PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani - SDC MS 0007390-86.2017.5.15.0000 IMPETRANTE: SINDICATO DOS SERVIDORES PUBLICOS DO MUNICIPIO DE JDI. AUTORIDADE COATORA: JORGE LUIS SOUTO MAIOR SEÇÃO DE DISSÍDIOS COLETIVOS PROCESSO TRT 15ª REGIÃO Nº: 0007390-86.2017.5.15.0000 MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRANTE: SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JUNDIAÍ AUTORIDADE COATORA: JORGE LUIZ SOUTO MAIOR G / c r s Vistos, etc. Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado para cassar decisão proferida em 21/8/2017, nos autos do Processo n. 0012076-27.2017.5.15.0096, que corre perante à MMª 3ª Vara do Trabalho de Jundiaí, onde a autoridade reputada coatora, considerando verossimilhantes as alegações do autor, liminarmente, deferiu o pedido de anulação da assembleia realizada em 04/8/2017, assim como todas as deliberações tomadas, inclusive quanto à nomeação de comissão eleitoral, tornando sem efeito a designação das eleições da nova diretoria sindical, marcadas para 22/8/2017, a fim de preservar a plenitude do devido processo democrático, id 896940f (p.27-29/pdf). Em síntese o impetrante alega que a autoridade reputada coatora foi induzida a erro, mormente sustenta a conformidade com o estatuto sindical de todo o processo eleitoral, a saber, convocação, publicação de editais e assembleia realizada para formação da comissão eleitoral. Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 1
Apontando a presença dos pressupostos da cautela - " fumus boni iuris" e " periculum in mora" postula o deferimento de providência liminar, para imediata revogação do despacho do MM. Juiz de primeiro grau. Literalmente, requer o impetrante, id 6da29bc - Pág.8-9 (p.09-10/pdf): "1. Que Vossa Excelência torne sem efeito o despacho do MM. Juiz da 3.ª Vara do Trabalho de Jundiaí - Processo n.º 0012076-27.2017.5.15.0096, determinando liminarmente a suspensão da decisão que determinou a anulação da assembleia e a eleição do dia 22/08/2017; 2. Alternativamente, requer pelo exíguo prazo da eleição, caso Vossa Excelência assim entenda, que a suspensão determine liminarmente da decisão do Juízo da 3.º Vara de Jundiaí, para que a Comissão eleitoral possa realizar as eleições no dia 23/08/2017; preste as informações, no prazo legal; 3. A notificação da Autoridade coatora, no endereço indicado, para que 4. A notificação como litisconsorte necessário...". documentos, ids's 7a834c4 a 869ed84 (p.11-60/pdf). Deu à causa o valor de valor de R$40.000,00 e juntou procuração e E. SDC, tendo sido sorteado este Relator. O presente remédio foi distribuído ao Tribunal Pleno e redistribuído a esta DELIBERAÇÃO: De início cumpre observar que o único remédio processual ao alcance do ora impetrante é o Mandado de Segurança, por não dispor de outro recurso imediato e eficaz contra o ato Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 2
reputado coator, não se justificando, pois, se cogitar de deixar de admitir a ação de segurança, mesmo porque, após a colheita das informações da autoridade considerada coatora, possível, em tese, a revisão da decisão liminar aqui deliberada, se for o caso. Assim, a priori tem-se por presentes os elementos necessários ao processamento da ação, que, por não ser um recurso, apenas pode ser acolhida nos estritos limites do art. 1º da Lei n. 12.016/2009, ou seja, tão somente quando destinada a proteger direito líquido e certo, violado ou sob ameaça de violação. De tal modo, o exame a ser efetuado em sede de mandado de segurança está limitado à aferição da existência de ilegalidade e/ou abusividade do ato atacado, sem adentrar no mérito da demanda. Processo n. 0012076-27.2017.5.15.0096, assim disposto: No caso, o ato coator é aquele que deferiu o pedido liminar apresentado no "Vistos e examinados. Trata-se de ação movida por HÉLIO GABRIEL FARIA DA SILVA em face do SINDICATOS DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE JUNDIAÍ. Sustenta o reclamante que o reclamado publicou edital divulgando uma assembleia geral extraordinária para o dia 04/08/2017; que no edital constava que seriam realizadas apresentação, discussão e deliberações sobre a eleição da comissão eleitoral; que a assembleia seria para discutir como seria feita a eleição da comissão eleitoral e não para a realização da eleição; que no edital constava, ainda, que seriam realizadas duas convocações, uma às 18h00 e uma às 19h00; que, no entanto, por determinação do atual presidente, somente foi realizada uma convocação, tendo sido realizada a eleição irregular da comissão eleitoral, tendo sido formada 'chapa única', indicada pelo próprio presidente, que também é candidato; que tentou formar uma 'chapa de comissão eleitoral' para disputar com a chapa do presidente, mas não obteve sucesso; que alguns filiados foram inclusive impedidos de ingressar no primeiro horário; que não houve lista de presença e, até hoje, não foi apresentada a ata da assembleia. Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 3
