GESTÃO ESTRATÉGICA DOS CUSTOS LOGÍSTICOS: A AVALIAÇÃO DO CUSTO DE TRANSPORTE DE VEÍCULOS UTILITÁRIOS DE CARGA



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Transcrição:

GESTÃO ESTRATÉGICA DOS CUSTOS LOGÍSTICOS: A AVALIAÇÃO DO CUSTO DE TRANSPORTE DE VEÍCULOS UTILITÁRIOS DE CARGA Daniel de Castro Feijo (UFC) danielcfeijo@gmail.com Rogerio Teixeira Masih (UFC) rogeriomasih@gmail.com Fernando Ribeiro de Melo Nunes (UFC) ferimene@secrel.com.br Este artigo tem como objetivo avaliar o custo por quilômetro de três veículos utilitários. Para isso foi realizada uma pesquisa que consiste na identificação e análise dos custos fixos e variáveis associados a cada um dos veículos em estudoo. Para analise foram estabelecidos dois cenários, dos quais diferem entre si em função do peso total da carga a ser transportada. Os resultados mostram que não existe um melhor veiculo em todas as situações e sim veiculos com características mais adequadas a uma situação especifica. Palavras-chaves: custos logísticos, custo de frete, transporte rodoviários de cargas

1. Introdução A logística empresarial inclui as atividades de movimentação de produtos e a transferência de informações, porém para a que seja gerenciada de forma integrada, a logística deve ser trabalhada como um sistema, ou seja, um conjunto de componentes interligados, trabalhando de forma coordenada, com o objetivo de atingir um objetivo comum. Segundo Ballou (2001), a logística empresarial é um campo de estudos relativamente novo da gestão integrada, se feito comparação aos campos tradicionais como finanças, produção e marketing. No entanto, segundo Bowersox e Closs (2001), a logística moderna é um paradoxo, pois existe desde o inicio da civilização, não sendo algo novo, procura-se, a aplicação de melhores praticas logística nas áreas operacionais e de interesse da administração. O objetivo central da Logística Empresarial é atingir um nível desejado de serviço ao cliente pelo menor custo total possível (BOWERSOX e CLOSS 2001, p. 21.) O transporte tem como funções principais é movimentação e estocagem de mercadorias: a movimentação de mercadorias, ou seja, movimenta mercadorias de um determinado local de origem até o seu destino; e estocagem de mercadorias, pois, mesmo que temporária, não deixa de ser uma função do transporte (BOWERSOX e CLOSS, 2001). O transporte interage com o meio ambiente, podendo provocar diversas interferências, como quebras do veículo, congestionamentos, deficiência das entregas ou na recepção de mercadorias, produtos estocados em pontos diferentes, manipulação inadequada dos produtos, necessidade de equipamentos especiais para carregá-los e descarregá-los O transporte tem como funções principais é movimentação e estocagem de mercadorias: a movimentação de mercadorias, ou seja, movimenta mercadorias de um determinado local de origem até o seu destino; e estocagem de mercadorias, pois, mesmo que temporária, não deixa de ser uma função do transporte (BOWERSOX e CLOSS, 2001). O presente artigo apresenta uma pesquisa sobre custos logíticos, a qual baseia-se na utilização da analise gerencial de custo para identificar o veículo com menor custo total para um determinado cenário. Neste sentido, é realizada a caracterização dos veículos selecionados, identificando seus os custos fixos e custos variáveis, e analisando o custo total em Km para cada cenário escolhido. 2. Custos de Transporte Segundo Caixeta Filho (2001, p.154) gasto é o sacrifício financeiro arcado pela empresa para obtenção de um produto ou serviço qualquer [...]o custo está diretamente relacionado à execução efetiva de um serviço. Os custos fixos englobam o conjuntos de gastos, cujo valor, dentro de limites razoáveis de produção, não varia em função do nível de atividade da empresa ou grau de utilização do equipamento (Valente et Al 2008, pag.130). No caso de transportes inclui os custos que não são influenciados diretamente pela quantidade de carga movimentada. São os custos de terminais, direitos de acesso, sistemas de informação e depreciação (BOWERSOX e CLOSS, 2001). 2

