Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed

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Transcrição:

Sumário de evidências e recomendações para o uso de stent periférico na doença oclusiva femoropoplítea Novembro de 2008 1

1- Autores: CT de MBE da Unimed Federação-RS. Responsáveis Técnicos pela Avaliação Fernando Herz Wolff, Luis Eduardo P Rohde, Carisi A Polanczyk, Jonathas Stifft, Mariana Furtado, Michelle Lavinsky, Alexandre Pagnoncelli, Sharbel Mahfuz Boustany - Revisão: CT Nacional de MBE, Unimed do Brasil. Responsáveis Técnicos: Luiz Henrique P. Furlan, Carlos Augusto Cardim de Oliveira, Alexandre Pagnoncelli, Silvana M Bruschi Kelles, Claudia Regina de O. Cantanheda e Jurimar Alonso. 2- Instituições: CT MBE Unimed Federação-RS; CT Nacional de MBE, Unimed do Brasil Email: viviam@cfd.unimed.com.br 2

Sumário 3) Resumo...4 4) Questão Clínica...4 5) Introdução...4 5.1 Situação Clínica......4 5.2 Descrição da Tecnologia......6 6) Metodologia...7 7) Resultados...7 7.1) Resultados da busca bibliográfica...7 7.2) Síntese dos Estudos:...8 8) Benefícios Esperados...15 9) Conclusões e Recomendações...16 10) Bibliografia... 17 Anexo I...18. 3

3) Resumo estruturado: Introdução: Isquemia crítica ocorre quando o fluxo sanguíneo é insuficiente para suprir as necessidades metabólicas dos tecidos no repouso. Essa condição ocorre em 1 a 2% dos pacientes com doença arterial periférica aos 50 anos de idade. O tratamento percutâneo apresenta potenciais vantagens como menor tempo de procedimento e hospitalização, redução no tempo até o retorno às atividades diárias e preservação da veia safena, que poderá ser, eventualmente, necessária para uma cirurgia cardíaca ou de bypass periférico. Objetivo: Revisar as evidências científicas quanto ao benefício associado ao tratamento endovascular com colocação de stent primário comparado a angioplastia seguida por colocação de stent em casos selecionados de pacientes com doença oclusiva do segmento arterial femoropoplíteo. Resultado: foram localizadas duas recentes revisões sistemáticas com meta-análise que não demonstraram superioridade do uso primário de stent em relação ao uso seletivo de stent, considerando desfechos clínicos ou angiográficos em até dois anos de seguimento. Conclusão e Recomendações: o uso de angioplastia associada a stent no tratamento da doença oclusiva arterial aortoilíaca não está rotineiramente indicado. O uso do stent deve ser reservado para casos de falha ou complicação associada à angioplastia. Estudos estão em andamento com uso de stents autoexpansíveis. 4) Questão clínica: Qual a evidência de benefício clínico atribuível a angioplastia com colocação de stent primário em doença oclusiva femoropoplítea em comparação a angioplastia sem colocação de stent (ou colocação de stent somente em casos selecionados) em pacientes com claudicação intermitente ou isquemia crítica do membro inferior? 5) Introdução 5.1) Situação Clínica: 5.1.1) Claudicação Intermitente Pacientes com fluxo sanguíneo comprometido para as extremidades como conseqüência de doença arterial periférica podem apresentar dor tipicamente 4

