ONDA INFLACIONÁRIA PRESSIONA MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS

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Transcrição:

ONDA INFLACIONÁRIA PRESSIONA MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS Alguns fatores importantes têm-se destacado no mercado global e afetado o comércio de produtos indistintamente. Em nível internacional, as altas cotações das commodities, a onda inflacionária decorrente dessas, a desvalorização contínua da moeda norte-americana, e, em nível nacional, o aumento da taxa de juros básica para conter a inflação interna e a redução do ritmo de crescimento do PIB. Os preços de alimentos no mercado internacional alcançaram patamares recordes em abril, trazendo uma pressão inflacionária que está se acelerando em todos os continentes, forçando os bancos centrais de vários países a aumentar suas taxas de juros para contê-la (Rudy Ruitenberg, Bloomberg.net). Diversos fatores podem estar contribuindo para essa situação. Estes aumentos de preços estão provavelmente mais relacionados à escassez de oferta devido, principalmente, a problemas climáticos em varias regiões produtoras do mundo. Além disso, estoques de alimentos abaixo dos níveis normais têm acentuado essa escassez de produto no mercado. Por outro lado, a demanda mundial de alimentos, principalmente da China, tem crescido fortemente e a oferta não tem sistematicamente conseguido acompanhar esse crescimento (Abdolreza Abbassian, da FAO). Outros fatores importantes também têm contribuído para o atual aumento dos preços das commodities - a desvalorização do dólar e o aumento de preço do petróleo. Esses dois aspectos, aliados ao fato de que o pior momento da crise econômica já passou, talvez estejam estimulando fundos e especuladores a serem mais atuantes no mercado, contribuindo para a alta de preços dos produtos. Neste contexto, a conjuntura deste mês de maio de 2011 do Centro de Inteligência em Florestas (CI Florestas) analisa os efeitos que o atual contexto macroeconômico tem provocado sobre os produtos florestais. Segmento de Celulose e Papel Nos últimos meses, os preços da celulose de fibra longa e de fibra curta permaneceram elevados no Brasil e no exterior, quando comparado com os preços do ano de 2009, que se situaram em torno de U$S550/t e US$650/t para a celulose de fibra curta e de fibra longa, respectivamente (Quadro 1). 1

Quadro 1 Preço da Celulose, em US$/t, janeiro a abril de 2011 Período Celulose de fibra curta Celulose de fibra longa São Paulo USA Europa Europa USA jan/11 866 849,01 639,44 714,7 948,92 fev/11 866 848,38 621,25 695,07 949,18 mar/11 865 848,18 610,03 691,4 961,37 abr/11 866 849,43 601,79 692,28 977,00 Fonte: CEPEA (2011), FOEX (2011). Nos próximos meses os preços da celulose de fibra curta devem aumentar, pois a Fibria, maior produtora mundial de celulose de fibra curta, anunciou que pretende aumentar os preços em US$30 por tonelada. A portuguesa Altri também anunciou que aplicaria esse aumento, de maneira a elevar o preço da celulose vendida na Europa. O reajuste tem como pano de fundo a retomada das encomendas em praticamente todos os mercados, porém, com destaque para países europeus nos dois primeiros meses do ano. A Suzano Papel e Celulose, segunda maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, acompanhou o movimento de suas concorrentes e elevou os preços da fibra no mesmo patamar. Esse é o primeiro reajuste do ano nas cotações da celulose de fibra curta, que no ano passado passaram por seis altas e dois cortes. Nos Estados Unidos, as iniciativas para aumento dos preços da celulose de fibra longa ocorrem, em parte, pela retomada na demanda por papel, pelo enfraquecimento do dólar e pela manutenção das pressões de demanda que são típicas do segundo trimestre. Os preços dos papéis apresentaram queda nos últimos meses. A exceção foi o papel para impressão de revista que apresentou ligeiro aumento (Quadro 2). No entanto, em relação aos anos de 2009 e 2010, os preços do papel também estão elevados no Brasil e no exterior, assim como os preços da celulose, devido ao crescimento da demanda. 2

