PERFIL OBSTÉTRICO DE PUÉRPERAS INTERNADAS NO ALOJAMENTO CONJUNTO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

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Transcrição:

PERFIL OBSTÉTRICO DE PUÉRPERAS INTERNADAS NO ALOJAMENTO CONJUNTO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALDRIGHI, Juliane Dias 1 ; RODRIGUES, Andressa Peripolli 2 ; PADOIN, Stela Maris de Mello 2 ; GUIDO, Laura de Azevedo 2 1 Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Brasil 2 Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Brasil E-mail para contato: ju_aldrighi@hotmail.com RESUMO O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil obstétrico de puérperas internadas em um Hospital Universitário. Realizou-se uma pesquisa observacional descritiva, com delineamento transversal e abordagem quantitativa, com puérperas internadas no alojamento conjunto do Hospital Universitário de Santa Maria, Brasil. Participaram 322 puérperas por meio da aplicação de um instrumento de coleta de dados. Os dados foram coletados no período de dezembro de 2011 a março de 2012. 95,96% das puérperas realizaram o pré-natal, sendo 64,08% mais de seis consultas, 72,25% receberam orientações a respeito do aleitamento materno após o parto pelo enfermeiro e 85,40% teve o bebê a termo. Destaca-se o alto número de partos cesáreos, evidenciado em 63,66% das pupérperas. Aponta-se a necessidade de conhecer as mulheres atendidas no alojamento conjunto, fornecendo subsídios para as ações dos profissionais de saúde e ajudar na construção de novos programas e ações de saúde em convergência com as necessidades população usuária. Palavras-chave: Alojamento conjunto; Cuidados de enfermagem; Saúde da mulher; Enfermagem 1. INTRODUÇÃO O sistema de Alojamento Conjunto (AC) foi criado com o intuito de aproximar mãe e filho nas primeiras horas após o parto, proporcionando aos pais e familiares maior interação e participação nos cuidados do recém-nascido (RN). O AC é um sistema hospitalar em que, logo após o nascimento, o RN sadio permanece com a mãe em um mesmo ambiente, até a alta (BRASIL, 2011). Esse sistema possibilita que a equipe de saúde preste cuidados assistenciais necessários ao binômio mãe-bebê. Tende a promover o aleitamento materno (AM) em livre demanda e sua manutenção por tempo prolongado, fortalecer o vínculo entre mãe e filho, incentivar a presença do pai e de outros familiares durante a internação, além de possibilitar a orientação da puérpera quanto aos cuidados com o RN e com ela mesma (FONSECA, PARREIRA e DOUGLAS et al, 2011). A internação em AC é um período de intenso aprendizado para a puérpera e sua família, principalmente para as primigestas, pois é uma oportunidade de aprenderem os

cuidados com o RN, aumentando a sua confiança. Ambos devem permanecer, pelo menos, 48 horas internados neste espaço, pois permite a detecção precoce de complicações pósparto ou de afecções neonatais, além da troca de experiência entre profissionais da saúde e puérpera (BRASIL, 2011). O puerpério é um período de alterações fisiológicas e psicológicas, sendo que a presença da equipe de enfermagem é fundamental, para prestar assistência. Ressalta-se a importância de um atendimento de qualidade, alicerçados no acolhimento, na escuta qualificada, na valorização das experiências de cada mulher, além de proporcionar ambiente confortável, atentando para complicações do puerpério imediato e realização de educação em saúde (ALMEIDA e SILVA, 2008; PASQUAL, BRACCIALLI e VOLPONI, 2010). Tendo em vista o planejamento da assistência, protagonizada pela enfermagem, é de suma importância conhecer as puérperas internadas em AC, com vista a planejar o cuidado de forma integral e organizar uma atenção de qualidade e segura às puérperas e seus filhos, pautada em suas características particularidades e singularidades (DODT, ORIÁ e PINHEIRO et al, 2010). 2. OBJETIVO Caracterizar o perfil obstétrico de puérperas internadas no alojamento conjunto de um Hospital Universitário. 3. METODOLOGIA Caracteriza-se como um estudo observacional descritivo, com delineamento transversal, fundamentado na abordagem quantitativa. Teve como campo de estudo a Unidade Toco-Ginecológica (UTG) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). A UTG está localizada no 2º andar do HUSM, e atende duas especialidades: ginecológica e obstétrica. A população do estudo foi composta por mulheres no pós-parto imediato atendidas no AC do HUSM. Foi utilizada uma amostra por conveniência de 322 puérperas, calculada com uma precisão de 5% e com um intervalo de confiança de 95%. Os critérios de inclusão para participação no estudo foram: mulheres no período puerperal imediato (1º ao 10º dia) e após o período de seis horas do parto; puérperas a partir dos 12 anos de idade, considerando o Estatuto da Criança e do Adolescente, lei nº 8.069/90 (BRASIL, 2005); internadas no AC acompanhadas do RN com boa vitalidade, capacidade de sucção efetiva e controle térmico. Considera-se com boa vitalidade os RNs com mais de dois quilos, acima de 35 semanas de gestação e índice de APGAR maior que seis no quinto minuto (BRASIL, 2011).

