Profilaxia antibiótica e a osseointegração do implante dental



Documentos relacionados
16/03/12 INTRODUÇÃO OBJETIVO MATERIAL E MÉTODOS MATERIAL E MÉTODOS

Como a palavra mesmo sugere, osteointegração é fazer parte de, ou harmônico com os tecidos biológicos.

2 REVISÃO DA LITERATURA

COMPOSIÇÃO DISTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA PROT* 24% CH** 53% LIP*** 23% RECOMENDAÇÃO

Uso correcto dos antibióticos

Nota Técnica: Prevenção da infecção neonatal pelo Streptococcus agalactiae (Estreptococo Grupo B ou GBS)

Implantes Dentários. Qualquer paciente pode receber implantes?

Tradução: Regina Figueiredo REDE CE ww.redece.org

Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata

Sobre o tromboembolismo venoso (TVE)

UNIDADE DE PESQUISA CLÍNICA Centro de Medicina Reprodutiva Dr Carlos Isaia Filho Ltda.

PREVENÇÃO DE INFECÇÃO EM SÍTIO CIRÚRGICO (ISC)

Mudanças no sistema de tratamento da tuberculose do Brasil Perguntas e respostas freqüentes TRATAMENTO

TEMA: Octreotida LAR no tratamento de tumor neuroendócrino

1. Da Comunicação de Segurança publicada pela Food and Drug Administration FDA.

Passos para a prática de MBE Elaboração de uma pergunta clínica Passos para a prática de MBE

A PROFILAXIA ANTIBIÓTICA DE CURTA DURAÇÃO NA CIRURGIA DE INSTALAÇÃO DE IMPLANTES DENTÁRIOS OSSEOINTEGRADOS

DoctorClean Controle de Infecção Hospitalar

Pedro e Lucas estão sendo tratados com. Profilaxia

A consulta foi analisada pela Câmara Técnica de Oftalmologia do CFM, que emitiu seu parecer, o qual adoto na íntegra:

A influência do cuidado préoperatório. para prevenir infecções. Antonio Tadeu Fernandes (total ausência de conflito de interesses)

Diretrizes Assistenciais

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

Drª Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias Infectologista Presidente da Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar 27/09/2013

A desigualdade de renda parou de cair? (Parte I)

Ensaios Clínicos. Alexander R. Precioso

Carga imediata de arco oclusal pleno com implantes Seven e Mistral

Diretrizes Assistenciais PREVENÇÃO DA DOENÇA ESTREPTOCÓCICA NEONATAL

PLANO DE AÇÃO Prevenção da Disseminação de Enterobactérias Resistentes a Carbapenens (ERC) no HIAE. Serviço de Controle de Infecção Hospitalar

Fique atento ao abuso de antibióticos na pediatria

disponibilidade do proprietário. Em geral, a melhor forma de profilaxia consiste na escovação dentária diária em animais de pequeno porte e, três

UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PATRICIA SPADA GIMENEZ

Revisões Sistemáticas na Biblioteca Virtual em Saúde. Verônica Abdala BIREME/OPAS/OMS

Capítulo 1. Introdução a Cochrane. Nome é homenagem ao epidemiologista Archie Cochrane

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO COMISSÃO DE EXAMES DE RESIDÊNCIA MÉDICA. Nome do Candidato Caderno de Prova 28, PROVA DISSERTATIVA

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA DA SAÚDE CESAU ORIENTAÇÃO TÉCNICA N.º 064 / CESAU

Estudos Epidemiológicos. José de Lima Oliveira Júnior

A SEGUIR ALGUMAS DICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO CIENTÍFICO


Cranberry. Tratamento e prevenção infecção urinária

Utilização da crista ilíaca nas reconstruções ósseas da cavidade oral. Relato de caso

PASSOS PARA A PRÁTICA DE MBE. ELABORAÇÃO DE UMA PERGUNTA CLÍNICA André Sasse sasse@cevon.com.br PASSOS PARA A PRÁTICA DE MBE ELABORAÇÃO DA PERGUNTA

Objetivo: O objetivo deste trabalho é estabelecer diretrizes baseadas em evidências científicas para Cirurgia Refrativa.

