FORMAÇÃO DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL: VIVÊNCIA NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL CAPS III REVIVER - CAMPINA GRANDE PB.

Documentos relacionados
Atenção Pisicosocial P R O F E N F º D I O G O J A C I N T H O

Profª : ANA BRAZ EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL NO BRASIL. NOÇÕES de POLÍTICA de SAÚDE MENTAL no BRASIL. NÚCLEOS de APOIO à SAÚDE da FAMÍLIA e MENTAL

GESTÃO DO CUIDADO AO PORTADOR DE TRANSTORNO MENTAL, SOB A PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

SAÚDE MENTAL NO SUS E OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Ministério da Saúde Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002

Ministério da Saúde Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 336, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2002

Saúde Mental: Como cai na prova de Enfermagem. Prof.ª Natale Souza

PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM NOVO OLHAR AO PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL

SAÚDE MENTAL NO SUS E OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

PROGREA Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas. ECIM Enfermaria de Comportamentos Impulsivos

RAPS. Saúde Mental 26/08/2016. Prof.: Beto Cruz PORTARIA Nº 3.088, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011(*)

Atuação da Fonoaudiologia na Saúde Mental

POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL. Prof. Domingos de Oliveira

REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL

O CUIDADO TERRITORIAL: UM OLHAR SOBRE A SAÚDE MENTAL E A ATENÇÃO BÁSICA 1

MÓDULO 4. Neste módulo você estudará sobre a atenção em rede como tratamento integral aos usuários de substâncias psicoativas.

TERRAPIA NA SAÚDE MENTAL: PROJETO DE APOIO À REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE JUIZ DE FORA

PORTARIA Nº 3.090, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011(*)

POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL BRASILEIRA. Rosa UFPI-DSS

PLANO DE ENSINO. DISCIPLINA: Atenção psicológica V- Hospital de Saúde Mental. Ementa:

COMISSÃO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ PARANÁ: AÇÕES NO ANO DE 2009

MÓDULO 2 PROCESSO DE TRABALHO COLABORATIVO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA CELINA RAGONI DE MORAES CORREIA / CAROLINA CARDOSO MANSO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO NA MODALIDADE DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE MENTAL

SERVIÇO SUBSTITUTIVO NA CONSOLIDAÇÃO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Tal vistoria foi uma demanda do Ministério Público do Estado de Pernambuco e teve como objetivo as demissões ocorridas após as eleições municipais.

EXPERIÊNCIA DA FISIOTERAPIA NO ÂMBITO DA SAÚDE MENTAL NA ESPECIFICIDADE DE UM CAPS AD NO RIO GRANDE DO SUL

CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE: relatório de estágio curricular

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

MATRIZ DIAGNÓSTICA DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA: o vínculo e o diálogo necessários

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR

SAÚDE MENTAL & REFORMA PSIQUIÁTRICA

Financiamento. Consultório na Rua PORTARIA Nº 123, DE 25 DE JANEIRO DE Sem portaria convivência e cultura. Estabelece, no âmbito Especializada/

SAÚDE MENTAL E EDUCAÇÃO: CONSTRUINDO DIÁLOGOS CHRISTIANE MARIA RIBEIRO DE OLIVEIRA IRLA PAULA ANDRADE AMARAL ISADORA EDUARDA BARROS BRAZ DE CARVALHO

Saúde Mental Reforma Psiquiátrica

A Rede de Atenção aos Usuários de Álcool e outras Drogas

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA MÁRCIA MARIA SOUZA DE PAULA

VIVÊNCIA DE UM GRUPO DE SENTIMENTOS NO CAPS PRADO VEPPO- SM-RS.

1. Introdução. e em tratamento médico ambulatorial no município de

Relatório 06. Dia 13/10/2016

PARECER DO CRP SP SOBRE O ENCARCERAMENTO DE PESSOAS EM MEDIDA DE SEGURANÇA

o sus e as políticas de saúde mental no brasil

SAÚDE MENTAL NO BRASIL E O CAPS. Política Social e trabalho

CENTRO DE REFERÊNCIA DE ÁLCOOL, TABACO E OUTRAS DROGAS 7ºE 8º -CURSO DE ATENÇÃO AOS USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

COMPETÊNCIAS DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO A PACIENTES USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: REVISÃO DE LITERATURA

EDUCADOR SOCIAL SITE: FACEBOOK: CARITAS ARQUIDIOCESANA DE PORTO ALEGRE SAS FACEBOOK: MENSAGEIRO DA CARIDADE

(a) Metropolitana Garanhuns TOTAIS QUANTITATIVO DE VAGAS FUNÇÃO. Metropolitana Garanhuns TOTAIS

A CONTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES NA REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DE USUÁRIOS COM TRANSTORNOS MENTAIS DO CAPS I DE LINS SP RESUMO

SERVIÇOS RESIDENCIAIS TERAPÊUTICOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: REFLEXÃO CRÍTICA

Ministério da Saúde Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 121, DE 25 DE JANEIRO DE 2012

Sede da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania Vagas para pessoa com deficiência. Assistente Social ,00 30 horas semanais

ENFERMAGEM DEPENDÊNCIA. ALCOOLISMO Aula 5. Profª. Tatiane da Silva Campos

Educação Permanente na RAPS: a Experiência do Percursos Formativos

PAULA, Núbia Inocêncio de 1 ; LUCCHESE, Roselma 2 ; VERA, Ivania 3, CAMPOS, Thiago, Vieira 4.

MORAR EM CASA 1. IDENTIFICAÇÃO

Teorias e Práticas em Saúde Mental Coletiva

PLANO INTEGRADO DE ENFRENTAMENTO AO CRACK E OUTRAS DROGAS.

Cuidado. Crack, é possível vencer Aumento da oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários

A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL: UM RELATO SOBRE AUSÊNCIA DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO MUNICÍPIO DE FRANCA - SP

04 Federações Integrantes: Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos #juntossomosmaisfortes. Resolução 01/2015 do CONAD de 28/08/2016:

ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL E PSIQUIÁTRICA PROFª ESP. LETICIA PEDROSO

Chamada nº 16/2016. Processo Seletivo Simplificado para profissionais de nível superior do Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II).

A INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL COM USUÁRIOS ONCOLÓGICOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

PORTARIA Nº 854, DE 22 DE AGOSTO DE O Secretário de Atenção à Saúde, no uso de suas atribuições,

REFORMA PSIQUIÁTRICA. Eixo Temático: Política Social e Trabalho. Palavras-chave: Loucura, Transtorno Mental, Reforma Psiquiátrica.

O ENSINO DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NO DISTRITO FEDERAL

Reforma Psiquiátrica e os Direitos das Pessoas com Transtornos Mentais no Brasil

ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL: REFLEXOS DA FORMAÇÃO E DO PROCESSO HISTÓRICO NA ASSISTÊNCIA

REDAÇÃO Desafios Para Reabilitação De Usuários De Drogas No Brasil

Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde PORTARIA Nº 854, DE 22 DE AGOSTO DE 2012

Oficina 5: Os desafios para sustentabilidade da RAPS - Rede de Atenção Psicossocial

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA PLANO DE ENSINO

Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família. Coordenação da Política Nacional de Promoção da Saúde/SE Coordenação de Gestão da Atenção Básica/SAS

A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO HOSPITAL DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA.

Alexandre de Araújo Pereira

A implantação de CAPS no estado do Paraná: situação atual e perspectivas. Coordenação Estadual de Saúde Mental Agosto 2013

PORTARIA Nº 544, DE 7 DE MAIO DE 2018

A CONCEPÇÃO DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM SOBRE A SAÚDE MENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA

PROGRAMA DE MEDICINA PREVENTIVA E QUALIDADE DE VIDA

GUIA DE ARGUMENTOS DE VENDAS. SUBPAV Coordenação Geral de Atenção Primária 1.0

Fiscalização dos Abrigos e Casas de Acolhida da PCR

04 Federações Integrantes: Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos #juntossomosmaisfortes

Ministério da Saúde PORTARIA Nº 148, DE 31 DE JANEIRO DE 2012

OFICINA TERAPÊUTICA: UM ESPAÇO DE (RE) INVENTAR O COTIDIANO. RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE ENFERMAGEM

QUADRO DE VAGAS 2017/2 ESTÁGIO CURRICULAR PSICOLOGIA

2.º Seminário sobre Gestão Institucional dos Programas de Acolhimento à Criança e ao Adolescente

Projeto Psicossocial de Orientação

INTERFACE CAPS E PSF UMA EXPERIÊNCIA DE

Política Nacional de Saúde Mental

Rede de Atenção Psicossocial: SUS

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PREFEITURA MUNICIPAL DE SAPUCAIA DO SUL EDITAL Nº 02/2016 RETIFICAÇÃO AO PROGRAMA E REFERÊNCIAS