Os Custos variáveis incluem os custos diretos da transportadora ao transporte de cada carga. São geralmente referidas como custo/quilômetro ou por unidade de peso. Normalmente os custos dessa categoria são combustível, manutenção e algumas vezes mão-de-obra (BOWERSOX e CLOSS, 2001). Para Valente, Passaglia, Novaes e Vieira (2008, pag.130) os custos variáveis são proporcionais a utilização Fazem parte desses custos, lubrificantes, material de oficina, peças, acessório e manutenção em geral. A manutenção de veículos consiste em procurar manter a frota em boas condições de uso, dentro dos limites econômicos, de forma que a sua imobilização seja mínima. Valente, Passaglia, Novaes e Vieira (2008, p.199). Para Valente, Passaglia, Novaes e Vieira (2008, p.142) existem três métodos de da depreciação que podem ser a taxa media ou linear, o dos dígitos ou soma dos anos e o exponencial. 3. Estudo de Caso 3.1 Metodologia da pesquisa A presente pesquisa pode ser classificada, quanto à sua natureza, como uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Quanto à forma de abordagem do problema, a pesquisa classifica-se como quantitativa, pois todas as informações foram quantificadas e receberam tratamento matemático. Os principais procedimentos utilizados foram pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso. O Estudo de caso encontra-se divido em etapas, conforme detalhado a seguir Etapa 1 Caracterização dos veículos em estudo A caracterização dos veículos selecionados encontra-se apresentada no Quadro 1. Nesta caracterização consta: Especificação de motores; Dimensões e capacidades; Capacidade de carga; demais características mecânicas. Motor/ Desempenho Pequeno Médio Médio Motor: 1.4 Flex 2.4 Felx 2.8 Diesel Alimentação: Injeção Injeção Injeção direta Potência (cv): 99 141 140 Torque (kgf.m): 13,2 21,9 34,7 Velocidade Máxima: 174 150 171 Tempo 0-100 (s): 13 12,2 12,3 Dimensões 3

Altura (mm): 1.420 1.668 1.668 Largura (mm): 1.954 1.734 1.734 Comprimento (mm): 4.430 4.888 4.888 Tanque (L): 52 70 70 Porta Malas (Kg): 735 800 1000 Mecânica Câmbio: Manual Manual Manual Tração: Dianteira Traseira Traseira Direção: Mecânica Hidráulica Hidráulica Quadro 1 - características dos veículos Fonte: O autor, 2010 Etapa 2 Identificação dos Custo fixo por veículo Os custos fixos são os que incorrem independente do uso do bem e não sendo influenciados diretamente pela quantidade de carga movimentada. No quadro 2 apresenta-se os principais custos fixos dos veículos, com a definição e a forma de cálculo para cada um deles. Item Definição Calculo Remuneração mensal do capital (RC) Corresponde ao ganho no mercado financeiro caso o capital não tivesse sido usado para adquirir o veículo. O coeficiente Z corresponde à taxa (anual ou mensal) de juros, equivalente rendimento esperado em Aplicação RC = Valor do veículo x Z Salário do motorista (SM) Corresponde às despesas mensais com salário de motorista e horas extras, se houver acrescidas dos encargos sociais. SM= salário do motorista + encargos Salário do ajudante (SA) Corresponde às despesas mensais com salário de motorista e horas extras, se houver acrescidas dos encargos sociais. SA= salário do ajudante + encargos Reposição de veículo (RV) Representa a quantia que deve ser destinada mensalmente a um fundo para repor o bem atual completar seu ciclo de RV= (valor do veículo novo valor residual) / VV 4

