que, no período citado, houve um incremento de 174,82% nas matrículas parciais em creches conveniadas e 267,81% nas matrículas parciais em pré-escolas. (ROSA e CAMPOS, 2016). Assim, ao analisarmos os número referentes às matrículas, em Joinville, de 2010 a 2017, nota-se um aumento dos números no período parcial, principalmente na pré-escola, onde entra a obrigatoriedade da matrícula. Dessa forma, em em 2010, Joinville possuía em período integral 2841 matrículas, que gradativamente aumentou até 2014, chegando a 3760. Em 2015, os números diminuíram, porém as matrículas parciais da creche, aumentaram, desde 2010, de modo especial, após a Lei que garante a obrigatoriedade das matrículas a partir dos 04 anos. Os números das matrículas na pré-escola, em regime parcial, tiverem o mesmo processo da creche. Passando de 4906 matrículas, em 2010, para 9327 em 2017. Enquanto o número das matrículas em regime integral passou de 1566, em 2010, para 13 em 2017. Conforme podemos observar no quadro 01. Quadro 01: Matrículas na creche e pré-escola, período integral e parcial, de 2010 à 2017 Ano Número de matrículas creche Número de matrículas pré-escola Integral Parcial Integral Parcial 2010 2841 567 1566 4906 2011 3450 939 1610 4829 2012 3574 941 1585 4847 2013 3679 1094 1548 4485 2014 3760 1161 1614 4687 2015 3620 1256 1114 5564 2016 4146 1442 967 5996 2017 3415 2166 13 9327 Fonte: Elaboração própria a partir do FNDE, 2017. O que os números indicam é que, a ampliação do atendimento na cidade ocorreu, sobretudo, a partir da estratégia de parcialização, entretanto, esse fato gera outras inquietações; pois afinal como as famílias se tendo em vista que não poderão mais contar com as instituições em período integral. Segundo Campos e Barbosa (2016, p. 75): As discussões referentes ao tipo de atendimento, se parcial ou integral, são fundamentais para educação infantil, uma vez que, diferentemente da organização do ensino fundamental, a educação infantil surge no Página 5 de 8

entrecruzar das políticas de assistências e dos movimentos reivindicatórios das mulheres numa perspectiva de se conquistar e garantir direitos fundamentais para homens e mulheres, mães e pais seguindo a lógica de igualdade de gênero. De modo geral, como observado nas pesquisas de Campos e Barbosa (2016), os municípios utilizaram o conveniamento como forma de ampliação do atendimento às creches e pré-escolas. E ressaltam que ao ampliar esse tipo de estratégia os municípios comprometem cada vez mais um volume de recursos públicos nos conveniamentos, em consequência, menores condições vão tendo para criar seu próprio sistema de ensino.. Como vemos no quadro 02, nas escolas conveniadas o número de matrícula parcial para as matrículas obrigatórias, mais que dobrou, enquanto as integrais, caiu para bem menos da metade. Os números nas creches parciais aumentaram em grande proporção, como na pré-escola. Quadro 02: Matrículas conveniadas da creche e pré-escola, período integral e parcial, de 2010 à 2017 Ano Número de matrículas creche Número de matrículas pré-escola Integral Parcial Integral Parcial 2010 645 120 677 262 2011 620 323 677 262 2012 627 346 0 0 2013 497 366 486 479 2014 429 483 426 649 2015 503 404 400 640 2016 417 423 421 755 2017 756 519 152 865 Fonte: Elaboração própria a partir do FNDE, 2017 5. Metas propostas x Metas realizadas Meta proposta Meta realizada Atingido (%) Identificar os dados de matrículas para creches e Sim 100% pré-escolas no período de 2010 (último ano para instituição do ensino fundamental de nove anos com matrícula obrigatória aos seis anos de idade) até 2016; Página 6 de 8

Analisar o número de matrículas, nesse período, em instituições denominadas conveniadas; Identificar as matrículas em relação ao período de atendimento: integral ou parcial, no citado período. Sim 100% Sim 100% 6. Conclusões ou considerações finais Com a obrigatoriedade das matrículas a partir dos seis anos, notamos que o número de vagas em período parcial aumentou. Visto que o município precisou adequar-se à lei, e optou pela parcialização e conveniamento dos atendimentos, para suprir a demanda de crianças no município. A solução apresentada não garante que todas as crianças que devem estar matriculadas, estejam. E outros questionamentos surgem, como onde as crianças de período parcial ficam no outro período, para os pais que trabalham? Entende-se que a melhor solução para a adequação à Lei, seria o investimento em pré-escolas e creches públicas, e não no pagamento à instituições privadas para conveniamento. Visto que esse seria um investimento voltado para o sistema de ensino do município. 7. Referências bibliográficas AMORIM, Ana Luisa Nogueira de. Sobre educar na creche : é possível pensar em currículo para crianças de zero a três anos? Tese de Doutorado. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2011. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. CAMPOS, Rosania; BARBOSA, Maria C. S. Obrigatoriedade de matrícula aos quatro anos : ampliação ou recuo do direito? Canoas: Textura, v. 18, n.36, p.66-86, jan./abr. 2016. Disponível em: < http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/txra/article/view/1627/1454 >. Acesso em 16 de agosto de 2017. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica : diversidade e inclusão / Organizado por Clélia Brandão Alvarenga Craveiro e Simone Medeiros. Brasília : Conselho Nacional de Educação : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, 2013. 480 p. FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 2017. Disponível em: < http://www.fnde.gov.br/ >. Acesso em: junho, 2017. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. MELLO, Suely Amaral. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico cultural. Florianópolis: Perspectiva, v. 25, n.1, p. 83-104, jan./jun. 2007. Disponível em: < https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/viewarticle/1630 >. Acesso em: 25 jul. 2017. Página 7 de 8

ROSA, Sara M. C; CAMPOS, Rosania. Análise das matrículas na educação infantil na cidade de Joinville após a adequação da Lei n 12.796/2013 que fixa a obrigatoriedade da educação básica dos quatro anos aos 17 dezessete anos. Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ. Universidade da Região de Joinville, 2016. SOMER, Kátia. Análise das Propostas Pedagógicas dos três maiores municípios do Estado de Santa Catarina para Educação Infantil em face de Lei n 12.796/2013 que fixa a obrigatoriedade da educação básica dos 4 (quatro) anos aos 17 (dezessete) anos. Relatório de Iniciação Científica PIBIC/CNPQ. Universidade da Região de Joinville, 2016 [mimio.] 8. Matéria encaminhada para publicação: Será realizado um artigo para periódico, e trabalho para eventos. 9. Perspectivas de continuidade ou desdobramento do trabalho Uma nova pesquisa intitulada A estratégia de conveniamento na Educação Infantil na cidade de Joinville: o que subsidia a prática pedagógica das professoras dessas instituições?, já foi inscrita e aprovada para ser desenvolvida no próximo ano (2017/2018) através do PIBIC/CNPq. Esta se configurou a partir dos questionamentos e necessidades observadas nesta primeira investigação. 10. Outras atividades de interesse universitário Seminários aberto ao público para discutir a educação infantil. 12. Agradecimentos Agradeço a oportunidade de participar da pesquisa. E à Prof Rosania Campos pelas orientações no desenrolar da pesquisa. Bem como aos encontros no GPEI, que proporcionaram melhores esclarecimentos e debates a cerca de vários aspectos da educação infantil na cidade de Joinville. E agradeço à Kátia Cristina Sommer e a Julcimara Trentini pelos materiais compartilhados, que contribuíram para o desenvolvimento da pesquisa. Página 8 de 8