Professor Leandro Eustaquio www.leandroeustaquio.com.br Direito das obrigações 17-02 Capítulo I Introdução ao Direito das obrigações 1. Considerações iniciais 2. Conceito e importância das obrigações Trata-se do conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. O Direito das obrigações consiste no conjunto de normas (regras e princípios) que disciplina a relação jurídica pessoal vinculativa do credor ao devedor. 3. Evolução histórica do direito das obrigações Na Grécia antiga, não havia, propriamente, uma definição de obrigação, embora houvesse uma certa noção dessa figura jurídica. No Direito Romano houve um equivalente histórico que conferia ao credor o poder de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação, sob pena de responder com seu próprio corpo, podendo ser reduzido, inclusive à condição de escravo. Do ponto de vista formal, conclui-se que o grande diferencial do conceito moderno de obrigação para seus antecedentes históricos está no seu conteúdo econômico, deslocando-se a sua garantia da pessoa do devedor para o seu patrimônio. Tal modificação valoriza a dignidade humana. 4. Âmbito do Direito das obrigações Somente os direitos de conteúdo econômico passíveis de circulação jurídica poderão participar de relações obrigacionais, o que descarta, de plano, os direitos da personalidade. Trata-se de um direito eminentemente pessoal, cuja correlata obrigação é a própria atividade do devedor de dar, fazer ou não fazer. O credor não tem poderes de proprietário em relação à coisa ou à atividade objeto da prestação. 5. Distinções fundamentais entre Direitos pessoais e reais. Direitos reais: a) Legalidade ou tipicidade. Só existem se houver previsão legal b) Taxatividade c) Publicidade. Especialmente para os bens imóveis d) Eficácia erga omnes. Os direitos reais são oponíveis a todas as pessoas. e) Inerência ou aderência. f) Sequela
Direitos pessoais têm por objeto a atividade do devedor, contra o qual são exercidos. Nesse contexto, ao Direito das obrigações interessa penas o estudo das relações jurídicas obrigacionais (pessoais) entre um credor (titular do direito de crédito) e um devedor (incumbido do dever de prestar) 5.1 Figuras híbridas a)obrigação propter rem. Ex: obrigação de pagar condomínio. STJ REsp 846187 AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. http://www.stj.jus.br/scon/jurisprudencia/doc.jsp?livre=resp+846187&b=acor&p=true &l=10&i=7 PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos condominiais contra os proprietários. b) Obrigação com eficácia real. Ex: art. 8º da Lei 8.245-91 Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel. 6. Considerações terminológicas Obrigação, em sentido estrito, significa o próprio dever imposto ao devedor. Em sentido amplo, é a própria relação jurídica obrigacional.
6.1 Conceitos correlatos Obrigação é diferente de responsabilidade. (shuld # haftung). A primeira corresponde ao dever do sujeito passivo de satisfazer a prestação positiva ou negativa em benefício do credor, enquanto a segunda se refere à autorização, dada pela lei, ao credor que não foi satisfeito, de acionar o devedor, alcançando seu patrimônio, que responderá pela prestação. Em geral, toda obrigação descumprida permite a responsabilização patrimonial do devedor, não obstante existam obrigações sem responsabilidade, tais como as dívidas de jogo e as pretensões prescritas. Por outro lado, poderá haver responsabilidade sem obrigação, a exemplo do que ocorre com o fiador, que poderá ser responsabilizado pelo inadimplemento de devedor, sem que a obrigação seja sua. Código Civil Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. 7. Direito das obrigações no Código Civil. Artigos 233 a 420. Modalidade das obrigações Transmissão das obrigações Do adimplemento e da extinção das obrigações Do inadimplemento das obrigações Vídeo sobre a matéria disponível no youtube - https://www.youtube.com/watch?v=i02ezf5k0mo
Capítulo II - Estrutura da obrigação 1. Noções Gerais Que elementos compõem a relação jurídica obrigacional? 2. Elemento subjetivo: sujeitos da relação obrigacional Para que se possa reconhecer a existência jurídica da obrigação, os sujeitos da relação credor e devedor que tanto podem ser pessoas físicas como jurídicas, devem ser determinados, ou, ao menos, determináveis. Exemplo de credor indeterminável, credor de promessa de recompensa. Art. 854 do Código Civil Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. Também pode ocorrer a indeterminabilidade subjetiva passiva da relação obrigacional. É o caso das obrigações propter rem. Vale lembrar que se as qualidades de credor e devedor fundirem-se, operar-seá a extinção da obrigação por meio da confusão. Art. 381 do Código Civil. Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. 3. Elemento objetivo: a Prestação Objeto direto ou imediato: é a própria atividade positiva (ação) ou negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do credor. Pode ser positivo: dar (coisa certa, coisa incerta), de fazer ou negativa, de não fazer. Objeto indireto ou mediato: trata-se do objeto da prestação, do próprio bem vida posto em circulação jurídica. Cuida-se da coisa, em si considerada. 4. Elemento material: o vínculo jurídico entre credor e devedor. Uma relação pessoal por meio do qual fica o devedor obrigado (vinculado) a cumprir uma prestação patrimonial de interesse do credor.
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