isquêmica em um ou mais grupos musculares, dor atípica ou ausência de sintomas. A claudicação intermitente é definida como desconforto reprodutível de um grupo definido de músculos induzido pelo exercício e aliviada pelo repouso. Essa manifestação resulta do desbalanço entre o suprimento e a demanda de fluxo sanguíneo que não satisfaz as necessidades metabólicas em curso 1. Estima-se que a distribuição da apresentação clínica da doença arterial periférica entre pacientes com mais de 50 anos siga o seguinte padrão: - Assintomáticos: 20 a 50%; - Dor atípica: 40 a 50%; - Claudicação clássica: 10 a 35%; - Isquemia crítica de membro inferior: 1 a 2% 2 Entre os pacientes com doença sintomática, a severidade dos sintomas pode variar dependendo do grau de estenose, circulação colateral e intensidade do esforço físico. 5.1.2) Isquemia crítica de membro inferior Isquemia crítica ocorre quando o fluxo sanguíneo é insuficiente para suprir as necessidades metabólicas dos tecidos no repouso. Essa condição ocorre em 1 a 2% dos pacientes com doença arterial periférica aos 50 anos de idade. Se a isquemia crítica tem um início súbito ou de até duas semanas é considerada aguda. Em casos de mais de duas semanas de evolução a isquemia crítica é considerada crônica 3. Os sintomas podem incluir dor em repouso que piora com a elevação do membro inferior, úlceras isquêmicas dolorosas e gangrena 3. Geralmente é causada por obstrução de pelo menos dois níveis arteriais distais, sendo os sítios mais freqüentemente envolvidos os segmentos aortoilíaco e femoral ou femoropoplíteo e tibial 2. 5.1.3) Diagnóstico O diagnóstico de ambas as situações é predominantemente clínico, baseado em anamnese caracterizando os sintomas, nível de esforço desencadeante, dor em repouso, presença de úlceras sem cicatrização adequada, tempo de evolução e 5

exame físico. Medidas objetivas como medida do índice tornozelo-braquial, ecodoppler, pletismografia, angioressonância ou angiotomografia podem ser usados como avaliação complementar e para auxiliar no planejamento terapêutico. A arteriografia é o padrão ouro para a definição da magnitude das obstruções, porém a correlação clínica segue fundamental, pois em determinados casos, há disparidade entre os achados radiológicos e a repercussão clínica das estenoses observadas. 5.1.4 História Natural da Doença Nas diretrizes de 2005 do ACC/AHA, são estimados os seguintes desfechos em 5 anos em pacientes com isquemia não crítica: Evolução local da isquemia: Claudicação estável em 70-80%, piora da claudicação em 10-20%, e evolução para isquemia crítica em 1-2% Morbimortalidade: Infarto miocárdico ou AVC não fatais em 20% e mortalidade de 15-30% Entre os pacientes com isquemia crítica (1-2%), os desfechos esperados em um ano são: Sobrevida sem amputação: 50% Amputação: 25% Mortalidade: 25% 5.2) Descrição da Tecnologia: Tratamento endovascular com colocação de stent O tratamento endovascular com colocação de stent é um método que evoluiu a partir da angioplastia percutânea transluminal com objetivo de melhorar o fluxo sanguíneo em casos de estenoses. O procedimento tem a vantagem potencial de ser menos invasivo do que a cirurgia aberta convencional (bypass), entretanto também está associado a riscos trans e pós-procedimento. O procedimento é realizado sob anestesia local através de punção arterial. Inicialmente é introduzida guia metálica até além da estenose. Sobre a guia é deslizado outro cateter com balão para realização da angioplastia com ou sem colocação do stent. O stent consiste em uma malha de metal de forma tubular que ao ser liberado no local da estenose é expandido lateralmente. O procedimento é realizado sob controle fluoroscópico com uso de contraste endovenoso. 6

Os benefícios reconhecidamente associados ao tratamento percutâneo são menor tempo de procedimento, menor hospitalização, redução no tempo de retorno às atividades diárias e preservação da veia safena que é poupada para uma eventual cirurgia cardíaca ou de bypass periférico futuro. A insuficiência renal aguda induzida por contraste ainda é a complicação mais freqüente. A angioplastia isoladamente tem taxas de complicações variando entre 3 a 33%. A incidência descrita de complicações maiores como hospitalização prolongada, seqüela permanente ou morte é de 5% 4. 6) Metodologia: Foi realizada busca da literatura através de meio eletrônico nas seguintes fontes: PUBMED, Cochrane Collaboration, National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE), Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health (CADTH), Health Technology Assessment (HTA - NHS) Palavras-chaves utilizadas na busca: ("Arterial Occlusive Diseases"[Mesh:Exp] AND "Femoral Artery"[Mesh]) AND "Stents"[Mesh:Exp]. Limits: Randomized Controlled Trial OR Meta-analysis Desenhos dos estudos buscados: Foram buscadas revisões sistemáticas, meta-análises e avaliações de tecnologia, assim como, ensaios clínicos randomizados que não estejam contemplados nas avaliações ou meta-análises identificadas anteriormente. Estudos observacionais foram revisados a fim de complementar informações não avaliadas pelos estudos de maior nível de evidência. Período pesquisado: até novembro-2008 7) Resultados 7.1) Resultados da busca bibliográfica: 7.1.1 Avaliações de Tecnologia em Saúde e diretrizes nacionais e internacionais - NICE: não localizadas avaliações específicas; - CADTH, HTA: não localizadas avaliações específicas; - Diretrizes internacionais: 7