Aduz o reclamante, ainda, que houve abuso de poder por parte do presidente do reclamado, pugnando pela concessão de liminar para que seja anulada a assembleia referida, realizada em 04/08/2017, bem como todos os atos realizados pela comissão eleita naquela oportunidade. Tendo à vista a verossimilhança das alegações apresentadas pelo reclamante em sua petição inicial, corroboradas pelo teor da documentação ora juntada, em especial o edital de convocação da assembleia que elegeu a comissão eleitoral (fl. 32) e o edital de convocação das eleições (fl. 33), bem como considerando a urgência e o notório risco de dano irreversível em caso de não acolhimento da pretensão antecipatória, pleiteada para anular a assembleia realizada em 04/08/2017 defiro a liminar, assim como todas as deliberações tomadas, inclusive quanto à nomeação da comissão eleitoral, tornando sem efeito, consequentemente, a data marcada para a eleição (22/08/2017 - fl. 33), a fim de que se preserve toda a plenitude do devido processo democrático. A assembleia deverá ser marcada com as devidas antecedência e publicidade, garantindo-se a participação das três chapas para a conformação da comissão eleitoral, que terá a incumbência de designar a data para a eleição, também com as devidas publicidade e antecedência. força de MANDADO. Intime-se o reclamado por Oficial de Justiça, possuindo a presente decisão Cumpra-se com URGÊNCIA. Jundiaí, 21 de agosto de 2017 (segunda-feira). JORGE LUIZ SOUTO MAIOR" Vejamos. Na forma do inciso LXIX do art. 5º da CF e, ainda, do art. 1º da Lei n. 12.016/2009, a concessão de mandado de segurança demanda a presença de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, além da existência de ato lesivo de direito ou ameaçador, proveniente de autoridade pública, devendo estar marcado por ilegalidade ou abuso de poder. O ato judicial em questão se consubstancia, destarte, no deferimento de Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 4
pedido liminar, sob o fundamento de que o processo eleitoral está eivado de nulidades quanto à formação da comissão eleitoral. Quanto ao requerido pelo ora impetrante, ressalto que, para concessão do seu pedido liminar, se faz indispensável a presença de dois requisitos, sem faltar qualquer deles, ou seja, "fumus boni iuris" e "periculum in mora". eleições estão designadas para a data de hoje. A presença do requisito "periculum in mora" é evidente, posto que as análise. No tocante ao requisito "fumus boni iuris", necessário maior vagar na sua Com efeito, o artigo 39 do Estatuto sindical prevê que o processo eleitoral será coordenado pela Comissão Eleitoral composta de cinco (05) membros, eleitos em Assembleia Geral Extraordinária, sendo que o artigo 40 fixa que a assembleia geral extraordinária será realizada no prazo mínimo de cinco (05) dias que anteceder a data da publicação do Edital de convocação das eleições, id 0a66841 -pág.10 (p.23/pdf). Ainda, o art. 15 prevê, para convocação de uma assembleia geral, antecedência mínima de 03 dias, no qual deverá ser mencionada a ordem do dia, constando claramente o assunto a ser apreciado, id 0a66841 -pág.4 (p.17/pdf). O edital de convocação atinente à formação da comissão eleitoral foi publicado no Jornal de Jundiaí, que a propósito é de grande circulação no Município, no dia 01/8/2017, com designação da assembleia geral extraordinária para o dia 04/8/2017, restando assim respeitado o prazo de 03 dias, atento para o fato de que as eleições para nova diretoria foi desginada para o dia 22/8/2017. De acordo com a ordem do dia veiculada na referida publicação, evidente Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 5
que a assembleia foi convocada para escolha e/ou formação da comissão eleitoral, e não apenas para discussão da forma como ocorreriam a eleição dessa comissão, matéria esta que, de uma forma ou de outra, é regulamentada pelo Estatuto. Com efeito, no edital consta expressamente convocação para, verbis: "discussão e deliberação sobre a eleição da comissão Eleitoral", id 55e86f7 -pág.1 (p.33/pdf). Atendidos, pois, os requisitos do art. 15 do Estatuto. Quanto à ata da assembleia em questão, retrata que foram eleitos 05 membros, restando atendido o art. 39 do Estatuto, que prevê, após o resultado de tal eleição, chapa única, por óbvio, id 12b4640 -pág.2 (p.35/pdf). Irregularidade alguma se vislumbra no tocante à deliberação em primeira convocação, porquanto satisfeito o quórum, eis que o Estatuto da entidade assim permite no parágrafo único do seu art. 14, id 0a66841 -pág.4 (p.17/pdf). Logicamente, quando o edital alude à deliberação sobre a ordem do dia, em segunda convocação, o faz, enquanto uma mera possibilidade, apenas na hipótese de não se atingir o quórum para deliberação em primeira convocação, o que não se discute in casu. Ressalto a presença de 146 associados, a aprovação para deliberação em primeira convocação por 105 votos favoráveis, contra 11 contrários e 30 abstenções, igualmente, destaco, ainda, a formação de 02 chapas concorrentes para eleição da comissão eleitoral, id 12b4640 (p.34-35/pdf) e id ffd7164 (p.37-45/pdf). Não se cogite de que houve, na eleição da comissão, a formação de apenas Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 6
uma chapa concorrente, não havendo, ademais, evidência de impedimento da participação de quem quer que seja. Também, descabe aventar da inexistência da lista de presença e da prática de abuso por parte da diretoria atual do ente sindical. Divergindo do entendimento da autoridade reputada coatora, não vislumbro afronta ao Estatuto sindical, que possa redundar na nulidade da convocação e eleição da comissão eleitoral e, por conseguinte, é válida a convocação das eleições para o dia 22/8/2017. Presente o requisito "fumus boni iuris". Defiro o pedido liminar, para, cassando a liminar deferida pela autoridade reputada coatora, manter o resultado da assembléia de eleição da comissão eleitoral e, por conseqüência, manter a data designada para as eleições sindicais em 22/8/2017. Ciência à D. Autoridade reputada coatora, para que preste as informações. FARIA SILVA), ora integrado à lide. Ciência ao litisconsorte passivo necessário (SR. HÉLIO GABRIEL Ciência ao impetrante e, ainda, ao Ministério Público do Trabalho. Campinas, 22 de agosto de 2017. FRANCISCO ALBERTO DA MOTTA PEIXOTO GIORDANI DESEMBARGADOR RELATOR Número do documento: 17082216051026600000019261114 Num. 8cb0d1e - Pág. 7
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