ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA UNIDADE PRODUTORA DE BIODIESEL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMINA GRANDE R. da S. EDUARDO 1, M. W. N. C. CARVALHO 1, F. L. H. da SILVA 1, T. S. S. dos SANTOS 1 1 UFCG - Universidade Federal de Campina Grande RESUMO Vislumbrando o biodiesel como um combustível que venha substituir o diesel em proporções maiores, a implantação de escalas de produção de biocombustíveis pode ser bastante interessante, uma vez que pode inserir o agricultor familiar na cadeia produtiva. Os investimentos atuais em produção são frutos de uma maior preocupação mundial com o aquecimento global. A adição do biodiesel ao diesel dá a este, grandes perspectivas de se firmar cada vez mais como uma fonte sólida e importante de energia no país e no mundo. Palavras chave: biodiesel, processo, custos. INTRODUÇÃO A importância das energias renováveis no cenário político-econômico mundial, ganha grande e novo enfoque, propiciando um amplo desenvolvimento das mesmas, relacionado à utilização dessas novas formas como substituintes dos derivados do petróleo. A inclusão social e o desenvolvimento regional ganha novo alento com a perspectiva do biodiesel, onde emprego e renda são os princípios básicos que dão orientação às ações direcionadas ao biodiesel, ocasionando assim, a descentralização em relação às rotas de tecnologia e os insumos empregados na produção de biocombustíveis, dando um maior enfoque ao plano de desenvolvimento sustentável através de energias renováveis. Partindo do pressuposto de que a inovação através de tecnologias nacionais e emergentes no mercado traria benefícios para todo o ciclo da produção de biocombustíveis nacionais, baseando-se na agricultura familiar, em 2008 foram obtidos recursos financeiros para a construção e montagem de uma unidade demonstrativa para produção de biodiesel da oleaginosa mamona a ser instalada e administrada pela Cooperativa Agroindustrial do Compartimento da Borborema Ltda COOPAIB na Universidade Federal de Campina Grande. Este trabalho contempla uma análise sobre os custos da unidade, partindo de uma elucidação sobre o biodiesel, relacionado à sua forma de obtenção e seus insumos, como também uma análise da inserção da agricultura familiar, tomando como base a unidade em funcionamento da UFPI.
METODOLOGIA Como objeto de estudo, tomou-se a unidade implementada na Universidade Federal do Piauí para avaliação dos custos dos equipamentos como também dos insumos utilizados. Por meio da reação de transesterificação de óleos vegetais, particularmente do óleo de rícino extraído da mamona, oleaginosa típica da região nordeste, o processo de obtenção do biodiesel a ser adotado pela unidade se baseia na catálise homogênia, a mais utilizada a nível industrial, por meio da rota etílica, devido ao enfoque ambiental. A produção de mamona pela COOPAIB subsidiaria a unidade, gerando emprego e renda, apoiado nas diretrizes nacionais do plano de biodiesel, por meio do selo social. Assim, o ciclo entre a unidade e a cooperativa torna-se promissor, desenvolvendo a cadeia produtiva de biodiesel na região. Os equipamentos da unidade seguem o modelo básico de uma planta industrial com tanques de armazenamento, reatores, separador, lavador, secador entre outros. O fluxograma industrial do processo apresentado em Parente [1] está ilustrado na Figura 1. Figura 01: fluxograma do processo industrial de produção de biodiesel. Fonte: Parente, 2003 [1]. A Figura 02 ilustra o processo com os equipamentos da Universidade Federal do Piauí.
