CENÁRIO BRASILEIRO DAS PESQUISAS ACADÊMICAS SOBRE GESTÃO DO CONHECIMENTO



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CENÁRIO BRASILEIRO DAS PESQUISAS ACADÊMICAS SOBRE GESTÃO DO CONHECIMENTO Paulo Eduardo de Carvalho Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Professor Dr. Reidson Pereira Gouvinhas Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Professor Dr. Sérgio Luís da Silva Universidade Federal de São Carlos UFSCar Abstract Considering to dissemination of the importance of the Knowledge Management's theme, so much in terms of researches as managerial applications, the present study intends to verify the academic research in Brazil on the Knowledge Management, starting from master's degree dissertations and of doctorate theses from 1987 to 2003. The variables analyzed from 74 research works were: the universities as well as the respective areas where the academic research has been carried out; the Brazilian regions with the largest concentration of research works; the periodicity of the academic production; and the knowledge level. The results reveal a large concentration of research work at south and southeast regions. The academic areas in which research works on knowledge management are the Production Engineering, Administration and Sciences of the Information. Federal University of Santa Catarina (public university, south) is the research institution with the largest number of dissertations and theses with more than 40% of the overall research work. It was also observed an increase of dissertations and theses in 2000 and 2001 and a fall starting from 2002. Palavras-chave: Gestão do conhecimento, Mapeamento da pesquisa acadêmica, Setor econômico, Dissertações de mestrado, Teses de doutorado. 1.0 - INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo, através de uma pesquisa on-line, coletar e reunir todas as Dissertações de Mestrado (DM) e Teses de Doutorado (TD) defendidas no período de 1987 a 2003, com a finalidade de visualizar o cenário das pesquisas acadêmicas sobre Gestão do Conhecimento (GC), no Brasil. A escolha de realizar um levantamento sobre as pesquisas acadêmicas, especificamente, sobre o tema GC foi devido a sua importância no cenário mundial e, claro, brasileiro. A GC é um fator ou elemento crítico para o sucesso de uma organização nos dias atuais e é por isso que vem sendo tão intensamente estudada nas universidades. O conhecimento tornou-se o fator de produção mais importante da era pós-industrial (DRUCKER, 1995) e gerenciá-lo é a nova forma que as organizações estão encontrando para se tornarem mais competitivas (TEIXEIRA, 2001).

A estrutura do trabalho compreende esta introdução; a metodologia utilizada durante a pesquisa; os resultados e discussão, os quais enfatizarão a quantidade de DM e TD defendidas, as áreas acadêmicas em que tais pesquisas foram realizadas, as regiões de maior concentração de DM e TD, a periodicidade das defesas, quais os níveis de conhecimento (análise quantitativa), como também, a classificação das DM e TD com relação as abordagens descritas do item 4.6 e o setor econômico no qual esses trabalhos estão inseridos (análise qualitativa); e, por fim, a conclusão do estudo com as considerações finais sobre os dados analisados. 2.0 - METODOLOGIA Do ponto de vista dos seus objetivos, a pesquisa foi quantitativa, pois se utilizaram parâmetros estatísticos, para analisá-los e quantificá-los; e, também, qualitativa, pois se obteve um resultado analítico com relação aos resultados apresentados, classificando as DM e TD com relação as abordagens mencionadas no item 4.6 deste trabalho e mapeando quais setores econômicos do Brasil a GC está sendo aplicada. Com relação a pesquisa quantitativa, ela se classifica como exploratório, por não ter o intuito de fornecer explicações para o fenômeno em observação, mas sim para identificar e explorar a situação apresentada. Na fase de coleta de dados, foi realizada uma pesquisa on-line no banco de teses do site da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e na biblioteca digital de dissertações e teses do site do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia), para verificar as DM e TD defendidas no período de 1987 a 2003. O período definido acima foi devido ao site da CAPES permitir pesquisar a partir do ano de 1987; e o ano de 2003 porque é possível que um grande número de DM e TD ainda não tenha sido inserido nos sites pesquisados no ano de 2004, fato que poderia distorcer os resultados. Com o intuito de conseguir a totalidade de trabalhos publicados, no site do IBICT, a busca utilizada foi a simples, o filtro foi: todas as palavras, e a expressão digitada foi: gestão do conhecimento. O site da IBICT não dispõe da opção de ano de defesa (período da defesa). No site da CAPES, a busca foi feita utilizando-se a expressão exata gestão do conhecimento, com a opção: maior ou igual (>=) a 1987. Na fase de análise e discussão dos resultados foram utilizados quadros com demonstrações quantitativas, seguidas de comentários sobre os pontos com maior