Qualidade de vida com implantes dentários 1

USO PRÁTICO DOS INDICADORES DE IRAS: SUBSIDIANDO O TRABALHO DA CCIH HOSPITAIS COM UTI

07/08/2007 ECONOMIA: A CIÊNCIA DA ESCASSEZ NEM SEMPRE MAIS É MELHOR MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS E FARMACOECONOMIA

TESTES RÁPIDOS: CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA SEU USO COM ÊNFASE NA INDICAÇÃO DE TERAPIA ANTI-RETROVIRAL EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

Anexo II. Conclusões científicas e fundamentos para a recusa apresentados pela Agência Europeia de Medicamentos

RESPOSTA RÁPIDA 435/2014

MANUAL DO ASSOCIADO. Plano Empresarial. A solução definitiva em odontologia

Prof.: Luiz Fernando Alves de Castro

Pesquisa sobre Segurança do Paciente em Hospitais (HSOPSC)

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

ANTIBIOTICOTERAPIA EM OBSTETRÍCIA

TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA em ODONTOPEDIATRIA SANDRA ECHEVERRIA

RASTREAMENTO (Screening)

Journal of Thoracic Oncology Volume 3, Number 12, December 2008

Indicações e Cuidados Transfusionais com o Paciente Idoso

Prof Dr.Avelino Veit Mestre Ortodontia Doutor Implantodontia Fundador projetos socio-ambientais Natal Azul e Salve o Planeta Azul

BIOESTATÍSTICA: ARMADILHAS E COMO EVITÁ-LAS

CHEK LIST CIRURGIA SEGURA SALVA VIDAS/ LATERALIDADE

INSPEÇÃO BASEADA EM RISCO SEGUNDO API 581 APLICAÇÃO DO API-RBI SOFTWARE

Autoria: Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Associação Médica Brasileira e Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa (ABCCR).

MAMOPLASTIA REDUTORA E MASTOPEXIA

CIRURGIA DO NARIZ (RINOPLASTIA)

ACOMPANHAMENTO DA PUÉRPERA HIV* Recomendações do Ministério da Saúde Transcrito por Marília da Glória Martins

Frio ou gripe? Nao, aos antibióticos!

Comitê de Ética em Pesquisa - tel:

Gaudencio Barbosa R4 CCP HUWC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Aliança para um Futuro Livre de Cárie

Guião para a Organização de Projetos de Melhoria Contínua da Qualidade dos Cuidados de Enfermagem

Resultados dos Algoritmos dos Estudos de Fibrilação Atrial

Gerenciamento de Problemas

GLOSSÁRIO ESTATÍSTICO. Este glossário apresenta os termos mais significativos das tabelas do Relatório Estatístico Mensal.

Élsio Paiva Nº 11 Rui Gomes Nº 20 Tiago Santos Nº21. Disciplina : Área de Projecto Professora : Sandra Vitória Escola Básica e Secundária de Fajões

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

Abordagem da reestenosee. Renato Sanchez Antonio

RESPOSTA RÁPIDA 396/2013 Naprix, Vastarel, Lasix, Carvedilol, Atorvastatina, Aspirina

HPV = human papillomavirus ou papillomavirus humano; É um tipo de vírus que ataca o tecido epitelial humano (Cutts et Al, 2007; Soper, 2006);

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

TEMA: Temozolomida para tratamento de glioblastoma multiforme

TEMA: Uso de Insulina Humalog ou Novorapid (aspart) ou Apidra (glulisina) no tratamento do diabetes mellitus

Observação como técnica de coleta de dados

COMUNICADO DE RISCO N 001/ GVIMS/GGTES/SSNVS/ANVISA

PROFILAXIA CIRÚRGICA. Valquíria Alves

Pesquisador em Saúde Pública. Prova Discursiva INSTRUÇÕES

Os efeitos do controle farmacológico no comportamento futuro de pacientes menores de três anos no consultório odontológico

Implante de Silicone nos Seios. 8 Questões frequentes

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO PROCESSO SELETIVO 2013 Nome: PARTE 1 BIOESTATÍSTICA, BIOÉTICA E METODOLOGIA

2. Quais os objetivos do Programa Nacional de Segurança do Paciente?

RESPOSTA RÁPIDA /2014

O uso do substituto ósseo xenogênico em bloco OrthoGen em procedimento de enxertia intraoral. Avaliação clínica e histológica.

Qual o estado atual das reabilitações de maxilas atróficas com osseointegração?