(ACC/AHA) 2 (TASC II) 5 -American College of Cardiology/ American Heart Association 2005 -Inter-Society Consensus for the Management of Peripheral Arterial Disease - Diretrizes nacionais: não localizadas; 7.1.2 Meta-análises e Revisões Sistemáticas: foram localizadas diversas metaanálises que abordam o tópico desta revisão. Entretanto, devido a publicação recente de estudos, somente foram incluídas e discutidas nesta revisão as duas mais recentes. 6,7 7.1.3 Ensaios Clínicos Randomizados (ECR): - Stent auto-expansível vs angioplastia: 1 estudo (3 publicações) - Stent expansível com balão vs angioplastia: 4 estudos - Stent recoberto vs stent convencional: 1 estudo 7.1.4 ECRs em andamento registrados no ClinicalTrials.gov: - A Clinical Investigation of the SMART Nitinol Self-Expandable Stent Versus Balloon Angioplasty Only for the Treatment of SUPERficial Femoral Artery Occlusions. (SUPER UK). Study NCT00232843. Estudo de Fase IV. Participantes previstos: 150. Término previsto: abril-2009. - A Clinical Investigation of the SMART Nitinol Self-Expandable Stent Versus Balloon Angioplasty for the Treatment of Superficial Femoral Artery Occlusions. (DURAVEST). Study NCT00289055. Estudo de Fase IV. Participantes previstos: 120. Término previsto: Dezembro-2008. - Edwards Lifesciences Self-Expanding Stent Peripheral Vascular Disease Study (RESILIENT). Study NCT00673985. Estudo de Fase IV. Participantes previstos: 146. Término previsto: Setembro-2009. 8) Síntese dos Estudos: 8.1 Diretrizes Internacionais 8.1.1 Diretrizes de 2005 do American College of Cardiology/American Heart Association para o manejo de pacientes com doença arterial periférica. Um documento colaborativo da American Association for Vascular Surgery/Society for Vascular Surgery,Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, Society 8

for Vascular Medicine and Biology, Society of Interventional Radiology, e ACC/AHA Task Force on Practice Guidelines. 2 Em 2005 a ACC/AHA 2 publicou uma diretriz para o manejo de pacientes com doença arterial periférica envolvendo as Sociedades Americanas de Cirurgia Vascular, Angiografia Cardiovascular e Intervenções, Sociedade de Medicina Vascular e Biologia, e Sociedade de Radiologia Intervencionista. O consenso faz as seguintes recomendações aplicáveis a doença do segmento femoropoplíteo: Relativo ao emprego da terapia endovascular na claudicação: Classe I de Recomendação (Evidência de benefício) Tratamento endovascular está indicado quando os sintomas relacionados à claudicação causam perda da qualidade ou limitação das atividades regulares do paciente, desde que haja uma probabilidade razoável de que o tratamento melhore os sintomas e, a) não tenha havido resposta adequada ao exercício regular e ao tratamento farmacológico, b) o risco-benefício seja altamente favorável (p.ex. doença oclusiva aortoilíaca focal) ; O tratamento endovascular é preferencialmente recomendado nas lesões arteriais ilíacas ou femoropoplíteas classificadas como do TASC A. (ANEXO I); Classe II de Recomendação (Evidência conflituosa) Stents (assim como outros dispositivos auxiliares tais como laser, balões de corte, aterectomia, dispositivos térmicos) podem ser utilizados nos segmentos femoral, poplíteo e tibial com terapia de resgate em casos de falha ou dilatação insuficiente com angioplastia (por exemplo: persistência de gradiente translesional, diâmetro de estenose residual maior de 50%, dissecção com limitação de fluxo); A efetividade do uso de stents, aterectomia, balões de corte, dispositivos térmicos e laser para o tratamento de lesões femoropoplíteas não está bem estabelecido (exceto para tratamento de resgate); Classe III de Recomendação (Evidência de não benefício ou risco) O tratamento endovascular não está indicada em casos de estenose sem gradiente de pressão translesional significativo, mesmo havendo aumento de fluxo após o uso de vasodilatadores; Colocação de primária de stent não está recomendada nas artérias femoral, poplítea e tibial; Intervenções endovasculares não estão indicadas como terapia profilática em pacientes assintomáticos com doença arterial periférica. 9

