Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mourão (PR), v.2, n.2, p , Jul./Dez., 2011.

Documentos relacionados
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO TIPO B COMERCIALIZADO NA CIDADE DE CURITIBA, PR

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE CRU REFRIGERADO ADICIONADO DE DIÓXIDO DE CARBONO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

20/05/2011. Leite de Qualidade. Leite de qualidade

QUANTIFICAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DE QUALIDADE EM LEITE CRU E COMPORTAMENTO DA MICROBIOTA AO LONGO DO TRANSPORTE

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DE ACIDEZ DO LEITE EM DIFERENTES MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO. Nutr. Márcia Keller Alves Acad. Franciele Cechinato

MARIANNE AYUMI SHIRAI CONSERVAÇÃO DO LEITE CRU PELA APLICAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO

QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO PRODUZIDO EM DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DE GOIÁS

¹ Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor; 2

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

ADEQUAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA-MG

INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO NO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO DO QUEIJO MINAS FRESCAL¹

Leite de qualidade LEGISLAÇÃO DO LEITE NO BRASIL. Leite de Qualidade. Histórico 30/06/ Portaria 56. Produção Identidade Qualidade

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANAS DO LEITE CRU REFRIGERADO CAPTADO EM TRÊS LATICÍNIOS DA REGIÃO DA ZONA DA MATA (MG)

QUANTIFICAÇÃO DE Staphylococcus aureus E BACTÉRIAS MESÓFILAS AERÓBIAS NO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA

CONSERVAÇÃO DO LEITE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITARIA DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS TECNOLOGIA EM LATICÍNIOS JOSÉ BATISTA DO CARMO

ASPECTOS PARA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE CRU BOVINO (Bos taurus) PRODUZIDO EM BANANEIRAS-PB

EFEITO DO CONGELAMENTO DO LEITE DE OVELHAS DA RAÇA SANTA INÊS EM DIFERENTES PERÍODOS DE ESTOCAGEM

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE IN NATURA UTILIZADO NO PROCESSO PRODUTIVO DE UM LATICÍNIO NA REGIÃO DO CURIMATAÚ PARAIBANO

ATIVIDADE ANTAGONISTA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Efeito do nível de células somáticas sobre o rendimento do queijo prato

INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DE PSEUDOMONAS FLUORESCENS 041 EM LABNEH 1

Processamento Tecnológico e Inspeção de Creme de Leite e Manteiga

APLICAÇÃO DE ALTA PRESSÃO EM CONSERVAÇÃO DE SALSICHA

QUALIDADE DO LEITE E DA ÁGUA APOIO TÉCNICO AOS PRODUTORES DE LEITE PR

Atividade lipolítica do leite com células somáticas ajustadas para diferentes níveis

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE EM UM ENTREPOSTO

Agricultura familiar na atividade leiteira no Brasil: Pressupostos e proposta metodológica

PRÁTICAS DE ORDENHA. Profa. Dra. Vanerli Beloti LIPOA UEL 6PIV026 - Inspeção de Leite e Derivados

2.1. Temperatura da massa dos grãos durante o resfriamento e o armazenamento

Qualidade do leite de cabra in natura e do produto pasteurizado armazenados por diferentes períodos 1

ELABORAÇÃO DE RICOTA FERMENTADA EM PASTA POTENCIALMENTE SIMBIÓTICA

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SORO DE LEITE 1. Alcance

MONITORAMENTO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS EM UMA FORMULAÇÃO MODIFICADA DE QUEIJO LABNEH DE LEITE OVINO

ESTUDO DO CRESCIMENTO DE BACTÉRIAS PSICROTRÓFICAS E MESÓFILAS EM IOGURTE ENRIQUECIDO COM GRÃOS

A IMPORTÂNCIA DA PASTEURIZAÇÃO: COMPARAÇÃO MICROBIOLÓGICA ENTRE LEITE CRU E PASTEURIZADO, DO TIPO B

QUALIDADE E INOCUIDADE DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO EM SANTA CATARINA

CONTAGEM, ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PSICROTRÓFICAS PROTEOLÍTICAS PREDOMINANTES EM LEITE CRU REFRIGERADO

Implantação de boas práticas de produção de leite no Setor de Bovinocultura de Leite do IF Sudeste MG Câmpus Barbacena