Os critérios de exclusão foram: mulheres que apresentaram intercorrências clínicas no momento da coleta de dados (cardiopatias, nefropatias, diabetes, hipertensão, entre outras); intercorrências obstétricas no período puerperal (anemia, sangramento transvaginal, cefaléia pós-raquidiana, entre outras); ou com alguma limitação cognitiva e mental (dificuldade de compreensão e expressão verbal); condição materna infecciosa que impossibilitavam ou contraindicavam o AM; e aquelas com filhos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A coleta de dados ocorreu de dezembro de 2011 a março de 2012, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para selecionar as participantes, segundo os critérios de inclusão, foi utilizado o prontuário da puérpera, de acordo com a demanda de internação na unidade. A coleta foi realizada por fonte primária (diretamente com as puérperas), no próprio leito das puérperas ou em sala reservada na unidade em questão, conforme preferência da mulher. Foi realizada uma entrevista para a aplicação do instrumento de coleta de dados que objetivou caracterizar o perfil obstétrico da amostra. Os dados coletados foram processados e analisados de forma eletrônica, a partir da construção de um banco de dados com base no software Epi Info versão 3.5, com dupla digitação independente para garantir a exatidão dos dados. As variáveis obstétricas foram analisadas estatisticamente com o software Statistical Package for Social Science (SPSS, versão 17.0). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em novembro de 2011 sob nº CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética): 0323.0.243.000-11. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise estatística indicou que na gravidez e no pós-parto atual 85,40% (n=275) das mulheres tinham de 37 a 41 semanas e seis dias de gestação quando os bebês nasceram, denotando que foram RN s a termo, conforme a Tabela 1. Crianças que nascem no tempo ideal tendem a ter um desenvolvimento mais saudável do que as prematuras. A prematuridade é passível de prevenção se a causa for detectada precocemente, durante o pré-natal, por exemplo. O uso de drogas, diabetes, doença hipertensiva específica da gestação, infecções do trato urinário e outras doenças de base materna são fatores predisponentes a prematuridade e podem ser detectados e prevenidos durante o pré-natal (GABANI, SANT ANNA e ANDRADE, 2010). Observou-se que 95,96% (n=309) das mulheres realizaram o pré-natal, sendo que destas 64,08% (n=198) realizaram mais de seis consultas como mostra a Tabela 1. Quanto ao número de consultas de pré-natal, ressalta-se que os dados estão em conformidade com

