WOONERFS: RUAS DE LAZER PARA PEDESTRES. O CASO DE LIMEIRA- SP



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Transcrição:

Eixo Temático: Ciências Sociais WOONERFS: RUAS DE LAZER PARA PEDESTRES. O CASO DE LIMEIRA- SP RESUMO: Carolina Furlan Carcaioli 1 Odaleia Telles M.M. Queiroz 2 O planejamento urbano lida basicamente com os processos de produção, estruturação e apropriação do espaço urbano e deve conciliar as necessidades estruturais da cidade, do governo e de seus habitantes. O lazer é uma necessidade inerente ao ser humano e um fator de influência de relações socioculturais que possibilita contatos sociais e melhora a qualidade de vida da população. Cabe ao poder público proporcionar áreas livres de lazer próximas a bairros habitacionais. Estes espaços não precisam necessariamente ser uma praça, podem ser espaços adaptados e transformados de acordo com as necessidades da população, trazendo melhora na qualidade de vida. Na Europa para criar áreas de lazer próximas à população, foi criado o modelo de rua de lazer para pedestres, chamada de Woonerf, que transforma uma rua de carros em uma rua para pessoas e atividades de lazer. Este modelo é de simples adaptação e os benefícios são rapidamente sentidos pela população. Foi tomado como objeto de estudo o município de Limeira SP. Para conhecer e estudar a opinião da população com relação a áreas de lazer foi analisado os resultados do Orçamento Participativo de 2013, e foram aplicados dois tipos de questionários em duas diferentes áreas do município: o Parque da Cidade, e uma rua sem saída. O modelo de rua de lazer para pedestres pode suprir as necessidades da cidade, por ser de simples implantação, e atender a população carente de áreas de lazer próximo a residências, criando áreas verdes e melhorando a qualidade de vida no município. Palavras-chave: Woonerf, ruas de lazer, planejamento urbano. 1. INTRODUÇÃO A motivação deste trabalho surgiu da observação acerca da falta de planejamento urbano e da pouca disponibilidade de áreas de lazer para a população urbana atualmente. O planejamento deve ser entendido como uma atividade permanente e um processo indispensável à tomada de decisões. Desta forma podemos entender o Desenho Urbano 3 como objeto importantíssimo do planejamento na configuração do espaço físico-espacial de uma cidade, para que a população sinta seus efeitos e possa desfrutar diretamente deste benefício em seu cotidiano (DEL RIO, 1990). 1 Gestora Ambiental ESALQ/USP. carolcarcaioli@gmail.com 2 Docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP 3 O desenho urbano diz respeito à disposição, a aparência e funcionalidade das cidades e, em particular a forma e utilização do espaço público.

Rolnik (1988) debate sobre a importância do desenho das ruas e das casas, das praças e dos templos, como fator histórico da população de uma cidade, pois além de conter a experiência daqueles que os construíram, denota o seu mundo. Jacobs (1961) apud Del Rio (1990) critica as ideologias dos planejadores e do distanciamento do mundo real presente nesses trabalhos. Ela destaca fatores e qualidades urbanas totalmente ignoradas pelos planos modernos, como a importância de existirem atividades nos espaços públicos para maior segurança dos frequentadores e as limitações de ordem visual. A cada dia menos áreas livres em residências e mais áreas construídas estão surgindo, além das ruas com trânsito intenso e poucas praças e parques em bom estado de conservação, que permitam o lazer para as crianças. Percebe-se que este público acaba ficando sem opção de área livre para brincar. Uma opção saudável seria a utilização da rua como um grande quintal, como um local que ainda pode servir de ponto de encontro entre crianças, criando relações fraternais entre os vizinhos, e maior interação social. Para Rolnik (1988), as ruas, antes vistas como local de trocas cotidianas e socialização foram transformadas em locais de passagem de pedestres e de veículos. O fator limitante que pode fazer com que estas áreas não consigam mais atingir seu objetivo de interação é a velocidade do tráfego. Porém, as ruas que funcionam em áreas de baixo trânsito e de preferência onde não seja rota de ônibus metropolitanos, como: ruas sem saída, e ruas fechadas com guarita, poderiam se transformar em áreas de lazer. Neste tipo de rua o lazer e o bem estar dos moradores deveriam ser o objetivo principal, mas muitos ainda enxergam este local como áreas preferenciais para carros, que muitas vezes são conduzidos em alta velocidade; colocando garagens em toda fachada frontal do imóvel, o que impossibilita o plantio de árvores, e que torna o a rua um ambiente quente, sem sombra, e que não propicia a convivência local. Para Clark (1997) a arborização viária contaminantes atmosféricos melhora o bem estar da população. além de reduzir Gehl (1989) estudou os usos dos espaços públicos e seus trabalhos foram essenciais para a aprovação e implantação de uma estratégia de pedestrianismo progressiva no centro de Copenhague, Dinamarca. Ele propôs novos desenhos de espaços para minimizar o impacto do tráfego nas ruas residenciais, aumentando suas qualidades ambientais e seus espaços de vivência. Nestes locais, a população e ciclistas têm a prioridade no trânsito, ao contrário dos motoristas de carro. O desenho curvo ou acidentado das ruas impossibilita os carros de trafegarem em alta velocidade. Nas leis e regulamento de tráfego na Holanda pode-se encontrar o termo Woonerf, que diz aos motoristas se uma rua é de lazer ou restrita para caminhadas (GOVERNMENT OF NETHERLANDS,1990). É de responsabilidade do poder público à disponibilização de recursos para o lazer e recreação da população. Por meio da criação de políticas públicas de lazer, o governo local pode criar programas de estímulo à recreação e utilizar das ruas ou locais próximos à população para