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

QUALIDADE DO LEITE CRU COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO/MG RESUMO

CHAVES, Raliéli de Almeida 1 PENTEADO, Bruna Gonçalves 2 DOLINSKI, Juliana Gorte 3 ALMEIDA, Mareci Mendes de 4 CHIQUETTO, Nelci Catarina 5

COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE PROTEÓLISE DE QUEIJOS ARTESANAIS DAS REGIÕES DO CERRADO E ARAXÁ

TRATAMENTO TÉRMICO DO LEITE ACONDICIONADO EM FILME PLÁSTICO EM BANHO-MARIA

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Programa Analítico de Disciplina TAL452 Processamento de Leite de Consumo

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU EM FUNÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS NO MANEJO DE PRODUÇÃO

ATIVIDADE DAS ENZIMAS FOSFATASE E PEROXIDASE COMO INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DA PASTEURIZAÇÃO LENTA DE LEITE PREVIAMENTE ENVASADO

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE CRU REFRIGERADO OBTIDO DE PROPRIEDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE FRUTAL-MG: COMPARAÇÃO DAS ORDENHAS MECÂNICA E MANUAL

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DO LEITE PASTEURIZADO TIPO C, COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE UBERLANDIA-MG.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

Programa Analítico de Disciplina TAL414 Microbiologia do Leite e Derivados

Análise da qualidade no processo produtivo de leite pasteurizado do tipo C em um laticínio de pequeno porte

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE LEITE CRU DE PRODUTORES DA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS: VERIFICAÇÃO DA ADEQUAÇÃO À INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 62/2011

INFLUÊNCIA DOS MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS SOBRE A QUALIDADE DO LEITE REFRIGERADO PARA PRODUÇÃO DE UHT

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE CRU REFRIGERADO E ISOLAMENTO DE BACTÉRIAS PSICROTRÓFICAS PROTEOLÍTICAS 1

MONITORAMENTO DE PEQUENAS PROPRIEDADES LEITEIRAS DA REGIÃO OESTE DO PARANÁ

INSPEÇÃO DE LEITE E DERIVADOS PROFª ME. TATIANE DA SILVA POLÓ

ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE CONDIMENTO PREPARADO 1

ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE QUEIJO DE LEITE DE CABRA TIPO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE BACTÉRIA PROBIÓTICA

Elaboração de bebida láctea pasteurizada à base de soro de queijo de coalho

INFLUÊNCIA DO TIPO DE ORDENHA NA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL E NA QUALIDADE DO LEITE CRU

EFEITO DE DIFERENTES SUBSTITUTOS COMERCIAIS DE SÓDIO NAS CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS DE RICOTA

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

CONTAGEM DE BACTÉRIAS PSICROTRÓFICAS E DIFERENCIAÇÃO COMPARATIVA PÓS-TERMIZAÇÃO EM LEITES PASTEURIZADOS

Profa. Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira Escola de Veterinária UFMG

) E SEUS EFEITOS TECNOLÓGICOS NO LEITE E EM PRODUTOS LÁCTEOS

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO NA ZONA DA MATA (MG) DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO NACIONAL1

Instrução Normativa 51. Qualidade do leite. Contagem Bacteriana Total. Células Somáticas. Ordenhador ideal? Manejo de ordenha e conservação

EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DE COOPERATIVAS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA PERANTE A INSTRUÇÃO NORMATIVA 51

6PIV026 - Inspeção de Leite e Derivados LEITE UHT. Profa. Dra. Vanerli Beloti LIPOA UEL

MONITORAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DA QUALIDADE DO LEITE PASTEURIZADO INTEGRAL NO MUNICÍPIO DE LINS/SP EM OUTUBRO DE 2010

AVALIAÇÃO FISICO-QUIMICA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL FABRICADO EM SALGUEIRO PE. Apresentação: Pôster

Caracterização microbiológica e físico-química de leite pasteurizado destinado ao programa do leite no Estado de Alagoas

PRODUÇÃO E BENEFICIAMENTO DO LEITE IN62

IMPACTO DO PERIODO DO ANO SOBRE A QUALIDADE DO LEITE CRU NO MUNICIPIO DE SANTA HELENA DE GOIÁS

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E BACTERIANA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

