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Transcrição:

Administração de Pessoas MÓDULO 15: SEGURANÇA NO TRABALHO Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas, visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar: Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Esses profissionais formam o que chamamos de SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, Normas Regulamentadoras Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. 15.1 Direitos de quem se acidenta no trabalho Conceitos fundamentais: Acidentes de trabalho São situações que ocorrem pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, acidente por doença profissional ou do trabalho e, ainda, acidente de trajeto, que é aquele que ocorre no percurso entre a residência do empregado e o local de exercício profissional, ou entre dois locais de trabalho. Recai sobre o empregador, ou o órgão gestor de mão-de-obra, a responsabilidade pela emissão, em seis vias, da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e o seu envio à Previdência, mesmo que o acidente não justifique afastamento do trabalho e concessão de benefícios. A empresa que não informar acidentes de trabalho está sujeita a multa.

Doenças laborais No caso dos trabalhadores que desenvolvem doenças relacionadas ao trabalho, a empresa deve também emitir a CAT em seis vias e enviar à Previdência. 15.2 Benefícios pagos pela Previdência Auxílio-doença É o benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar, devido a doença ou acidente, por mais de 15 dias consecutivos. Os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador. No caso do contribuinte individual (como empresários, profissionais liberais e autônomos), a Previdência paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). Têm direito ao auxílio-doença acidentário o empregado, o trabalhador avulso, o médico-residente e o segurado especial. O benefício não é concedido quando, mesmo doente, o trabalhador tem condições de permanecer em atividade. A concessão do auxíliodoença acidentário não exige tempo mínimo de contribuição. O auxílio deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício é trocado pela aposentadoria por invalidez. Auxílio-acidente É um benefício concedido, como forma de indenização, ao segurado empregado, ao trabalhador avulso urbano e rural e ao segurado especial quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resulte em seqüela definitiva que impeça as atividades laborais. Essa regra não inclui o trabalhador doméstico, o contribuinte individual e o segurado facultativo. Caso o segurado não se reabilite em 15 dias, deve solicitar o benefício. Aposentadoria por invalidez Concedida aos trabalhadores que, por doença ou acidente, forem considerados incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento. Não tem direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar do agravamento da enfermidade. Quem recebe aposentadoria por invalidez deve passar por perícia médica de dois em dois anos. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recupera a capacidade. Para ter direito, o trabalhador tem que contribuir por no mínimo 12 meses, no caso de doença. Se for acidente, esse prazo não é exigido, mas é preciso estar inscrito na Previdência. Aposentadoria especial Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. O trabalhador deve comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido (dependendo do agente, 15, 20 ou 25 anos). A comprovação será feita em formulário do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa com

base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCA), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. Pensão por morte Os dependentes de segurado, que recebia benefício como aposentadoria ou auxílio-doença e faleceu, podem requerer a pensão por morte. 15.3 Liberdade sindical De acordo com Siqueira Neto (2008), a liberdade sindical e a representação dos trabalhadores nos locais de trabalho nos moldes consagrados pelo direito internacional ocupam, indiscutivelmente, um papel determinante na configuração dos sistemas de relações de trabalho nos países de democracia consolidada. As idéias de um sindicalismo livre e sua concepção foram cristalizadas nos países de democracia consolidada e de industrialização avançada no segundo pós-guerra, assim permanecendo até os dias atuais, sem qualquer objeção significativa, mesmo diante das constantes crises dos últimos decênios e da investida conservadora dos anos 80 e de meados dos anos 90 na Inglaterra. O resultado disso é que os direitos de associação sindical e de representação dos trabalhadores por local de trabalho são direitos fundamentais para equilibrar a desigual distribuição de poder nas relações de trabalho, e, uma vez estruturados de forma livre, sem interferência limitadora da autonomia do grupo por parte do Estado e dos empregadores, com garantia de efetivo exercício da ação coletiva, transformam-se no centro de gravidade mais evoluído do direito do trabalho, funcionando como ponto de partida da negociação coletiva entendida em seu sentido mais moderno, e, por conseguinte, de todo o sistema de relações de trabalho. Siqueira Neto (2008) afirma ainda que a liberdade sindical e a representação dos trabalhadores nos moldes consagrados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, pelos Pactos Internacionais dela decorrentes, sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e sobre os Direitos Civis e Políticos, ambos de 1966, e pelos instrumentos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), indiscutivelmente, jogam um papel determinante na configuração orgânica dos sistemas de relações de trabalho nos países de industrialização avançada e de democracia participativa consolidada (Estados Unidos, Japão e países da Europa Ocidental). No âmbito internacional, o primeiro ato com repercussões trabalhistas foi a Declaração de Filadélfia, de 1944, que ampliou o campo de ação da OIT. Em seguida, diversos tratados e documentos internacionais versaram sobre a liberdade sindical ou temas a ela ligados. Neste rol, podemos destacar: a Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU), de 1948;