Quadro 2 Preço do Papel, janeiro a abril de 2011 Período Papel offset em bobina São Paulo Papel de embalagem marrom Europa Papel para impressão de revista Europa Papel A4 São Paulo Europa (R$/t) (US$/t) (US$/t) (R$/t) (US$/t) jan/11 3.222,73 603,92 659,55 3.803,94 866,49 fev/11 3.222,73 602,58 676,88 3.803,94 862,17 mar/11 3.123,76 599,09 685,46 3.435,00 857,68 abr/11 3.128,47 597,14 686,9 3.435,00 861,52 Fonte: CEPEA (2011), FOEX (2011). Segmento de Produtos Florestais Não-Madeireiros No segmento de produtos florestais não-madeireiros, os preços dos produtos também se apresentaram elevados e crescentes nos últimos meses, com exceção do preço do palmito em São Paulo que apresentou uma queda de 1,50% de janeiro a março desse ano (Quadro 3). Quadro 3 - Preço dos produtos florestais não-madeireiros, janeiro a março de 2011. Resina Borracha Palmito Palmito Elliottii Fot- Natural (SP) R$/ Período (ES) Fazenda (SP) lata de 300 R$/kg Brasil R$/kg gr. (R$/t.) Resina Tropical Fot- Fazenda Brasil (R$/t.) Jan./11 3,05 10,25 0,83 3.400,40 2.948,75 Fev./11 3,75 10,61 0,83 3.430,67 3.028,00 Mar./11 3,85 9,92 1,20 3.464,80 3.095,00 Variação 2,14-1,50 22,29 0,94 2,45 média Fonte: APABOR (2011); IEA (2011), CEASA/ES (2011), ARESB (2011). Dentre os produtos florestais não-madeireiros apresentados no Quadro 3, destaca-se o preço da borracha natural que, ao considerar o período pós-plano real até dezembro de 2010, foram menores que R$3,00/kg, segundo dados divulgados pela APABOR e IEA/SP. Essa valorização dos preços da borracha se deve ao aquecimento da economia mundial e à redução da produção de látex na Tailândia, Indonésia e Malásia, devido ao aumento na taxa de renovação nos seringais destes países. Adicionalmente, o fenômeno climático La Niña provocou chuvas intensas nas principais regiões produtoras da Ásia, dificultando assim as atividades de sangria. O aquecimento 3

do mercado automobilístico brasileiro, o quarto maior do mundo, também contribuiu para elevar os preços. O preço da borracha natural nunca esteve tão alto no Brasil. O aumento foi cerca de 60% em relação a 2010, o que está estimulando o investimento na heveicultura no país. Para se ter uma idéia, são 30 milhões de novos pés plantados em São Paulo, afirma o engenheiro agrônomo Nilson Cardoso Troleis. Uma pequena queda nos preços internacionais foi observada em março devido à redução das importações chinesas. Em abril, os preços subiram até meados do mês e voltaram a cair, pressionados pela redução das vendas de veículos novos no Japão após o terremoto seguido de tsunami, e frente à preocupação com a revisão da política monetária da China, que tenta controlar a inflação e manter, a todo custo, a meta de crescimento de 7% ao ano. Com isso, o Banco do Brasil ampliou para R$ 30 milhões o crédito exclusivo para a heveicultura e estendeu para os demais estados o benefício, antes restrito aos estados de São Paulo e Espírito Santo. A linha possui carência de oito anos, prazo para pagamento de 12 anos e juros de 6,75% ao ano. A produção do palmito também pode ser favorecida no país, pois o BANESTES prevê aplicar, neste ano, um total de R$ 200 milhões no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Os recursos são oriundos do BNDES e dividemse em duas linhas de crédito: O Pronaf Investimento e o Pronaf Mais Alimentos. No Pronaf Investimento, os recursos serão destinados, preferencialmente, para a aquisição de máquinas e equipamentos. Por sua vez, no Pronaf Mais Alimentos, dentre as culturas apoiadas, está a palmeira para produção do palmito. Segmento de Madeira Processada A demanda global por madeira serrada (softwood) cresceu 18% em 2010. Isso aconteceu depois de um ano que o consumo de madeira foi o menor dos últimos 50 anos. Essa tendência de crescimento está se mantendo este ano. No primeiro trimestre deste ano, o consumo foi 20% maior do que no mesmo período de 2010 (Wood Resource Quarterly). Sem maiores surpresas, a China tem sido a grande impulsionadora dessa demanda. As serrarias daquele país estão longe de conseguir suprir a necessidade por madeira, fato que fez com que as importações aumentassem de 2 milhões de metros cúbicos em 2006 para quase 10 milhões de metros cúbicos em 2010. Este aumento, sem precedentes, continuou nos dois primeiros meses de 2011 4