6PIV026 - Inspeção de Leite e Derivados PRÁTICAS DE ORDENHA. Profa. Dra. Vanerli Beloti LIPOA UEL

Influência da qualidade do leite in natura sobre as características físicoquímicas do leite pasteurizado na indústria de laticínios do CEFET-Bambui.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA DURANTE SHELF LIFE

Controle de qualidade do leite: análises físico-químicas

CONTAGEM MICROBIANA EM Octopus insulares MARINADO COM ADITIVOS ALIMENTARES

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

AVALIAÇÃO DAS POTENCIALIDADES DA APLICAÇÃO DE EMBALAGEM ATIVA MULTIFUNCIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DE VEGETAIS 1

INFLUÊNCIA DA CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS NA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO LEITE REFRIGERADO DA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS

Graduação em Biotecnologia Disciplina de Biotecnologia Microbiana I. CLÁUDIA PINHO HARTLEBEN

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO NA CIDADE DE TRÊS PASSOS, RS

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

QUALIDADE DO LEITE CRU DOS TANQUES DE EXPANSÃO INDIVIDUAIS E COLETIVOS DE UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO DE RIO POMBA, MG - UM ESTUDO DE CASO

The quality of the milk stored in dairy industries silos

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DOCE DE LEITE COMERCIALIZADO NA CIDADE DE NOVO ITACOLOMI PR. Discentes do Curso de Ciências Biológicas FAP

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE: ESTUDO DE CASO EM PROPRIEDADES LEITEIRAS DE FERNANDES PINHEIRO E TEIXEIRA SOARES-PR

QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO E CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO LEITEIRA NA MESORREGIÃO OESTE PARANAENSE, BRASIL

Transcrição:

REBRAPA Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mourão (PR), v.2, n.2, p.142-146, Jul./Dez., 2011. EFEITO DA ACIDIFICAÇÃO DO LEITE CRU SOBRE MICRO-ORGANIMOS PSICROTRÓFICOS Marianne Ayumi Shirai*, Maria Lucia Masson. Programa de Pós-graduação em Engenharia de alimentos, Universidade Federal do Paraná. Resumo: A contaminação do leite cru com micro-organismos psicrotróficos tem se tornado um fator preocupante, pois estes são capazes de se multiplicarem em temperaturas de refrigeração e produzirem enzimas termorresistentes que afetam a qualidade do leite e produtos derivados. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da acidificação com CO 2 e HCl sobre micro-organismos mesófilos e psicrotróficos presentes no leite cru durante o armazenamento refrigerado. Amostras de leite foram acidificadas com CO 2 e HCl 1N até atingir ph 6,0 e armazenadas a 5 C durante 10 dias. Os resultados mostraram uma redução média de 1 ciclo logarítmico no crescimento de mesófilos e psicrotróficos nas amostras tratadas com CO 2. A acidificação com HCl não mostrou efeito indicando que a ação inibitória ocorreu devido ao CO 2 e não simplesmente pela redução do ph. Palavras-chave: Leite; Refrigeração; Carbonatação; Shelf-life. Effect of acidification of raw milk on psychrotrophic microrganims: The contamination of raw milk with psychrotrophic micro-organisms has become a concern because they are able to multiply at refrigeration temperatures and produce heat resistant enzymes that affect the quality of milk and dairy products. The objective of this study was to evaluate the effect of acidification with CO 2 and HCl on mesophilic and psychrotrophic bacteria present in raw milk during cold storage. Raw milk samples were acidified with CO 2 and HCl 1N until ph 6.0 and stored at 5 C for 10 days. The results showed an average reduction of 1 logarithmic cycle in the growth of psychrotrophic and mesophilic microorganisms in samples treated with CO 2. Acidification with HCl showed no effect, indicating that inhibitory action was due to CO 2 not by ph reduction. Keywords: Milk; Refrigeration; Carbonation; Shelf-life. 1 Introdução * O setor leiteiro brasileiro vem passando por um intenso processo de modernização com significativas mudanças nos sistemas de armazenamento e transporte do leite, visando a melhoria na qualidade do produto nacional. Nos últimos anos, tem-se observado a adoção acelerada de resfriamento do produto na fazenda após a ordenha, com posterior coleta e transporte do leite em caminhões-tanque isotérmicos (SANTOS; FONSECA, 2003). Esse procedimento inicialmente foi regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento por meio da Instrução Normativa n 51 em 2002 (BRASIL, 2002), que em * E-mail: marianneshirai@hotmail.com 142 seguida foi substituída pela Instrução Normativa n 62 em 2011 (BRASIL, 2011). O armazenamento do leite cru refrigerado na fonte de produção possui as vantagens de reduzir custos de produção, transporte e perda do produto devido à atividade acidificante por bactérias mesófilas. De acordo com Santos e Fonseca (2001), a eficiência da refrigeração do leite logo após a ordenha é maximizada se associada a outros fatores, como a adoção de práticas higiênicas durante a ordenha. Nesse processo de conservação do leite pelo frio, a Instrução Normativa n 62 de 2011 preconiza que no tempo máximo de 3 horas após a ordenha, o leite seja refrigerado até temperatura igual ou inferior a 4 ºC quanto for utilizado o tanque de refrigeração por expansão direta. Em se tratando de tanque de refrigeração por imersão, o leite deve ser refrigerado até temperatura igual ou inferior a 7 ºC.

