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Transcrição:

p r i m e i r o e n c o n t r o d e e s t u d o s s o b r e G E O G R A F I A E H U M A N I S M O 0 6 a 0 8 de O u t u b r o d e 2 0 0 6 S u m a r e / C a m p i n a s S a o P a u l o

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Núcleo de Estudos de População Coordenadora: Rosana Baeninger Projeto Vulnerabilidade Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sociodemográfica nas metrópoles do interior paulista: Campinas e Santos Coordenador: José Marcos Pinto da Cunha Encontro de Estudos sobre Geografia e Humanismo Coordenação: Daniel Joseph Hogan Eduardo Marandola Jr. Organização: Adriana Lopes Rodrigues Fernanda Cristina de Paula Pablo S. Moreira Fernandes Janaina A.M.S. Marandola Participantes: Deyvid Fernando dos Reis Hugo Leonardo Marandola Lúcia Helena Batista Gratão Rafael Batista de Souza Sofia Alfredo 1

APRESENTAÇÃO Desde meados da década de 1970, primeiro com os estudos de Percepção do Meio Ambiente, e depois com uma profusão de outros temas, a Geografia Humanista tem se desenvolvido em nossa ciência com crescente energia e penetração nos mais diferentes ambientes universitários. Com fortes interfaces interdisciplinares, estes estudos se consolidaram como uma área que responde à demanda por uma ciência menos dogmática, em busca da compreensão da experiência humana sobre a Terra. Com influência da fenomenologia, a constituição do mundo e do ser-no-mundo tornouse a preocupação fundamental, se transformando no elo que une as diferentes abordagens e interesses internos do movimento humanista. Apesar de muito desenvolvido, ainda sentimos falta de um número maior de estudos empíricos, que operacionalizem os pressupostos teóricos da Geografia Humanista. A maior parte dos estudos tem recorrido a outras matrizes no momento de operacionalizar a pesquisa, utilizando a fenomenologia como uma orientação mais geral, quase um pano de fundo. A dificuldade de aplicar os preceitos filosóficos numa pesquisa científica é a principal explicação para esta lacuna. Por outro lado, nossa tradição de pensamento, construída desde os primeiros anos do ensino formal e que permeia as relações sociais, tem em versões reduzidas do positivismo e da teoria crítica duas raízes principais, tornando o pensamento romântico das filosofias do espírito estranhos e pouco compreensíveis aos não iniciados. Pensando nestas dificuldades e entendendo que um programa de iniciação científica visa, acima de tudo, construir um saber-fazer científico, pensamos neste Encontro sobre Geografia e Humanismo como uma oportunidade de promover o contato entre dois grupos que têm se constituído no entorno desta temática na Geografia, procurando estabelecer uma aproximação entre as instituições e grupos de pesquisa. Em vista disso, escolhemos como eixo deste encontro justamente o que em nosso entender é a maior dificuldade de iniciação e compreensão neste campo: o pensar a pesquisa empírica. Todas as atividades programadas visam em última análise as implicações, as dificuldades e as possibilidades da pesquisa em Geografia Humanista a partir da fenomenologia. Com este intento, programamos a realização do curso Humanismo em Geografia: pensando a prática de campo, que traçará um quadro amplo desta problemática nos estudos humanistas, direcionando para a prática e a abordagem que temos desenvolvido em nossos estudos no âmbito do Projeto Vulnerabilidade (Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sociodemográfica nas metrópoles do interior paulista: Campinas e Santos) do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (NEPO/UNICAMP). A atividade do período da tarde de sexta-feira, Humanismo em Geografia: diálogos e pesquisas, é um momento reservado para apresentação de nossos trabalhos e do Grupo de Estudos Geografia & Humanismo, ligado ao Grupo de Pesquisa Imagens, Paisagens & Personagens da Universidade Estadual de Londrina (IMAP&P/UEL), com ênfase no percurso metodológico e nas discussões que conseguimos produzir a partir deles. No sábado, programamos um trabalho de campo na Região Metropolitana de Campinas, com um percurso recortado na porção sudoeste e com um caminhar em dois bairros de Campinas. Este trabalho terá uma condução humanista, o que agrega valor ao objetivo maior do encontro. Por outro lado, as questões e os percursos deste campo remetem aos trabalhos que temos desenvolvido, ligando o campo às discussões da tarde de sexta-feira. O encontro se encerrará no domingo, com uma caminhada por Sumaré e uma conversa de fechamento, na Represa do Marcelo. Esperamos que todos tenham uma ótima estadia em Sumaré e que a Região Metropolitana de Campinas os receba muito bem! E que este seja apenas o primeiro de uma série longa de encontros para discutirmos aquilo que nos localiza neste rico e diverso universo da Geografia! Sumaré, 06 de Outubro de 2006. 2