Curso de Pós-Graduação: Saúde Coletiva com Ênfase em Saúde da Família (Abordagem Multiprofissional)

DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NA SAÚDE MENTAL. Ludmilla Castro Malta Psicóloga Coordenação Estadual da Saúde Mental

EDUCAÇÃO FÍSICA E SAÚDE MENTAL: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES COM O CAPSi EM FEIRA DE SANTANA

REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - CAPS INTRODUÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE ENFERMAGEM

HISTÓRIA DO SRT DE CAXIAS DO SUL: CRIAÇÃO E AMPLIAÇÃO

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM PSIQUIATRA SOCIEDADE REGIONAL DE ENSINO E SAUDE LTDA

Transcrição:

FORMAÇÃO DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL: VIVÊNCIA NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL CAPS III REVIVER - CAMPINA GRANDE PB. Kátia Cristina Figueiredo (1) ; Cecília do Nascimento Freitas (2) ; Karina de Melo Rodrigues (3) ; Thayná Lisboa da Costa (4) ; Xênia Sheila Barbosa Aguiar Queiroz (5) 1- Discente na Universidade Federal de Campina Grande, katiacristina_atre@hotmail.com 2- Discente na Universidade Federal de Campina grande, 3- Discente na Universidade Federal de Campina Grande, 4- Discente na Universidade Federal de Campina Grande, 5- Docente na Universidade Federal de Campina Grande. Resumo: O Centro de Atenção Psicossocial CAPS, é uma das principais estratégias do processo de reforma psiquiátrica, é uma instituição que acolhe pacientes com transtornos mentais, oferece-lhes atendimento médico e psicológico, estimula sua integração familiar e social e os apoiam na busca pela autonomia. Os CAPS vêm revolucionando a saúde mental em todo o mundo, diminuindo e muito os casos de internação em Hospitais Psiquiátricos. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, acerca da vivência como acadêmicas de enfermagem em aulas práticas realizadas no Centro de atenção psicossocial CAPS III REVIVER - Campina Grande PB. Apesar de ser uma instituição que cuida de distúrbios mentais severos, com prognósticos majoritariamente irreversíveis e que se encontra funcionando com uma demanda maior do que lhe é adequada, é possível identificar a eficácia das terapêuticas desenvolvidas pelo serviço principalmente nos usuários que comparecem assiduamente na instituição e consequentemente não interrompendo o tratamento apesar das dificuldades enfrentadas pelos mesmos e pelas famílias que são de suma importância para o tratamento e estão diretamente ligadas nesse processo de saúde. Palavras chave: CAPS III, Enfermagem, Saúde Mental. INTRODUÇÃO Após todo o período da história onde os doentes mentais eram tratados em hospitais psiquiátricos fechados e verificando o fracasso das terapias a que eram submetidos, observou-se a necessidade de mudança no tratamento das pessoas portadoras de transtornos mentais que eram denominados loucos, estes, passavam por tratamentos extremamente agressivos como: hidroterapias, contenção física com o uso de camisa de força, choques insulínicos e eletrochoques, além de viverem em condições precárias dentro dos manicômios e totalmente isoladas do convívio social, onde perdiam suas referências de vida, eram excluídos do convívio familiar e na maioria das vezes passavam a vida inteira dentro da instituição até sua morte. 6 A reforma psiquiátrica surgiu a partir da ideia de defesa dos direitos humanos das pessoas que eram portadoras de transtornos

mentais, como também do resgate da cidadania desses indivíduos. O objetivo do movimento não se limitava apenas a denúncia dos manicômios como instituições de violência, mas também visava à construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, solidárias e inclusivas, no Brasil, a reforma psiquiátrica teve início no final da década de 70 quando profissionais da saúde mental e familiares de pacientes portadores de distúrbios mentais se mobilizaram em prol da reforma, esse movimento fez parte do processo de redemocratização do país e também dos movimentos políticos e sociais. 3 A reforma psiquiátrica veio para questionar os reais conceitos de doença mental, de normalidade e também de cura, além da relação entre os profissionais de saúde e os portadores de transtornos mentais. Nesse processo, o portador passa a ser um sujeito, que necessita de atendimento especializado para realizar seu tratamento de forma adequada. Nesse novo modelo assistencial, estão envolvidos profissionais de diversas áreas, formando uma equipe multidisciplinar, que, além de atendimento médico, promoverá práticas de atenção psicossociais para dessa forma reinserir o paciente na sociedade. 1 Em 1990, o Brasil assinou a Declaração de Caracas, que tinha como objetivo reestruturar a assistência psiquiátrica, e em 2001, foi aprovada a Lei Federal 10.216 que concede proteção e direitos às pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, dessa lei, originou-se a política de saúde mental, que tem como objetivo garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental nos serviços que substituem a internação em hospitais psiquiátricos, diminuindo as internações de longa permanência sem real necessidade, que acabam por isolar o paciente do convívio com a família e com a sociedade. 3 Nesse contexto surge o Centro de Atenção Psicossocial CAPS, que é uma das principais estratégias do processo de reforma psiquiátrica. O CAPS é uma instituição que acolhe pacientes com transtornos mentais, oferece-lhes atendimento médico e psicológico, estimula sua integração familiar e social e os apoiam na busca pela autonomia. O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Brasil foi inaugurado em março de 1986, em São Paulo Capital: Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como CAPS da Rua Itapeva, a criação desse CAPS e de vários outros, fez parte de um intenso movimento social de trabalhadores de saúde mental, que