A conservação do leite cru em temperaturas de refrigeração por períodos prolongados pode resultar em perda de qualidade, que está associada ao crescimento de bactérias psicrotróficas. Microrganismos psicrotróficos são capazes de produzir crescimento visível a 7±1 C no prazo de 7 a 10 dias, independente de sua temperatura ótima (COLLINS, 1981). Na classificação tradicional dos microrganismos em função da temperatura termófilos, mesófilos e psicrófilos os psicrotróficos são um subgrupo dos mesófilos, não dos psicrófilos, porque esses últimos não sobrevivem à temperatura ambiente. Os psicrotróficos, ao contrário, se multiplicam em alimentos refrigerados, mas crescem melhor nas temperaturas da faixa mesófila (SILVA et al., 2007). As bactérias psicrotróficas produzem enzimas extracelulares (proteases e lipases) termorresistentes, com atividade residual mesmo na ausência de células bacterianas viáveis (GRIFFITHS et al., 1981; PATEL et al., 1983; MUIR,1996; CHEN et al., 2003). Com o aumento da proteólise há uma redução no valor econômico do leite pelo seu impacto negativo sobre as proteínas funcionais, especialmente a caseína (MA; BARBANO; SANTOS, 2003). O desenvolvimento de altos níveis de ácidos graxos livres devido à lipólise transmite sabor ranço em produtos lácteos, tornando-os sensorialmente inaceitáveis (MA et al., 2000). Uma das tecnologias que vem sendo estudada para inibir a multiplicação de micro-organismos no leite é a acidificação com dióxido de carbono ou carbonatação. A técnica de carbonatação consiste em injeção de dióxido de carbono sob pressão controlada para acidificar o leite. O valor inicial de ph do leite é retomado por meio da degaseificação a vácuo (RAOUCHE et al., 2008). King e Mabbit (1982) adicionaram 30 mm/l de dióxido de carbono no leite cru e notaram um aumento no tempo de conservação do leite, com contagem inicial de 10 3 UFC/mL, em 3 dias. Roberts e Torrey (1988) adicionaram de 20 a 30 mm/l de dióxido de carbono em leite cru e verificaram que ao armazenar o leite por um período de 6 dias a 7 C, a contagem de coliformes, psicrotróficos e anaeróbios (facultativos e obrigatórios) foram significativamente mais baixos no leite cru tratado com dióxido de carbono do que o não tratado. A redução do ph do leite de 6,8 para 6,0 com CO 2 causou uma inibição de 1,41 log 10 UFC/mL em psicrotróficos após 4 dias de armazenamento a 7 ºC (SIERRA et al., 1996). A mesma redução de ph diminuiu a contagem de psicrotróficos lipolíticos em 1 log 10 UFC/mL após 4 dias a 4 ºC (RUAS - MADIEDO et al., 1996). Ma, Barbano e Santos (2003), acidificaram o leite cru a 4 C até ph 6,2 através da adição de 1500 ppm de dióxido de carbono e/ou ácido clorídrico. No leite acidificado com dióxido de carbono foi verificado diminuição no crescimento de psicrotróficos, na proteólise e lipólise, em contrapartida a acidificação com HCl não teve o mesmo impacto. Os autores concluíram que o efeito sobre as bactérias foi principalmente devido ao dióxido de carbono e não pela redução do ph ou substituição do oxigênio resente no leite. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da acidificação do leite cru com dióxido de carbono e ácido clorídrico sobre o desenvolvimento de microorganismos psicrotróficos e mesófilos durante o armazenamento refrigerado. 2 Material e Métodos 2.1 Material O leite cru foi obtido de um produtor da região metropolitana de Curitiba PR. O leite foi coletado logo após a ordenha em frasco estéril e imediatamente encaminhado para os laboratórios da UFPR. 2.2 Acidificação do leite cru O sistema de acidificação com CO 2 está descrito na Figura 1 e consistiu em uma válvula reguladora de vazão com indicador de pressão (Figura 1, B), uma válvula esfera (Figura 1, C) que permitiu o bloqueio ou alimentação do gás no recipiente e uma válvula de agulha (Figura 1, D) que realizou o ajuste fino da vazão de gás. O leite foi acidificado em reator de vidro com capacidade de 1 litro e este foi imerso em um banho termostatizado (Tecnal, modelo TE 184, Brasil). Ao final da linha de gás conectou-se um dispersor de gás (Figura 1, F) feito de vidro Pyrex provido de placa porosa na extremidade inferior. A porosidade média foi de 35 μm e a utilização deste permitiu a diminuição no tamanho das bolhas de gás para aumentar o contato com o leite. A adição de CO 2 foi realizada a pressão ambiente, a temperatura de 5 C e em sistema aberto até o momento em que o leite atingisse ph 6,0. Para a acidificação com HCl empregou-se a mesma temperatura de operação, porém o ácido com concentração de 1 N foi adicionado ao leite gota a gota, sob agitação constante até atingir ph 6,0. Durante todo o processo, o ph foi controlado pelo eletrodo de vidro específico para amostras com proteína, conectado ao phmetro portátil digital (Metrohm, modelo 826, Brasil) e a temperatura por um termômetro digital. Os leites acidificados foram envasados em garrafas de vidro estéreis e armazenados a 5 C durante 10 dias. As amostras foram analisadas logo após a acidificação (T0), 5 (T5) e 10 dias (T10) após armazenamento refrigerado. 143