vida útil.considera-se que, no fim deste período (VV, em meses), é possível obter como valor residual. Licenciamento (LC) Este item reúne os tributos fiscais relacionados: Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA); Seguros por danos pessoais causados por veículos automotores (DPVAT); e Taxa de licenciamento (TL) pago ao DETRAN. LC = (DPVAT) + IPVA + TL) / 12 Seguro do veículo (SV) Representa um fundo mensal que deve ser formado para pagar o seguro (colisão, incêndio, roubo etc.) ocorridos com o veículo. SV=( Custo da apólice + franquia ) / 12 Provisão para multas (PML) Prevê a partir de dados históricos um valor mensal para um fundo para possíveis multas. Observação: caso não tenha histórico de multas poderá atribuir um valor de uma multa grave ou gravíssima multiplicando pela quantidade possíveis multas ao longo do ano gerando um valor anual para provisão de multas. PML = (custo de multas anual) / 12 Provisão para manutenções não previstas (PMT) Prevê a partir de dados históricos um valor mensal para um fundo para possíveis manutenções não previstas. Observação: caso não tenha histórico de manutenção poderá atribuir uma porcentagem sobre o valor do veiculo ficando o valor obtido como custo de manutenção anual. PMT = (custo de manutenção anual) / 12 Custo fixo mensal O custo fixo mensal resulta da soma das parcelas acima: CF = RC + SM + SA + RV + LC + SV+ PML + PMT Quadro 2 - Itens da composição do custo fixo Fonte: O autor, 2010 Etapa 3 - Custo variável 5

O custo variável esta diretamente ligado ao transporte, são geralmente referidas como custo/quilômetro ou por unidade de peso. Normalmente os custos dessa categoria são combustíveis, manutenção, lavagens e mão-de-obra correlata a estes serviços. Para o cálculo dos custos variáveis, primeiramente, foram elaborados quais os custos de manutenção. Ressalta-se que somente a manutenção preventiva. Os custos das diversas peças necessárias à manutenção foram levantados junto às concessionárias e lojas especializadas. No quadro 3 apresenta-se os principais custos fixos dos veículos, com a definição e a forma de cálculo para cada um deles. Item Definição Calculo Combustível (DC) Manutenção (M) Lavagem e graxas (LG) Pneus (PN) Alinhamento (AL) Custo variável total Quadro 3 Custo variável dos veículos São as despesas efetuadas com combustível para cada quilômetro rodado pelo veículo. São as despesas com a manutenção do Veículo. Observação: despesas com peças mão de obra e lubrificantes. São as despesas com lavagem e lubrificação externa do veículo.o custo por quilômetro é obtido dividindo-se o custo de uma lavagem completa do veículo pela quilometragem recomendada pelo fabricante para lavagem periódica. São as despesas com a substituição dos Pneus. São as despesas com o Alinhamento e Balanceamento dos Pneus. O custo variável total é obtido pela soma das quatros parcelas já relacionadas. DC = PC / RM PC = Preço do combustível (R$/litro) RM = Rendimento do combustível (km/litro) M = Soma de todos os itens de manutenção preventiva do veículo LG = PL/QL PL = Preço da lavagem completa do veículo QL = Quilometragem recomendada pelo fabricante do veículo PN = P / QL x QT PL = Preço do Pneu QL=Quilometragem recomendada pelo fabricante do veículo QT= Quantidade de Pneus AL = P / QL AL = Preço do Alinhamento QL = Quilometragem recomendada pelo fabricante do veículo CV = DC + M + LG + PN+AL CV = Custo variável (R$/km) 6