o Ministério da Saúde que preconiza a realização de pelo menos seis consultas durante todo o período gravídico como requisito mínimo para qualidade do acompanhamento pré-natal (BRASIL, 2011). Tabela 1: Distribuição do número de puérperas, segundo dados obstétricos da última gestação. Santa Maria/Brasil. 2012. (N=322) Questão/Variável N % Idade gestacional Pré-termo 41 12,73 A termo 275 85,40 Pós-termo 6 1,86 Realizou pré-natal Sim 309 95,96 Não 13 4,04 Consultas pré-natal (N=309) 1 a 3 consultas 15 4,85 4 a 6 consultas 96 31,07 Mais de 6 consultas 198 64,08 Orientação sobre AM no pré-natal (N=309) Sim 145 46,93 Não 164 53,07 Quem deu as orientações (N=145) Enfermeiro 36 11,18 Equipe multiprofissional 12 3,72 Médico 83 25,77 Grupo de gestantes 4 1,24 Não lembra 4 1,24 Tipo de parto Vaginal 117 36,34 Cesáreo 205 63,66 Entrou em contato com o bebê Na primeira hora 267 82,92 Após a primeira hora 55 17,08 Bebê foi colocado no seio materno Na primeira hora 116 36,02 Após a primeira hora 206 63,98 Orientações sobre AM após o parto Sim 208 64,60 Não 114 35,40 Quem deu as orientações Enfermeiro 151 46,89 Equipe Multiprofissional 3 0,93 Médico 22 6,83 Técnico de Enfermagem 5 1,55 Não lembra 25 7,76 Em relação à variável tipo de parto, predominou o parto cesáreo, chegando a 63,66% (n=205), indicados na tabela 1. O índice de cesáreas foi elevado, sendo maior que a média nacional. Tal prática pode estar associada ao advento da medicalização da assistência obstétrica, ao aprimoramento de tecnologias, ao aumento da incidência de gestações em pacientes com cesariana prévia, além dos fatores socioculturais relacionados à praticidade

do parto programado, uma vez que a dor é temida pela maioria das mulheres (OLIVEIRA, QUIRINO e RODRIGUES, 2012). Em contrapartida, estudos mostram que mesmo com as facilidades que a cesariana proporciona às mulheres, existe uma preocupação dos gestores da área da saúde quanto ao aumento dos custos e da morbimortalidade materna, além da ausência de benefícios fetais associados ao fenômeno (GABANI, SANT ANNA e ANDRADE, 2010). Quando questionadas sobre o contato com o bebê 82,92% (n=267) das puérperas referiram que foi logo na primeira hora após o parto. Entretanto, 63,98% (n= 206) das mulheres afirmaram que o bebê foi colocado para sugar o seio materno após a primeira hora de pós-parto, como mostram os dados da tabela 1. Quanto mais precoce for o contato com o bebê, mais rapidamente será estabelecido o vínculo entre o binômio mãe-bebê. É esse contato que vai dar origem ao sentimento de segurança entre ambos e aumentar seus laços afetivos (CARMO, SILVA e BUENO et al, 2010). O AM torna-se um excelente facilitador para a aproximação entre mãe e filho, pois proporciona que mãe e filho se conheçam durante esse processo. Estudo mostra que há uma gama de benefícios relacionados ao AM, tanto para a criança quanto para a mãe. Na criança, há o desenvolvimento da imunidade, conferindo o baixo risco de contrair doenças infecciosas, baixos índices de morbimortalidade infantil, diminuição dos índices de doenças crônicas como câncer, diabetes, obesidade entre outros. e aumento do desenvolvimento cognitivo infantil. O AM também proporciona vantagens para a mulher, pois reduz o peso mais rapidamente após o parto, ajuda na involução do útero, diminui o risco de hemorragia e de anemia após o parto, reduz o risco de diabetes e o risco de câncer de mama e ainda, se a amamentação for exclusiva, pode ser um método contraceptivo natural para evitar uma nova gravidez (HENRY, NICOLAU e AMÉRICO et al, 2010). No que se refere às orientações a respeito do AM, 53,07% (n=164) das mulheres informaram não ter recebido nenhuma orientação durante o pré-natal. Das puérperas que receberam orientações de AM, 57,24% (n=83) relataram terem sido feitas pelo médico. Quanto ao recebimento de orientações sobre amamentação após o nascimento do bebê, 64,60% (n=208) referiram ter recebido orientações, sendo que estas orientações foram realizadas pelo profissional enfermeiro em 72,25% (n=151), conforme mostrado na tabela 1. As atividades desempenhadas pelo enfermeiro durante o período gravídico da mulher estão amparadas pela lei do Exercício Profissional de Enfermagem, indicando ao enfermeiro a assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; tal como a identificação das complicações obstétricas e a tomada de providência, se necessário. Com isso, o enfermeiro tem autonomia para a realização do acompanhamento pré-natal considerado de baixo risco e, assim, desempenhar ações educativas que enfatizem a