PROGRAMAÇÃO Sexta 06 de Outubro 2006 8:00hs Saída de Sumaré Praça do Correio 8:30hs Boas vindas e Curso Humanismo em Geografia: pensando a Auditório do NEPO (UNICAMP) prática de campo Eduardo Marandola Jr. (IG/NEPO/UNICAMP) 12:30hs Almoço 14:30hs Humanismo em Geografia: diálogos e pesquisas Auditório do NEPO (UNICAMP) Grupo de Estudos Geografia & Humanismo (IMAP&P/UEL) Lúcia Helena B. Gratão (IMAP&P/UEL) Pablo Sebastian Moreira Fernandez (OLHO/FE/UNICAMP) Janaina de A. M. e Silva Marandola (IGCE/UNESP-Rio Claro) Fernanda Cristina de Paula (IG/NEPO/UNICAMP) Adriana Lopes Rodrigues (IG/NEPO/UNICAMP) Eduardo Marandola Jr. (IG/NEPO/UNICAMP) 18:30hs Retorno para Sumaré NEPO Sábado 07 de Outubro 2006 8:00hs Encontro para Trabalho de Campo Praça do Correio 8:30hs Saída de Sumaré 9:00hs Pólo Petroquímico de Paulínia Rodovia Milton Tavares (SP-332) 9:30hs Caminhos orgânicos da Metrópole Paulínia-Sumaré-Nova Odessa-Americana 10:00hs Região Sudoeste Americana (Carioba) 11:00hs Santa Bárbara d Oeste 12:00hs Lanche Santa Bárbara d Oeste 13:00hs Rodovia dos Bandeirantes SP-101 (Campinas-Monte Mor) Santa Bárbara d Oeste- Sumaré-Hortolândia 14:00hs Debaixo da Ponte Preta Ponte Preta (Campinas) 16:00hs Descanso Largo do Pará (Campinas) 16:30hs Caminhando pelo Centro Velho Centro (Campinas) 18:00hs Fechamento Largo Bento Quirino 19:00hs Retorno para Sumaré Domingo 08 de Outubro 2006 9:00hs Caminhada: Conhecendo Sumaré Praça do Correio 10:00hs Conversas sobre o campo e o encontro Represa do Marcelo 12:00hs Lanche 14:00hs Despedida 3

HUMANISMO EM GEOGRAFIA: PENSANDO A PRÁTICA DE CAMPO Eduardo Marandola Jr. Ementa Partindo da Geosofia e do Humanismo, procuramos discutir alguns fundamentos da prática de campo em Geografia, em geral, e da elaboração de estratégias metodológicas de uma Geografia Fenomenológica, em particular. O caminho passa pelas origens e pelo significado do trabalho na ciência geográfica, enquanto método de estudo das então ciências naturais e das ciências humanas. Angariando elementos das metodologias qualitativas das ciências sociais, refletimos sobre implicações epistemológicas e teóricas do trabalho de campo no que tange a relação sujeito-objeto para pensarmos criticamente as técnicas de campo utilizadas pelos geógrafos humanistas. Por fim, procuramos discutir algumas idéias e procedimentos que têm norteado nossa prática de campo, no esforço de dar operacionalidade a uma geografia fenomenológica, que se utilize de seus conceitos de forma mais essencial e direta. Bibliografia ALES BELLO, Angela. Cultura e religiões: uma leitura fenomenológica. (trad. Antonio Angonese) Bauru: Edusc, 1998. 204p.. A fenomenologia do ser humano: traços de uma filosofia do feminino. (trad. Antonio Angonese) Bauru: Edusc, 2000. 287p.. Fenomenologia e ciências humanas. (org. e trad. Miguel Mahfoud e Marina Massimi) Bauru: Edusc, 2004. 329p. AMORIM FILHO, Oswaldo. Reflexões sobre as tendências teórico-metodológicas da Geografia. Belo Horizonte: IGC/UFMG, 1985[1978]. 56p. [Publicação Especial n. 2] AMORIM FILHO, Oswaldo B. O contexto teórico do desenvolvimento dos estudos humanísticos e perceptivos na Geografia. In:. (org.). Percepção Ambiental: contexto teórico e aplicações ao tema urbano. Belo Horizonte: Instituto de Geociências da UFMG, 1987. p.9-20.. Topofilia, topofobia e topocídio em Minas Gerais. In: DEL RIO, Vicente e OLIVEIRA, Lívia de (orgs.) Percepção ambiental: a experiência brasileira. São Paulo: Studio Nobel, 1999. p.139-154.. A evolução do pensamento geográfico e a fenomenologia. Sociedade & Natureza, Uberlândia, ano 11, nos. 21 e 22, p.67-87, jan./dez. 1999. BACHELARD, Gaston. O novo espírito científico. (trad. Juvental Hahne Jr.) Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 1985. 151p.. A poética do espaço. (trad. Antonio de P. Danesi) São Paulo: Martins Fontes, 2003. 242p. BECKER, Howard S. Métodos de pesquisa em ciências sociais. (trad. Marco Estevão e Renato Aguiar) São Paulo: Hucitec, 1997. 178p. BERGER, Peter I. e LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. (trad. Floriano de S. Fernandes) Petrópolis: Vozes, 1973. 247p. BLEY, Lineu. Morretes: estudo de paisagem valorizada. 1990. 215p. Tese (Doutorado em Geografia) Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. BUTTIMER, Anne. Values in Geography. Washington: Association of American Geographers Commission on College Geography Research Report, n.24, 1974. 58p.. Grasping the dynamism of lifeworld. Annals of the Association of American Geographers, v.66, n.2, p.266-276, 1976. [Traduzido e publicado como: Apreendendo o dinamismo do mundo vivido. In: CHRISTOFOLLETI, Antonio (org.) Perspectivas da Geografia. São Paulo: Difel, 1982. p.165-193.]. (ed.) The Practice of Geography. London: Longmans, 1983. (Clark University Press, New York) CAPALBO, Creusa. Metodologia das ciências sociais: a fenomenologia de Alfred Schutz. Londrina: Ed. UEL, 1998. 97p. CAPEL, Horacio. Geografia Humana y Ciencias Sociales: una perspectiva histórica. Barcelona: Montesinos, 1984. CARVALHO, Delgado. A excursão geográfica. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, ano 3, n.4, p.96-105, out./dez. 1941. CASEY, Edward S. Getting Back into Place: Toward a Renewed Understanding of the Place- World. Indianapolis: Indiana university Press, 1993. 432p.. The fate of place: a philosophical history. Berkeley: University of California Press, 1997. 495p.. Between Geography and Philosophy: what does it mean to be in the place-world? Annals of the Association of American Geographers, v.91, n.4, 2001. p.683-693. 4