Fonte: O autor, 2010 3.2 Resultados Obtidos Etapa 1 - Custos fixos Remuneração mensal do capital (RC) - Corresponde ao ganho no mercado financeiro caso o capital não tivesse sido usado para adquirir o veículo. Que neste estudo foi a partir da taxa SELIC, que é um índice referência pela política monetária. Para efeito de calculo tiramos o valor do bem Residual da tabela FIPE(http://www.fipe.org.br/web/index.asp?aspx=/web/indices/veiculos/introducao.aspx) e multiplicamos este residual pelo valor médio taxa SELIC (http://www.bcb.gov.br/?selictaxa) no valor de 0,8% ao mês. Salário do motorista (SM) / salário do ajudante (SA) - Corresponde às despesas mensais com salário de motorista ou ajudante com horas extras, se houver acrescidas dos encargos sociais. Tirando como base um salário médio de R$ 750,00 para motorista e um salário mínimo para o ajudante sem hora extra acrescido os encargos trabalhista, que para este calculo foi de 64,30% retirado a partir do site (http://www.reimer.com.br/servicos_ dep_pessoal_encargos.asp) para empresas que não optam pelo SIMPLES. Reposição de veículo (RV) - Representa a quantia que deve ser destinado mensalmente a um fundo afin de repor o bem atual quando completar seu ciclo de vida útil.considera-se que, no fim deste período que neste calculo foi de 2 (dois) anos, é possível obter o valor mensal para reposição do veiculo (0KM). Que foi encontrado pela diferença do valor do veiculo (0Km) menos o valor do mesmo veiculo após 2 (Dois anos) dividindo este valor pelo período em meses. Licenciamento (LC) - Para melhor detalhamento sobre o Licenciamento (LC) Este item reúne os tributos fiscais relacionados e já mencionados neste trabalho: Como base de cálculo do IPVA utiliza-se os valores previstos pela Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará(http://www.sefaz.ce.gov.br/content/aplicação/internet /ipva/tabela%20ipva%202010.pdf) para a categoria dos veículos estudados que é de 2,5%.(http://www.sefaz.ce.gov.br/content/aplicacao/internet/ipva/gerados/ aliquotas_ praticadas.asp). Ainda, foi utilizado como valor base para o seguro obrigatório o valor de R$ 93,87 (http://www.dpvatseguro.com.br/servicos/tabcompleta201002.asp) para todos os períodos e todos os veículos, com o fim de evitar variações desnecessárias. Igualmente, o valor de seguro total, é mantido constante para todos os períodos, uma vez que, se torna difícil determinar as variações dos mesmos a partir da redução do valor dos veículos. Seguro do veículo (SV) - Representa um fundo mensal que deve ser formado para pagar o seguro particular do veículo. Para detalhamento do calculo acima foi consultado no Site (www.bb.com.br) uma simulação de contratação de seguro-auto com franquia reduzida que 7

para cada carro ficou no valor de R$ 2.856,31 para o utilitário de carga de pequeno porte 1.4 Flex com franquia reduzida de R$ 774,31, já para o utilitário de carga de médio porte 2.4 Flex o valor da apólice foi de R$ 3.116,96 com franquia de R$ 1.930,43 e finalizando as cotações com o utilitário de carga de médio porte 2.8 Diesel com apólice de R$ 7.143,81 e franquia de R$ 2.273,78. Somando os valores citados da franquia e da apólice e dividindo por 12 encontramos o valor do (SV) em mês, mas para melhor entendimento entrou no calculo só uma franquia, mas caso tenha histórico de colisão, incêndio e roubo, poderá adicionar franquias no calculo. Provisão para multas (PML) - Prevê a partir de dados históricos um valor mensal para um fundo para possíveis multas. Observação: caso não tenha histórico de multas poderá atribuir um valor de uma multa grave ou gravíssima multiplicando pela quantidade possíveis multas ao longo do ano gerando um valor anual para provisão de multas. Para o calculo da (PML) foi usado o valor arredondado da multa por infração gravíssima que é de R$ 200,00 (http://portal.detran.ce.gov.br/index.php /outras-informacoes) e colocamos que o motorista tivesse uma por mês, mas caso tenha histórico poderá somar todas as multas durante o período de 1 ano e depois dividi-lo por 12 encontrando um valor do (PML). Provisão para manutenções não previstas (PMT) - Prevê a partir de dados históricos um valor mensal para um fundo para possíveis manutenções não previstas. No calculo da (PMT) foi feito a partir do valor do veiculo residual retirado da tabela FIPE multiplicado por uma taxa que neste quadro foi de 5% para todos os carros, encontrado este valor é dividido por 12 para encontrar o valor mensal. Observação: caso tenha histórico de manutenção do período de 1 ano o valor obtido será o custo de manutenção anual que deverá ser transformado em mensal. Custo fixo mensal - O custo fixo mensal resulta da soma das parcelas descritas e calculadas uma a uma anteriormente com seus respectivos quadros e detalhamentos: CF = RC + SM + SA + RV + LC + SV+ PML + PMT Pequeno Médio Médio Remuneração mensal do capital (RC) 210,88 392,61 486,41 Salário do motorista (SM) 1.232,25 1.232,25 1.232,25 Salário do ajudante (SA) 857,93 857,93 857,93 Reposição de veículo (RV) 201,50 566,25 813,17 Licenciamento (LC) 63,03 92,48 142,80 Provisão para multas (PML) 200,00 200,00 200,00 Provisão para manutenções não previstas (PMT) 109,83 204,48 253,34 Seguro do veículo (SV) 302,55 420,62 784,80 Custo Fixo Mensal 3.157,97 3.946,62 4.750,69 8