incidência e correlações de dados levantados. Com relação a análise qualitativa foi enumerada onze abordagem nos quais as DM e TD foram enquadradas, ou seja, divididas por temas; e, num segundo momento, esses trabalhos foram inseridos dentro de atividades econômicas, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE versão 1.0). 3.0 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 - Quantidade de Teses Após análise dos dados, verificou-se a existência de setenta e quatro trabalhos nos níveis de mestrado, doutorado e pós-graduação profissionalizante, defendidos no Brasil, registrados nos bancos de teses do site da CAPES e do IBICT, no período de 1987 a 2003, que abordavam assuntos relacionados ao tema GC. Há a possibilidade deste número não expressar a real totalidade de trabalhos defendidos até 2003, devido a limitação encontrada por esta pesquisa ao perceber que o site da CAPES só disponibiliza as DM e TD defendidas até o ano de 2002, e pela observação de uma quantidade menor de trabalhos disponíveis para acesso no site do IBICT. Além da possibilidade de muitos trabalhos ainda não terem sido inseridos nas fontes pesquisadas, principalmente, no ano de 2003. 3.2 - Áreas acadêmicas Os dados apresentados na Tabela 1 revelam as áreas acadêmicas que estão produzindo informações e conhecimento científico sobre a GC no Brasil, nos últimos anos. Áreas Acadêmicas Quantidade Percentual Engenharia de Produção 35 47,30% Administração 12 16,22% Ciências da Informação 10 13,51% Tecnologia 3 4,05% Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação 3 4,05% Informática 3 4,05% Ciências da Comunicação 2 2,70% Engenharia Mecânica 2 2,70% Economia Empresarial 1 1,35% Educação 1 1,35% Engenharia Civil 1 1,35% Estatística e Computação Científica 1 1,35% Total 74 100% Tabela 1: áreas acadêmicas de defesa das dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre Gestão do Conhecimento, no Brasil, no período de 1987 a 2003. Dentre as treze áreas acadêmicas listadas, as três de maior destaque quanto ao número de trabalhos defendidos correspondem a 77,03% do total, embora tenha sido observado o interesse, mesmo que pouco expressivo, de outras áreas pelo tema GC.

Outras informações puderam ser coletadas sobre as três principais áreas acadêmicas acima citadas, fazendo uma correlação com as suas instituições de ensino, como segue: a área de Engenharia de Produção tem trabalhado o tema GC na UFSC, UFRJ, Escola Politécnica, UFMG, UFSCar, Universidade Paulista e Escola Federal de Engenharia de Itajubá; a área de Administração explorou o referido tema na UFSC, UFRGS, UFMG, UFRJ, UFPR, Universidade de São Paulo e Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade; e a área de Ciências da Informação, por sua vez, na UFMG, UFRJ e PUC-Campinas. 3.3 - Localização geográfica Geograficamente, percebe-se um maior interesse pelo tema nos cursos de pós-graduação das instituições de ensino superior das regiões sul e sudeste, com setenta trabalhos, o equivalente a 94,59% do total pesquisado. Os estados sede dessas instituições são: Santa Catarina com uma universidade e 40,54% dos trabalhos apresentados; São Paulo e Rio de Janeiro com oito e quatro instituições, respectivamente, correspondendo a 16,22% e 14,86% de defesa dos trabalhos; e Minas Gerais com três instituições e 13,51% das DM e TD pesquisadas. Regiões do Brasil Quantidade Percentual Sul 36 48,65% Sudeste 34 45,95% Centro-Oeste 3 4,05% Nordeste 1 1,35% Norte 0 0% Total 74 100% Tabela 3: regiões do Brasil onde foram defendidas as dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre Gestão do Conhecimento, no Brasil, no período de 1987 a 2003. 3.4 - Periodicidade As DM e TD que enfocam a GC foram defendidas entre 1996 e 2003. Era de interesse deste estudo verificar a totalidade das DM e TD já defendidas no ano de 2003, mas o banco de teses da CAPES, onde foi possível coletar o maior número de trabalhos, só disponibiliza, para acesso on-line, as DM e TD até o ano de 2002. Como pode ser observado na Tabela 4, o período em que houve maior ocorrência de defesa de DM e TD nessa área foi de 2000 a 2001, com um crescimento de, exatamente, 118,75% neste intervalo. Observa-se, nos dois anos seguintes, uma forte queda no número de trabalhos de pós-graduação, utilizando-se como base de pesquisa o tema GC. No entanto, há a possibilidade de outros trabalhos terem sido defendidos nos anos de 2002 e 2003 e não estarem disponíveis, para acesso on-line, nas bases de dados das fontes pesquisadas por este estudo.