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HUMANISMO EM GEOGRAFIA: DIÁLOGOS E PESQUISAS Um encontro com a fenomenologia (a celebração do mundo vivido) Deyvid Fernando dos Reis Hugo Leonardo Marandola Rafael Batista de Souza Sofia Alfredo Lúcia Helena Batista Gratão Este painel tem como objetivo apresentar e divulgar o Grupo de Estudos Sobre Geografia e Humanismo formado por voluntários da Geografia, sob a coordenação da professora e pesquisadora Lúcia Helena B. Gratão. A proposta surge como linha de pesquisa do Grupo do CNPq/UEL Imagens, Paisagens e Personagens - IMAP & P. A partir de 2006 passa a se constituir como Grupo de Estudos tendo como propósito investigar um campo de conhecimento e de saber que historicamente, substancia a relação Homem/Terra (DARDEL, 1952). Os primeiros encontros se deram em torno do humanismo traçando as primeiras notas da geografia humanista. Este traçado geográfico parte de Eric Dardel, mestre da geografia fenomenológica, que combina o trabalho de fenomenologistas com descrições de experiência geográfica feitas por poetas, novelistas e geógrafos. Com este propósito, o Grupo de Estudos é uma possibilidade que se apresenta àqueles que têm o coração e os sentimentos inflamados pela inspiração fenomenológica e que se sentem motivados à investigação geográfica por este campo. Uma maneira de despertar o olhar geográfico na direção do prazer de aprender/fazer Geografia pelos olhos da fenomenologia. Uma abertura para o ensinar e o aprender geografia(s) pelo horizonte da paisagem e do lugar. (Des)lumbrando este horizonte, tem como propósitos iniciais: proporcionar encontros aos interessados pela percepção, experiência e imaginação geográfica; compreender o lugar e a geograficidade; investigar o onirismo geográfico e a poética do imaginário; encontros com Grupos de outras Instituições, com pesquisas e trabalhos de campo nessa mesma direção. A poética d O Rio ARAGUAIA! De cheias... &... Vazantes... (À) Luz da imaginação Lúcia Helena Batista Gratão Este trabalho tem como propósito estudar o Rio Araguaia na perspectiva da geografia humanista em direção da geopoética. Pelos percursos da topofilia e da percepção, procura compreender e desvelar as múltiplas imagens do Rio, tendo como base as experiências vividas da paisagem e do lugar. A partir da imaginação poética, procura abordar a poética geográfica buscando as imagens e símbolos construídos pelas pessoas, ao longo dos percursos do Rio. O Rio como lugar de manifestações de sentimentos de amor do ser humano diante da natureza. Seguindo esta direção de abordagem, partiu-se na busca de encontros, conversas e revelações de imagens reais, simbólicas e imaginárias do Rio, ou seja, como o imaginário do Rio Araguaia se revela no imaginário das pessoas. O objetivo é (re)conhecer e desvelar o sentido que tem o Rio, a partir da (con)vivência das pessoas com ele, à luz da imaginação poética. A experiência caminhante pelas ruas da cidade: uma proposta de narrativa visual do Centro Velho de Campinas Pablo Sebastian Moreira Fernandez Deambular, perder-se, andar a deriva, caminhar sem rumo, errar, se lançar na multidão que compõe a fisionomia da cidade, vagar pelas ruas de uma cidade, verbos-palavras que apontam para um caminho de encontro com a idéia de experiência e com novas miradas do olhar. Esta ação nos conduz à proposta de pesquisa, que intui investigar o caminhar do pesquisador pelas ruas do Centro Velho da Campinas contemporânea. Este caminhar remete primeiramente à experiência da flânerie, descrita por Benjamin a partir da obra do poeta Baudelaire falando da modernidade na cidade de Paris. Trata-se de um caminhar sem traçado pré-determinado, conduzido pela multidão em movimento, e que se pode configurar em possibilidades para a experiência. Assim, o Lugar delimitado para a realização da pesquisa é a região de Campinas 7