quando as importações foram 32% maiores do que o mesmo período de 2010. Praticamente todos os grandes mercados de madeira da Ásia, Europa e América do Norte experimentaram uma demanda maior no ano passado. Isso resultou no aumento da produção mundial de madeira. Só os Estados Unidos, maior importador do mundo, compraram 7% mais madeira de outros países do que no ano retrasado. No Japão, as importações cresceram 15% e na Europa, entre 10% e 35%. As melhores condições de mercado alavancaram também os preços. A expectativa é que os preços continuem aumentando devido à reconstrução do Japão, após o terremoto e das medidas de recuperação do mercado imobiliário nos Estados Unidos (Hakan Ekstrom -Wood Resources International LLC). Os elevados preços têm estimulado investimentos neste segmento. A Duratex S.A., maior empresa produtora de painéis de madeira industrializada, louças e metais sanitários do Hemisfério Sul, investirá R$ 1,2 bilhão nos próximos cinco anos na construção de duas novas plantas produtoras de MDF. Com capacidade efetiva de 1,2 milhões de m 3 /ano, o investimento visa ampliar a participação da empresa no mercado de painéis de madeira reconstituída do Brasil. As duas novas plantas, quando concluídas, reposicionarão a Duratex no ranking global da indústria e a empresa saltará de 8º para 7º maior produtor mundial (Portal Fator Brasil/Adaptado por Celulose Online). Neste mês de abril de 2011, a maioria das madeiras serradas na Zona da Mata Mineira teve alta de preço, a saber: Cumaru (R$2.430,00/m 3 ), alta de 5,6%, Jatobá (R$2.250,00/m 3 ), alta de 8,6%, Pinus (R$700,00/m 3 ), alta de 34,6% e Eucalipto (R$1000,00/m 3 ), alta de 11,1%. As exceções foram o preço do metro cúbico da Sucupira e do Angelim Margoso que permaneceram estáveis, sendo comercializados a R$1.890,00 e R$1.710,00, respectivamente, por se tratarem, talvez, de madeiras comercializadas de lotes antigos que estavam em estoques. Segmento Moveleiro Embora o setor moveleiro venha apresentando, no geral, um desempenho razoável nos últimos 12 meses, neste primeiro quadrimestre de 2011, o comportamento deste tem sido de relativa desaceleração. As perspectivas, porém, para o médio e longo prazo, são extremamente animadoras. De modo geral, tem ocorrido forte pressão para que os aumentos de preços das commodities sejam repassados aos preços dos produtos industrializados. No Brasil, 5