LEGENDA A Cilindro de CO 2 B Válvula reguladora de vazão com indicador de pressão C Válvula esfera D Válvula agulha E Banho refrigerado F Dispersor de gás G Eletrodo ph e termômetro H Reator de vidro Figura 1 - Sistema para acidificação do leite cru com dióxido de carbono 2.3 Avaliação físico-química e microbiológica No leite cru foram realizadas as seguintes análises: ph (Metrohm, modelo 826, Brasil), acidez em Dornic, densidade a 15/15 C, gordura pelo método de Gerber, proteínas pelo método de Kjeldahl, cinzas por incineração, extrato seco total e extrato seco desengordurado. Todas essas metodologias foram baseadas no Instituto Adolfo Lutz (2008). O teor de lactose foi calculado por diferença através da equação empregada por Sanvido (2007): Lactose (%) = % Extrato Seco Total (% Gordura + % Proteína total + % Cinzas) A contagem de mesófilos foi realizada em ágar padrão Plate Count Agar (Difco), com incubação a 35 C por 48 horas e a contagem de psicrotróficos foi feita pelo método de plaqueamento em superfície em ágar padrão - Plate Count Agar (Difco), e incubação a 7 ºC por 10 dias (SILVA et al., 2007). Os resultados da contagem foram expressos em log 10 UFC/mL. 2.4 Análise estatística Os dados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de significância (p < 0,05). A análise estatística foi feita com o auxílio do programa computacional STATISTICA 7.0 (Stat-Soft, Tulsa, OK, USA). 3 Resultados e Discussão identidade e qualidade do leite cru refrigerado do MAPA (BRASIL, 2011), pode-se afirmar que todos os parâmetros avaliados encontraram-se em conformidade. Apesar do valor de acidez ter se encontrado abaixo do estipulado pela legislação (13,7 D), considerou-se que esteve dentro da normalidade, devido ao erro padrão. Tabela 1 Caracterização físico-química do leite cru Características Valores ph 6,82 ± 0,01 Acidez ( Dornic) 13,7 ± 0,58 Proteínas (%) 3,33 ± 0,08 Gordura (%) 3,6 ± 0,1 Lactose (%) 5,28 ± 0,1 Extrato seco total (%) 12,83 Extrato seco desengodurado (%) 9,23 ± 0,1 Cinzas (%) 0,627 ± 0,045 Densidade (g/ml) 1,033 NOTA: Média (n=3) ± Erro Padrão A Tabela 2 apresenta as contagens de mesófilos e psicrotróficos dos leites acidificados com CO 2 e HCl e da amostra controle armazenados durante 10 dias sob refrigeração (5 C). A contagem inicial de mesófilos foi de 3,60 log 10 UFC/mL, abaixo do estipulado pela IN n 62 de 2011 do MAPA que estabeleceram uma contagem máxima de 7,5 x 10 5 UFC/mL ou 5,88 log 10 UFC/mL para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil desde julho de 2008. Micro-organismos mesófilos predominam em situações em que há falta de condições básicas de higiene e quando há falta de refrigeração do leite. Em tais circunstâncias, essas bactérias atuam fermentando a lactose, produzindo ácido lático e acidificando o leite (SANTOS; FONSECA, 2002). Assim, considerou-se que foram adotadas boas práticas higiênicas durante a ordenha, estocagem e transporte até o estabelecimento. Os resultados referentes à caracterização físico-química do leite cru encontram-se na Tabela 1. Ao considerar os requisitos físico-químicos do Regulamento técnico de 144