denominada como Centro Velho, sítio onde historicamente a cidade se iniciou e onde hoje estão localizados os principais Terminais de Transporte Público desta cidade paulista. Nesta região existe um fluxo intenso de pessoas caminhando, o que traz condições adequadas para lançar um olhar que se propõe a encontrar diferentes formas de andar, caminhar e interpretar uma cidade. Assim, este sujeito-caminhante opta pela linguagem da fotografia como meio de expressar e apresentar possíveis conhecimentos que emergem destas experiências caminhantes com (e pela) a cidade. Procura outras maneiras e formas de narrativas que falem dos Lugares, vislumbrando um tipo de narração feita através de imagens. Nesse sentido, as imagens fotográficas produzidas pelo pesquisador em suas experiências pelas ruas, são utilizadas como forma de expressar tanto o lugar onde o caminhar acontece ( Centro de Campinas), quanto à experiência desencadeada naquele sujeito que caminha. Geografias pernambucanas: João Cabral de Melo Neto e as representações poéticas lembradas Janaina de A. M. e Silva Marandola João Cabral de Melo Neto viveu a maior parte de sua vida fora de Pernambuco, sua terra natal onde esteve até sua formação universitária. Sua profissão de diplomata (escolhida para lhe permitir o exercício da poesia) o conduziu a muitos países e cidades e, invariavelmente, o afastou da terra que amava. Porém, carregou Pernambuco consigo toda a vida, fazendo do Recife, do rio Capibaribe e do seu Estado um dos temas mais presentes em sua obra. Trata-se de uma poética lembrada, composta de paisagens que revelam o envolvimento visceral homemterra, constituído a partir de uma geografia telúrica e de um propósito da lembrança, da re(a)presentação constante daquelas geografias que não eram vividas mais. A memória e o trabalho racional constante tornam-se as principais ferramentas de sua poesia, que representaram e apresentaram as geografias pernambucanas para o mundo. A abordagem do lugar no estudo das vulnerabilidades e riscos na Ponte Preta, Campinas Fernanda Cristina de Paula Esta pesquisa se propôs a perscrutar a dimensão espacial do risco e da vulnerabilidade, na experiência. Assim, buscamos compreender a relação entre os grupos sociais, o espaço e os riscos e vulnerabilidades mediante a menor escala, a da pessoa no lugar. Para isso recorremos ao corpo teórico-metodológico da Geografia Humanista, esteada na filosofia fenomenológicoexistencialista. O estudo empírico foi realizado no bairro da Ponte Preta, em Campinas, perseguindo a compreensão da percepção e da experiência do lugar pelo indivíduo inserido na Sociedade de Risco uma das dimensões fundamentais da vulnerabilidade e do risco na metrópole contemporânea. Foram realizadas entrevistas não-diretivas, além de diversos trabalhos de campo e levantamentos iconográficos, com o objetivo de descrever a experiência do bairro, em busca de sua identidade, memória e forma urbana. O resultado é um mosaico fragmentado de vários bairros, que são vividos de forma heterogênea, mas que guardam traços comuns que os unificam. Cada fragmento, cada identidade e cada lugar apresentam os seus próprios riscos, assim como suas vulnerabilidades, conectadas de diferentes maneiras à trama maior do bairro, da cidade e da metrópole. Percepção dos riscos associados à mobilidade metropolitana: um estudo da porção noroeste da Região Metropolitana de Campinas Adriana Lopes Rodrigues A mobilidade é um dos elementos centrais na estruturação das regiões metropolitanas. Mais do que isto, em regiões com processos de dispersão e fragmentação do tecido urbano acentuados, como a de Campinas, a mobilidade é elemento fundante do próprio modo de vida do habitante metropolitano. Este modo de vida, portanto, envolve diferentes padrões de mobilidade, em geral mais extensos e demorados do que em outros contextos urbanos. Uma das conseqüências destes padrões de mobilidade é a exposição a riscos de diferentes naturezas, potencializando a vulnerabilidade, seja no lugar (na casa, na cidade, no bairro), seja no espaço (no trajeto, em movimento, em trânsito). Este estudo procura investigar a relação riscos-mobilidade-metrópole 8

