A importância da iluminação nas lojas de roupas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana no Rio de Janeiro



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Transcrição:

1 A importância da iluminação nas lojas de roupas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana no Rio de Márcia Rodrigues de Sousa - e-mail: marciasousax@gmail.com Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-Graduação - IPOG Brasília, DF, 08/09/2014 Resumo Este artigo apresenta concepções sobre a importância da iluminação correta nas lojas de roupas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana no bairro de Copacabana no Rio de. A cidade fluminense destaca-se pelo grande contingente populacional e, neste recorte específico da avenida de um dos bairros mais movimentados da zona sul, é perceptível a circulação abundante de diferentes classes sociais. O trabalho se propõe a: contextualizar a importância da iluminação numa loja de rua de vestuário; quais ambientes são os mais relevantes para receber um projeto luminotécnico; o consumo e a eficiência energética; a necessidade de contratação de um profissional para elaboração dos projetos; a escolha dos equipamentos de iluminação; a ordem de importância da iluminação de uma loja; o destaque e os benefícios do projeto luminotécnico. Como metodologia para o embasamento deste estudo, um questionário foi elaborado e levado a campo. Foram feitas entrevistas com os proprietários e gerentes de lojas de grande e médio porte da avenida, a fim de avaliar a visão desses empresários acerca da importância do projeto de iluminação adequado para as lojas de roupas. Os resultados encontrados indicam que o projeto de iluminação é um dos principais fatores para o sucesso do negócio, dando destaque aos objetos, às cores e aos pontos de maior interesse. Entretanto, mostrou-se que o profissional Lighting Designer ou Projetista de Iluminação não é conhecido pelos empresários entrevistados na Avenida Nossa Senhora de Copacabana no Rio de, tendo em vista que todo o desenvolvimento de iluminação nestas lojas foram feitos por arquitetos sem especialização em iluminação. Palavras-chave: Iluminação. Lojas de roupas. Eficiência energética. Luminotécnico. 1. Introdução Num mercado cada vez mais competitivo e de concorrência acirrada, o comércio de rua utiliza-se cada vez mais de ferramentas e técnicas de marketing para atrair olhares e conquistar clientes. Consumidores de lojas de rua podem apresentar dois perfis: alguém que tem uma necessidade básica e tenta encontrar algo que solucione este problema rapidamente ou simplesmente pessoas que trabalham ou estão passando pela região e são atraídas pelas vitrines. Nestes dois casos é latente a importância de investimentos das lojas de rua em

2 diferenciais competitivos para tornarem-se iscas que atrairão clientes a fim de visitar o interior da loja e consequentemente comprar produtos. Um ponto fundamental para alcance deste objetivo é a iluminação correta que transformará uma vitrine imperceptível em algo totalmente desejado. Qualquer projeto de iluminação diretamente combinado à arquitetura das lojas físicas e à estratégia de vendas das marcas, bem como a preocupação com a eficiência energética, trará eficácia para os negócios. Outro detalhe que vai agregar valor e determinar o êxito de um empreendimento são as estratégias de marketing adequadas ao local de trabalho e utilizadas como diferencial competitivo. A iluminação correta poderá fazer parte do plano de marketing de uma empresa, pois o objetivo final é conquistar e fidelizar clientes, que efetuem negócios e transformem em rotina o ritual de compras naquela determinada loja. 2. Contextualização a. Iluminação: natural X artificial A luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação na arquitetura. Utilizá-la significa o ponto de partida para se obter um sistema de iluminação energeticamente eficiente. Entretanto, após a descoberta da eletricidade e a invenção da lâmpada, a iluminação artificial se tornou cada vez mais indispensável nas edificações. Um novo conceito foi introduzido ao homem moderno a partir da luz artificial. A utilização deste tipo de luz nas edificações para o desfrute de todos os espaços a noite era algo novo e revolucionário. Atividades e momentos de lazer e diversão noturnos se transformaram na realidade social da época e continuamente até os dias de hoje. De acordo com Franco (2005), "a percepção da luz é essencial para o bem estar das pessoas", pois "faz com que elas se sintam parte do universo". A noite foi conquistada através da luz artificial e, diferente da luz natural, ela pode ser controlada. Para Brondani (2006), as sensações que a utilização da luz artificial causa aos observadores são diferentes e mostra que muitas das propostas criadas para diferentes ambientes são inadequadas. Diferente da luz solar (luz natural) que proporciona a noção de tempo, a luz elétrica (luz artificial) nos torna independentes, isto é, oferece autonomia para realizações de tarefas a qualquer momento. Considerar as características das lâmpadas e luminárias é requisito para obter-se uma boa iluminação artificial. Bem explorada, pode transformar os ambientes, criando um clima diferenciado aos usuários. (BRONDANI, Sergio Antonio, 2006, p. 46). Porém, é importante ressaltar que não é um exercício simples empregar a luz artificial de forma eficiente. Segundo Rodrigues (2002), a luz é um elemento importante e indispensável em nossas vidas". Por isto é encarada de maneira tão natural e familiar, induzindo as pessoas a ignorarem a real necessidade de conhecê-la e compreendê-la. b. Iluminação + marketing = sucesso