estimular o convívio social, e ainda incluir nestes espaços animadores socioculturais que garantam o funcionamento das políticas públicas (MARCELLINO, 2007). Os cenários tão plurais pelo mundo nos motivam a estudar Limeira, localizada no interior de São Paulo, pois a cidade possui poucas áreas públicas para a população em bom estado de conservação e próximas a bairros habitacionais. As áreas existentes são frequentadas por um grande e diversificado público, que na maioria das vezes precisam se deslocar do seu bairro para praticarem atividades de recreação. Este trabalho pretende oferecer informações e propostas de criação de um novo espaço de lazer a ser implantado pela Prefeitura Municipal de Limeira, de forma a contribuir com o desenvolvimento da cidade e o bem-estar dos cidadãos. 2. METODOLOGIA Como esta pesquisa consiste em oferecer informações sobre um novo modelo de área de lazer para a população, acreditamos na importância de se levar em consideração a opinião da população sobre o tema e suas carências com relação ao lazer dentro do município. Para isso, optou-se pela aplicação de questionários estruturados, em dois diferentes modelos e análise do Orçamento Participativo de Limeira do ano de 2013-2016. O primeiro questionário foi aplicado com frequentadores do Parque da Cidade, um local muito utilizado para varias formas de lazer da população de Limeira, e utilizado por moradores de bairros de toda a cidade. Este questionário foi aplicado para analisar onde moram estes frequentadores do Parque, se existe próximo a sua residência uma área de lazer pública e quais os principais motivos de utilização do Parque. Os entrevistados foram escolhidos ao acaso, durante uma visita ao parque em determinada hora do dia. O número de questionários não foi definido. Foram sendo acompanhadas as respostas dos frequentadores e ao analisar que as mesmas pouco divergiam, aceitou-se como um bom número de respostas, totalizando 20 questionários respondidos. O segundo questionário foi aplicado com moradores de uma rua sem saída em Limeira, para analisar se uma rua de pouco trânsito realmente incentiva o convívio e o lazer dos moradores dentro deste espaço. Para este questionário foi conversado com o síndico da rua e, tomamos o cuidado de conversarmos com alguns moradores explicando-lhes a pesquisa e pedindo a eles o consentimento para enviar-lhes o formulário para seus endereços eletrônicos. Os questionários foram enviados juntamente com explicação sobre o seu propósito e o tema trabalhado. Desta forma, do total de 26 moradores, obtivemos o retorno de 9 questionários. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos são provenientes de dois modelos de questionários aplicados junto à população de Limeira-SP. Os questionários utilizados foram estruturados para se obter respostas e análises mais rapidamente a cercado tema.