na porção noroeste da Região Metropolitana de Campinas, uma das áreas mais dinâmicas e orgânicas, em termos de modos de vida, de toda a região. O enfoque incide não apenas no desenho do quadro do como ocorre a mobilidade e a interação entre os municípios, a partir dos dados secundários (censos demográficos e pesquisa Origem-Destino O-D), mas, sobretudo, na percepção dos riscos associados a este estilo de vida e suas conseqüências para pensar a metrópole e sua estruturação. Habitar a metrópole: vulnerabilidades e riscos nos espaços de vida da Região Metropolitana de Campinas Eduardo Marandola Jr. A vida nas metrópoles brasileiras tem sofrido alterações significativas nos últimos 30 anos, produzindo novos padrões espaciais e socioculturais que incidem diretamente na qualidade e no padrão de vida das pessoas. Dois traços desta nova forma metropolitana são especialmente relevantes para compreender estas transformações e suas implicações: a mobilidade e a vulnerabilidade. Nos dois casos, a problemática ambiental está no cerne de toda a discussão. Tem aumentado a evidência de relação entre a mobilidade e a vulnerabilidade, seja em termos espaciais (lugar-fora do lugar) seja em termos sociais (comunidade-fora da comunidade). Os riscos aumentam à medida que aumenta a mobilidade, diminuindo a segurança e potencializando a vulnerabilidade, tanto de pessoas e grupos quanto de lugares e regiões. O cerne deste argumento está no esgarçamento do espaço de vida e das relações sociais oriundo do aumento da mobilidade, fazendo com que os mecanismos de proteção (lugar, família, comunidade), que têm alcance limitado, diminuam gradativamente a sua eficácia. A distribuição espacial da população, ordenada a partir de grandes corredores viários e da conexão por vias e meios de transporte, conecta por um lado e isola por outro, dotando o tecido metropolitano de fragmentos conectados por tênues fios. Investigar o desenho dos espaços de vida individuais e os riscos e perigos enfrentados quotidianamente pelas pessoas, revela facetas da tensão ambiental vivida nas metrópoles, bem como as implicações do padrão de distribuição espacial da população e as formas desta de elevar sua segurança, diminuindo a incerteza. Por outro lado, o olhar para o a experiência no espaço vivido revela riscos insuspeitos, ao passo que outros, aparentemente tão evidentes, são descartados. Esta pesquisa procura delinear este caminho, a partir de trabalho de campo realizado na Região Metropolitana de Campinas, metrópole do interior paulista que congrega as características do período mais recente da metropolização brasileira. 9

