VARIABILIDADE DA DISTRIBUIÇÃO E PROFUNDIDADE DE PLANTIO DE TUBÉRCULOS DE BATATA (Solanum tuberosum L.) Jaime Alberti Gomes 1 ; Afonso Peche Filho 2 1 Faculdades Ponta Grossa Ponta Grossa PR Brasil e-mail: jaime.gomes@faculdadespontagrossa.com.br 2 Instituto Agronômico de Campinas Campinas SP Brasil e-mail: peche@iac.sp.gov.br RESUMO: com o intuito de estudar o processo mecânico de plantio de batata (Solanum tuberosum L.), desenvolveu-se um trabalho para avaliar a variabilidade espacial da distribuição longitudinal e profundidade de plantio de tubérculos de batata. O trabalho foi desenvolvido no município de Vargem Grande do Sul-SP, em uma lavoura comercial sob pivô-central, onde montou-se uma malha de amostragem com 75 pontos eqüidistantes 20 metros. Tendo em vista os resultados encontrados pode-se concluir que, tanto para distribuição de tubérculos, quanto para profundidade de plantio, não houve dependência espacial na área estudada. Com relação a distribuição, a área apresentou valores de médio a alto. Com relação à profundidade de plantio, a área apresentou em todos os pontos, profundidade menor do que a recomendada. PALAVRAS-CHAVE: batata, plantio, variabilidade VARIABILITY OF THE DISTRIBUTION AND DEPTH OF PLANTING OF TUBÉRCULOS OF POTATO (Solanum tuberosum L.) ABSTRACT: With the intention of studying the mechanical process of planting potato (Solanum tuberosum L.), he grew the work will evaluate the space variability of the distribution and depth of planting of potato. The work was developed in the district of Vargem Grande do Sul-SP, in a commercial farming under pivot-headquarters, where a sampling mesh was set up with 75 points halfway 20 meters. Tends in view the found results it can be ended that, so much for tubers distribution, as for planting depth, there was not space dependence in the studied area. With relationship the distribution, the area presented values of medium the high. With relationship to the planting depth, the area presented in all the points, smaller depth than recommended. KEYWORDS: potato, planting, variability
INTRODUÇÃO A cultura da batata (Solanum tuberosum L.), apresenta grande importância para a economia agrícola mundial, apresentado o 4º lugar em volume de produção. No Brasil, é considerada a principal hortaliça, tanto em área cultivada como em preferência alimentar. Dentre os processos que compõem o sistema de produção da cultura da batata, o processo de plantio, apresenta grande importância em relação à produção final da lavoura. Segundo FILGUEIRA (1987), na cultura da batata, o conceito de densidade populacional é mais complexo do que outras culturas. Assim, se ocorrer diferenças nos espaçamentos entre tubérculos, estes irão produzir números diferentes de hastes principais, influenciando diretamente na produção. MONTALDO (1984), em estudo sobre plantio de batata, encontrou diferenças significativas na produção quando encontrou espaçamentos diferentes na lavoura. Outro fator importante, relacionado ao sistema de plantio é a profundidade do tubérculo, que para DIAS (1986), deve ser de aproximadamente 15cm, sendo que a uniformidade da profundidade também é de fundamental importância, pois LOPES e BUSI (1997) comentam que a uniformidade de plantio uniformiza a emergência, favorecendo os tratos culturais da batata. SILVA et al. (2000), avaliando a performance de uma plantadora de batata em condições brasileiras, comenta que para a distribuição longitudinal encontrou um CV de 14,8% e para profundidade de plantio um CV de 11,5%. Com relação a estes estudos, podese perceber que os fatores ligados à operação de plantio podem acarretar problemas com relação à produção da cultura na lavoura implantada. O trabalho tem como objetivo avaliar, com auxílio de Sistema de Informação Geográfica (SIG), a variabilidade da distribuição e profundidade de plantio de tubérculos de batata. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido em uma lavoura sob pivô central, com a variedade de batata Atlantic, em um Latossolo Vermelho-Amarelo fase arenosa,
