ACÓRDÃO Registro: 2016.0000219294 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 2013798-38.2016.8.26.0000, da Comarca de Penápolis, em que é paciente JOÃO PAULO ICHIKAWA DE SOUZA e Impetrante DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Concederam a ordem, nos termos do v. acórdão. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 5 de abril de 2016. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
HABEAS CORPUS nº 2013798-38.2016.8.26.0000 Comarca: Penápolis Impetrante: Júlio César Valese Paciente: JOÃO PAULO ICHIKAWA DE SOUZA VOTO Nº. 13.070 Habeas corpus. Furto qualificado. Pleito objetivando a dispensa da fiança, arbitrada no valor de R$ 1.320,00. Paciente sem condições financeiras e patrocinado pela Defensoria Pública. Possibilidade de fixação de medidas cautelares previstas no artigo 319, incisos I e V, do Código de Processo Penal. Ordem concedida para confirmar a liminar. Trata-se de Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de JOÃO PAULO ICHIKAWA DE SOUZA, contra decisão do MM. Juiz de Direito, Dr. Heber Gualberto Mendonça, da 4 a Vara da Comarca de Penápolis, consistente na concessão de liberdade provisória mediante o recolhimento de fiança. Conforme narra a impetrante, o MM. Magistrado a quo, após apreciação do auto de prisão em flagrante, arbitrou a fiança para a liberação do paciente, no valor de R$ 1.320,00 (fls. 6/7). Contudo, por não possuir condições econômicas para pagar tal quantia, o paciente continua preso cautelarmente. Desse modo, postula o impetrante a Habeas Corpus nº 2013798-38.2016.8.26.0000 2
concessão da liminar e a posterior confirmação desta, com a imediata expedição de alvará de soltura em favor do paciente, dispensando-o do pagamento de fiança e a aplicação de medida cautelar alternativa menos gravosa. A liminar foi concedida, substituindo a fiança pelas medidas cautelares previstas no artigo 319, incisos I e V, do Código de Processo Penal (fls. 20/22). A autoridade impetrada prestou as informações necessárias (fls. 26/36). Em seu parecer, a Procuradoria Geral de Justiça opinou pela concessão do writ (fls. 38/39). É o relatório. Devidamente processado, é caso de concessão da ordem. Conforme consta dos autos (fls. 31/34), o paciente foi preso em flagrante, no dia 19 de janeiro de 2016, pela suposta prática de furto qualificado (mediante rompimento de obstáculo e concurso de agentes), acusado de subtrair, para si, uma motocicleta, pertencente a Francisco Carlos de Aquino. Ao avaliar as circunstâncias da prisão, o I. Magistrado a quo concluiu por conceder liberdade provisória, porém mediante o pagamento de fiança no valor de R$ 1.320,00. Todavia, nos termos do boletim de ocorrência, observa-se que o paciente possui formação profissional de pintor de paredes, inclusive, assistido pela Defensoria Pública, de modo que o valor arbitrado pela autoridade coatora, mostra-se, em tese, desproporcional. Habeas Corpus nº 2013798-38.2016.8.26.0000 3
Assim, visando a dar adequabilidade à situação, a substituição da fiança, nesse caso, é a melhor solução. Nesse sentido, vimos defendendo que, buscando não transformar a fiança num impedimento à liberdade individual, por conta exclusiva da capacidade econômica do acusado, estabelece-se a viabilidade da liberdade provisória sem fiança. Esta situação é a do indiciado ou réu pobre, que não pode arcar com o valor fixado sem prejuízo à sua manutenção ou de sua família. Não seria mesmo justo o rico ser beneficiado pela liberdade provisória e o pobre ficasse preso, unicamente por não dispor de recursos para custear a fiança 1. Entretanto, em se tratando do crime de furto qualificado, judiciosa a manutenção de medida cautelar, mesmo em substituição à fiança, a qual fixo sob a forma de recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga e comparecimento periódico em juízo, evitando-se que se furte à instrução criminal e à aplicação da lei penal, caso venha a ser condenado. Ante o exposto, pelo meu voto, concedo a ordem do presente habeas corpus, confirmando a liminar concedida, nos mesmos moldes do alvará de soltura clausulado já expedido. GUILHERME DE SOUZA NUCCI 1 NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, 13ª ed., Forense, nota 73, art, 350. Habeas Corpus nº 2013798-38.2016.8.26.0000 4
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