TRABALHO DE CAMPO: REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS A Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi institucionalizada por lei estadual em 2000, tendo seu processo de metropolização iniciado principalmente a partir dos anos 1970. O crescimento demográfico, econômico e industrial assistido nestas décadas transformou as cidades e a região, aproximando espaços, reorganizando lugares e territorialidades, redesenhando paisagens. Em um dia de campo, pouco é possível trazer enquanto experiência do que é a RMC. Nosso intuito com o roteiro e os pontos escolhidos foi o de conduzir o olhar por algumas paisagens e lugares que são bastante significativos de uma experiência metropolitana. Estes possuem potencial imagético relevante enquanto imaginário tanto dos de dentro quanto dos de fora em relação à RMC. Em vista disso, não apenas os lugares e as caminhadas onde podemos ter um envolvimento mais pausado são importantes, mas todo o trajeto e os deslocamentos que faremos pelas grandes rodovias também são fundamentais para o trabalho de campo. Na verdade, a mobilidade caracteriza fortemente o estilo e os espaços de vida da RMC, tornado esta parte do trabalho uma forma de experienciar um pouco do que significa este viver metropolitano. Este trabalho de campo é um convite a alguns fragmentos do tecido urbanometropolitano, permitindo vislumbrar elementos de seus lugares, paisagens e territórios. É um convite a um pausar posterior, a uma reflexão que poderá seguir ao campo, e por isso listamos algumas referências que refletem caminhos já trilhados. O texto Diários de campo: aproximações metodológicas a partir da experiência metropolitana (Campinas e Santos), traça tanto uma aproximação metodológica quanto um desenho de algumas questões vividas na RMC. Outros artigos do livro Novas metrópoles paulistas: população, vulnerabilidade e segregação abordam questões mais gerais da estruturação urbano-metropolitana e alguns aspectos mais particulares provenientes de estudos específicos, tornando-se uma leitura imprescindível para a compreensão mais geral da estruturação e formação da RMC. Mas o principal sentido do campo é o da experiência, e por isso deixar que o campo se revele é a atitude principal na nossa condução. As leituras devem vir depois, na construção do objeto e na digestão das imagens e das vivências. O que segue é um pequeno roteiro dos pontos e dos trajetos por onde passaremos este dia. Os respectivos números referem-se à sua localização nos mapas das páginas seguintes. As escolhas correspondem aos nossos interesses e pesquisas, o que torna este campo, de certa maneira, uma síntese do dia anterior: exercitaremos a prática de campo e iremos aos campos dos trabalhos apresentados. Na nossa conversa de domingo, no encerramento do encontro, discutiremos as imagens e a prática desenvolvida em campo, esperando poder realizar um fechamento das idéias trabalhadas nestes três dias e, quiçá, abrindo outras questões que poderemos perseguir no desenrolar de nossas atividades. 1. Via Anhanguera Rodovia Dom Pedro I Uma das características mais marcantes da RMC é a extensão, fluxo intenso e dimensão dos grandes corredores viários. Entres estes, a principal é a Via Anhanguera. Corredor histórico de transporte e fluxo de mercadorias da capital para o interior do estado e para a região Centro-Oeste (Goiás, Brasília) e com o Triângulo Mineiro. Além disso, a partir dela e para ela afluem outras rodovias importantes que, em última análise, fazem dela o principal eixo de ligação da capital com a maior parte do interior do Estado. A rodovia divide o espaço urbano de Campinas em dois, sendo também o local de instalação da primeira fase da industrialização da região. Ela articula boa parte dos municípios da RMC, somando ao trânsito extra-regional o trânsito urbano-metropolitano. Foi ao longo dela que a partir dos anos 1970 houve a conurbação entre muitos municípios, aumentando o fluxo e a sua importância. A Rodovia Dom Pedro sai da Via Anhanguera, no norte do município de Campinas, dirigindo-se ao vale do Paraíba, passando ao norte da Região Metropolitana 10

de São Paulo. No espaço urbano de Campinas, ela constitui-se num contorno viário norte-nordeste, tendo seu uso ligado aos grandes equipamentos regionais de atendimento metropolitano: shoppings-centers, mega-stores, hipermercados e mercados de atacado e as duas maiores universidades da região: a Universidade Estadual de Campinas e a Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Além disso (e por isso), este eixo é a localização privilegiada de condomínios horizontais de alto padrão, que se utilizam tanto das vias facilitadas e rápidas quanto da acessibilidade a este circuito metropolitano de bens e serviços. 2. Pólo Petroquímico de Paulínia A decisão de incluir uma passagem, mesmo que rápida, pelo pólo petroquímico de Paulínia, se explica pela força que aquela paisagem tem em termos imagéticos. Ali está a maior refinaria do Brasil, a Refinaria do Planalto (REPLAN) e um sem número de indústrias, depósitos e outras dependências envolvidas com combustíveis e seus derivados. O terminal de cargas perigosas é outro ponto marcante, que nos conduz a uma paisagem industrial, aos lugares da produção. Lugar do risco. 3. Caminhos orgânicos da metrópole Nem todos os fluxos se dão concentrados pelas grandes rodovias. Há poucos, mas significativos caminhos que são realizados pelos habitantes da região, às vezes para fugir de pedágios, às vezes pela própria proximidade. A ligação da SP-332 com a Via Anhanguera, passando por dentro de Paulínia é um exemplo significativo. Outra ligação importante é aquela que se estrutura a partir do leito do ribeirão Quilombo (e do leito ferroviário, paralelos que são), ligando Sumaré, Nova Odessa e Americana. Este caminho da água-máquina é o eixo de conurbação e ligação orgânica entre estas cidades, promovendo uma das integrações mais estreitas da região. Este trajeto é paralelo à via Anhanguera, mas corta o centro das três cidades, levando as águas que começam a ser colhidas em Campinas, passando por Paulínia, até o rio Piracicaba, no limite municipal de Americana com Limeira. 4. Americana Carioba Assim como outros municípios do interior do Estado de São Paulo, o surgimento e a consolidação de Americana seguem a trajetória da ocupação do espaço paulista a partir das expedições que, seguindo os cursos dos rios e povoados indígenas, iam em busca das riquezas minerais e mão-de-obra escrava dos índios até o século XVIII. Após esse período, há o predomínio do cultivo de cana-de-açúcar paralelo ao surgimento de engenhos de açúcar e aguardente. No século XIX, o predomínio é das fazendas de café, época que congrega a construção das primeiras ferrovias, o melhoramento das estradas e a consolidação da povoação. A Fábrica de Tecidos Carioba, foi fundada em acordo com sócios brasileiros pelo engenheiro Willian Pultney Ralston, se localizando a três quilômetros da linha férrea que acompanha o ribeirão Quilombo e corta o centro da cidade. A fábrica desempenhou importante papel na Villa dos Americanos, mais tarde Vila Americana e depois Americana. Considerada o berço da industrialização de Americana, a reativação da Fábrica Carioba, após 26 anos de completa desativação, por Franz Muller e um sócio inglês, deu novo impulso à Vila Americana. A expansão da produção levou à necessidade da Usina Hidrelétrica de Salto Grande que até dias atuais permanece em atividade. Nesse momento, a Carioba é considerada a segunda maior fábrica de tecidos de algodão do Brasil. Atualmente, na sede da antiga Fazenda Salto Grande, está instalado o Museu Histórico e Pedagógico Dr. João da Silva Carrão. As terras da fazenda constituem o Bairro Antônio Zanaga e bairros adjacentes, o Distrito Industrial Abdo Najar, grandes indústrias como a Goodyear, Santista Têxtil, Polienka, entre outras. As terras remanescentes formam a região chamada de Pós-Represa, de importância estratégica para o futuro do município. À margem direita da Via Anhanguera, no sentido capitalinterior, estão arrendadas terras à Usina Éster, de Cosmópolis, as quais são banhadas pelo Rio Jaguari e Represa de Salto Grande. 11