Periodicidade das Defesas Números de Trabalhos 40 35 30 25 20 15 10 5 0 35 16 10 6 6 1 1996 1999 2000 2001 2002 2003 Gráfico 1: anos de defesa de dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre Gestão do Conhecimento, no Brasil, no período de 1987 a 2003. 3.5 - Nível de conhecimento O nível de conhecimento predominante é o de mestrado, com 58 dissertações defendidas (78,38%), de acordo com a Tabela 5, a seguir. A área de Engenharia de Produção é a que mais tem abordado o tema GC, representando 46,55% das DM, vindo em seguida a área de Administração e a área de Ciências da Informação com 15,52% (cada). As outras nove áreas acadêmicas, juntas, somaram 22,41% das DM. Áreas Nível de Conhecimento Acadêmicas Mestrado Doutorado Profissionalizante Engenharia de Produção 27 8 - Administração 9 1 2 Ciências da Informação 9 1 - Tecnologia 3 - - Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação 3 - - Informática 3 - Ciências da Comunicação 1 1 - Engenharia Mecânica - 1 1 Economia Empresarial - - 1 Educação 1 - - Engenharia Civil 1 - - Estatística e Computação Científica 1 - - Total 58 12 4 Tabela 5: nível de conhecimento, por área acadêmica, das dissertações e teses defendidas sobre Gestão do Conhecimento, no Brasil, no período de 1987 a Outubro de 2003. No nível de doutorado, as 12 teses encontradas (16,22% do total) foram defendidas por pesquisadores dos cursos de Engenharia de Produção, Ciências da Comunicação, Administração, Ciências da Informação e Engenharia Mecânica, os quais estão vinculados às instituições UFSC, UFRJ e Escola Politécnica - USP; USP; UFMG; e UFMG; Escola de Engenharia de São Carlos, respectivamente.

Os trabalhos do nível profissionalizante, o equivalente a 5,41% do total, ou seja, 4 trabalhos, foram desenvolvidos por estudantes das áreas de Administração, Engenharia Mecânica e Economia Empresarial das instituições UFRGS; UNICAMP; e Sociedade Brasileira de Instrução, respectivamente. 3.6 - Abordagens e temas As abordagens ou temas explorados pelos pesquisadores das setenta e quatro DM e TD sobre GC serão apresentados a seguir como resultado de uma análise qualitativa em torno dos títulos e resumos dos referidos trabalhos. 3.6.1 - Quantidade de DM e TD por abordagem Na Tabela 6 são apresentadas as abordagens de GC com seu respectivo número de vezes (quantidade) que se foi estudado essa abordagem, ou seja, as DM e TD que tiveram como objetivo do trabalho pesquisar tal tema. Abordagem (Tema) Quantidade Abordagem conceitual de Gestão do Conhecimento 10 Aplicações e práticas da Gestão do Conhecimento 6 Aprendizagem e cultura Organizacional 9 Avaliação dos Ativos Intangíveis e mensuração do Capital Intelectual 2 Diagnóstico da Gestão do Conhecimento 6 Estudo de Caso 3 Ferramentas de Gestão do Conhecimento (comunidades, portais, e-learning, GED etc.) 13 Mapeamento do conhecimento e gestão de competências 2 Modelos e metodologias de Gestão do Conhecimento 20 Planejamento estratégico e Gestão do Conhecimento 2 Teoria organizacional aplicada à Gestão do Conhecimento 1 Total 74 Tabela 6: quantidade de dissertações e teses defendidas sobre Gestão do Conhecimento no Brasil por abordagem. Antes da análise da Tabela 6, algumas observações serão feitas. Primeiro, além de três DM e TD terem sido enquadradas na abordagem: estudo de caso (linha 7 da tabela 6), 31 são consideradas, também, estudo de caso ; no total 34 DM e TD são (apenas ou também) estudo de caso, ou seja, quase 46% do total. Segundo, algumas DM e TD foram classificadas em duas abordagens, devido ao fato dos resumos não serem claros com relação ao foco do trabalho, prevalecendo, no entendimento dos autores, uma abordagem principal. Analisando a Tabela 6, observa-se que uma abordagem se destaca muito: modelos e metodologias de Gestão do Conhecimento; com 27,02% do total. A concentração de