as Convenções da OIT de n 87 (sobre liberdade sindical e a proteção do direito sindical), de 1948 e n 98 (sobre a aplicação dos princípios do direito de sindicalização e de negociação coletiva), de 1949; a Convenção Européia dos Direitos Humanos e Liberdade Fundamentais, de 1950; a Carta Social Européia, de 1961; o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos da ONU e de 1966; as Convenções da OIT de n 135 (sobre proteção e facilidades a serem dispensadas a representantes de trabalhadores na empresa), n 141 (sobre organizações de trabalhadores rurais e seu papel no desenvolvimento econômico-social) e 154 (sobre a promoção da negociação coletiva). No Brasil, a Liberdade Sindical foi tratada pelo art. 8º da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988, inserido no Título II, dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo II, Dos Direitos Sociais. Os dispositivos específicos, entretanto, comportam contradições inconciliáveis, incompatíveis com a liberdade sindical consagrada no direito internacional e, por isso, incapazes de gerar um sistema de relações de trabalho sequer harmônico. Pela importância do assunto, reputamos como oportuno transcrever o art. 8º da CRFB, para depois, então, apresentar o nosso entendimento sobre suas principais conseqüências. Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo Único. As disposições deste artigo aplicam-se às organizações de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. 15.3.1 Representação dos trabalhadores Pela primeira vez, em 1988, uma Constituição Brasileira consagrou a Representação dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho. O art. 11 da CFRB assegura, nas empresas de mais de duzentos empregados, a eleição de um representante destes com a finalidade de promover seu entendimento direto com os empregadores. Trata-se, portanto, de representação dos trabalhadores e não de representação sindical. A Constituição não assegurou a estabilidade ao representante dos trabalhadores, já que o art. 11 é, quanto a isto, omisso e o inciso VIII do art. 8º refere-se apenas a dirigentes e a representantes sindicais. A finalidade da representação dos trabalhadores nos locais de trabalho é promover o entendimento direto com o empregador. Assim, o representante dos trabalhadores não tem poderes para assinar acordos coletivos de trabalho. A representação é por empresa e não por estabelecimento. Entendemos também que o dispositivo constitucional enfocado não depende de lei alguma para vigorar, muito embora inexista qualquer impedimento à edição de uma lei a respeito. Raríssimos foram os representantes eleitos desde a promulgação da Constituição de 1988. O legislador constituinte distinguiu claramente a representação dos trabalhadores nos locais de trabalho da co-gestão e da participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Tanto é que regulou estes dois últimos institutos em artigo distinto (art. 7º, inciso XI). O sistema de representação dos trabalhadores nos locais de trabalho para efeito deste estudo é aquele instituído por lei, com representação geral, autônoma e independente dos sindicatos, mas com respeito à atividade sindical nos moldes do direito internacional, com competência para todos os assuntos ligados direta ou indiretamente aos interesses dos trabalhadores nos locais de trabalho, composto unicamente por trabalhadores na proporção da força de trabalho, eleitos pelo voto direto dos representados,

com atuação singular ou colegiada, conforme o tamanho da empresa, com funções e atribuições de informação, de consulta e de negociação coletiva nos limites estabelecidos pela lei e pela contratação coletiva de categoria, com mecanismos internos à disposição dos trabalhadores e dos sindicatos mais representativos, de controle da instituição e da eleição dos organismos, assim como do mandato dos representantes. 15.3.2 Relação de trabalho Para Siqueira Neto (2008), a relação de trabalho é uma relação de poder, e o principal escopo da legislação do trabalho sempre foi e sempre será aquele de constituir uma força balanceadora destinada a neutralizar a disparidade contratual imanente dessas relações. O trabalhador individualmente considerado é constrangido a aceitar as condições que o empregador lhe oferece. Para os trabalhadores, o poder é um poder somente coletivo. O empregador individual, ao contrário, constitui-se em um complexo de recursos materiais e humanos. Socialmente falando, a empresa é em si mesma um poder coletivo em tal senso. As relações de trabalho somente são equilibradas quando o contrapoder coletivo dos trabalhadores se manifesta. Sem isso, o poder concentra-se exclusivamente nas mãos do empregador. É certo que o Estado pode impor, como de fato impõe, condições mínimas de trabalho. Porém, se esse mesmo Estado não dotar os organismos coletivos dos trabalhadores de prerrogativas e de garantias suficientes para realizar o acompanhamento efetivo das manifestações quotidianas das relações de trabalho, o standart mínimo trabalhista imposto pela ordem jurídica somente se prestará à burocratização das relações entre empregados e empregadores. O equilíbrio do poder nas relações de trabalho, portanto, não vem da lei trabalhista protetiva em si, mas da existência de sindicatos livres, autônomos, atuantes e independentes. A lei trabalhista sem sindicatos livres, não protege o trabalhador, e tampouco limita o poder do empregador. Desta maneira, o Estado, além de reconhecer o direito de associação sindical, deve passar a protegê-lo (dos trabalhadores e das organizações) do poder e da influência indevida do empregador, como forma de assegurar o equilíbrio do próprio sistema de relações de trabalho. Os dispositivos da Convenção n 98, da OIT, de 1949, identificam perfeitamente tais preocupações.