Figura 02: layout dos equipamentos da unidade de produção de biodiesel da UFPI. O óleo é enviado juntamente com o catalisador preparado anteriormente para o reator. Após a reação de transesterificação, a mistura contendo a fase pesada (glicerina) e a fase leve (biodiesel) é enviada pra separação, lavagem da fase leve, e as fases de separação da fase leve, biodiesel e impurezas, e da fase pesada, glicerina, álcool e restos de catalisador. Os custos relacionados à unidade foram analisados através do plano diretor do biodiesel do Piauí. Foram levados em consideração os custos fixos, que não variam com o nível de atividade, e os custos variáveis, que variam proporcionalmente ao nível de produção. RESULTADOS E DISCUSSÃO Partindo dos custos fixos, a cotação da unidade da UFPI pode assim ser detalhada: os custos correntes, os realizados com a manutenção dos equipamentos e com o funcionamento dos órgãos pelo projeto têm como valor de R$ 94.500,00; os custos de capital, os realizados com o propósito de formar ou adquirir ativos reais, abrangendo, entre outras ações, o
planejamento e a execução das obras, têm valor em torno de R$ 105.500,00. Assim, o custo total da unidade se faz em torno de R$ 200.000,00. A Figura 03 apresenta os insumos, tomando como base uma produção de biocombustível de 1000 litros, onde se pode verificar a relação entre essas variáveis. Figura 02: Relação entre insumos e produtos. Fonte: Projeto biodiesel do Piauí Estudos econômicos revelam que ao preço de R$ 0,60 por quilo de baga (US$ 170 / ton), é possível vender o óleo de mamona a R$ 1.400,00 a tonelada (US$ 400 / ton), desde que a torta seja comercializada a um preço igual ou superior a R$ 210,00 por tonelada (US$ 60 / ton), de acordo com o projeto biodiesel do Piauí. Outra parcela de custos refere-se a uma previsão para as despesas consideradas eventuais, como peças de reposição, alguns pequenos serviços de manutenção eventualmente contratados, pequenos fretes, e outros. A tabela 01 mostra esses custos, associados aos créditos, revelando uma noção por litro de biocombustível. TABELA 01: Sumários das Apropriações de Custos de Produção do Biodiesel. Após esses levantamentos, espera-se que o biodiesel gerado pela unidade de produção de biodiesel a ser inserida na UFCG, também possa ser caracterizado dentro das normas especificadas e que atenda aos padrões desejados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), e que possa ser avaliado em relação à sua oleaginosa de origem quanto ao uso como combustível.
CONCLUSÃO Os custos mostraram viabilidade na inserção da unidade no âmbito acadêmico/social devido ao seu custo/benefício e pela contribuição com o plano de Biodiesel nacional. A implementação de uma unidade escola de produção de biodiesel faz jus ao pioneirismo tecnológico, firmando o biodiesel como combustível renovável, e conseqüentemente, aumenta a demanda por esta nova fonte energética, gerando novos negócios e empregos diretos e indiretos em vários setores, desenvolvendo as comunidades rurais, diversificando assim, a matriz energética local. AGRADECIMENTOS À Agência Nacional do Petróleo (ANP) pelo apoio financeiro (bolsa) durante a realização deste trabalho. À Cooperativa Agroindustrial do Compartimento da Borborema (COOPAIB) como parceira do projeto e à Profª. Dr. Wilma Maria Nunes Cordeiro Carvalho pela orientação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIMA, Paulo César Ribeiro. O BIODIESEL E A INCLUSÃO SOCIAL. Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, 2004. PAGLIARDI, O. ; MACIEL, A. J. S. ; LOPES, Osvaldo Candido ; ALBIERO, D.. Estudo de Viabilidade Econômica de Planta Piloto de Biodiesel. In: AGRENER GD 2006, 2006, Campinas. Anais do 6- Congresso Internacional sobre Geraçào Distribuída e Energia no Meio Rural. Campinas : NIPE Unicamp, 2006. v. 1. p. 100-110. [1] PARENTE, E. J. S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio, 2003. SILVA, Napiê Galvê Araújo. Mamona e Biodiesel: Oportunidades para o semi-arido. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural - sober, 2008, Rio Branco - Ac. Amazonia, Mudanças Globais: O desenvolvimento em questão, 2009. SILVA, A. A. Estudo da produção do Biodiesel etílico utilizando argilas como catalisadores. 2008. (tese em Engenharia de Processos) - Centro de Ciências e Tecnologia, Unidade Acadêmica de Engenharia Química, Universidade Federal de Campina Grande. 2008.