esse repasse tem ocorrido de forma diferenciada e negociada entre diferentes segmentos e indústrias para se evitar uma queda no consumo e forte impacto sobre os índices de inflação. Nesse sentido, o governo, com o objetivo de manter a inflação e o consumo sob controle, tem aumentado a taxa de juros básica que deve, no curto e médio prazo, inibir novos investimentos no setor, restringindo seu crescimento. Para o setor moveleiro, que vinha apresentando um desempenho excelente em 2010, quando faturou R$29,7 bilhões, 13,4% a mais do que em 2009, e com perspectivas de continuar crescendo a uma taxa de 10% em 2011, as mudanças no cenário macroeconômico colocaram um freio nessa perspectiva de previsão otimista. A produção industrial brasileira de artigos de mobiliário apresentou variação negativa de 18,1% na comparação de março de 2011 com o mesmo mês do ano passado (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário - ABIMÓVEL). Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), aponta que o setor de móveis foi responsável pelo segundo maior impacto na desaceleração do setor de bens duráveis, que recuou 5,2% no período mencionado. A maior influência foi registrada no segmento de linha marrom (-30,5%). No acumulado de 2011 até o mês de abril, a produção no segmento de artigos de mobiliário também apresentou recuo com relação ao mesmo período do ano passado, caindo 3,2%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a produção de móveis cresceu 4%. Com relação às exportações, essas vêm apresentando sucessivas quedas nos volumes exportados e na participação percentual das vendas de móveis para o exterior, particularmente para alguns estados. O balanço das exportações correspondente ao primeiro trimestre de 2011 mostra que a participação do Rio Grande do Sul caiu 7,2% com relação ao mesmo período do ano de 2010, enquanto o valor exportado em 2011 é 8,2% inferior ao de 2010. Nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2010, o Rio Grande do Sul tinha 27% de participação nas exportações brasileiras de móveis. Agora, o índice é de 25,1%. O Rio Grande do Sul permanece em segundo lugar no ranking, atrás de Santa Catarina que, apesar de seguir na liderança, apresentou o dobro da queda na participação percentual (14%). Minas Gerais e Paraná continuam apresentando os melhores índices de crescimento na participação das exportações. 6

De acordo com o presidente Ivo Cansan, da MOVERGS, a situação cambial aliada aos incentivos dados à indústria em outros Estados são os fatores que explicam o fraco desempenho do setor moveleiro gaúcho. Para o médio e longo prazo, a perspectiva para o setor moveleiro é de um quadro fortemente positivo em face, principalmente, da manutenção do crescimento da renda da classe média, da realização da copa do mundo e dos jogos olímpicos. Com relação às competições esportivas, segundo Ivo Cansan, Para o setor moveleiro, o cenário é promissor. Até o início da competição, serão adicionadas aproximadamente 19,5 mil novas unidades hoteleiras nas cidades que sediarão as partidas, num investimento na ordem de R$ 3,16 bilhões, de acordo com o estudo "Brasil Sustentável - Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014", divulgado pela Ernst & Young Terco. Esses espaços precisarão ser mobiliados, o que impulsionará e trará impactos extremamente positivos para as indústrias moveleiras de todo o país. O estudo Brasil Sustentável revela, ainda, que a produção de produtos de madeira, incluindo móveis, sofrerá um impacto total de R$ 259,97 milhões em virtude da Copa do Mundo, com um crescimento de 2,32% no PIB setorial. Isso se deve, principalmente, ao aumento na demanda dos complexos hoteleiros das cidades-sede. Porém, associado aos locais para hospedagem, novos restaurantes, bares e empresas de prestação de serviços também devem surgir para atender os turistas, gerando empregos e renda. O mesmo ocorre com os estádios que estão sendo reformados e que deverão se adequar às especificações estabelecidas pela FIFA, com a implantação de assentos individuais, com largura e altura mínimas, por exemplo. Equipe Técnica do Centro de Inteligência em Florestas Naisy Silva Soares Economista, DS. Ciência Florestal Alberto Martins Rezende Eng. Agrônomo, MS. Economia Rural Márcio Lopes da Silva Eng. Florestal, DS. Ciência Florestal Altair Dias de Moura Eng. Agrônomo, PhD. Agribusiness Management * Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 7