A nova Lei da Terceirização e do Trabalho Temporário (Lei 13.429/2017) { Perspectivas, tendências e desafios nas relações de trabalho João Gomes Netto OAB/ES 13.411 joao@aadvogadosassociados.adv.br
SUMÁRIO I. Aspectos Relevantes do Trabalho Temporário II. Terceirização: Realidade Brasileira antes do advento da Lei 13.429/2017 III. Experiências internacionais na flexibilização das regras da terceirização da mão de obra IV. A Lei 13.429/2017 Principais pontos V. A Lei 13.429/2017 Perspectivas e tendências VI. A Lei 13.429/2017 Desafios VII. Opiniões sobre a Lei 13.429/17
I. Aspectos Relevantes do Trabalho Temporário - 1. Substituição transitória de pessoal permanente ou 2. Demanda complementar de serviços; - Atividade-meio e atividade-fim; - Capital Social mínimo de R$ 100.000,00; - Novo prazo de duração de 180 dias, prorrogável por 90 dias;
I. Aspectos Relevantes do Trabalho Temporário - Após término do prazo, quarentena de 90 dias com relação a tomadora, sob pena de vínculo direto com esta; - Remuneração equivalente a dos empregados da tomadora. Horas extras a 20%; - Obrigatoriedade de fornecimento de atendimento médico, ambulatorial e refeição de seus empregados idênticos aos temporários; - Responsabilidade subsidiária pelas verbas trabalhistas.
II. Terceirização: Realidade Brasileira antes do advento da Lei 13.429/2017 Súmula 331, TST - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II (...). III - NÃO FORMA VÍNCULO DE EMPREGO com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de SERVIÇOS ESPECIALIZADOS LIGADOS À ATIVIDADE-MEIO DO TOMADOR, DESDE QUE INEXISTENTE A PESSOALIDADE E A SUBORDINAÇÃO DIRETA. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V (...). VI A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.
III. Experiência internacional - Determinados países da ÁSIA: Inúmeros exemplos de precariedade das condições de trabalho. Condições insalubres, mão de obra escrava e infantil, etc. - EUA: Terceirização ampla. Economia competitiva. - URUGUAI: Lei, mais rígida que a brasileira, foi aprovada em 2007. O país possui zonas francas para receber empresas estrangeiras; Exportou US$ 500 milhões em serviços em 2015; Cerca de 63 mil pessoas com alta qualificação empregadas no setor.
IV. A Lei 13.429/2017 Principais pontos Art. 4º-A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a PESSOA JURÍDICA de direito privado destinada a PRESTAR à contratante SERVIÇOS DETERMINADOS E ESPECÍFICOS. 1 o A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços. 2o NÃO SE CONFIGURA VÍNCULO EMPREGATÍCIO entre os trabalhadores, ou SÓCIOS das empresas prestadoras de serviços, QUALQUER QUE SEJA O SEU RAMO, e a empresa contratante.
IV. A Lei 13.429/2017 Principais pontos - O TOMADOR do serviço pode ser pessoa física ou jurídica, ao contrário do PRESTADOR; - Serviços podem ser executados nas dependências da tomadora ou outro local; - A empresa terceirizada será responsável por contratar, remunerar e dirigir os trabalhadores, sem o que estará configurada a ilicitude da terceirização; - A empresa contratante deverá garantir segurança, higiene e a salubridade dos terceirizados; - O contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas.
IV. A Lei 13.429/2017 Principais pontos Apesar de não haver consenso quanto aos termos da lei, especialistas são unânimes em afirmar que, em razão das sucessivas e constantes transformações na economia e nas relações de trabalho, são necessárias ADAPTAÇÕES, mudanças na legislação trabalhista (CLT - Decreto-Lei 5.452, de 01/05/1943). PONTOS POSITIVOS: - Contratação de serviço terceirizado em qualquer atividade da empresa, ao menos até pronunciamento do Judiciário; - Redução de custos (encargos, benefícios, mão de obra ociosa, etc.); - Maior flexibilidade quanto a admissões, demissões, ajustes e negociações; - Redução da informalidade;
IV. A Lei 13.429/2017 Principais pontos PONTOS POSITIVOS: - Maior competitividade (eficiência, produtividade, especialização); - Maior participação do Brasil nas Cadeias Globais de Valor (GCS), ou Cadeias Produtivas; - Barateamento de produtos e serviços; - SEGURANÇA JURÍDICA? (indefinição atividade meio x fim). PONTOS NEGATIVOS: - Lei deficiente e imprecisa, com lacunas a permitir múltiplas interpretações; - Relevante discricionariedade do Judiciário na interpretação da lei.
V. A Lei 13.429/2017 Perspectivas e Tendências - A PEJOTIZAÇÃO continuará sendo condenada (observar os requisitos da relação de emprego); - Conceito de SERVIÇOS DETERMINADOS E ESPECÍFICOS (para alguns a leitura do art. 4º-A da lei pressupõe que sejam serviços especializados, o que tende a provocar debate no meio jurídico); - Tendência de aprovação de salvaguardas aos trabalhadores, inclusive no pacote da Reforma Trabalhista; - Flexibilidade quanto ao enquadramento sindical; - Possibilidade de Quarteirização.
VI. A Lei 13.429/2017 Desafios - Judicialização (como a ação movida pela REDE no STF, questionando a constitucionalidade da lei); - Resistência de inúmeros setores; - Interpretação da lei pelo Judiciário; - Votação da Reforma Trabalhista pelo Senado: o texto aprovado pela Câmara promove mudanças na Lei de Terceirização (o projeto sugere ao menos 3 alterações pontuais na proposta original da reforma: 01. quarentena de 18 meses, 02. obrigatoriedade de oferecer o serviço médico-ambulatorial interno ao terceirizado e 03 expressa previsão quanto atividade-fim); - Adoção de rotinas e cautelas quando da Terceirização; - DESINFORMAÇÃO.
VII. Opiniões sobre a Lei 13.429/17 "Nós condenamos a terceirização até a atividade-fim. O que precisava ser regulamentado era o que já existia, a terceirização para atividades-meio. Nós deveríamos estar ampliando os direitos dos trabalhadores, no entanto estamos quase legalizando o trabalho escravo novamente." Ana Julia Rodrigues, presidente da CUT Santa Catarina "A terceirização é uma oportunidade para o surgimento de muitas atividades para novos empreendedores que hoje são trabalhadores. O operário vira empresário". Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae O Brasil vive um momento em que precisa não somente da terceirização, mas de um conjunto de reformas". Marcos Guerra, presidente da FINDES
O QUE PROTEGE O EMPREGADO NÃO É A LEI, É A RENDA Almir Pazzianotto Pinto, Ex-ministro do Trabalho e do TST
MUITO OBRIGADO! João Gomes Netto OAB/ES 13.411 joao@aadvogadosassociados.adv.br (27) 3345-2722 (27) 99944-4727