8.1.2 Inter-Society Consensus for the Management of Peripheral Arterial Disease (TASC II). Norgren L,Hiatt WR, Dormandy JA, Nehler MR, Harris KA, Fowkes FGR on behalf of the TASC II Working Group. Em 2007, um consenso com representantes internacionais de diversos sociedades e países publicaram novas diretrizes para o manejo da doença arterial periférica. As recomendações relativas à doença do segmento femoropoplíteo são: O tratamento endovascular é a escolha para lesões do tipo TASC A, enquanto o manejo cirúrgico é a escolha para lesões do tipo TASC D. Para lesões do tipo TASC B o tratamento endovascular é preferencial, enquanto que nas do tipo TASC C, o tratamento cirúrgico é preferencial. Entretanto, nesses tipos de lesões, as comorbidades do paciente, preferências do paciente, e experiência do profissional com uma ou outra técnica, devem ser considerados na escolha do tratamento endovascular ou cirúrgico. Quando da opção pelo tratamento endovascular não é feita uma recomendação explícita sobre o uso rotineiro ou seletivo de stents. Entretanto, os autores destacam que nos casos em que há falha imediata da angioplastia, a colocação de stent está indicada. Também mencionam que em um ensaio clínico recente foi descrita maior patência após um ano quando lesões femoropoplíteas TASC A e B foram tratadas com uso primário de stent em comparação a angioplastia e uso de stent se necessário. 8.2 Revisões Sistemáticas e Meta-Análises 8.2.1 YaJun E, et al. Percutaneous transluminal angioplasty (PTA) alone versus PTA with balloon-expandable stent placement for short-segment femoropopliteal artery disease: a metaanalysis of randomized trials.j Vasc Interv Radiol, 2008. 6 Nesta recente meta-análise foi realizada ampla busca da literatura e incluídos ECR e estudos de coorte publicados em qualquer língua entre 1999 e 2007. Os estudos deveriam realizar comparação direta entre o uso de angioplastia percutânea transluminal (PTA) e PTA associada ao uso de primário stent (PTA-stent). Foram localizados nove estudos, entretanto, dois estudos que utilizaram stents autoexpansíveis não puderam ser incluídos devido a insuficiência de dados para análise. Portanto, foram incluídos sete estudos, totalizando 519 pacientes e 614 membros tratados, todos com claudicação intermitente ou isquemia crítica crônica de membro inferior associadas a lesões arteriais curtas (<10cm). 10