POLÍTICA DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIO E QUEIMADURAS EM CIRURGIA

A Meta-Analytic Review of Psychosocial Interventions for Substance Use Disorders

Transcrição:

1 Profilaxia antibiótica e a osseointegração do implante dental ÍNDICE: Página 1 Introdução 2 2 Antibióticos 2 3 Revisão de Literatura 3 4 Discussão 6 5 Conclusão 7 6 Referências Bibliográficas 8

2 Introdução O resultado de cicatrização pós-cirúrgica no implante dental nem sempre é previsível. Faltam informações baseadas em evidências acerca dos cuidados pré e pós-operatórios em implantodontia, e do seu impacto na osseointegração do implante. É de conhecimento geral que a prevenção de um processo infeccioso é uma condição básica para que o cirurgião obtenha sucesso na intervenção. Qualquer protocolo que vise prevenir infecções pós-cirúrgicas deve ser iniciado pelo cuidadoso preparo da cavidade bucal para a execução do procedimento cirúrgico, reduzindo drasticamente a possibilidade da invasão bacteriana para dentro dos tecidos. Entretanto, o papel desempenhado pelo uso do antibiótico profilático nesta circunstancia é ainda motivo de discussão. O uso de antibiótico aumentará o sucesso da osseointegração do implante dental? Será custo-efetivo em relação a taxa de perda precoce e ou tardia do implante? Em que circunstâncias ele será indicado? Seu uso incorrerá em toxicidade e ou risco inaceitável ao paciente? O objetivo deste trabalho é tentar definir, por meio de revisão da literatura científica disponível, qual o definitivo papel da profilaxia antibiótica osseointegração do implante dental. Antibióticos Existem dois tipos de antimicrobianos, os bactericidas e os bacteriostáticos. Basicamente, enquanto os primeiros matam os microorganismos, os outros somente inibem o crescimento destes. Caso realmente se precise utilizar um antibacteriano, o clínico deve sempre lembrar que o fármaco ideal deve apresentar alta toxicidade seletiva, isto é, deve ser tóxico ou letal para microorganismos e

3 inócuo para as células do hospedeiro. Deve-se também preferir fármacos bactericidas, que exigem menos dos mecanismos de defesa, menor tempo para debelar a infecção e apresentam maior efetividade sobre patologias onde existe a necessidade de debelar todo o agente infeccioso. Dos antibacterianos utilizados em odontologia, sem dúvida, as penicilinas são os que melhor se enquadram neste conceito. É importante salientar, entretanto, que os antimicrobianos são capazes de aniquilar uma grande quantidade de diferentes microorganismos, mas são incapazes de esterilizar a cavidade bucal. Desta forma, ocorre seleção das cepas resistentes ao antibiótico. O número de bactérias resistentes e potencialmente virulentas vem crescendo de maneira exponencial, principalmente devido ao mau uso dos antimicrobianos. Revisão da Literatura Foram revisados os principais estudos, realizados entre 1998 e 2010, cujo objetivo foi definir o papel da profilaxia antibiótica em Implantodontia. Em 1998, Larry J. Peterson publicou estudo retrospectivo comparando a evolução dos implantes dentários com em sem profilaxia antibiótica. O grupo teste (147 pacientes) recebeu profilaxia com penicilina uma hora antes da cirurgia seguido por 1g a cada oito horas durante dez dias de pós-operatório. O grupo controle (132 pacientes) não recebeu antibiótico. Não houve diferença em relação à taxa de infecção precoce e tardia bem como em relação à sobrevida do implante. Desta forma, o tratamento antibiótico prolongado não fornece nenhuma proteção adicional e tanto pode aumentar a freqüência de complicações quanto levar à seleção de bactérias resistentes.

4 Segundo o autor, o uso de antibióticos profiláticos em cirurgia é indicado apenas para pacientes com risco de endocardite infecciosa e pacientes com resposta imune inadequada, e só nas seguintes situações: (1) quando a cirurgia é realizada em um sítio infectado, (2) quando a cirurgia é extensa, envolve mucosas e membranas, e tem duração maior que 2 horas, ou (3) quando grandes materiais estranhos são implantados. Ainda em 1998, foi publicada revisão de literatura no Jornal Europeu de Ciências Orais (European Journal of Oral Sciences), por Marco Esposito e cols, que procurou definir os fatores associados à falha na osseointegração dos implantes orais. O não uso de antibiótico profilaxia, bem como contaminação bacteriana foram identificados como fatores implicados na perda precoce do implante. Susan G. Reed publicou em 2004, revisão de literatura avaliando profilaxia antibiótica em implantes dentários. Não foi encontrado nenhum estudo randomizado. Foram avaliados dois estudos clínicos controlados, um prospectivo e um retrospectivo e o objetivo primário foi definir a sobrevida do implante. Os autores concluíram que não há dados suficientes na literatura que permitam indicar ou desencorajar o uso de antibióticos em implantodontia. Como parte de um estudo multicêntrico internacional, multidisciplinar e prospectivo, delineado e coordenado nos EUA pela Ankylos Implant Clinical Research Group (Morris et al, 2004), o uso ou não de profilaxia antibiótica (diferentes regimes) foi documentado no sentido de se avaliar a influência do tipo de conduta no sucesso ou insucesso de 1.500 implantes colocados, com um acompanhamento de três a cinco anos após as cirurgias. A decisão de empregar ou não o antibiótico e o regime escolhido ficou a critério de cada cirurgião. O insucesso foi definido como a remoção do implante por qualquer razão.