Quadro 4 Custos fixos mensal (todos os valores em R$) Fonte: O autor, 2010 A partir destes resultados, o custo fixo mensal, verifica-se que os veículos, independente do seu uso, já implicam nos seguintes gastos: pequeno porte com motor 1.4 Flex com o menor custo total mensal de R$ 3.157,97; carga de médio porte com motor 2.4 Flex ficou em R$ 3.946,62; e o utilitário de carga médio porte com motor 2.8 Diesel que ficou em R$ 4.750,69 mensais. No entando ainda não é possível indicar que será o melhor carro para o trabalho a ser feito, pois isto dependerá de outros fatores ainda ser descritos e mostrados durante a aplicação dos cenários. Etapa 2 - Custos variáveis Combustível (DC) - São as despesas efetuadas com combustível para cada quilômetro rodado pelo veículo. Calculado por DC = PC / RM onde PC = Preço do combustível (R$/litro) e RM = Rendimento do combustível (km/litro). O custo variável com combustível, para efeito de análise neste estudo, tem como parâmetro o consumo urbano (cidade) de cada veículo. O consumo médio dos veículos nas condições de cidade pesquisados foi retirado do site da montadora. Manutenção (M) - São as despesas com a manutenção preventiva do Veiculo incluindo lubrificantes, peças, mão de obra de substituição para os utilitários de carga de pequeno e médio porte. Lavagem e graxas (LG) - São as despesas com lavagem e lubrificação externa do veículo. O custo por quilômetro é obtido dividindo-se o custo de uma lavagem completa do veículo pela quilometragem recomendada pelo fabricante para lavagem periódica. Para este calculo indicamos uma lavagem completa com lubrificação externa a cada 1500 km e os valores praticados para cada um varia entre R$ 25,00 para o utilitário de carga de pequeno porte, R$ 50,00 para o utilitário de carga de médio porte Flex e R$ 75,00 para o utilitário de carga de médio porte Diesel. Este valor foi obtido apartir do preço da lavagem completa do veículo e dividimos pela quilometragem recomendada pelo fabricante do veículo. Pneus (PN) - São as despesas com a compra e substituição dos Pneus. Neste cálculo, valor foi obtido apartir dos preços praticados pela autorizada na compra de pneus novos dividido pela vida útil e multiplicado pela quantidade para cada carro, que neste caso foi de 4 (Quatro) e o preço foi de R$ 251,60 para o utilitário de carga de pequeno porte e de R$ 517,00 o utilitário de carga de médio porte para a Diesel e Flex Alinhamento (AL) - São as despesas com o Alinhamento e Balanceamento dos Pneus. O calculo foi feito pelo que é recomendado pela autorizada que a cada 5.000 km seja feito a verificação de alinhamento, balanceamento e cambagem que sai por volta de R$ 100,00 para o utilitário de carga de pequeno porte e R$ 150,00 para o utilitário de carga de médio porte Diesel e Flex Custo variável total (CV) - O custo variável total em Km/rodado é obtido pela soma das parcelas já relacionadas. 9