buscavam melhorar a assistência no Brasil e denunciavam a situação precária dos hospitais psiquiátricos, que ainda eram o único recurso destinado aos usuários portadores de transtornos mentais. 2 Atualmente, os CAPS e outros tipos de serviços que têm surgido no país e que substituem o modelo hospitalocêntrico, são regulamentados pela Portaria nº 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002 e integram a rede do Sistema Único de Saúde, o SUS, essa portaria reconheceu e ampliou o funcionamento e a complexidade dos CAPS, que têm a missão de dar um atendimento diurno e noturno às pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, oferecer cuidados clínicos e de reabilitação psicológica e social, com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico, evitando as internações e visando incluir socialmente os usuários e suas famílias favorecendo assim o exercício da cidadania. 2 Os CAPS possuem diferenças em vários aspetos: estrutura física, equipamentos, equipe multiprofissional, diversidades terapêuticas e principalmente quanto à especificidade da demanda, isto é, a demanda inclui: crianças e adolescentes, usuários de álcool e outras drogas e portadores de transtornos psicóticos e neuróticos graves. A divisão dos CAPS se dá da seguinte forma: CAPS I e CAPS II: Atendimento diurno (segunda a sexta) de adultos com transtornos mentais; CAPS III: Atendimento diurno e noturno (24 horas) de adultos com transtornos mentais; CAPS Infantil: Atendimento diurno (segunda a sexta) a crianças e adolescentes com transtornos mentais; CAPS Álcool e Drogas: Atendimento diário à população com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, como álcool e outras drogas. 5 O CAPS conta com a assistência de uma equipe multiprofissional que possui profissionais com diversas formações. Os profissionais aptos para trabalhar na instituição vão do nível médio ao superior, os profissionais de nível superior são: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos, professores de educação física ou outros necessários para as atividades oferecidas nos CAPS, já os profissionais de nível médio podem ser: técnicos e/ou auxiliares de enfermagem, técnicos administrativos, educadores e artesãos, os CAPS contam ainda com equipes de limpeza e de cozinha. 4 OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada como acadêmicas de enfermagem no Centro de atenção psicossocial CAPS III REVIVER - Campina Grande PB que é um serviço de reabilitação que dispõe de atendimento em tempo integral a adultos, durante sete dias da semana, atendendo à população de referência com transtornos mentais severos e persistentes. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, acerca da vivência como acadêmica de enfermagem em aulas práticas realizadas no Centro de atenção psicossocial CAPS III REVIVER - Campina Grande PB. As aulas aconteceram por meio de acordo da Universidade Federal de Campina grande UFCG, com a Secretaria de Saúde para compor o componente curricular da disciplina Saúde Mental. As visitas aconteciam de acordo com o cronograma da disciplina em acordo com a disponibilidade da instituição. RESULTADOS E DISCUSSÕES Nas aulas práticas, inicialmente conhecemos a estrutura física da instituição, identificando onde cada ação é realizada. Conversamos com os profissionais, a fim de identificar as potencialidades e fragilidades do serviço sob o olhar de cada um, desde os profissionais de apoio até os profissionais de saúde. O CAPS III conta com o apoio dos seguintes profissionais: médicos psiquiatras, enfermeiros com formação em saúde mental, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, pedagogos e equipe de apoio de nível médio. Observamos a rotina dos usuários desde o horário de chegada/acolhimento assim como participação em outras tarefas: oficinas, consultas, horários de alimentação, lazer, descanso e horário de saída. O perfil dos usuários é muito variado, compreende desde adultos jovens até idosos e portadores de vários tipos de distúrbios mentais, alguns acometidos a mais tempo do que outros. As equipes estão sempre organizadas para acolher os usuários, desenvolver os projetos terapêuticos, trabalhar nas atividades de reabilitação psicossocial, compartilhar do espaço de convivência do serviço e resolver problemas inesperados e outras questões que porventura demandem providências imediatas, como por exemplo um surto psicótico ou qualquer outro tipo de comportamento fora do normal durante todo o período de funcionamento da unidade que é de 24 horas diárias. Após o reconhecimento do campo de aula prática, iniciamos os primeiros contatos com os usuários, sempre nos inserindo nas atividades que eles realizavam no momento para conseguirmos