5 Os resultados deste estudo demonstraram que o uso de antibióticos nos períodos pré e/ou pós-operatórios não aumentou a taxa de sucesso dos implantes quando comparado à falta de cobertura antibiótica, sugerindo que existe pouca ou nenhuma vantagem em prescrevê-los para esta finalidade, como se pensava. Os autores também argumentam que se estes resultados forem validados por outros estudos, a exclusão desta prática para cirurgias de implantes de rotina poderá representar um pequeno, mas significante passo contra o uso indiscriminado de antibióticos (Morris et al, 2004). Alberto Mazzocchi e cols, publicou em 2007, estudo retrospectivo que avaliou a taxa de sucesso de 736 implantes realizados sem uso de antibiótico profilaxia. A falha do implante foi definida pela remoção deste devido a infecção ou não-osseointegração. A taxa de sobrevida do implante encontrada foi de 96,2%, número este que não é inferior às mais altas taxas de sucesso de implante publicadas na literatura com o uso de variados regimes de antibiótico. Sendo assim, o autor questiona o real benefício do uso de antibióticos em cirurgias de implante em pacientes sem complicações e recomenda que os cirurgiões dentistas sejam criteriosos ao indicar o seu uso, tendo em vista os riscos associados e a seleção de bactérias resistentes. Em 2009, Eduardo Anitua e cols, publicou estudo multicêntrico, controlado por placebo, no Jornal Europeu de Implantodontia Oral (European Journal of Oral Implantology), cujo objetivo era avaliar a eficácia do uso de profilaxia antibiótica com amoxicilina na colocação de implantes dentários unitários. 105 pacientes foram randomizados em dois grupos: 1) Amoxicilina 2g, dose única e 2) Placebo. Os pacientes foram avaliados 3, 10, 30 e 90 dias após a cirurgia e foram avaliados os seguintes aspectos: infecções pós operatórias, eventos adversos e perda do implante. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação a nenhum dos resultados avaliados, o que leva o autor a concluir que não há indicação de

6 profilaxia antibiótica na cirurgia de colocação de implantes dentários unitários em pacientes com osso tipos II e III. Foi publicada em 2010, revisão sistemática da Cochrane, que teve como objetivo avaliar os ricos e benefícios associados ao uso de profilaxia antibiótica sistêmica na colocação de implantes dentários. Foram identificados quatro estudos controlados e randomizados: Três comparando Amoxicilina 2g pré-operatório com placebo e um comparando Amoxicilina 1g pré-operatório seguido de 500mg quatro vezes ao dia por dois dias com placebo. Um total de 1007 pacientes foi incluído na meta-analise, que mostrou um aumento estatisticamente significativo de perdas do implante no grupo que não recebeu antibiótico (RR: 0,4 IC95% 0,19-0,84). Deacordo com os dados apresentados, é necessário tratar 33 pacientes para prevenir uma perda de implante. Não houve diferença estatisticamente significativa em relação às infecções pósoperatórias e eventos adversos. Discussão De forma geral, embora o racional de que se deve ter um meio o mais estéril possível antes da colocação de qualquer implante, com objetivo de evitar tanto infecção local como a não osseointegração deste, não há evidências fortes em relação ao uso profilático de antibiótico como forma eficaz de se chegar a este objetivo. Entre os estudos analisados, apenas as revisões de literatura publicadas, em 1998 no Jornal Europeu de Ciências Orais, por Marco Esposito e cols e, em 2010, pela Cochrane, encontraram benefício estatisticamente significativo no uso profilático de antibióticos em relação a osseintegração do implante. Dois importantes estudos negativos em relação a profilaxia antibiótica foram: o estudo multicêntrico internacional, publicado em 2004 por Morris et al, e a avaliação retrospectiva 736 implantes