Os resultados da meta-análise em relação a permeabilidade primária (patência) em seis meses são favoráveis ao uso de stent (OR 0,47; IC95% 0,27-0,84). Entretanto, não foi observada diferença significativa em 12 meses (OR 1,27; IC95% 0,87 1,86) ou 24 meses (OR 1,22; IC 95% 0,81 1,82). A permeabilidade secundária em 12 meses também não foi diferente entre os grupos (OR 1,34; IC95% 0,78 2,30). Os autores concluem que para o tratamento da doença arterial oclusiva femoropoplítea causada por lesões com extensão menor de 10cm a permeabilidade esperada em longo prazo não é diferente em indivíduos tratados com angioplastia ou com angioplastia associado ao uso de stent. Observação dos revisores: os resultados desta meta-análise referem-se apenas a stents expansíveis com balão, já que os resultados de estudos com stents autoexpansíveis ainda não estavam disponíveis. 8.1.2 Mwipatayi BP, et al. Balloon angioplasty compared with stenting for treatment of femoropopliteal occlusive disease: a meta-analysis. J Vasc Surg, 2008. Para esta meta-análise foi realizada uma adequada busca da literatura incluindo todos os ensaios clínicos randomizados publicados entre 2000 e 2007 em qualquer língua. Sete estudos foram selecionados, incluindo 451 pacientes tratados com angioplastia e 482 tratados com stent, totalizando 933 indivíduos. Os principais desfechos avaliados foram a permeabilidade no seguimento de um ano e mudança no índice tornozelo-braço (ABI, do inglês ankle-brachial index). Em relação a permeabilidade em um ano, não foi observada diferença entre os indivíduos tratados com ou sem stent (OR 0,989; IC95% 0,623-1,570). Da mesma forma a mudança no ABI pós-operatório não foi diferente entre os grupos (OR 0,869; IC95% 0,557-1,357). As taxas de permeabilidade encontradas nos grupos sem e com stent, respectivamente, variaram nos estudos em um ano entre 45 e 84% vs 63 e 90%, e em dois anos entre 25 e 77% vs 46 e 87%. A patência em 4 anos observada em um estudo foi de 44% nos dois grupos. Foi realizada análise de sensibilidade excluindo todos os artigos que não os dois mais recentes, nos quais foram utilizados stents autoexpansíveis. Esta análise não resultou em mudança importante em relação aos resultados obtidos na análise com o total de estudos. Observou-se, apenas, um benefício não significativo na permeabilidade em um ano para os indivíduos tratados com stent (OR 1,238; IC95% 0,798-1,920). Os autores concluem que os resultados da meta-análise permitem afirmar que, até o momento, o uso de stents na doença oclusiva femoropoplítea não aumenta a 11

permeabilidade do vaso em um ano quando comparado ao uso da angioplastia isolada. A análise considerando apenas os dois estudos com stents autoexpansíveis, apesar de mostrar resultados discretamente melhores entre os pacientes tratados com stent, também não demonstrou diferença estatisticamente significativa. Finalmente, afirmam que o uso de stents nesses casos segue controverso, devendo ainda ser reservado com último recurso para resgate de casos em que a dilatação com balão falhar ou apresentar complicações. 8.3 Ensaios Clínicos Randomizados (ECR) Serão resumidos aqui apenas os estudos não incluídos nas meta-análises descritas acima, ou publicações com desfechos relevantes não incluídos nas meta-análises. O estudo original de Schillinger M, apesar de incluídos nas meta-análises, foi descrito, pois deu origem a outros dois artigos. 8.3.1 Saxon RR, et al. Randomized, multicenter study comparing expanded polytetrafluoroethylene-covered endoprosthesis placement with percutaneous transluminal angioplasty in the treatment of superficial femoral artery occlusive disease. J Vasc Interv Radiol, 2008. 8 (disponível apenas na forma de resumo) Neste estudo 197 pacientes com doença arterial periférica envolvendo a artéria femoral superficial foram randomizados entre os anos de 1997 e 1999 para tratamento endovascular com angioplastia associada ou não ao uso de stent. Todos indivíduos apresentavam lesões com extensão inferior a 13cm. Os resultados após um ano de seguimento foram favoráveis ao grupo no qual foi utilizado stent: permeabilidade em um ano avaliada pelo ecodoppler 65 vs 40% (p=0,0003). Os resultados também favoreceram em 15% os pacientes tratados com stent ao se avaliar o status da isquemia crônica do membro. A incidência de complicações foi igual entre os grupos. Observação dos revisores: não foi possível obter acesso a este periódico em texto integral, tendo-se utilizado as informações contidas no resumo. Os autores não mencionam no resumo o motivo pelo qual se passou um longo tempo entre o final do estudo e a publicação dos resultados (9 anos). 8.3.2 Schillinger M, et al. 12