Tabela 2 Contagem de mesófilos e psicrotróficos das amostras controle e acidificadas durante 10 dias de armazenamento refrigerado. Mesófilos (log 10 UFC/mL) Psicrotróficos (log 10 UFC/mL) Tempo Controle CO 2 HCl Controle CO 2 HCl (dias) 0 3,60±0,12 aa 3,52±0,07 aa 3,64±0,06 aa 3,17±0,18 aa 3,24±0,05 aa 3,37±0,16 aa 5 5,10±0,09 a,bb 4,79±0,04 ab 5,45±0,10 bb 5,25±0,06 a,bb 4,95±0,08 ab 5,63±0,05 bb 10 5,73±0,21 bc 4,21±0,28 ac 5,97±0,05 bb 5,74±0,24 bb 4,51±0,27 ab 5,90±0,03 bb NOTA: Médias seguidas de letras minúsculas na linha e letras maiúsculas na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de significância. Foi possível constatar que a população predominante nos leites durante o armazenamento refrigerado foi psicrotrófica, pois as contagens foram próximas da população mesófila. Celestino et al. (1996) constataram uma relação entre a contagem de bactérias psicrotróficas e mesófilas aeróbias de 47 a 80 % em amostras de leite cru estocadas a 4 C por 48 horas. Cardoso (2006) encontrou uma proporção de psicrotróficos em média de 87,5 % em relação à contagem de mesófilos. Cardoso (2006) ainda ressalta que embora não exista na legislação um limite para a população de bactérias psicrotróficas no leite cru, este é utilizado como um indicador suplementar da qualidade do leite. Já de acordo com Pinto, Martins e Vanetti (2006) é imprudente a fabricação de produtos a partir do leite cru com contagem de psicrotróficos superior a 5,0 x 10 6 UFC/mL, pois neste caso é grande a possibilidade da presença de enzimas degradativas extracelulares. No tempo inicial, a acidificação não interferiu no metabolismo dos micro-organismos, pois as contagens foram estatisticamente iguais. No entanto, a partir do quinto dia de armazenamento a contagem do leite acidificado com CO 2 começou a ficar menor em relação às demais amostras e em T10 ficou estabelecida uma contagem menor para o tratamento com CO 2. Resultados similares foram encontrados por Ma, Barbano e Santos (2003) e que afirmam que o efeito inibitório do CO 2 ocorreu durante a estocagem sob refrigeração e não logo ao ser adicionado ao leite. Após 10 dias, as contagens de mesófilos e psicrotróficos do leite acidificado com CO 2 foram mais de um ciclo logarítmico menor do que as amostras controle e tratado com HCl. Resultados parecidos foram obtidos por Ruas-Madiedo et al. (1996), onde o leite tratado com CO 2 reduziu em 1 a 1,5 logaritmos o crescimento de mesófilos. Ma, Barbano e Santos (2003) constataram que ao adicionar 1500 ppm de CO 2 ao leite cru, houve uma diminuição de 1 a 2 ciclos logarítmicos na contagem de mesófilos e de 2 ciclos logarítmicos na de psicrotróficos após 21 dias de armazenamento a 4 C. Roberts e Torrey (1988) verificaram que após 6 dias de armazenamento a 7 C o leite cru contendo 25 mm/l de CO 2 teve 3,4 log 10 UFC/mL menos psicrotróficos quando comparado ao controle. Espie e Madden (1997) afirmam que a utilização de 30 e 45 mm/l de CO 2 foi efetiva na inibição do crescimento de psicrotróficos, quando o 145 leite foi armazenado a 6 C por 7 dias. De acordo com Rowe (1988), o CO 2 também pode afetar a produção de enzimas extracelulares por micro-organismos psicrotróficos, sendo que foi observada uma redução de 50 % na produção de proteases e a produção de lipases foi 85 % maior no leite não tratado. Os resultados obtidos nesse trabalho sugerem que a simples redução do ph não foi suficiente para inibir o crescimento dos micro-organismos, pois as amostras acidificadas com HCl apresentaram contagem iguais ao controle e maior que as amostras tratadas com CO 2. Isso permite afirmar que o efeito sobre as bactérias foi principalmente devido ao dióxido de carbono e não pela redução do ph ou substituição do oxigênio presente no leite. Uma tentativa de explicar a ação inibitória do CO 2 seria sua habilidade de mudar a propriedade da membrana microbiana, diminuir o ph intracelular e interferir nas reações enzimáticas (MA; BARBANO; SANTOS, 2003). Apesar dos benefícios da acidificação do leite cru pelo CO 2, estudos ainda são necessários para verificar o efeito deste processo sobre outros micro-organismos e componentes físico-químicos do leite uma vez que a legislação brasileira ainda não permite o uso de aditivos químicos e coadjuvantes tecnológicos em leite cru refrigerado. 4 Conclusão A acidificação com CO 2 pode ser uma tecnologia promissora, pois foi capaz de reduzir em média um ciclo logarítmico o crescimento de bactérias mesófilas e psicrotróficas em leite cru durante o seu armazenamento refrigerado. O aumento do tempo de armazenamento do leite cru e do leite pasteurizado pode trazer benefícios econômicos para a indústria leiteira em virtude do aumento da flexibilidade na utilização e distribuição do leite. 5 Agradecimentos Os autores agradecem a CAPES e o CNPq pelo apoio financeiro.

