ROTINAS DE PATOLOGIA CERVICAL

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Transcrição:

ROTINAS DE PATOLOGIA CERVICAL INTRODUÇÃO O câncer de colo uterino é o 2º mais incidente entre as mulheres no mundo e no Brasil, tornandose um grave problema de saúde pública. Os fatores de risco incluem as DSTs (fator relevante para o HPV), atividade sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, comportamento sexual de risco, tabagismo entre outros. As lesões precursoras são rastreadas pela colpocitologia oncótica, evidenciadas pela colposcopia que possibilita biópsia e esta conduz ao diagnóstico definitivo e tratamento adequado. Deste modo são de grande importância o diagnóstico precoce e o tratamento destas alterações precursoras (na maioria das vezes assintomáticas) e evitando, desta forma, a neoplasia invasora. OBJETIVO Padronizar os procedimentos do setor de Patologia Cervical da 28ª enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, serviço do Professor Sílvio Silva Fernandes, quanto ao diagnóstico, tratamento e seguimento das lesões cervicais, vaginais e vulvares. FUNCIONAMENTO DO AMBULATÓRIO As pacientes virão encaminhadas a este serviço pela ginecologia geral, ambulatórios especializados ou referenciadas de postos de atendimento primário com citologias anormais ou lesões vulvo-vaginais à esclarecer. No dia do ambulatório é oferecido uma sala de espera orientada por psicóloga para trocas de experiências e minimização das ansiedades geradas pelo medo das doenças malignas. Na admissão deverá constar: - Anamnese - Exame físico com especial atenção para a inspeção da vulva, da vagina e do colo uterino. PATOLOGIA VULVAR Inspeção da vulva e do ânus já que a neoplasia escamosa pode ser multicêntrica. Avaliação da lesão. Vulvoscopia após impregnação de ácido acético a 5% por 1 a 2 minutos e biópsia dirigida se necessário.

PATOLOGIA VAGINAL Inspeção, colposcopia e biópsia se necessário. PATOLOGIA CERVICAL - Inspeção cuidadosa da cérvice. - - o objetivo maior é localizar o sítio de células anormais para provável biópsia. - Inspeção colposcópica com soro fisiológico. Filtro verde. Aplicação de ácido acético a 3%. Avaliação de fórnice vaginal, cérvice, principalmente JEC e canal cervical. - Corar a cérvice com lugol (Teste de Schiller) - Se nenhuma lesão for visualizada com colposcopia satisfatória, repetir a citologia. - Se for identificada lesão, biopsiar na área de maior grau colposcópico. COLPOSCOPIA NORMAL BENIGNA SUSPEITA MALÍGNA TRATAMENTO BIÓPSIA DIRIGIDA BIÓPSIA DIRIGIDA BENIGNA ANORMAL NORMALIZAÇÃO DO COLO TRATAMENTO ADEQUADO

CONDUTAS NAS CITOLOGIAS a. Atipias indeterminadas- (ASCUS/ AGUS) Tratar infestações associadas ou atrofias presentes Repetir citologia tríplice em 30/40 dias Normal Persiste ASCUS- AGUS Confirmar citologia em 06 meses b. Lesão de baixo grau- (HPV, NIC1) Tratar infestações associadas Repetir citologia em 06 meses Normal Persiste lesão de baixo grau Confirmar citologia em 06 meses 03 citologias normais Controle anual Compatível com lesão baixo grau Controle 06 meses* Compatível com lesão alto grau Biópsia * Se persistência > que 01 ano Estimular imunidade ( biópsias múltiplas, pontos de TCA 90%, avaliar ressecção da lesão em idosas)

c. Lesão de alto grau- (NIC ll/nic lll) Lesão visível Lesão não visível (colo/vagina) Biópsia satisfatória insatisfatória Repetir citologia CAFcanal ou curetar canal CONDUTAS NAS LESÕES CONFIRMADAS PELA BIÓPSIA a. Lesão de Baixo grau (NICl / HPV) Controle citológico semestral* *Lesão identificada e persistente ou exérese da lesão por CAF). avaliação individual (destruição por TCA 90% ou cautério b. Lesão de alto grau (NICll/NIClll ) Exérese por CAF (EAZT e/ou canal Lesão no ectocérvice (limite cranial visível) Lesão no endocérvice (limite cranial não visível) Cone clássico

AVALIAÇÃO DAS MARGENS DO CONE Margens livres e citologia semestral Margens comprometidas Controle em 03 a 04 meses com colposcopia e citologia. Se normal, controles semestrais por 02 anos. Depois deste período, controle anual. OBS: Se persistência ou retorno da lesão de alto grau, complementar segundo avaliação individual (RE-CAF, conização clássica ou HTA).