7 realizados sem profilaxia antibiótica publicada por Alberto Mazzocchi e cols, em 2007. Vale comentar, entretanto, que ambos tem poder estatístico fraco, uma vez que o primeiro não foi randomizado ou cego e o segundo caracteriza análise retrospectiva, sem grupo teste. Desta forma, algumas perguntas permanecem não respondidas: Os estudos são negativos devido a grande quantidade de vieses, secundários a desenhos ruins? Foi o pequeno número de pacientes incluídos que não permitiu que o benefício tivesse poder suficiente para se expressar de forma estatisticamente significativa? Dado importante em relação a este questionamento é o fato de que os estudos incluídos na revisão da Cochrane foram, individualmente, negativos em relação a este benefício, embora eles mostraram tendências claras favorecendo antibióticos. A diferença estatística e clinicamente significativa foi encontrada apenas após a metaanálise. Conclusão A revisão sistemática da Cochrane, publicada em 2010 é o estudo disponível com maior número de pacientes incluídos e a única que inclui apenas estudos randomizados. Após sua publicação, parece coerente sugerir uma utilização rotineira de uma dose única de 2g de amoxicilina profilática antes da colocação de implantes dentários. Não foi definido, entretanto, se há beneficio em utilizar antibióticos no pós-operatório, e qual é o esquema mais eficaz. É importante que os grandes grupos de pesquisa priorizem a realização de estudos duplo-cegos e randomizados com grande numero de pacientes para avaliar a eficácia do uso prolongado de antibiótico comparado com uma única dose pré-operatória especialmente em subgrupos de pacientes em que as falhas de

8 implantes são mais prováveis de ocorrer, como nos pacientes que receberam implantes em alvéolo de extração ou nos que foram submetidos a outros procedimentos em conjunto com a colocação do implante. Desta forma, até que tenhamos dados mais conclusivos, é importante que o cirurgião dentista individualize bem os casos antes de indicar ou contra indicar o uso de antibiótico profilático nas cirurgias de implante dentário. Referências Bibliográficas: 1. Dental implant installation without antibiotic prophylaxis Gran W. Gynther, DDS, PhD, Per Ake Kndell, DDS, PhD, Lars-Erik Moberg, DDS, PhD, and Anders Heimdahl, DDS, PhD, Huddinge, Sweden ORAL SURGERY ORAL MEDICINE ORAL PATHOLOGY Volume 85, Number 5 Vol. 85 No. 5 May 1998 2. Antibiotics to prevent complications following dental implant treatment (Cochrane Review). Esposito M, Coulthard P, Oliver R, Thomsen P, Worthington HV. In: The Cochrane Library, Issue 3, 2003. Oxford: Update Software. 3. A randomized prospective controlled trial of antibiotic prophylaxis in intraoral bonegrafting procedures: preoperative single-dose penicillin versus preoperative single-dose clindamycin J. A. Lindeboom, J. W. Frenken, J. G. Tuk, F. H. Kroon: Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2006; 35: 433 436 4. Retrospective Analysis of 736 Implants Inserted Without Antibiotic Therapy Alberto Mazzocchi, MD, DDS,* Luca Passi, DDS, and Roberto Moretti, MD 2007 American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons J Oral Maxillofac Surg 65:2321-2323, 2007 5. A multicentre placebo-controlled randomized clinical trial of antibiotic prophylaxis for placement of single dental implants. Eduardo Anitua, José Javier Aguirre, Alberto Gorosabel, Pedro Barrio, José Miguel Errazquin, Pedro Román, Rafael Pla, Javier Carrete, José de Pedro, Gorka Orive Eur J Oral Implantol 2009;2(4)283 292 6. Does antibiotic prophylaxis at implant placement decrease early implant failures? A Cochrane systematic review. Marco Esposito, Maria Gabriella Grusovin, Vasiliki Loli, Paul Coulthard, Helen V Worthington Eur J Oral Implantol 2010;3(2):101 110 7. Effectiveness of prophylactic antibiotics at placement of dental implants: a pragmatic multicentre placebo-controlled randomized clinical trial. Marco Esposito, Gioacchino Cannizzaro, Paolo Bozzoli, Luigi Checchi, Vittorio Ferri,Stefano Landriani, Michele Leone, Marzio Todisco, Cinzia Torchio, Tiziano Testori, Fabio Galli, Pietro Felice Eur J Oral Implantol 2010;3(2):135 143