Regionalmente, Americana coloca-se como um dos mais fortes pólos dentro da RMc, sendo superado por Campinas apenas. Sua base industrial é não só determinante em sua evolução histórica como nos dias atuais. 5. Santa Bárbara d Oeste-Americana A partir de 1970, ocorre intensa conurbação entre Americana e Santa Bárbara d Oeste devido à implantação de grandes empresas ao longo da Rodovia Anhanguera e à continuidade de fluxos migratórios. Santa Bárbara d Oeste desmembrou-se da cidade de Piracicaba em 1844, época em que chegam à cidade grande número de migrantes norte-americanos sulistas da Guerra de Secessão com novos métodos agrícolas que fortalecem a agricultura local. Em 1889 é inaugurada a destilaria de álcool que, em 1902, tornou-se a Companhia Industrial e Agrícola Santa Bárbara (Usina Santa Bárbara). Surgiram depois a Usina Furlan, Cillos e Galvão. Contudo, com a desaceleração do Proálcool, desde 1980, o setor sucroalcooleiro tem declinado. Além disso, Santa Bárbara d Oeste é, junto com Americana, Sumaré e Nova Odessa, um dos principais pólos têxteis do interior de São Paulo. Hoje, entre as principais indústrias da cidade estão as Indústrias Romi, Têxtil Canatiba, Refrigerantes Esportivos. Ao longo da avenida Santa Bárbara, através da qual entramos na cidade de SBO (assim conhecida) a partir de Americana, há o Shopping Tivoli. Este é um ponto atrativo e de encontro entre, principalmente, as duas cidades. Entretanto, pela proximidade com Americana e Campinas, a cidade possui características de cidade-dormitório. Levantamentos municipais revelam a ocorrência de grande concentração de favelas na área leste da cidade, a região da cidade conurbada com Americana. Estas áreas, vale ressaltar, estão inseridas em áreas de risco, onde a acentuada declividade do terreno e a proximidade dos cursos d água representam perigos aos moradores do local e à coletividade. 6. Rodovia dos Bandeirantes Construída na década de 1970 para desafogar a sobrecarregada Anhanguera, é uma das mais modernas rodovias brasileiras. A primeira parte chegou até Campinas (próximo ao entroncamento com a Rodovia Dom Pedro I). Nos anos 1980 foi concluída a segunda parte, que chegou até Cordeirópolis, na Via Washington Luis. A parte que passaremos da rodovia é a segunda, chamada de Nova Bandeirantes. Diferente da Anhanguera, que é o próprio núcleo da mancha urbana, a Bandeirantes passa ao largo, cortando as áreas rurais de Santa Bárbara d Oeste e Sumaré, chegando ao fragmentado tecido urbano de Hortolândia. 7. SP-101 - Hortolândia A SP-101, chamada de Campinas-Monte Mor estrutura o fluxo da cidade de Hortolândia para Campinas, a relação pendular mais significativa de toda região. Hortolândia emancipou-se de Sumaré na década de 1990. Apesar de um parque industrial significativo, sofre com carência generalizada, com uma população numerosa e pobre (mais de 200.000 habitantes) e os piores índices sociais do município. O próprio tecido urbano revela esta desagregação, com condições sanitárias e de saúde extremamente precárias. Hortolândia ainda é uma cidade em busca de uma identidade, de uma integração e de um imaginário que não seja apenas a da cidade-dormitório, local da pobreza e da violência. 8. Ponte Preta Bairro tradicional de Campinas, a Ponte Preta se destaca por congregar em sua paisagem a coexistência do velho e do novo. Há números significativos de construções do final do século XIX e início do XX (culturalmente relevantes para Campinas), coexistindo com edifícios residenciais da década de 1990 e algum caráter de centro comercial. 12

