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Transcrição:

1 CONSULTA Nº 128.685/2013 Assunto: 1) Se todo medicamento registrado pela ANVISA é considerado pelo CRM como tendo sua eficácia comprovada; 2) No caso de farmácias magistrais, quem é o órgão que comprova a eficácia do medicamento aviado?; 3) Sobre os medicamentos aviados em doses sem eficácia comprovada por estudos clínicos; e, 4) Caso o médico solicite aviar um suplemento vitamínico, estaria infringindo o Código de Ética Médica? Relator: Conselheiro Gaspar de Jesus Lopes Filho. Ementa: 1) O registro na ANVISA autoriza a utilização do medicamento em todo o território nacional; 2) O médico deve explicar a situação referida aos seus pacientes, enfatizando a importância da medicação manipulada atender aos requisitos da sua receita, abstendo-se de indicar qualquer farmácia; 3) Se o fato ocorrer em decorrência de prescrição médica inadequada, trata-se de infração clara aos artigos 102 e 103 do Código de Ética Médica; 4) Sobre a prescrição de suplemento vitamínico, atentar ao disposto na Resolução CFM nº 2004/12. questionamentos ao CREMESP: O consulente Dr. A.S.P.C., faz os seguintes 1) Todo medicamento registrado pela ANVISA, independente de ser tarjado sobre prescrição médica, como Dipirona, é considerado pelo CRM como tendo sua eficácia comprovada e não infringe o art. 14 do Código de Ética Médica? Caso infrinja, gostaria de saber em que foi baseada a infração, sendo que no Brasil a ANVISA é responsável pela comprovação da eficácia e registro dos medicamentos? 2) No caso de farmácias magistrais, quem é o órgão que comprova a eficácia do medicamento aviado? 3) E quanto aos medicamentos aviados em doses sem eficácia comprovada por estudos clínicos? 4) Caso solicite aviar um suplemento vitamínico, estaria infringindo o Código de Ética Médica?

2 PARECER Em resposta aos questionamentos do consulente, vale dizer ser louvável a sua preocupação, que obedece ao disposto no Código de Ética Médica atualmente vigente, mormente no Capítulo Princípios Fundamentais, no inciso II, que rege: II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. II: E no Capítulo Direitos dos Médicos, no inciso I DIREITOS DOS MÉDICOS É direito do médico: II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente. No entanto, também é oportuno lembrar que o mesmo Capítulo Princípios Fundamentais, no inciso IX reza: IX - A Medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como comércio. E, no inciso XX explicita:

3 XX - A natureza personalíssima da atuação profissional do médico não caracteriza relação de consumo. Além disso, não podemos deixar de atentar para as restrições existentes nos seguintes artigos deontológicos do Código de Ética Médica atualmente vigente, que vedam ao médico: CAPÍTULO V RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza. Capítulo VIII REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL Art. 58. O exercício mercantilista da Medicina. Art. 69. Exercer simultaneamente a Medicina e a Farmácia ou obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela comercialização de medicamentos, órteses, próteses ou implantes de qualquer natureza, cuja compra decorra de influência direta em virtude de sua atividade profissional. ressaltar os seguintes aspectos: Em relação às questões formuladas, passamos a

4 1) O registro na ANVISA autoriza a utilização do medicamento em todo o território nacional. 2) Em relação ao medicamento aviado em farmácias magistrais, vale citar o Parecer do Conselho Federal de Medicina nº 17/03, aprovado em 10 de abril de 2003, que enfatiza: É vedado ao médico indicar farmácia para manipulação de medicamento prescrito, pois isto configura infração ao artigo 21 do Código de Ética Médica atualmente vigente: Deixar de colaborar com a s autoridades sanitárias ou infringir a legislação vigente e à legislação vigente (Decreto 20931, de 11/01/32). Resta claro o risco ético e legal embutido na situação apresentada pelo consulente. É nosso entendimento que o médico deve explicar a situação referida aos seus pacientes, enfatizando a importância da medicação manipulada atender aos requisitos da sua receita, abstendo-se de indicar qualquer farmácia. 3) No que tange aos medicamentos aviados em doses sem eficácia comprovada por estudos clínicos, se o fato ocorrer em decorrência de prescrição médica inadequada, trata-se de infração clara aos artigos 102 e 103, que rezam: CAPÍTULO XII ENSINO E PESQUISA MÉDICA Art. 102. Deixar de utilizar a terapêutica correta, quando seu uso estiver liberado no País. Parágrafo único. A utilização de terapêutica experimental é permitida quando aceita pelos órgãos competentes e com o consentimento do paciente ou de seu representante legal, adequadamente esclarecidos da situação e das possíveis consequências. Art. 103. Realizar pesquisa em uma comunidade sem antes informá-la e esclarecê-la sobre a natureza da investigação e deixar de atender ao objetivo de proteção à saúde pública, respeitadas as características locais e a legislação pertinente. 4) Finalmente, em relação à prescrição de um suplemento vitamínico, remeto o consulente à leitura atenta da Resolução CFM nº 2004, de 8 de novembro de 2012, particularmente nos aspectos que seguem:

5 Art. 2º A avaliação de nutrientes, vitaminas, minerais, ácidos graxos ou aminoácidos que podem, eventualmente, estar em falta ou em excesso no organismo humano, faz parte da propedêutica médica. 1º A identificação de alguma das deficiências ou excessos só poderá ser atribuída a erro nutricional ou distúrbio da função digestiva após terem sido investigadas e/ou tratadas as doenças de base concomitantes. 2º Os tratamentos das eventuais deficiências ou excessos devem obedecer às comprovações embasadas por evidências clínico-epidemiológicas que indiquem efeito terapêutico benéfico. Art. 3º A reposição medicamentosa em comprovadas deficiências de vitaminas, minerais, ácidos graxos ou aminoácidos será feita de acordo com a existência de nexo causal entre a reposição de nutrientes e a meta terapêutica ou preventiva. Art. 4º Medidas higiênicas, dietéticas e de estilo de vida não podem ser substituídas por qualquer tratamento medicamentoso, suplementos de vitaminas, sais minerais, ácidos graxos ou aminoácidos. Art. 6º São destituídos de comprovação científica suficiente quanto ao benefício para o ser humano sadio ou doente, e por essa razão têm vedados o uso e divulgação no exercício da Medicina, os seguintes procedimentos, diagnósticos ou terapêuticos, que empregam: I - para a prevenção primária e secundária, doses de vitaminas, proteínas, sais minerais e lipídios que não respeitem os limites de segurança (megadoses), de acordo com as normas nacionais e internacionais; Este é o nosso parecer, s.m.j. Conselheiro Gaspar de Jesus Lopes Filho APROVADO NA REUNIÃO DA CÂMARA DE CONSULTAS, REALIZADA EM 20.12.2013. HOMOLOGADO NA 4.582ª REUNIÃO PLENÁRIA, REALIZADA EM 07.01.2014.