pesquisas acadêmicas na abordagem mencionada pode ser devido à ausência de um modelo referência ( consagrado na literatura) e, conseqüentemente, uma metodologia na Gestão do Conhecimento que possa ser aplicada em qualquer organização, independente de ser: empresa (micro, pequena, média e grande) ou universidade, pública ou privada, etc. Na seqüência aparecem: ferramentas de Gestão do Conhecimento com 13 DM ou TD (17,56%); abordagem conceitual de Gestão do Conhecimento com 10 DM ou TD (13,51%); e aprendizagem e cultura organizacional com 9 DM ou TD (12,16%). As quatro abordagens juntas representam mais de 70% do total. Em congressos e fóruns, vem-se discutindo sobre a importância da Tecnologia da Informação como facilitador da GC através de ferramentas apropriadas para a criação, disseminação, recuperação e utilização do conhecimento organizacional; ferramentas que estão sempre em avaliação com relação a sua eficiência no compartilhamento de conhecimentos úteis para a organização. É possível que devido ao motivo relatado, encontrou-se um número considerável de DM e TD nessa abordagem. Outra abordagem que se destacou foi a: aprendizagem e cultura organizacional. Como já foi descrito no item 2.0 deste trabalho, o conhecimento é inerente a cada indivíduo, cabendo a ele compartilhar ou não; dessa forma a cultura organizacional (e aprendizagem organizacional) talvez seja o maior desafio a ser vencido durante a fase de implementação da GC. Aprender e cooperar é um processo novo para as organizações, e quebrar esse paradigma requer tempo e dedicação, além de conscientizar e motivar os trabalhadores do conhecimento. Discutir esse tema é imprescindível para o sucesso da GC. A abordagem conceitual de GC apareceu com 10 DM e TD defendidas, comprovando que as abordagens apenas teóricas nos centros acadêmicos ainda são práticas usuais, mostrando que a interação universidade-empresa ainda pode ser mais fomentada. Portanto, os modelos e metodologias, como também, as ferramentas de GC são os temas mais pesquisados no meio acadêmico (pesquisa stricto sensu). Temas como: avaliação dos ativos intangíveis e mensuração do capital intelectual; mapeamento do conhecimento e gestão de competências; planejamento estratégico e Gestão do Conhecimento; e teoria organizacional aplicada à Gestão do Conhecimento; são pouco abordados. Outros temas como: gestão de patentes e marcas; Gestão do Conhecimento e responsabilidade social; Gestão do Conhecimento e meio ambiente; e gestão de

relacionamento com os clientes; não foram identificadas dentre as 74 DM e TD encontradas sobre o tema GC nos sites do IBICT e da CAPES. 3.6.2 - Classificação por atividade econômica Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e fazendo a relação entre a atividade econômica e o número de DM e TD, obtém-se a Tabela 7. Atividade econômica Quantidade A. Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal 1 B. Pesca (e aqüicultura) - C. Indústrias extrativas - D. Indústrias de transformação 8 E. Produção e distribuição de eletricidade, gás e água 2 F. Construção 3 G. Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos - H. Alojamento e alimentação 2 I. Transporte, armazenagem e comunicações 1 J. Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados 4 K. Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas 17 L. Administração pública, defesa e seguridade social 2 M. Educação 14 N. Saúde e serviços sociais - O. Outros serviços coletivos, sociais e pessoais - P. Serviços domésticos - Q. Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais 2 Subtotal 56 Sem classificação 18 Total 74 Tabela 7: Relação entre a CNAE versão 1.0 (IBGE) e o número de dissertações e teses. A partir da Tabela 7, foram feitas três considerações antes de uma análise mais detalhada dos resultados obtidos. Primeiro, algumas DM e TD não focaram um setor ou atividade econômica. Desse modo, não puderam ser enquadradas dentro da CNAE. Segundo, as DM e TD que tiveram como foco as empresas de desenvolvimento de produtos foram classificadas na atividade indústria de transformação, exceto quando as empresas eram desenvolvedoras de software que se enquadravam na atividade econômica: atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas. Terceiro, devido o congresso abordar o tema: a importância da GC para o setor de energia elétrica, o trabalho discutirá, principalmente, as DM e TD que foram classificadas na atividade econômica: produção e distribuição de eletricidade, gás e água.