CV = DC + M + LG + PN+AL Pequeno Pequeno Médio Médio Médio Álcool Gasolina Álcool Gasolina Diesel Combustível (DC) 0,2321 0,2033 0,2955 0,2688 0,1532 Manutenção (M) 0,3762 0,3762 0,4140 0,4140 0,4828 Lavagem e graxas (LG) 0,0167 0,0167 0,0333 0,0333 0,0500 Pneus (PN) 0,0335 0,0335 0,0689 0,0689 0,0689 Alinhamento/Balanceamento (AL) 0,0200 0,0200 0,0300 0,0300 0,0300 Custo Variável Total por Km 0,6786 0,6497 0,8417 0,8151 0,7850 Quadro 5 Custo variável por Km (valores em R$) Fonte: O autor, 2010 3.3 Análise de cenarios do custo total por entrega Como forma ilustrativa, apresentamos 2 (dois) cenários para a escolha do veículo, sempre rodando somente na cidade, com média de 100 km rodados por entrega e transportando: (i) uma carga média de 500 Kg (quinhentos quilos); e (ii) 1.000 Kg (mil quilos) por dia. E todos os casos, o custos total por período (mês) foi obtido através da seguinte expressão: CT= CF + CV x Km, onde CT é o custo total; CF é o custo fixo; CV é o custo variável; e Km é o total de quilometros rodados. 3.3.1 Cenário 01 Para o primeiro cenário a carga média é de 500 Kg (quinhentos quilos) para entrega. O resultado para cada veículo encontra-se apresentado no gráfico da Figura 1. Os valores apresentados foram obtidos através do cálculo do custo total para cada veículo (valores em R$), conforme apresentado a seguir: - Pequeno Flex no Álcool CT = 3.157,97 + (0,6786 x 3.000) CT = 5.193,77 - Pequeno Flex na Gasolina CT = 3.157,97 + (0,6497 x 3.000) CT = 5.107,07 - Médio Flex no Álcool CT = 3.946,62 + (0,8417 x 3.000) CT = 6.471,72 - Médio Flex na Gasolina CT = 3.946,62 + (0,8151 x 3.000) CT = 6.391,92 - Médio Diesel CT = 4.750,69 + (0,7850 x 3.000) CT = 7.105,69 10

Figura 1 - Custo total por entrega no primeiro cenário Fonte: O autor, 2010 Assim, com base no exposto, verifica-se que o veículo de pequeno porte utilizando gasolina se torna mais econômico, tanto em função de um menor custo fixo como em função da melhor adequação de sua capacidade de carga. 3.3.2 Cenário 02 Para o segundo cenário a carga média passou para 1.000kg (mil quilos) para entrega. O resultado para cada veículo encontra-se apresentado no gráfico da Figura 1. Os valores apresentados foram obtidos através do cálculo do custo total para cada veículo (valores em R$), conforme apresentado a seguir: - Pequeno Flex no Álcool: CT= 3.157,97 + (0,6786 x 6.000) CT=7.229,57 - Pequeno Flex na Gasolina: CT = 3.157,97 + (0,6497 x 3.000) CT = 5.107,07 - Médio Flex no Álcool: CT=3.946,62 + (0,8417 x 6.000) CT=8.996,82 - Médio Flex na Gasolina: CT= 3.946,62 + (0,8151 x 6.000) CT=8.837,22 - Médio Diesel: CT=4.750,69 + (0,7850 x 3.000) CT=7.105,69 11