3 Para qualquer ponto de venda que tenha a intenção de se destacar, a iluminação dos espaços visa extrapolar os limites do que é visual. Agregada a um conceito sensorial, bons profissionais desenvolvem projetos luminotécnicos com o máximo de rigor, e colocam a iluminação comercial cada vez mais como uma ferramenta de marketing imensurável. O conceito de marketing engloba filosofias empresariais específicas e objetivas. A ideia é que metas organizacionais sejam alcançadas através de: - identificação das necessidades e desejos dos mercados-alvo; e - oferecimento das satisfações desejadas de forma mais eficaz e eficiente do que os concorrentes. Segundo Theodore Levitt (1983), há contrastes entre os conceitos de venda e de marketing: Venda - Enfatizar as necessidades do vendedor - Preocupada com a necessidade do vendedor em transformar seu produto em dinheiro. Marketing - Enfatizar as necessidades do comprador - Satisfazer as necessidades do cliente através do produto e de um conjunto de valores associados com a criação, entrega e finalmente seu consumo. Com o desejo de obter diferenciais competitivos, a linha empresarial visando o marketing implica uma nova forma de colocar no mercado produtos e serviços que proporcionem a satisfação dos consumidores e mudem a qualidade de vida da comunidade em geral. Essa nova forma está ligada à satisfação das necessidades dos clientes através da qualidade do produto vendido, do melhor preço estabelecido, da forma diferenciada de tratamento e do conforto encontrado no interior das lojas. Para Kotler (1998), satisfação é um sentimento de prazer ou de desapontamento resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto (ou resultado) em relação às expectativas das pessoas. A construção de relações duradouras se dá através, primordialmente, da satisfação dos clientes, ou seja, quando as pessoas estão totalmente satisfeitas com os produtos ou serviços prestados, elas se sentem envolvidas em algo mais do que uma simples transação comercial. Neste sentido, é importante destacar: [...] os consumidores que estiverem apenas satisfeitos estarão dispostos a mudar quando surgir uma melhor oferta. Os plenamente satisfeitos estarão menos dispostos a mudar. A alta satisfação ou o encanto cria afinidade emocional com a marca, não apenas preferência racional. O resultado é a alta lealdade do consumidor. (KOTLER, 1998, p. 53). As organizações que conseguem aumentar as expectativas dos consumidores, principalmente no que diz respeito à qualidade de produtos ou serviços prestados, na melhoria das condições de atendimento e da exposição de uma excelente estrutura física, estarão com certeza surpreendendo positivamente seus clientes.

4 O esquema de luz adequado compõe diretamente o quadro de um cliente satisfeito. A iluminação de uma loja de bens de consumo não-duráveis, no caso roupas, deve ser excitante e dinâmica para que atinja o equilíbrio desejado entre o que se pretende iluminar e o que não necessariamente precisa ser iluminado. c. Iluminação como decoração Para Cianciardi (2011), ao aproximar a psicologia da decoração, percebemos que "objetos conferem sentidos aos espaços; peças e cores que escolhemos para nossa casa revelam não apenas preferências como características de personalidade e modos de pensar." Não será diferente para as empresas de vestuário que buscarão, consciente ou inconscientemente, expressar os conceitos da marca através do visual e dos objetos que compõem o interior das lojas físicas. O ambiente arquitetônico, além de poli-sensorial, funciona como um forte canal de comunicação. A comunicação está presente em elementos de composição do espaço, como cores, materiais, formas, proporções, iluminação, entre outros. Em conjunto, estes elementos criam uma identidade visual única capaz de ser reconhecida quando repetida em outro ambiente. Isto não significa que os espaços de uma marca sejam sempre iguais. [...] O conhecimento da linguagem arquitetônica permite ao projetista induzir a experiência que o visitante terá dentro do espaço. O profissional contratado, arquiteto ou designer, deverá ser capaz de traduzir os valores e a identidade da marca no ambiente projetado. Mesmo para uma marca pequena é importante que os seus espaços já sejam estrategicamente projetados de acordo com a sua identidade. Um bom projeto diferencia a marca no mercado e demandará menos investimento com a expansão do negócio. (STEHLING, Ana Carolina, 2009). Para que as lojas se destaquem diante dos concorrentes, a criação de ambientes iluminados adequadamente é uma relação diretamente proporcional ao sucesso do comércio de rua. Por meio da iluminação, torna-se possível valorizar objetos, cores, texturas e a criação dos centros de interesse que darão juízo de valor ao produto. O sucesso está ligado a altos índices de vendas e, para alcançá-los, há a necessidade da presença do agente principal: o cliente. Porém, neste tipo de comércio, o cliente comporta-se de forma diferente a cada momento, diante das suas necessidades instantâneas. Por isso, devese haver a criação do ambiente correto visando a exposição dos produtos com uma iluminação adequada nas vitrines, para que o destaque dos produtos atinja diretamente aqueles que andam pela rua, transformando-os em possíveis clientes. Entretanto, ainda que estes sejam atraídos para o interior da loja a partir de uma bela vitrine, a concretização em si das vendas estará diretamente relacionada ao tempo que os clientes permanecerem dentro das lojas, sendo fundamental encontrar maneiras variadas para despertar o interesse, a curiosidade e levar o mesmo a interagir com o interior das lojas e com seus funcionários. Para tal, há a premissa de que deve-se haver um bom investimento em um projeto de iluminação adequado para todos os espaços da loja, pois iluminação é uma ferramenta versátil a qualquer ambiente e com ela podem ser criadas ilusões de espaço e