6 Referências BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução Normativa n 51, de 18 de setembro de 2002. Coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, p.8-13, 20 set. 2002 a. Seção I. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução Normativa n 62, de 29 de dezembro de 2011. Regulamento técnico de identidade e qualidade do leite cru refrigerado. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, p.6-11, 30 dez. 2011. Seção I. CARDOSO, R. R. Influência da microbiota psicrotrófica no rendimento de queijo minas frescal elaborado com leite estocado sob refrigeração. 43 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2006. CELESTINO, E. L.; IYER, M.; ROGINSKI, H. The effects of refrigerated storage on the quality of raw milk. The Australian Journal of Dairy Technology, v. 51, p. 59-63, 1996. COLLINS, E. B. Heat resistant psychrotrophic microorganism. Journal Dairy Research, v. 64, p. 157-160, 1981. DANIELS, J. A.; KRISHNAMURTHI, R.; RIZVI, S. S. H. A Review of effects of carbon dioxide on microbial growth and food quality. Journal of Food Protection, v. 48, n. 6, p. 532-537, 1985. ESPIE, W. E.; MADDEN, R. H. The carbonation of chilled bulk milk. Milchwissenschaft, v. 52, n. 5, p.249 253, 1997. GRIFFITHS, M. W.; PHILIPS, J. D.; MUIR, D. D. Thermostability of proteases and lípases from a number of species of psychrotrophic bacteria of dairy origin. Journal Applied Bacteriology, v. 50, p. 289-303, 1981. INSTITUTO ADOLFO LUTZ (IAL). Métodos físicoquímicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 4 ed, 2008. KING, J. S.; MABBITT, L. A. Preservation of raw milk by the addition of carbon dioxide. Journal of Dairy Research, v.49, p.439 447, 1982. LOSS, C. R.; HOTCHKISS, J. H. The use of dissolved carbon dioxide to extend the shelf-life of dairy products. In: SMIT, G. Dairy processing Improving quality. Boca Raton: CRC Press, p. 5-38, 2000. MA, Y.; RYAN, C.; BARBANO, D. M.; GALTON, D. M.; RUDAN, M. A.; BOOR, K. J. Effects of somatic cell count on quality and shelf-life os pasteurized fluid milk. Journal of Dairy Science, v. 83, p. 264-274, 2000. MA, Y.; BARBANO, D. M. Effect of temperature of CO 2 injection on the ph and freezing point of milks and creams. Journal of Dairy Science, v. 86, p. 1578-1589, 2003. MA, Y.; BARBANO, D. M.; SANTOS, M. Effect of CO 2 addition on raw milk on proteolysis and lipolysis at 4 C. Journal of Dairy Science, v. 86, p. 1616-1631, 2003. MARSHALL, D. L.; SCHMIDT, R.T. Growth of Listeria monocytogenes at 10ºC in milk inoculated with selected Pseudomonas. Journal of Food Protection, v.51, n. 4, p. 227-282, 1998. MARTIN, J. D.; WERNER, B. G.; HOTCHKISS, J. H. Effects