Cinqüenta e seis DM e TD (75,67%) foram classificadas dentro da CNAE, ou seja, dezoito DM e TD não foram enquadradas em alguma atividade econômica. Motivos como: trabalhos apenas teóricos, trabalhos que foi direcionado para organizações de forma geral etc.; contribuíram para cerca de ¼ desses trabalhos não estarem dentro de alguma atividade econômica. A Tabela 7 mostra que seis atividades econômicas ainda não possuem DM ou TD defendidas focando uma dessas atividades, pelo menos até o ano de 2003. Portanto, existem nichos ainda não pesquisados e de relevância muito grande para a economia do país, como por exemplo: pesca (e aqüicultura), indústrias extrativas, e saúde e serviços sociais. Essas atividades econômicas, no contexto brasileiro, precisam de mais apoio, mais investimento. A GC apresenta-se como uma nova forma de gerência pelo qual se cria processos mais eficientes e efetivos, usando os conhecimentos existentes (tácitos e explícitos) em conhecimentos úteis para o desenvolvimento sustentável do setor e, conseqüentemente, do Brasil, tornando-o mais competitivo e lucrativo. Duas atividades se destacam pela concentração de DM e TD encontradas, são elas: atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas; e educação; com 17 e 14 trabalhos defendidos, respectivamente. Essas duas atividades abrangem o equivalente a 41,89% do total de DM e TD defendidas. Na primeira estão inseridos os grupos: pesquisa e desenvolvimento, e serviços prestados principalmente a empresas; esse fato justifica muitas das DM e TD estarem enquadradas nesta atividade. Na segunda: educação, já era esperada ter um grande número de DM e TD devido as instituições de ensino serem centros propícios à aplicação de estudos e pesquisas. Com relação a atividade econômica relacionada ao setor de energia elétrica, foram identificadas apenas 2 DM (2,70%) com o propósito de abordar a importância da GC para as empresas, cuja atividade esteja inserida dentro do grupo: produção e distribuição de energia elétrica (produção de energia elétrica, transmissão de energia elétrica, comércio atacadista de energia elétrica e distribuição de energia elétrica), segundo a CNAE. Portanto, os resultados demonstram uma pequena incidência de pesquisas acadêmicas sobre GC no setor de energia elétrica, fato que não é coerente com a importância deste setor no cenário brasileiro. É possível que existam DM e TD classificadas na atividade de produção e distribuição de energia elétrica, ou seja, voltados para o setor de energia elétrica, ainda não inseridos nos bancos de teses do IBICT ou da CAPES e outros ainda em estudo. Mas essa hipótese será comprovada em uma coleta de dados futura.

4.0 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Pesquisadores dos níveis de conhecimento de mestrado e doutorado vêm realizando estudos sobre a utilização da GC com diferentes abordagens e em ambientes organizacionais de diferentes setores da economia do Brasil, no período de 1987 a 2003. Compreender como a GC funciona dentro do ambiente empresarial pode influenciar de maneira positiva no redirecionamento das estratégias. Para isto, os gestores devem definir qual o modelo e quais ferramentas são mais condizentes com a realidade da empresa, para então utilizá-las, ou seja, praticar a GC. Percebe-se, assim, que muitas dessas questões já estão sendo analisadas por pesquisadores de instituições de ensino superior, dando um direcionamento às empresas desses estudos, e retratando o cenário brasileiro de utilização da GC pelas organizações. Mas existem abordagens não identificadas no levantamento das DM e TD defendidas entre 1987 e 2003. Assuntos relacionados a responsabilidade social, meio ambiente e gestão de relacionamento com os clientes possuem um potencial enorme para se investigar e colher muitos benefícios dentro das organizações e, conseqüentemente, para a economia do país. Por último, concluiu-se que as universidades podem investir mais em pesquisas sobre GC, principalmente, nas atividades econômicas que não tiveram DM e TD enquadradas. O setor de energia elétrica ainda está deficiente em pesquisas acadêmicas stricto sensu, mas esse cenário pode ser alterado rapidamente, devido a cada vez mais eventos (congressos, seminários, workshops etc.) abordarem e fomentarem a GC com foco no setor de energia elétrica. 5.0 - REFERÊNCIAS CAPES, Banco de teses. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em http://www.capes.gov.br. Acesso em 18 de outubro de 2004. DRUCKER, PETER F. (1995). Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em http://www.ibge.gov.br/. Acesso em 18 de outubro de 2004. IBICT. Biblioteca digital de teses e dissertações. Disponível em http://www.ibict.br. Acesso em 18 de outubro de 2004. LEONARD, D. (1995). Wellspring of knowledge. Boston, Harvard Business School Press. NONAKA, I. (1991). The knowledge creating company. harvard Business Review, v.69, n.6, Nov-Dec. NONAKA, I; TAKEUCHI, H. (1997). Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro, Campus. O Povo: O jornal do Ceará. Disponível em http://www.noolhar.com/opovo. Acesso em 23 de outubro de 2004. TEIXEIRA, J. (2000). Gerenciando conhecimento: como a empresa pode usar a memória organizacional e a inteligência competitiva no desenvolvimento dos negócios. Rio de Janeiro: Ed. SENAC.