URGÊNCIA Ameaça de Despejo de 1.700 famílias da Comunidade de Pinheirinho, localizada na cidade de São José dos Campos - SP



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Transcrição:

URGÊNCIA Ameaça de Despejo de 1.700 famílias da Comunidade de Pinheirinho, localizada na cidade de São José dos Campos - SP Porto Alegre, 16 de janeiro de 2012. A ILMA. SRA. SERCETARIA NACIONAL DE HABITAÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES Ilma. Sra. Inês da Silva Magalhães Telefone: (61) 2108-1912 Fax: (61) 2108-1431 snh@cidades.gov.br PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Exmo. Sr. Eduardo Cury gabinete@sjc. sp.gov.br - fax(12) 3941-5277 - rua josé de alencar, 123 - paço municipal - 7º andar jd. santa luzia - cep: 12.209-530 - São José dos Campos - sp GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Exmo. Sr. Geraldo Alckmim Palácio dos Bandeirantes Av. Morumbi, 4500 CEP 05650-905 - São Paulo Fax: (11) 2193-8621 SECRETARIA ESTADUAL DA HABITAÇÃO COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO - CDHU Secretário e Diretor-Presidente Lair Krähenbühl Edifício Cidade I Rua Boa Vista, 170-14º ao 16º andar Centro - 01014-000 - São Paulo - SP Fax (11) 3638-5201 ouvidoria@habitacao.sp.gov.br

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROMOTORIA DOS DIREITOS HUMANOS Exma. Sra. Dra. Promotora Deborah Kelly Affonso dh@mp.sp.gov.br Exmo. Sr. Dr. Promotor Eduardo Dias Ferreira dhidosopcd@mp.sp.gov.br SECRETÁRIO ESPECIAL DE DIREITOS HUMANOS PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Exma. Sra. Maria do Rosário cddph@mj.gov.br OUVIDORIA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS ouvidoria@sedh.gov.br anna.pardini@sedh.gov.br PROCURADORA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO Ministério Público Federal Dra. Gilda Pereira Carvalho SAF SUL, Quadra 4, Conjunto "C" Lote 03, Bloco B Sala 303/304 CEP: 70050-900 Brasília-DF pfdc001@pgr.mpf.gov.br MINISTÉRIO DAS CIDADES Exmo. Sr. Ministro Marcio Fortes de Almeida Esplanada dos Ministerios - Bloco A - Brasilia/DF - 70050-901 cidades@cidades.gov.br COORDENAÇÃO DE PREVENÇÃO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS FUNDIÁRIOS URBANOS DO MINISTÉRIO DAS CIDADES daniel.montandon@cidade.gov.br FÓRUM NACIONAL PARA MONITORAMENTO DOS CONFLITOS FUNDIÁRIOS DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA Exmo. Sr. Dr. Rubens Curado secretariageral@cnj.jus.br karlav@cnj.jus.br Fax:(55+61) 3217-4505 Ref.: ameaça de despejo de 1700 famílias da Comunidade de Pinheirinho São José dos Campos SP