Balloon angioplasty versus implantation of nitinol stents in the superficial femoral artery. N Engl J Med, 2006. 9 Sustained benefit at 2 years of primary femoropopliteal stenting compared with balloon angioplasty with optional stenting. Circulation, 2007. 10 Cento e quatro pacientes com claudicação grave ou isquemia crônica do membro inferior foram randomizados para tratamento através de colocação primária de stent ou através de angioplastia sem stent (ou stent em casos selecionados). Foi utilizado stent de nitinol autoexpansível. Entre os pacientes randomizados inicialmente para tratamento apenas com angioplastia, 32% (17/53) necessitaram do implante secundário de stent por, na maioria dos casos, resultado insatisfatório da angioplastia. No seguimento em seis meses a incidência angiográfica de reestenose foi de 24% entre os indivíduos tratados com stent e 43% nos tratados primariamente sem stent. (p=0,05). Após 12 meses de seguimento, essa incidência passou a 37 e 63%, respectivamente. Pacientes do grupo tratado primariamente com stent tiveram melhor desempenho também no teste de caminhada em esteira aos 6 e 12 meses. Neste artigo, Schillinger M, et al, publicam o seguimento de dois anos do estudo descrito acima (NEJM, 2006 9 ). identificando-se taxa de reestenose de 45,7% vs 69,2%, respectivamente (p=0,031). Os pacientes que receberam stent primário apresentaram tendência de melhor desempenho no teste de caminhada em esteira (302 vs 196m; p=0,12) e melhor índice tornozelo-braquial (0,88 vs 0,78; p=0,09). Da mesma forma, a taxa de reintervenção foi menor entre os indivíduos que receberam primariamente stent (37 vs 53,8%; p=0,14). 8.3.3 Sabeti S, et al. Quality of life after balloon angioplasty versus stent implantation in the superficial femoral artery: findings from a randomized controlled trial. J Endovasc Ther, 2007. 11 A partir da mesma séria de pacientes estudados no ECR de Schillinger M, et al (NEJM, 2006) 9, os autores nesta publicação abordam desfechos de qualidade de vida através do questionário SF-36 3, 6 e 12 meses após intervenção endovascular com angioplastia com ou sem uso de stent. Nos dois grupos observou-se significativa melhora na qualidade de vida em todas as avaliações pós-procedimento. A qualidade de vida também esteve inversamente relacionada com reestenose. A análise comparativa entre pacientes tratados primariamente com stent em relação aos tratados seletivamente com stent não mostrou diferença na qualidade de vida. A comparação entre o total de pacientes tratados com stent (primário ou seletivo) em 13

relação aos que não receberam stent, favoreceu os indivíduos nos quais foi utilizado stent. 8.3.4 Duda SH, et al. Drug-eluting and bare nitinol stents for the treatment of atherosclerotic lesions in the superficial femoral artery: long-term results from the SIROCCO trial. J Endovasc Ther, 2006. 12 Sirolimus-eluting versus bare nitinol stent for obstructive superficial femoral artery disease: the SIROCCO II trial. J Vasc Interv Radiol, 2005. 13 A primeira publicação deste grupo relatou os resultados dos primeiros 57 pacientes com isquemia crônica do membro inferior e estenose ou oclusão da artéria femoral superficial randomizados para tratamento com stents autoexpansíveis eluidores de sirolimus ou stent de nitinol convencionais. O desfecho primário, diâmetro intraluminal avaliado por angiografia em 6 meses, resultou semelhante nos dois grupos (4,94 vs 4,76mm; p=0,31). O desfecho dicotômico de restenose maior de 50% no sexto mês de seguimento foi de 0 vs 7,7% para o grupo com sirolimus e sem sirolimus, respectivamente. Desfechos clínicos e eventos adversos também não foram diferentes entre os grupos. 12 O mesmo grupo publicou os desfechos com um maior número de pacientes e maior tempo de seguimento. Um total de 93 pacientes foram acompanhados por uma média de dois anos. Observou-se que os dois tipos de stent foram efetivos em alcançar a revascularização. Melhora nos índices tornozelo-braquial e sintomas de claudicação foram alcançados nos dois grupos e mantidos após 24 meses. A incidência de reestenose foi semelhante entre os grupos, 22,9% no grupo com sirolimus e 21,1% no grupo sem sirolimus (p NS). 13 8.3.5 Grenacher L, et al. PTA versus Palmaz stent placement in femoropopliteal artery stenoses: results of a multicenter prospective randomized study (REFSA). Rofo, 2004. 14 Cento e dezesseis pacientes foram randomizados para revascularização do membro inferior através de angioplastia ou angioplastia com stent. Todos os pacientes apresentavam estenoses com comprimento de até 5cm. Obteve-se 45% de acompanhamento angiográfico em 12 a 36 meses. Sucesso técnico inicial foi alcançado em 94,4% dos pacientes tratados com angioplastia e em 98,6% dos 14