5 volumetria, onde serão salientados detalhes arquitetônicos e diferentes efeitos decorativos que influenciarão diretamente na experiência sensorial do consumidor. Segundo Blessa (2010), "é preciso criar um design diferenciado e agradável de loja para promover visitas e muitas vendas", de tal sorte que venha a criar sensações e vínculos emocionais com o consumidor. Enfatiza-se ainda que "a maioria das decisões de compra é baseada na necessidade ou emoção e, depois da visão que nos apresenta ao vivo os produtos, o olfato é o sentido que mais provoca emoções". Consumidores estarão reféns da iluminação, pois é ela que vai determinar as sensações e o comportamento das pessoas. Para Alexandre Borin (2014), "a luz de um ambiente representa diretamente o entendimento e sensação que se deseja para determinado lugar, direcionando o comportamento das pessoas ao oferecer sensações boas ou de desconforto. Nesse sentido, a escolha certa do tipo de iluminação do ambiente é fator essencial para o bem-estar das pessoas". Para que haja sinergia nas atividades de exposição de produtos, na fidelidade das cores, nos destaques das texturas e na criação de pontos de interesse, é necessário que o projeto de iluminação tenha sensibilidade para identificar as necessidades do consumidor e traduzir em ambientes bem projetados. Pelo fato de ser vista de forma simples, a iluminação nem sempre é utilizada de forma correta com a finalidade de explorar todo o potencial que ela aflora nos ambientes. Iluminar não é um processo mecânico; nem simplesmente um ato de clarear ou de fazer efeitos. A arte da iluminação criativa parte de uma idéia baseada na peça e no conceito decidido pela equipe de design. Essa é a idéia de luz e sombra e de espaço que envolve o ator e o auxilia a projetar sua história ao público. Entretanto, o designer deve ter uma imagem mental do efeito visual do palco todo, com atores e cenários. Esta imagem deve ser em três dimensões e numa quarta, também no tempo à medida que a luz flui, reflui e muda com o drama. (PILBROW, 2002) Para buscar uma decoração que influencie diretamente em resultados de vendas, existem diversas tecnologias em lâmpadas, equipamentos e luminárias que podem ser intensamente exploradas. Segundo a arquiteta Silvia Bigoni (2007), consultora da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), atualmente, no Brasil, é possível criar concepções de iluminação que visem a eficiência, a funcionalidade e a concepção artística, pois já somos capazes de ter acesso a todas as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de projetos de iluminação inovadores. A iluminação de uma loja está diretamente relacionada à sua arquitetura, decoração e à estratégia de vendas, motivos que cada vez mais levam os profissionais de iluminação a criarem uma verdadeira sinergia com os arquitetos de interiores, com os empreendedores e os demais responsáveis pelo estabelecimento. (BIGONI, Silvia, 2007) A iluminação pode estar inserida em diversos contextos visuais, mas também pode ser a protagonista do ambiente. Ainda segundo a consultora, sem a luz, o espaço simplesmente

6 não existe. Esta afirmativa vem ao encontro do fomento que o lojista, seja ele de qual ramo for, deve voltar sua atenção para o atendimento de algumas premissas importantes, principalmente no sentido de melhorar a imagem da loja, proporcionando assim mais um diferencial frente à concorrência. 3. Aspectos de um projeto luminotécnico Segundo Kaufmann e Christensen (1972), a iluminação geral e difusa cria sombras, e minimiza as formas e volumes. Portanto, desmaterializa o ambiente, reduz a importância de objetos e pessoas e geralmente é tranquilizadora e repousante. Já a iluminação com focos de luz: induz o movimento; separa o importante do sem importância; fixa o olhar; mostra às pessoas o que elas devem olhar; cria interesse; comanda a atenção; organiza; marca o elemento mais importante; cria um senso de espaço e sistematiza a profundidade do ambiente através de uma sequência de centros focados. No caso das lojas, a mercadoria deve ser tratada como elemento mais importante. A iluminação adequada vai tornar a mercadoria mais desejável. Ou seja, os focos de luz devem estar voltados para as roupas, tornando-as mais interessantes e atendendo com facilidade a premissa básica do negócio: vender. Qualquer projeto luminotécnico deve ser elaborado pensando nos centros de interesse que traduzam a identidade da loja pelas suas mercadorias, promovendo contrastes e influenciando o comportamento humano. Cada fase de iluminação deve ser controlada e combinada com diferentes intensidades, a fim de promover sensações e percepções diferentes aos consumidores. Um bom projeto deve aproveitar as oportunidades da arquitetura e decoração para potencializá-las e valorizá-las visualmente, prevendo pontos, cargas, circuitos e controles dedicados a cada solução. Assim, com as informações definidas, inicia-se o desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os ambientes, criando efeitos. O projeto deve ser intensamente discutido com os gerenciadores do negócio, que conhecem o tipo de cliente a ser atendido e os objetivos do empreendimento (GODOY, 2000, p.4). Nas ruas, a luz natural é abundante e suave para os olhos, sendo opcional maximizar seu uso, entretanto para que haja um diferencial nas lojas de vestuário, existe a importância de utilizar luzes pontuais de destaque, criando a impressão que existe uma fonte de luz natural. Segundo a arquiteta Esther Stiller (2009), para cada espaço há uma luz específica. Cada uma delas é responsável pela transmissão de determinada sensação, como, por exemplo, a de tranquilidade, de dinamismo ou de intimidade. Para isso, ainda de acordo com Stiller (2007), projetos de iluminação devem atender a um extenso conjunto de condicionantes: o conforto visual, a saúde e o bem estar psicológico e estético dos usuários, o baixo consumo de energia, a longa vida útil das lâmpadas, a facilidade de manutenção dos equipamentos, entre outros. Ao entender alguns conceitos luminotécnicos, o consumidor saberá a importância de adequar os tipos de iluminação aos espaços e sensações desejadas. Segundo Becker (1985), dependendo do caso, um sistema de iluminação eficiente e bem planejado é aquele que fornece uma quantidade adequada de luz, quando e onde ela é necessária com uma mínima