município de Vargem Grande do Sul, estado de São Paulo. Para a avaliação da distribuição de tubérculos e profundidade, demarcou-se uma malha de 75 pontos de amostragem eqüidistantes 20 metros, dispostos em 5 linhas e 15 colunas, conforme metodologia proposta por UNGARO et. al. (1999). Os dados foram obtidos em uma amostra de 2 linhas de 1 metro linear para cada um dos 75 pontos. Utilizou-se uma Plantadora da marca (????), modelo (?????), que apresentava??? linhas de plantio. Para a determinação da eficiência de distribuição dos tubérculos, determinou-se o espaçamento longitudinal entre os mesmo na linha de plantio e posteriormente, gerou-se um índice, dividindo-se o menor valor de espaçamento pelo maior, os valores encontrados ficaram entre 0 e 1, sendo 1 o valor onde o tubérculo estudado encontrava-se eqüidistante em relação ao tubérculo anterior e ao posterior, na mesma linha. O índice poderá apresentar um mesmo valor para diferentes populações, sendo que ele avalia a eficiência de distribuição em relação ao espaçamento entre tubérculo encontrado. A profundidade de plantio, foi determinada pela distância do tubérculo no sulco até a superfície do solo, nos referidos pontos onde se determinou a distribuição. O processamento dos dados foi dividido em 3 etapas distintas; sendo que a primeira foi caracterizada pela determinação das medidas de tendência central (média, moda e mediana) e medidas de dispersão (desvio padrão, coeficiente de variação, amplitude, máximo e mínimo, formando o chamado quadro de estatística descritiva. Na Segunda etapa utilizou-se dos métodos de geoestatística, focando semivariogramas para análise da dependência espacial, como também a estimativa de dados para locais não amostrados através de um estimador sem tendenciosidade, VIEIRA et. al. (2000). Na terceira etapa o processamento dos dados é dependente dos resultados do semivariograma, se houver dependência espacial utiliza-se os recursos de interpolação do IDRISI 3.2, para a geração de cartas espacializadas de perdas. Se no entanto os resultados do semivariograma não acusarem dependência espacial utiliza-se os recursos de separatrizes ou estratificação para geração de carta espacializada contendo agrupamento de células
quadradas com os dados de perdas. Utilizou-se da técnica de estratificação para um maior entendimento e interpretação dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1, estão apresentados os resultados da estatística descritiva dos valores encontrados para os índices de eficiência de distribuição em 75 pontos da área estudada. DESCRIÇÃO ÍNDICE PROFUNDIDADE (cm) Média 0,684 7,90 Moda 0,675 9,19 Mediana 0,673 8,04 Desvio Padrão 0,111 1,48 CV% 16,25 18,76 Máximo 0,90 11,06 Mínimo 0,37 3,45 Amplitude 0,53 7,61 Tabela 1 Resultado da análise da estatística descritiva do índice de distribuição. Pode-se perceber, com relação ao índice de distribuição, uma média de 0,68, lembrando que o este índice varia de 0 a 1, sendo que apresentou um valor máximo de 0,90, ou seja, o ponto amostral que apresentou melhor distribuição. Com relação à profundidade de plantio, observa-se uma média de 7,90cm, com máximo de 11,06cm, sendo que o recomendado é de 12-15cm. A tabela 2, mostra a estratificação dos dados a partir da amplitude do índice de distribuição e da profundidade de plantio da batata.
ESTRATOS INDICE PROFUNDIDADE (cm) 1 < 0,476 < 4,97 2 0,476 0,582 4,97 6,49 3 0,582 0,688 6,49 8,01 4 0,688 0,794 8,01 9,54 5 > 0,764 > 9,54 Tabela 2- Diretrizes para estratificação dos dados de índices de distribuição e profundidade de plantio. Através da estratificação, pode-se dizer que, valores que se encontram nos estratos 1 e 2 são considerados baixo, no estrato 3 médio e nos estratos 4 e 5 altos, em relação aos dados encontrados na área em estudo. Na figura 1 e 2, estão apresentados os semivariogramas para os resultados índice de distribuição e profundidade de plantio. Pode se perceber que não há dependência espacial entre os pontos, sendo que não houve o ajuste de uma curva para os valores apresentados, para ambos os casos. Figura 1 Semivariograma dos índices de distribuição na área estudada. Figura 2 Semivariograma da profundidade de plantio na área estudada. Com o resultado do semivariograma, nota-se que não houve dependência espacial entre os resultados encontrados para ambos os fatores. Devido a este fator, não se realiza a interpolação, sendo que o proposto é a construção de uma carta de espacialização com células quadradas, conforme figura 3.