pacientes tratados com stent. Nenhuma diferença clínica ou angiográfica foi encontrada entre os grupos após 1 e 2 anos de seguimento. 8.3.6 Vroegindeweij D, et al. Balloon angioplasty combined with primary stenting versus balloon angioplasty alone in femoropopliteal obstructions: A comparative randomized study. Cardiovasc Intervent Radiol, 1997. 15 Neste estudo, 51 pacientes foram randomizados para tratamento percutâneo de isquemia do membro inferior através de angioplastia com ou sem implan te de stent. Estenose residual foi observada em três pacientes tratados com angioplastia, e em nenhum tratado com stent. Sucesso clínico e hemodinâmico foi observado em 74 e 85% dos pacientes tratados com e sem stent, respectivamente (p=0,25). A permeabilidade do vaso tratado medida por ecodoppler também não foi diferente entre os grupos. Ocorreram cinco casos de oclusão arterial aguda pós-procedimentos com stent (21%), enquanto entre os pacientes submetidos apenas a angioplastia ocorreram dois casos (7%). 15 9) Benefícios Esperados 9.1 Desfechos Primordiais: As evidências publicadas até o momento não demonstram benefício da angioplastia associada à colocação primária de stent quando comparada à angioplastia com colocação seletiva de stent na doença oclusiva arterial femoropoplítea, considerando desfechos clínicos duros, tais como mortalidade ou amputação. 9.2 Desfechos Secundários: As evidência publicadas até o momento não demonstram benefício da angioplastia associada à colocação primária de stent quando comparada à angioplastia com colocação seletiva de stent na doença oclusiva arterial femoropoplítea, considerando desfechos clínicos, angiográficos e de qualidade de vida em até dois anos de seguimento. Não há evidência de diferença significativa na incidência de eventos adversos ou complicações com ou sem uso de stent. Houve tendência de menor incidência de reintervenção entre os indivíduos randomizados para uso primário de stent. 15

10) Conclusão e Recomendações 1) As evidências disponíveis sugerem que pacientes com doença oclusiva arterial femoropoplítea e com indicação de tratamento por angioplastia percutânea não se beneficiam do uso rotineiro de stent (colocação primária do stent). Essa recomendação baseia-se em meta-análises de ensaios clínicos randomizado com seguimento de até dois anos nas quais indivíduos tratados rotineiramente com stent não tiveram evolução melhor em desfechos primordiais e secundários em relação aos indivíduos tratados somente por angioplastia, com uso seletivo do stent quando necessário. (Grau de Recomendação A) 2) O uso do stent é opção para o tratamento de resgate nos casos em que a dilatação com balão for considerada sub-ótima (persistência de gradiente translesional ou estenose residual maior de 50% do diâmetro do vaso) ou no caso de complicação da angioplastia por dissecção do vaso com comprometimento do fluxo. Essa recomendação baseia-se no razoável número de pacientes acompanhados após situações nas quais o tratamento de resgate com stent foi utilizado com bom resultado. O tempo de seguimento e número de pacientes com doença oclusiva arterial femoropoplítea já tratados com stent, permite concluir sobre a segurança e efetividade do método em casos selecionados. (Grau de Recomendação C) 3) As evidências disponíveis até o momento são insuficientes para demonstrar benefício, equivalência ou malefício do uso de stent eluidores de medicação para tratamento de estenoses arteriais do segmento femoro-poplíteo. Essa recomendação baseia-se nos resultados de apenas um ensaio clínico com casuística limitada e comparativo entre stents eluidores ou não de medicação no qual não houve diferença nos desfechos avaliados. (Grau de Recomendação B) OBSERVAÇÃO DOS REVISORES: Os ECR publicados até o momento, a exceção de um, utilizaram stents não autoexpansíveis (expandidos com balão). Estudos estão em andamento com a utilização de novas plataformas de stents, autoexpansíveis, o que poderá exigir a revisão deste parecer. 16