7 quantidade de energia. Uma iluminação eficiente deve apresentar níveis satisfatórios de luz, com contrastes e equilíbrio uniforme, assim como temperatura de cor adequada com alto IRC (Índice de Reprodução de Cor), além da utilização de equipamentos corretos e que tragam eficiência energética. Além do IRC, tem outros fatores como Fluxo Luminoso, Temperatura de Cor e Eficiência Energética. 4. Consequências da iluminação inadequada Quando a iluminação é insuficiente provoca maior fadiga visual e geral, maior risco de acidentes, menor produtividade e qualidade e o ambiente torna-se psicologicamente negativo. Para Merino (2008), a percepção é influenciada pela cognição: "ver é uma coisa, retirar a informação é outra". O excesso de iluminação que causa o ofuscamento ou a insuficiência de iluminação podem trazer grandes prejuízos para atendimento e manutenção de clientes. A iluminação deve ser bem definida, não somente para atendimento do público externo, mas também do público interno. Um bom sistema de iluminação, com o uso adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de fábrica ou escritório agradável, onde as pessoas trabalham confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes, e reproduzem com maior eficiência. (IIDA, 1993) Para Araujo (1999), "o conforto visual é alcançado quando o observador exerce suas tarefas visuais com facilidade e sem fadiga". Um bom sistema de iluminação com o uso adequado de cores e texturas, criação de contrastes e escolha adequada de lâmpadas e luminárias pode produzir ambientes que promovem o bem estar, resultando em um conforto visual perfeito. (CENTENO, 2012) De acordo com Oliveira (2008), a iluminação deficiente em um ponto de venda é um erro cometido por muitos lojistas. O autor enumera outros erros que tem uma relação direta com um projeto de interiores: 1) descuidar da vitrine; 2) não ficar atento ao conforto ambiental; 3) layout inadequado e; 4) não modernizar regularmente a imagem da empresa. É desagradável entrar numa loja que se encontra em ambiente de autêntica penumbra. É, certamente, uma péssima primeira impressão. Também o será se, ao entrar, o cliente tiver a sensação que levou com um flash nos olhos, tal a intensidade da luz. No equilíbrio está a virtude, e esse equilíbrio será diferente em cada caso e para cada tipo de produtos ou serviços que se pretende vender. (OLIVEIRA, 2008) O projeto luminotécnico deve ser concebido para toda a loja e não somente para destaque de determinados ambientes. O sucesso na criação do conforto luminoso demanda um equilíbrio criterioso entre as várias fontes de luz e os conhecimentos dos seus efeitos que podem ser conseguidos com controles e direcionamento, pensando na eficácia do que quer ser iluminado

8 e o que não precisa ser iluminado, incorporando o conforto visual como um requisito nas escolhas de iluminações eficazes. Existe uma série de fatores a serem considerados para que se tenha um local de trabalho adequadamente iluminado, entre tais fatores destacam-se: tipo de lâmpada e de luminária, quantidade de luminária, distribuição e localização das luminárias, manutenção, cores adequadas, variação brusca do nível de iluminamento e idade do trabalhador. (ASTETE; GIAMPAOLI; ZIDAN, 1993). O projeto de iluminação de um estabelecimento deve ser o responsável pela grande protagonizada do ambiente, tanto no sentido de explorar as emoções e percepções, bem como em culminar com o bem estar de todos que ali estão, tanto o público interno que necessita diariamente está bem disposto para executar seu serviço, como também atrair o público externo para que, não somente compre um vez, mas sinta que quer voltar outras vezes. O requisito da boa iluminação é trabalhar com a qualidade da luz, mas não é só a luz correta, que atende a normas, porque isso não significa necessariamente boa iluminação. Também não é só criar efeitos de luz e ambientes dramáticos. O objetivo é criar espaços bem iluminados, em que podemos enxergar os objetos, realizar bem as tarefas e que nos proporcione bem-estar. (SENZI, 2008) 5. A economia e a eficiência da iluminação O consumo nacional de energia elétrica, divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), fechou 2013 com elevação de 3,5% sobre o ano de 2012, totalizando 463,7 mil gigawatts-hora. Os setores de comércio e serviços apresentaram a segunda maior elevação do ano, sendo que o Sudeste é responsável por metade do incremento no ano. A crise energética que vivemos atualmente levou as pessoas a se preocuparem com a racionalização e melhor utilização da energia elétrica. Esta é uma grande preocupação para as lojas de vestuário que ficam 24 horas com as luzes acesas a maior parte do tempo. Os dados apresentados no "Guia Prático Philips" (2009) revela que a iluminação é responsável por consumir 19% (dezenove por cento) da energia produzida no mundo e grande parte das instalações de iluminação do planeta utiliza tecnologias antigas e pouco eficientes, enfatizando ainda que investir em sistemas de iluminação mais eficientes ajuda a reduzir o consumo de energia de maneira significativa, a economizar dinheiro e a preservar o meio ambiente. Para Rodrigues (2002), os sistemas de iluminação encontram-se fora dos padrões técnicos adequados, apresentando como problemas mais frequentes: iluminação em excesso; falta de aproveitamento da luz natural; uso de equipamentos com baixa eficiência luminosa; falta de interruptores; ausência de manutenção; hábitos inadequados de uso.