Figura 3 Carta de espacialização do índice de distribuição com células quadradas., Figura 4 Carta de espacialização da profundidade de plantio com células quadradas. Nota-se através da estratificação, que a maior parte da área estudada apresenta-se com valores tendendo de médio a alto, sendo possível também, perceber a distribuição das perdas na área e quais os pontos que podem ser considerados como problemáticos tanto para o índice de distribuição como para a profundidade de plantio. Na tabela 3, estão representadas as distribuições percentuais do índice de distribuição e profundidade de plantio da batata na área em estudo.
DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL ESTRATO INDICE PROFUNDIDADE 1 2,67 2,67 2 17,33 18,67 3 29,33 29,33 4 37,33 37,33 5 13,33 12,00 Tabela 3 Distribuição percentual do índice de distribuição e profundidade nos estratos em estudo. Os resultados mostram uma concentração de dados localizada nos estratos 3 e 4, tanto para o índice de distribuição como para profundidade de plantio, o que representa valores de médio a alto, oque seria bom para ambos os casos, pois quanto maior for o índice, melhor será a distribuição. Para a profundidade de plantio, resultados maiores, estariam se aproximando da profundidade ideal recomendada, que é de aproximadamente 15cm. CONCLUSÕES: - o processo de plantio mecanizado, não apresentou dependência espacial na gleba em estudo; - a utilização do Sistema de Informação geográfica (SIG), permitiu uma avaliação eficiente para caracterizar a distribuição espacial do índice de distribuição e profundidade de plantio; - a utilização de cartas de espacialização com células quadradas, mostrou ser eficiente para um entendimento e visualização da distribuição espacial dos resultados. - maior parte da área estudada apresentou valores de médio e alto para os valores do índice de distribuição, indicando boa distribuição; e - a profundidade de plantio em toda a área estudada foi menor do que a recomendada na literatura.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS, C. A. de C. Cultura da Batata. Campinas. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1986. 44p. (Documentos, 65). FILGUEIRA, F. A. R. Práticas Agronômicas da Lavoura de Batata. In: produção de Batata. Coord. Francisco J. B. Reifschneider. Brasília, linha gráfica, 1987. 240p. LOPES, C. A.; BUSO, J. A. Cultivo da Batata (Solanum tuberosum L.). Instruções técnicas da Embrapa Hortaliças. EMBRAPA: CNPH. Brasília. 1997. 35p. MONTALDO, A. Cultivo y mejoramiento de la papa. San José: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura, 1984. 706p. SILVA, M. R. da; PECHE FILHO, A.; STORINO, M.; LINO, A. C. L.; SPINACE, E. M. Avaliação de performance da plantadora de batata UN 3200 KVERNELAND. Ano II. Janeiro 2000. Boletim nº 3 Centro de Mecanização e Automação Agrícola CMAA/IAC. http://www.iac.br/~cma/at/batata.htm UNGARO, M. R. G.; PECHE FILHO, A.; LINO, A. C. L.; STORINO, M. Uso de SIG e de mapas temáticos de estande e produção de grãos na avaliação de lavoura de Girassol (Helianthus annus L.). Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 18, n.3, p.73-79, mar. 1999. VIEIRA, S. R.; DECHEN, S. C. F.; DE MARIA, I. C.; MARTINS, A. L. M.; BORTOLETTO, N. Mapeamento de atributos de solo e planta usando geoestatística. In: O Estado da Arte da Agricultura de Precisão no Brasil. Coord. Luiz Antonio Balastreire. Trabalhos... Piracicaba, 2000. P. 93-104. 224p.