criar vínculo e posteriormente identificar as particularidades de cada um. Foi identificado que os usuários se distribuem nas oficinas de acordo com o distúrbio que apresentam, por esse motivo são realizadas várias oficinas simultaneamente para poder atender as necessidades de todos, também identificamos que alguns usuários com distúrbios mais severos e que frequentam a instituição há menos tempo tem mais dificuldades de se inserir nas atividades, desenvolvendo por sua vez tendências de isolamento e necessitando receber atendimento individual de algum membro da equipe naquele momento. Além de participar das oficinas, realizamos ainda exame psíquicos com alguns usuários, determinados pela professora, para a realização de estudos de caso e implementação de intervenções de enfermagem para cada caso. A realização desse exame possibilitou contato mais direto, através da aplicação de um questionário e também observação dos usuários para identificação de estereotipias, possibilitando melhor entendimento de cada caso e tornando mais fácil a identificação de seus respectivos distúrbios, como também reconhecer as experiências de vida de cada um, através dos relatos sobre o seu cotidiano que por muitas vezes demonstraram sofrimento e superação. Apesar de ser uma instituição que cuida de distúrbios mentais severos e com prognósticos majoritariamente irreversíveis e que se encontra funcionando com uma demanda maior do que lhe é adequada é possível identificar a eficácia das terapêuticas desenvolvidas pelo serviço, principalmente nos usuários que comparecem assiduamente na instituição e consequentemente não interrompendo o tratamento apesar das dificuldades enfrentadas pelos mesmos e pelas famílias que são de suma importância para o tratamento e estão diretamente ligadas nesse processo de saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS As aulas práticas no Centro de Atenção Psicossocial CAPS III mostraramse de grande importância na formação acadêmica como enfermeiros e profissionais de saúde. Devemos levar em consideração a necessidade de se conhecer a realidade de todas as áreas e serviços de saúde nas quais poderemos atuar futuramente. A possibilidade de conhecer e participar dos trabalhos desenvolvidos nos serviços nos permite ter a ideia de como construir uma prática de saúde eficiente na promoção da assistência. A prática também foi importante para conhecermos a verdadeira realidade dos usuários do serviço, como também para quebrar os preconceitos que poderiam existir acerca da saúde mental.

REFERÊNCIAS 1- AMARANTE, Paulo et al. Saúde mental, políticas e instituições: programa de educação à distância. Rio de Janeiro: Fiotec/Fiocruz, Ead/Fiocruz, 2003. Disponível em: < http://pesquisa.bvs.br/aps/resou rce/pt/lil-599503 > Acesso em 21 de maio de 2016. 2- BRASIL. Departamento de ações programáticas estratégicas. Saúde mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial. Ministério da Saúde, 2004. 5- Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina SPDM. Disponível em: < http://www.spdmpais.org.br/sit e/institucional/o-quefazemos/53-caps-centro-deatencao-psicossocial.html > Acesso em 28 de maio de 2016 6- MURTA, Genilda Ferreira. Saberes e práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 7. ed. São Caetano do Sul, SP:In: Curso de Enfermagem. Difusão, 2012. 3- VALENTE, Geilsa Soraia Cavalcanti; SANTOS, Fernanda Souza. A complexidade do trabalho de enfermagem no hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Rev. pesqui. cuid. fundam.(online), v. 6, n. 1, p. 109-117, 2014 Disponível em <http://www.ccs.saude.gov.br/ vpc/reforma.html> Acesso em 25 de abril de 2016. 4- BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Manual de estrutura física dos centros de atenção psicossocial e unidades de acolhimento. Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: < http://www.saude.pr.gov.br/arq uivos/file/0saudemental/manu aldeconstrucaocapseua.pdf > Acesso em 28 de maio de 2016