of carbon dioxide on bacterial growth parameters in milk as measured by conductivity. Journal of Dairy Science, v. 86, p. 1932-1940, 2003. PATEL, T. R.; BARTLETT, F. M.; HAMID, J. Extracellular heat-resistant proteases of psychrotrophic Pseudomonas. Journal of Food Protection, v.46, p.90-94, 1983. RAOUCHE, S.; DOBENESQUE, M.; BOT, A.; CUQ, J. L.; MARCHESSEAU, S. Stability of casein micelles subjected to CO 2 reversible acidification: Impact of carbonation temperature and chilled storage time. International Dairy Journal, v. 18, p. 221-227, 2008 ROBERTS, R. F.; TORREY G. S. Inhibition of psychrotrophic bacterial growth in refrigerated milk by addition of carbon dioxide. Journal of Dairy Science, v.71, p.52 60,1988. ROWE, M. T. Effect of carbon dioxide on growth and extracellular enzyme production by Pseudomonas fluorescens, International Journal of Food Microbiology, v. 6, p. 51 56, 1988. RUAS-MADIEDO, P.; BADA-GANCEDO, J. C.; FERNANDEZ-GARCIA, E.; DELLANO, D. G.; REYES- GAVILÁN, C. G. Preservation of the microbiological and biochemical quality of raw milk by carbon dioxide addition: a pilot-scale study, Journal of Food Protection, v. 59, n. 5, p. 502 508, 1996. RUAS-MADIEDO, P.; BASCARÁN, V.; BRAÑA, A. F.; BADA-GANCEDO, J.; REYES-GAVILÁN, C. G. Influence of Carbon Dioxide addition to raw milk on microbial levels and some fat-soluble vitamin contents of raw and pasteurized milk. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, p. 1552-1555, 1998. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Importância e efeito de bactérias psicrotróficas sobre a qualidade do leite. Revista Higiene Alimentar, v.15, n.82, p.13-19, 2001. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Composição e propriedades físico-químicas do leite. Curso on-line sobre monitoramento da qualidade do leite, módulo 1. Instituto Fernando Costa Milkpoint, 2002. SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Bactérias psicrotróficas e a qualidade do leite. Revista CBQL, v.19, p. 12-15, 2003. SANVIDO, G. B. Efeito do tempo de armazenamento do leite cru e da temperatura de estocagem do leite pasteurizado sobre sua vida de prateleira. 78 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. SIERRA, I.; PRODONAV, M.; CALVO, M.; OLANO, A.; VIDAL-VALVERDE, C. Vitamin stability and growth of psychrotrophic bacteria in refrigerated raw milk acidified with carbon dioxide, Journal of Food Protection, v. 59, n. 12, p.1305 1310, 1996. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A.; TANIWAKI, M. H.; SANTOS, R. F. S.; GOMES, R. A. R. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela, 3 ed, 2007. 146