9 Algumas mudanças de hábitos e a concretização de projetos luminotécnicos adequados podem causar grandes avanços no combate ao desperdício de energia. No caso, um projeto de iluminação eficiente deve contemplar requisitos como: utilizar somente as lâmpadas desejadas com a utilização de circuitos de iluminação diferentes; projetar a iluminação artificial com base em cálculos reais para cada ambiente; combinação de iluminação natural com artificial; boas condições de visibilidade; boa reprodução de cores; economia de energia elétrica; facilidade e menores custos de manutenção. Para Silva (2009), alguns aspectos técnicos devem ser observados ao projetar a iluminação a determinados ambientes. Para a quantidade de luz adequada, são feitos inúmeros cálculos e utilizados softwares, mas, na prática, o resultado se distancia e muito de números e fórmulas, chegando ao conceito de que luz também é emoção. Ao analisar outros aspectos, o especialista chega a formulação da luz razão e da luz emoção, que ao se entrelaçarem em um bom projeto, permitem que a iluminação não seja pensada apenas em sinergia com aspectos concretos da obra, como paredes e portas, mas sim para seus usuários, que são imbuídos de emoções. 6. Metodologia A pesquisa apresentada neste estudo de campo é considerada uma pesquisa aplicada, pois tem o objetivo de gerar conhecimentos atrás da aplicação prática, segundo os conceitos e critérios de delimitação de estudos científicos expostos por Marconi e Lakatos (1995). O objetivo no final do processo é solucionar problemas específicos. A abordagem de um problema é de caráter qualitativo, porque não necessitam de métodos e técnicas estatísticas e, principalmente por ser um estudo no qual o ambiente natural é a principal fonte para coletar os dados. Além disso, utilizo o conceito de pesquisador como instrumento chave, que traduzirá os dados em conclusões, a fim de obter uma concepção teórica a respeito do problema. Numa época com grande quantidade de informações e convergências de diversas funções com o surgimento dos profissionais multifunção, o especialista em iluminação fica, por muitas vezes, desconhecido, sendo substituído por arquitetos ou, em grande parte, até mesmo por eletricistas. Para Stiller (2002), o melhor momento para que o especialista em iluminação entre no projeto é na concepção, pois "o projeto de iluminação faz parte da concepção do espaço". Ainda garante que se chamados tardiamente, o único trabalho que é possível realizar é o de consultoria, pois para que o projeto seja bem feito deve ser começado no anteprojeto. O objetivo geral deste trabalho foi identificar se a iluminação das lojas de vestuário na Avenida Nossa Senhora de Copacabana no bairro de Copacabana na cidade do Rio de foi executada visando o conforto luminoso e se, de fato, o projeto foi executado por profissional de iluminação.

10 A pesquisa exploratória foi o principal método para que fosse feita uma ampla investigação da problemática explorada neste artigo. O trabalho envolveu uma extensa pesquisa bibliográfica em livros, sites, revistas, e uma pesquisa descritiva com levantamento e coleta de dados. Segundo Andrade (2003), a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo trabalho científico. Para a autora, é facilitar a delimitação de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir um novo tipo de enfoque para trabalho que se tem em mente. Estes métodos tem por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais. Mais especificamente, visam fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está sendo investigada. (GIL, 1995). Os dados coletados a partir das pesquisas aplicadas foram traduzidos em um questionário com doze perguntas que, posteriormente, foram levadas aos empresários e gerentes de treze lojas de vestuário, aos quais foram submetidos a entrevistas. As perguntas permitiam explorar se as pessoas que estavam no comando das lojas tinham ciência dos benefícios que um projeto luminotécnico traria. Para isto, as respostas evidenciariam os ambientes mais relevantes para receber uma iluminação correta; se a eficiência energética estava em foco; se havia o conhecimento da qualificação do especialista para orientar na melhor escolha dos equipamentos de iluminação e na ordem de importância da iluminação de uma loja. Ao entrevistar estes profissionais que comandam as lojas de roupa da avenida, o objetivo maior foi investigar diversos aspectos e construir num panorama da atual situação dos profissionais de iluminação no mercado de trabalho, considerando que seria natural que o mesmo fosse amplamente conhecido como o principal responsável pela elaboração dos projetos de iluminação, diante da dimensão da cidade do Rio de e da presença de milhares de especializações que existem pela capital. Segundo Kahn e Cannel (apud MINAYO, 1992) a entrevista é definida como uma conversa a dois, feita por iniciativa do entrevistador, destinada a fornecer informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e entrada pelo entrevistador em temas igualmente pertinentes com vistas a este objetivo. No que se refere a pesquisa descritiva que também será utilizada, Samara e Barros (2002) defendem que "a mesma busca descrever situações do mercado através de dados primários coletados em entrevistas pessoais ou discussões de grupo". A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. [...] Procura descobrir, com a precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. [...] desenvolve-se, principalmente, nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 66). 7. Resultados encontrados