Figura 2 - Custo total por entrega no segundo cenário Fonte: O autor, 2010 Para o segundo cenário, mesmo mantido os valores dos custos fixos e variáveis, percebe-se que o resulado do custo total sofreu alterações. Estas alterações são decorrentes da nova necessidade de carga a ser transportada, a qual pode exigir mais de uma viagem dos dois primeiros modelos de veículos para completar as entregas. O resultado aponta uma pequena diferença entre o custos total do utilitário Diesel e do utilitário 1.4 Flex usando Gasolina, tendo o utilitário 1.4 Flex usando Gasolina um custo total de R$ 7.056,17 contra os R$ 7.105,69 do utilitário Diesel. Dessa forma, observa-se que o resultado obtido na escolha de um veículo para realizar o transporte rodoviário de cargas pode ser alterado em função das características do cenário selecionado,existindo uma melhor alternativa condicionada a um conjunto de fatores e não uma melhor alternativas que se aplica a qualquer cenário. 4. Considerações Finais A realização deste estudo mostra a importância do gerenciamento dos custos logísticos, neste caso especificamente dos custos de transporte, para gestão empresarial. Neste estudo buscouse identificar os custos de forma a determinar o veículo mais adequado em cada cenário. 12

Analisando os componentes dos custos, concluiu-se que em cenários onde curtas distâncias são percorridas durante um período de tempo, os custos fixos possuem uma relevancia maior que os custos variáveis. No caso de cenários com longas distâncias longas ocorre o inverso, ou seja, os custos variáveis, como o dos combustíveis, se tornam relevantes, e acabam sendo determinantes na escolha do veículo com menor custo total. Assim para definir qual o veículo adequado, faz-se nescessario definir as variáveis importante para o cenário, conforme mostrado ao lomgo do estudo. Cabe lembrar que não é possível generalizar o resultado do melhor veículo encontrado neste estudo. Os resultados se limitam ao período em que os dados foram coletados, aos modelos analisados e às características de cenários que foi estipulado. Este estudo ajuda a lançar luzes sobre um tema que ainda é pouco pesquisado, o estudo de caso permitiu aprofundar conhecimentos sobre os principais custos que incidem sobre a aquisição, a manutenção e a operação dos veículos. Por fim, espera-se que este trabalho sirva de estímulo para a realização de outras pesquisas científicas que venham contribuir para a melhoria do desempenho das organizações, tornando-as mais eficientes e eficazes, minimizando o custo do serviço e tornando as cargas mais lucrativas. REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial / BALLOU, Ronald. H; trad. Elias Pereira. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BANCO DO BRASIL; www.bb.com.br Acessado em 14 de Março de 2010. BOWERSOX, Donald J.e CLOSS, David J. Logística Empresarial: O Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CAIXETA-FILHO, José V. e MARTINS, Ricardo S. (Org.) Gestão Logística do Transporte de Cargas. São Paulo: Atlas, 2001. DETRAN-CE; (http://portal.detran.ce.gov.br/index.php/outras-informacoes) Acessado em 13 de Fevereiro de 2010 DPVAT; http://www.dpvatseguro.com.br/servicos/tabcomple ta201002.asp Acessado em 15 de Março de 2010 FIPE:http://www.fipe.org.br/web/index.asp?aspx=/web/indices/veiculos/introducao.aspx Acessado em 14 de Março de 2010. REIMER; http://www.reimer.com.br/servicos_dep_pessoal_encargos.asp Acessado em 5 de Fevereiro de 2010 SEFAZ-CE http://www.sefaz.ce.gov.br/content/aplicacao/internet/ipva/tabela%20 ipva %202010.pdf Acessado em 15 de Março de 2010 http://www.sefaz.ce.gov.br/content/aplicacao/internet/ipva/gerados/ aliquotas_praticadas.asp Acessado em 15 de Março de 2010 13

TAXA SELIC; http://www.bcb.gov.br/selictaxa. Acessado em 15 de fevereiro de 2010. VALENTE, Amir Mattar; PASSAGLIA, Eunice; NOVAES, Antonio Galvão; VIEIRA, Heitor. Gerenciamento de Transporte e Frotas. 2. ed. rev. São Paulo: Cengage Learming, 2008. 14