alimentação, o preparo para o parto, os cuidados com o RN e a promoção do AM. Mesmo diante da autonomia do enfermeiro, quem geralmente realiza o acompanhamento pré-natal é o médico (ALMEIDA e SILVA, 2008). Após o parto, a mulher permanece sob os cuidados da equipe de enfermagem, permitindo que o enfermeiro esteja mais próximo da puérpera e assim tenha uma abordagem assistencial baseada na educação e na orientação à saúde, incluindo o AM (SOARES, GAIDZINSK e CIRICO, 2010). 5. CONCLUSÕES Foi possível evidenciar que as mulheres estão aderindo ao acompanhamento prénatal e a maioria realiza o número de consultas além do recomendado por órgãos de saúde. Porém, as orientações em relação ao AM não estão alcançando todas as gestantes durante o pré-natal, sendo estas abordadas principalmente pelo enfermeiro, durante o pós-parto. Dessa forma, as ações dos profissionais de saúde precisam ser reforçadas não só no pré-natal, como também no puerpério imediato, momento em que estão no alojamento conjunto. Ou seja, ações de educação em saúde em todos os níveis de atenção. Para tanto, será necessário a formação de novos programas e ações de saúde, que venham ao encontro das necessidades evidenciadas pelas mulheres neste estudo. Preconiza-se que essas ações educativas tenham um enfoque multiprofissional e que as intervenções possam também estar sendo desenvolvidas por profissionais de diferentes áreas. O alto índice de partos cesáreos, que muitas vezes são feitos eletivamente e influenciados por questões culturais e sociais, o que denota uma medicalização da assistência às parturientes. Outrossim, poderá estar relacionado a atenção de alta complexidade e serviço de referencia, em que o cenário da pesquisa se insere. Por fim, compreendeu-se ser importante conhecer o perfil obstétrico das mulheres internadas em alojamento conjunto, no sentido de reforçar a necessidade de direcionar as atividades de cuidado e de assistência, de forma que seja estabelecido um cuidado individualizado. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.S.; SILVA, I.A. Necessidades de mulheres no puerpério imediato em uma maternidade pública de Salvador, Bahia, Brasil. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 42, n. 2, p. 347-54. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 4 v. 2011.. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 4 v. 2011. CARMO, T.M.D.; SILVA, M.M.; BUENO, T.R. et al. Aleitamento materno na sala de parto: a perspectiva da mulher. Ciencia et Praxis, v. 3, n. 6, p. 57-62. 2010. DODT, R.C.M.; ORIÁ, M.O.B.; PINHEIRO, A.K.B. et al. Perfil epidemiológico das puérperas assistidas em um alojamento conjunto. Rio de Janeiro. Rev. enferm. UERJ, v. 18, n. 3, p. 345-51. 2010. FONSECA, M.O.; PARREIRA, B.D.M.; DOUGLAS, M.C. et al. Aleitamento materno: conhecimento de mães admitidas no alojamento conjunto de um hospital universitário. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 10, n. 1, p. 141-49; 2011. GABANI, F.L.; SANT ANNA, F.H.M.; ANDRADE, S.M. Caracterização dos nascimentos vivos no município de Londrina (PR) a partir de dados do SINASC, 1994 a 2007. Cienc Cuid Saude, v. 9, n. 2, p. 205-213. 2010. HENRY, B.A.; NICOLAU, I.O.; AMÉRICO, C.S. et al. Socio-Cultural Factors Influencing Breastfeeding Practices among Low-Income Women in Fortaleza-Ceará-Brazil: a Leininger s Sunrise Model Perspective. Enferma glob, v. 19, p. 1-13. 2010. OLIVEIRA, J.F.B.; QUIRINO, G.S.; RODRIGUES, D.P. Percepção das puérperas quanto aos cuidados prestados pela equipe de saúde no puerpério. Rev Rene, v. 13, n. 1, p. 74-84. 2012. PASQUAL, K.K.; BRACCIALLI, L.A.D.; VOLPONI, M. Alojamento conjunto: espaço concreto de possibilidades e o papel da equipe multiprofissional. Cogitare Enferm, v. 15, n. 2, p. 334-9; 2010. SOARES, A.V.N.; GAIDZINSK, R.R.; CIRICO, M.O.V. Identificação das intervenções de enfermagem no Sistema de Alojamento Conjunto. São Paulo. Rev Esc Enferm USP, v. 44, n. 2, p. 308-17. 2010.