11 Das trezes lojas entrevistadas, todas afirmaram saber da importância que a iluminação de uma loja tem, confirmando neste estudo que a iluminação é um arma fundamental para o sucesso dos empreendimentos. Isto vem ao encontro da colocação de citações expostas neste estudo, que ratificam a iluminação como item essencial para o equilíbrio e harmonia dos espaços, além de ser o fator determinante para adicionar toques de mágica a qualquer ambiente, bem como dar volumetria e destacar pontos importantes para, não apenas tomada de decisões dos clientes, mas também para trazer bem estar social de todas, incluindo funcionários. Questionados sobre a satisfação com a iluminação de sua loja, três entrevistados responderam que não estão satisfeitos. Nove responderam estar "satisfeitos" com a iluminação, porém, apenas uma loja afirmou estar "muito satisfeito". Entretanto, em todas as trezes lojas, os projetos que vigoram atualmente nas lojas não foram executados por profissional habilitado. Nesse ponto, há o forte indicador que o profissional de iluminação tem um nicho preparado para absorver a sua atuação. Ainda neste sentido, os entrevistados sinalizaram o total interesse em executar um novo projeto, caso soubessem das funções e benefícios que um projeto luminotécnico traria, como, por exemplo, a percepção positiva dos clientes ao ter um projeto luminotécnico de contrastes com uma iluminação uniforme que vise o conforto. No questionamento sobre qual ambiente o entrevistado investiria com projetos de iluminação, percebemos que a maioria se preocupa com a iluminação geral da loja. Além disso, todos sabem da necessidade de uma iluminação específica nos mostruários, na vitrine, no provador, na fachada, porém desconhecem os motivos da importância e os efeitos que uma iluminação pontual pode proporcionar. O questionamento acerca da economia de energia mostrou que é unânime a preocupação com esta questão de grande apelo social. Alguns sinalizaram o interesse em investir futuramente em boas soluções de iluminação, pois por enquanto apenas optam pelas ações mais simples e difundidas, como deixar algumas luzes apagadas durante o dia, apenas acendendo ao anoitecer ou nas roupas lançamentos. Outras empresas sinalizaram a vontade de contratar um arquiteto para ajudá-los nesta questão que julgam de importância imediata, já que esta afeta diretamente na questão financeira. Quando questionados acerca da contratação de um projeto luminotécnico, apenas uma das lojas está iniciando um projeto específico de iluminação com características próprias. Entretanto, neste caso o projeto será executado por um arquiteto da empresa, e não por um profissional de iluminação. Sobre o questionamento da compra dos produtos de iluminação das lojas, a grande maioria foi por indicação do profissional arquiteto, mas, em três lojas, foram indicações das próprias empresas que vendiam os equipamentos, visando apenas o fator estético, sem nenhum informação sobre benefícios que trariam de redução de energia. Duas lojas afirmaram ter analisado a relação custo x benefício do produto antes de adquiri-los. Houve unanimidade dos entrevistados com a preocupação em manter sua loja atualizada, modernizada, visando a conquista de mais clientes, agregação de valor e valorização da loja. No questionamento de qual recurso é utilizado para atrair as pessoas que passam pela loja durante o período da noite, a grande maioria dos entrevistados apontam a vitrine como principal atrativo.

12 A vitrine é a área de maior ponto de interesse para exposição dos produtos de uma loja, nela está refletida a proposta da loja, o estilo, a isca para que o cliente adentre a loja. A vitrine é considerada o cartão de visita de uma loja e, para isto, as vitrines precisam estar com uma iluminação adequada para envolverem o cliente e estimulares ações cerebrais que os façam entrar na loja. A vitrine deve ser transformada num permanente convite. Colocar uma espécie de cada um dos produtos, num amontoado confuso, é um erro muito comum. A vitrine não é um catálogo. Pense como se fosse um consumidor: uma vitrine clara, em que se perceba o que é vendido com duas ou três mensagens claras como os de promoção, novidade, exclusivo, por exemplo. (OLIVEIRA, 2008) Para Blessa (2001), através da vitrine, "[...] a loja faz uma declaração clara a respeito de público que pretende atingir". Para a grande maioria dos entrevistados, a loja se destaca das demais devido a sua iluminação, mas não acham que isto tenha a ver com destaque ou o chamado diferencial competitivo. A boa iluminação é responsável por clarear o ambiente, destacar mercadorias, decorar espaços especiais e acompanhar o estilo e a personalidade da loja. Além de transmitir uma sensação de limpeza, ambientes bem iluminados tornam-se agradáveis, atraindo o consumidor. A iluminação destaca partes atrativas da loja e disfarça partes visualmente desagradáveis que não podem ser mudadas. (BLESSA, 2001, p. 48). Perguntados sobre o conhecimento da existência de um profissional especializado em iluminação, a grande maioria desconhece a existência do mesmo. Alguns ainda acham que o profissional responsável pelo projeto de iluminação são as lojas que vendem os produtos; outros acreditam que quem tem esta responsabilidade é o eletricista ou o próprio arquiteto. Nenhum das lojas questionadas sabia da existência do profissional Lighting Designer, entretanto todos os entrevistados concordaram que contratariam tal especialista visando um diferencial a mais em relação aos concorrentes. Ser lighting designer é construir arquitetura com luz; poder contribuir para valorizar qualidades essenciais dos ambientes internos e urbanos; proporcionar conforto e bem estar para as pessoas nos diversos cenários da vida, porque luz, assim como a própria arquitetura, nada mais é que a conjunção entre técnica e arte. (ESTEVES; TORRES; CHAMIXAES, 2011). 8. Conclusão A partir do estudo, foi possível concluir que numa cidade com grande contingente populacional como é o Rio de e, neste recorte específico da avenida de um dos bairros mais movimentados da zona sul, é perceptível a falta de conhecimento das pessoas ligadas ao comércio sobre a importância e a relação direta entre uma iluminação adequada e o negócio bem sucedido. Além disso, muitos não tinham o conhecimento da existência de um