Este tema requer estudos mais prolongados para maior embasamento e análise, mas como se trata de um trabalho com curto tempo de execução, acreditamos que os resultados obtidos até o momento sejam satisfatórios. A análise e tabulação dos resultados do questionário aplicado no Parque da Cidade mostrou que o bairro de origem das pessoas entrevistadas é muito variado, sendo estes bairros em zonas muito distintas do município, mostrando que o parque consegue atender a população em geral da cidade devido a sua localização central. Para ir ao parque, 63% da população utiliza veículo próprio e levam entre 5 e 10 minutos, 32% vão caminhando e 5% de bicicleta e levam mais de 15 minutos. Um ponto que interessante de destacar é o de que ninguém respondeu ir ao parque de transporte público. O Parque da Cidade se mostrou, assim como esperado, um local de uso múltiplo de lazer pela população. Como motivo principal a grande maioria respondeu a prática de esportes, mas as outras respostas como contato com a natureza, lazer com crianças e animais domésticos, e lazer com amigos ficaram também bastante distribuídas. Além de utilizar o Parque da Cidade 74% dos entrevistados afirmam utilizar outros espaços públicos de lazer, sendo os mais citados o Horto Municipal, pistas de caminhada e ginásios de esporte. Ao responderem sobre a existência de praças para lazer próximas às suas residências, 70% dos frequentadores responderam positivamente, enquanto 30% afirmam não existir uma praça próxima das suas casas. As respostas negativas quanto à existência de praças vieram dos bairros: Alto da Graminha, Jardim Pérola, Vila Esteves e Jardim Hortência, podendo estes virem a ser locais para estudo da implantação de ruas tipo Woonerf no município de Limeira. Entre as pessoas entrevistadas, 90% acreditam que o alto fluxo de veículos é um fator negativo para a convivência de vizinhos e o lazer de crianças e adultos nas ruas. A análise do questionário aplicado com moradores de uma Rua Sem Saída, ao responderem sobre a utilização de áreas públicas de lazer no município a resposta foi positiva por todos os entrevistados e como complemento a pergunta, pediu-se que citassem quais os locais públicos mais frequentados para lazer dentro do município, de acordo com os locais oferecidos pela Prefeitura, e as respostas foram que 46% utilizam o Parque da Cidade, 27% as pistas de caminhadas e 20% praças. Todos os moradores entrevistados responderam considerar importante a existência de áreas públicas de lazer próximo a residência, e entre os principais motivos foram citados por 33% lazer para crianças, 26% contato com a natureza, 22% área de descanso e 19% interação com vizinhos e amigos. Como os entrevistados estão em uma rua de baixo trânsito, aproveitamos para perguntar se estas características incentivam a utilização do espaço, e todos responderam positivamente. Ao perguntar o principal motivo de uso 56% responderam lazer com crianças, e 22% disseram utilizar a rua como extensão do quintal e interação com vizinhos e amigos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS III SIGA Ciência (Simpósio Científico de Gestão Ambiental) V1.2014 O planejamento urbano tem como princípio, preocupar-se em disponibilizar infraestrutura para o espaço físico, não considerando a qualidade ambiental e outras necessidades dos moradores, como qualidade, quantidade e distribuição de espaços livres que possam permitir o saudável contato do cidadão com a natureza. O poder público não deve esquecer que o lazer está estritamente ligado à qualidade de vida da população. Segundo uma análise das necessidades levantadas pelos representantes do orçamento participativo, elencou que 14% dos problemas do município estão relacionados às áreas de lazer, desde a manutenção do local ou a construção de novos espaços. Muitos casos de reforma e manutenção foram resolvidos por estarem previstos no PPA, porém em áreas críticas onde é necessária a construção de novos espaços estão constando como em análise de viabilidade por não estarem previstos. Os questionários nos mostraram que 30% dos entrevistados não possuem áreas públicas de lazer perto da sua residência. O principal motivo para uso destas áreas é o contato com a natureza e o lazer com crianças ou animais domésticos, e 95% dos entrevistados acreditam que o trânsito é um fator que influencia o aproveitamento das ruas pela população. Neste caso seria positivamente aproveitada a sugestão tema deste trabalho, as ruas de baixo trânsito de veículos podem ser transformadas em áreas públicas de lazer. As ruas de lazer para pedestres constroem além de um espaço para a convivência e o lazer dos moradores, um local onde a população se apropria da rua como parte de seu quintal tanto para o lazer, como cuidando da limpeza e manutenção. Desta forma, entendemos que a implantação de ruas de lazer para pedestres no município de Limeira SP terá um grande impacto na qualidade de vida da população do município, suprindo necessidades reais, como as já levantadas e apresentadas nesta pesquisa. REFERÊNCIAS CLARK, J. et al. (1997). A model of urban forest sustainability, Journal of Arboriculture, jan/1997. Disponível em http://naturewithin.info/policy/clarksstnabltymodel.pdf. Acesso em 6/4/2013. DEL RIO, V. Introdução ao desenho urbano no processo de Planejamento, São Paulo: Pini, 1990. 198 p. GEHL, J. Life Between Buildings: Using Public Space. Van Nostrand Reinhold Company, Nova Iorque, 1987. GOVERNMENT OF NETHERLANDS (1990). Road Traffic Signs and Regulations in the Netherlands - Leis e regulamentações de tráfego na Holanda. Disponível em http://www.government.nl/documents-and-publications. Acesso em 06/04/2013. MARCELLINO, N. (2007). Esporte e Lazer da Cidade: formação e desenvolvimento de quadros. Brincar, jogar, viver. Programa Esporte e Lazer da Cidade Volume I, n o 1.