8.1 Cemitério da Saudade Espaço do sagrado, o Cemitério da Saudade transcende o bairro da Ponte Preta. Sua singularidade dentro da cidade se dá, principalmente, por sua tradição (destaque para os túmulos de famílias tradicionais da Campinas do final do século XIX e início do XX). Este cemitério contribui significativamente para a sazonalidade anual do bairro. 8.2 Av. da Saudade e Igreja Sto. Antônio Importante via de passagem do centro para sul-sudeste da cidade, reunindo uma série de serviços como bancos, supermercados, loja de material de construção; apesar de determinado caráter de centro comercial, nesta avenida se localiza a Igreja, também, tradicional espaço do sagrado que transcende o bairro, estabelecendo uma centralidade significativa. Em 2005, a câmara de vereadores da cidade passou a funcionar nesta avenida. 8.3 Percorrendo a rua Vitoriano dos Anjos Percorrer esta rua e atentar para sua paisagem permite aventar os diferentes modos de habitar o bairro e, ainda, entrever o seu desenrolar histórico através das habitações: de edifícios relativamente modernos até construções de, provavelmente, início do século XX. 8.5 Trilho do trem e Fragmento Oscar Leite O trilho do trem, neste ponto, no início da rua Vitoriano dos Anjos, se torna importante elemento para a compreensão do fenômeno Ponte Preta, na medida que surge como problematizador dos limites do bairro para os insiders e, ainda, conforma diversos cantos (ruas sem saídas que guardam intimidade singular das pessoas entre si e das pessoas com o espaço público). Nesta área do bairro (que chamamos aqui de Fragmento Oscar Leite), junto ao trilho, não houve forte mudança nas formas da paisagem e, concomitantemente, de quem e como se vive o lugar; esta área, além de tudo, é vista pelos moradores (dali e de outras partes do bairro) como fonte de riscos relacionados, principalmente, ao tráfico de drogas. 8.6 A Ponte Preta Ponte que deu origem ao nome do bairro. Apesar de ter se tornado, recentemente, um patrimônio histórico tombado, ela é pouco referida na fala dos insiders, recebendo pouca atenção tanto destes quanto dos outsiders. 8.7 Praça das Águas Recente espaço público aberto no bairro. Sua abertura, formas, concepções e usos vêm trazendo diferentes questões que remetem ao relacionamento dos moradores com o bairro. 8.8 Fragmento Desgarrados (antiga Praça Conde Matarazzo) Nesta área da Ponte Preta (denominada, simultaneamente, como Vila Industrial), observa-se construções de antigos galpões, indústrias, lojas (a maioria refuncionalizadas) e residências do início e meados do século XX; assim como, determinados conjuntos de edifícios residenciais e outras construções relativamente novas (década de 1990). Esta área é mais fracamente ligada ao que seria o centro do bairro da Ponte Preta, compondo assim o Fragmento Desgarrados. 13

9. Algumas Imagens... do Centro Velho de Campinas Apagamento #1 - Proximidades do Mercado Municipal (2005). [Fernandez, P.S.M.] Fusão #1 Camelódromo- Palácio da Mogiana (2006). [Fernandez, P.S.M.] 14

Labirinto #1 Calçadão 13 de Maio (2005). [Fernandez, P.S.M.] Chuva (fragmento) Terminal Moraes Salles (2005). [Fernandez, P.S.M.] 15

CADERNO DE MAPAS Região Metropolitana de Campinas Trabalho de campo de Outubro de 2006 RMC RMSP RMBS SP-332 4 5 2 3 6 3 1 1 7 9 8 Fonte: NEPO/NESUR/UNICAMP 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. N Via Anhanguera Rodovia Dom Pedro I Pólo Petroquímico de Paulínia Caminhos orgânicos da metrópole Americana Carioba Santa Bárbara d Oeste-Americana Rodovia dos Bandeirantes SP-101 - Hortolândia Ponte Preta Centro Velho de Campinas 16

3 6 1 17

5 4 1 3 18

6 5 19

6 7 20

Imagem das malhas urbanas dos municípios de Santa Bárbara d Oeste e Americana. Em destaque, 1 e 2 indicam as principais vias de ligação, Av Santa Bárbara e a Rod. Luiz de Queiroz. Fonte: http://maps.google.com/ [visitado em 30/09/2006]. 21

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