13 especialista em iluminação, que pudesse trabalhar os benefícios de uma maneira mais eficiente e eficaz. Na prática, a maioria dos lojistas recorrem a contratação clássica de um profissional específico, como um arquiteto, e esperam que este execute todos os serviços relacionados às obras do estabelecimento, inclusive em áreas que demandam uma especialização que não é o caso destes profissionais. Outro ponto de conclusão a partir das entrevistas é que hoje há uma grande preocupação com o fator de consumo energético. Porém, ainda é uma preocupação incipiente ou influenciada pelos meios de comunicação e pelo fator financeiro. Os empresários ou seus gerentes não sabem tomar decisões que venham ao encontro da economia de energia desejada e de acordo com o bem estar do meio ambiente. Alguns recorrem diretamente ao bom e conhecido eletricista, mas sem se atentar para o fato de que com um bom projeto de iluminação, feito por um especialista no assunto e utilizando boas soluções e bons produtos, seus ganhos reais seriam mais significativos e mais concretos. Os dados obtidos por meio deste estudo reforçam que a iluminação tem uma ação transformadora, tanto nos espaços como nas pessoas, e também atua como consequência do sucesso e dos altos índices de um empreendimento. Este trabalho de iluminação em lojas é bastante especifico, visto os diversos aspectos que devem ser experienciados através da luz ideal para os ambientes e, por isso, deve ser executado por profissionais experientes, para que não haja o risco de se obter um resultado oposto ao esperado. A melhor parte deste trabalho foi a indicação de que os empresários darão abertura para conhecer o trabalho dos projetistas de iluminação, gerando boas perspectivas para todos estes profissionais e tornando o mercado mais diversificado, com a possibilidade de novos investimentos. Com este estudo, abre-se um novo leque de opções para que haja divulgação do trabalho dos profissionais de iluminação, ampliando o assunto para um maior número de pessoas saberem o que fazem e para que haja uma maior valorização do trabalho especializado. A iluminação torna-se, cada vez mais, uma poderosa e indispensável ferramenta de comunicação visual e marketing se for bem utilizada pelos lojistas. Para tanto, os mesmos devem recorrer aos profissionais de iluminação para auxiliar com a elaboração e execução do projeto aderente ao perfil peculiar de cada estabelecimento. 9. Referências bibliográficas ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. ARAUJO, A.P.R. O conforto ambiental no planejamento da qualidade dos ambientes escolares: estudo de caso do Colégio Sagrado Coração de Maria. Rio de : FAU/UFRJ, 1999. (Dissertação de Mestrado) ASTETE, M. W.; GIAMPAOLI, E.; ZIDAN, L. N. Riscos físicos. São Paulo: Fundacentro, 1993.

14 BECKER, C. E. The New IEEE Standard 739: Energy Conservation and Cost Effective Planning in Industrial Facilities. Industry Applications, IEEE Transactions, 1985. BIGONI, Silvia. A importância da iluminação como suporte de vendas. Artigo disponível em: <http://paulooliveira.wordpress.com.br/2007/04/11/a-importancia-da-iluminaçao-comosuporte-de-vendas/>. Acesso em 01 de setembro de 2014. BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto-de-Venda. 5ªed. São Paulo: Atlas, 2010. BORIN, Alexandre. A iluminação ideal para cada tipo de ambiente. Artigo Técnico. Disponível em: <www.jornaldainstalacao.com.br/img/artigos/lg.pdf.>. Acesso em 3 de setembro de 2014. BRONDANI, Sergio Antônio. A percepção da luz artificial no interior de ambientes edificados. Florianópolis. Tese de Doutorado, 2006. CENTENO, Mirela. Conforto Visual: Iluminação. Reportagem disponível em: <http://www.cliquearquitetura.com.br/portal/dicas/view/conforto-visual-iluminacao/35>. Acesso em 19 de agosto de 2014. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CIANCARDI, Glaucus. Psicologia para decoração. Reportagem disponível em: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/psicologia_para_decoracao.html>. Acesso em 31 de agosto de 2014. ESTEVES, Beatriz; TORRES, Cláudia e CHAMIXAES, Márcia. Ser lighting designer. Revista Lume Arquitetura. De Maio Comunicação e Editora Ltda. São Paulo, n. 51, p.50, 2011. FRANCO, Gilberto. Iluminação Residencial. Artigo disponível em <http://www.tokstok.com.br/app?page=mostrajeito&service=page&ps4,41,51292,51295> GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1995. GODOY, P.; STILLER, E. Técnica, experiência e criatividade interagem no design de iluminação. São Paulo: Projeto Design, 2000. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blucher Ltda, 1993. KAUFMANN, J.E.; CHRISTENSEN, J.F. IES Lighting Handbook. 5ª edição. USA. Illuminating Engineering Society, 1972.

15 KOTLER, Philip. Administração de marketing. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1998 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 1995. LEVITT, Theodore. A imaginação do marketing. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1990. MERINO, Eugênio. Ergonomia. Santa Catarina: Núcleo de Gestão de Design, 2008. Artigo disponível em: <http://ngd.ufsc.br/ftp/ergo/ergo_ap.pdf>. Acesso em 25 de agosto de 2014. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1992. OLIVEIRA, José Carmo Vieira de. 10 Erros em um Ponto de Venda. Artigo. 19/11/2008. Disponível em: <http://empreendedorismoms.wordpress.com/2008/11/19/10-erros-em-umponto-de-venda>. Acesso em 01 de setembro de 2014. PILBROW, Richard. Stage lighting design: the art, the craft, the life. New York: Design Press, 2002. RODRIGUES, Pierre. Manual de Iluminação Eficiente. PROCEL, 2002. SAMARA, Beatriz Santos; BARROS, José Carlos. Pesquisa de Marketing: conceitos e metodologia. 3.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SENZI, N. Projetos de iluminação requerem técnica e arte. São Paulo: Projeto Design, 2004. SILVA, Mauri Luiz da. Muito Mais que um Cálculo. Artigo publicado em 30 de julho de 2007. Disponível em: <http://www.edlumiere.com.br/ver_artigo.php?id=108>. STEHLING, Ana Carolina. Espaços de Marca. Artigo disponível em: <http://plancheblog.blogspot.com.br/2009/08/brand-spaces-espacos-de-marca.html>. Acesso em 28 de agosto de 2014. STILLER, Esther. Iluminação adequada para os ambientes da casa. Entrevista para O Globo, disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/imoveis/iluminacao-adequadapara-os-ambientes-da-casa-3116064>. Acesso em 3 de setembro de 2014. STILLER, Esther. Entrevista com Esther Stiller para Projeto Design. Disponível em: <http://arcoweb.com.br/projetodesign/lighting_design/esther-stiller-a-luz-13-09-2002>. Acesso em 24 de agosto de 2014.