Bibliografia 1). Mohler ER. Clinical features, diagnosis, and natural history of lower extremity peripheral arterial disease. www.uptodateonline.com. 2) Hirsch AT, Haskal ZJ, Hertzer NR, Bakal CW, Creager MA, et al. ACC/AHA 2005 guidelines for the management of patients with peripheral arterial disease (lower extremity, renal, mesenteric, and abdominal aortic): a collaborative report. Bethesda (MD): American College of Cardiology Foundation; 2005. 192p. 3) Neschis DG, Golden MA. Clinical manifestations and evaluation of chronic critical limb ischemia. www.uptodateonline.com. 4) Menard MT, Belkin M. Infrapopliteal Intervention for the Treatment of the Claudicant. Semin Vasc Surg 2007; 20:42-53. 5) Norgren L, Hiatt WR, Dormandy JÁ, et al. Inter-Society Consensus for the Management of Peripheral Arterial Disease (TASC II) Eur J Vasc Endovasc Surg, 2007; 33: S1-75. 6) E YaJun, He N, Wang Y, Fan H. Percutaneous transluminal angioplasty (PTA) alone versus PTA with balloon-expandable stent placement for short-segment femoropopliteal artery disease: a metaanalysis of randomized trials.j Vasc Interv Radiol. 2008 Apr;19(4):499-503. 7)Mwipatayi BP, Hockings A, Hofmann M, Garbowski M, Sieunarine K. Balloon angioplasty compared with stenting for treatment of femoropopliteal occlusive disease: a meta-analysis. J Vasc Surg. 2008 Feb;47(2):461-9. 8) Saxon RR, Dake MD, Volgelzang RL, Katzen BT, Becker GJ. Randomized, multicenter study comparing expanded polytetrafluoroethylene-covered endoprosthesis placement with percutaneous transluminal angioplasty in the treatment of superficial femoral artery occlusive disease. J Vasc Interv Radiol. 2008 Jun;19(6):823-32. 2007 Aug;14(4):431-7. 9. Schillinger M, Sabeti S, Loewe C, Dick P, Amighi J,et al. Balloon angioplasty versus implantation of nitinol stents in the superficial femoral artery. N Engl J Med. 2006 May 4;354(18):1879-88. 10. Schillinger M, Sabeti S, Dick P, Amighi J, Mlekusch W, et al. Sustained benefit at 2 years of primary femoropopliteal stenting compared with balloon angioplasty with optional stenting. Circulation. 2007 May 29;115(21):2745-9. 11. Sabeti S, Czerwenka-Wenkstetten A, Dick P, Schlager O, Amighi J, et al. Quality of life after balloon angioplasty versus stent implantation in the superficial femoral artery: findings from a randomized controlled trial. J Endovasc Ther. 12. Duda SH, Bosiers M, Lammer J, Scheinert D, Zeller T, et al. Drug-eluting and bare nitinol stents for the treatment of atherosclerotic lesions in the superficial femoral artery: long-term results from the SIROCCO trial. J Endovasc Ther. 2006;13(6):701-10. 13. Duda SH, Bosiers M, Lammer J, Scheinert D, Zeller T, et al. Sirolimus-eluting versus bare nitinol stent for obstructive superficial femoral artery disease: the SIROCCO II trial. J Vasc Interv Radiol, 2005;16(3):331-8. 14. Grenacher L, Saam T, Geier A, Müller-Hülsbeck S, Cejna M, et al. PTA versus Palmaz stent placement in femoropopliteal artery stenoses: results of a multicenter prospective randomized study (REFSA). Rofo, 2004;176(9):1302-10. 15. Vroegindeweij D, Vos LD, Tielbeek AV, Buth J, vd Bosch HC. Balloon angioplasty combined with primary stenting versus balloon angioplasty alone in femoropopliteal obstructions: A comparative randomized study. Cardiovasc Intervent Radiol, 1997;20(6):420-5. 17

ANEXO I Classificação morfológica das lesões femoropoplíeteas segundo o Transatlantic Inter- Society Consensus (TASC II) Extraído de: L. Norgren and W. R. Hiatt et al. Eur J Vasc Endovasc Surg Vol 33, Supplement 1, 2007 18