16 9.1. Sites Consultados www.lighting.philips.com.br/pwc_li/.../guiabolso_sistema_09_final.pdf www.lumearquitetura.com.br 9.2. Anexo - Questionário aplicado

17 A IMPORTÂNCIA DA ILUMINAÇÃO NAS LOJAS DE ROUPAS DA AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA - RIO DE JANEIRO NOME DA LOJA: 1) A ILUMINAÇÃO ADEQUADA FOI UM FATOR IMPORTANTE NA ABERTURA DA SUA LOJA? A) MUITO IMPORTANTE B) IMPORTANTE SE FOI IMPORTANTE, 1.1) POR QUÊ? A) PARA DAR DESTAQUE AO PRODUTO B) PARA VENDER MAIS C) PARA VALORIZAR A LOJA E) OUTRO: 2) ESTÁ SATISFEITO COM A ILUMINAÇÃO DA SUA LOJA? A) MUITO SATISFEITO B) SATISFEITO C) NÃO D) INDIFERENTE 3) EM QUAL DESTES AMBIENTES VOCÊ INVESTIRIA NUM PROJETO LUMINOTÉCNICO? ( ) PROVADOR ( ) VITRINE ( ) LOGOMARCA ( ) FACHADA ( ) GERAL 4) VOCÊ SE PREOCUPA COM A ECONOMIA DE ENERGIA? A) SIM B) NÃO C) UM POUCO 4.1) O QUE É FEITO PARA ECONOMIZAR ENERGIA? A) DEIXAR AS LUZES APAGADAS B) INVESTIR EM BOAS SOLUÇÕES DE ILUMINAÇÃO C) CONTRATAR UM ESPECIALISTA EM ILUMINAÇÃO D) CONTRATAR UM BOM ELETRICISTA E) CONTRATAR UM ARQUITETO 5) NO SEU ESTABELECIMENTO FOI CONTRATADO UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO ESPECÍFICO OU ALGUM SIMILAR? A) SIM B) NÃO C) PARCIALMENTE SE SIM OU PARCIALMENTE, 5.1) QUEM FEZ? 5.2) QUANDO? 5.3)POR QUÊ? 5.4) QUANTO TEMPO DE EXECUÇÃO?

18 5.5)O PROJETO LUMINOTÉCNICO FOI FEITO POR PROFISSIONAL? A) SIM B) NÃO SE SIM, 5.5.1) NOME DO PROFISSIONAL/EMPRESA 5.5.2) POR QUE A ESCOLHA? A) AMIGO B) INDICAÇÃO C) É UM BOM PROFISSIONAL D) É CONHECIDO E) POR SER O ÚNICO DISPONÍVEL F) OUTRO: 6) QUANDO COMPROU OS MATERIAIS/EQUIPAMENTOS DE ILUMINAÇÃO QUAL FOI A PRINCIPAL PREOCUPAÇÃO? A) INDICAÇÃO DO PROFISSIONAL B) INDICAÇÃO DA LOJA C) SÃO BONITOS D) SÃO BARATOS E) SÃO ECONÔMICOS F) RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO G) OUTRO: 7) VOCÊ SE PREOCUPA EM SEMPRE MANTER SUA LOJA ATUALIZADA, MODERNIZADA A FIM DE TORNÁ-LA ATRAENTE AOS CLIENTES? A) SIM B) NÃO C) INDIFERENTE 8) ENUMERE QUAL A ORDEM DE IMPORTÂNCIA COM RELAÇÃO À ILUMINAÇÃO DE UMA LOJA? ( ) VITRINE ( ) GERAL ( ) FACHADA ( ) PROVADOR ( ) NÃO SEI 9) QUAL RECURSO É UTILIZADO PARA ATRAIR AS PESSOAS QUE PASSAM À NOITE? A) FACHADA B) VITRINE C) INTERIOR DA LOJA D) PEÇA EM DESTAQUE E) OUTRO: 10) VOCÊ ACHA QUE SUA LOJA SE DESTACA DEVIDO A ILUMINAÇÃO? A) SIM B) NÃO C) UM POUCO D) NÃO SEI

19 11) VOCÊ TEM CONHECIMENTO DA EXISTÊNCIA DE PROFISSIONAIS ESPECÍFICOS PARA FAZER PROJETOS DE ILUMINAÇÃO? A) SIM B) NÃO 11.1) CITE OS PROFISSIONAIS QUE CONHECE 12) VOCÊ FARIA UM PROJETO DE ILUMINAÇÃO POR SABER DOS BENEFÍCIOS E DA VIABILIDADE QUE ELE TRARIA PARA A SUA LOJA? A) SIM B) NÃO C) TALVEZ 12.1) POR QUÊ?