Assunto: Solicitação de pedido de providências por parte da Secretaria Nacional de Habitação no sentido de viabilizar projeto de regularização fundiária da comunidade do Pinheirinho na cidade de São José dos Campos SP. O Centro de Direitos Econômicos e Sociais CDES é uma organização nacional de direitos humanos que atua no monitoramento das violações de direitos humanos no Brasil e atua no sentido de denunciar, tornar visível e de incidir para que essas violações não aconteçam. O Centro de Direitos Econômicos e Sociais - CDES recebeu denúncia de que 1700 famílias da Comunidade de Pinheirinho São José dos Campos SP, estão ameaçadas de despejo em função de ordem judicial que determinou a reintegração de posse da área. A denúncia apurou ainda que essas famílias totalizam cerca 9.000 seres humanos, com cerca de 3.000 crianças e adolescentes e 600 idosos. Trata-se dos moradores da ocupação do Pinheirinho. Nossa organização apurou ainda que o Ministério das Cidades está envolvido nesse processo e já se manifestou nos autos do processo judicial. Assim como que existe uma tentativa de negociação amigável do presente caso, sem que haja o despejo das famílias. Neste sentido, esse Centro de Direitos Econômicos e Sociais - CDES clama pelo cumprimento das obrigações legais brasileiras segundo a normativa nacional[ 1], dentre elas prerrogativas de Direito Constitucional, e ainda internacional[ 2], dentre eles o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Tal recomendação se fundamenta nas considerações de fato e direito a seguir: O direito à moradia digna é reconhecido juridicamente como um direito humano fundamental pelos tratados internacionais de direitos humanos do qual o Estado Brasileiro é signatário e legalmente obrigado, com base no artigo 6º da Constituição Brasileira. São componentes do direito à moradia adequada[ 3 ] a segurança jurídica da posse, condições físicas de habitabilidade, o custo acessível, a acessibilidade, a adequação cultural, o acesso à infra-estrutura e serviços básicos e a boa localização, no caso em tela significa o direito da população de baixa renda de construir suas moradas em área servida de infra-estrutura e serviços, próximo às opções de trabalho, saúde e educação. [1] Constituição Federal art. 1º, 5º, XXIII, 6º, 170 III e 184 e 186, Lei Federal nº 10.257/2001. [2] Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 25, parágrafo 1º), Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (Artigo 17), Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais (Artigos 11 e 12), Comentário Geral nº 4 e nº 7 do Comitê de Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais, Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Artigo 5º, item e ), Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (Artigo 14. 2 (h) ), Convenção sobre os Direitos da Criança (artigo 21, ítem 1 e 3; artigo 27,parágrafo 3º), Convenção Americana de Direitos Humanos (Artigos 11 e 24), Carta da Organização dos Estados Americanos (Artigo 34), Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Artigo 11). [3] Segundo Comentário Geral nº 4 do Comitê de Direitos Econômicos Sociais e Culturais das Nações Unidas. Fonte: Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Comentário Geral n. 4, direito à moradia adequada (Art. 11 (1) do PIDESC) (Sexta Sessão, 1991), para. 8(a), UN Doc. HRI\GEN\1\Rev.1 at 53 (1994).

O dever constitucional dos imóveis urbanos públicos e privados cumprirem sua função social, conforme artigos 5º, inciso XXIII, 170, inciso III e 182 da Constituição Brasileira e Estatuto da Cidade, cabendo ao Governo Brasileiro, mediante a implementação de políticas e programas habitacionais para baixa renda, bem como da regularização fundiária, garantir o direito à moradia adequada à população de baixa renda. Que o artigo 2º da Lei Federal nº 10.257/2001 Estatuto da Cidade, preceitua que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante diretrizes gerais, dentre elas: XIV regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; De acordo com a legislação nacional e internacional o despejo forçado significa frontal violação ao direito à moradia[ 4], sendo, por esta razão, a última solução possível para a resolução de conflitos possessórios. A prática de despejos forçados ocorre quando há a remoção de pessoas ou grupos pessoas de suas casas contra sua vontade e constitui grave violação dos direitos humanos, em particular, do direito à moradia adequada, nos termos da Resolução 1993/77 da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Estado Brasileiro é signatário de todas as convenções relativas aos direitos econômicos, sociais e cultuais. De acordo com a Constituição Federal, o direito à moradia é um direito social que deve ser implementado para erradicar a pobreza, mediante o desenvolvimento de políticas públicas. Essa obrigação pretende coibir medidas e ações que impossibilitem ou dificultem o exercício do direito à moradia. É responsabilidade do poder público a proteção ao direito à Moradia e a garantia de que os despejos não sejam levados à termo, mediante a utilização dos instrumentos jurídicos e políticos existentes no Estatuto da Cidade para que seja garantida a função social da propriedade. Solicitamos que sejam respeitados os tratados e convenções do sistema internacional, especialmente o Comentário Geral nº 4 e 7 do Comitê DHESC, de proteção dos direitos humanos, que são normas subsidiárias incorporadas no ordenamento jurídico [4] Segundo a Convenção Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Comentário Geral nº7 do Comitê DhESC), ao qual o Brasil é membro, a prática de despejo forçado, por ser medida de caráter excepcional, para ser considerada legal, exige ampla garantia da integridade física, psicológica e material dos ocupantes de casas e terras além de dever ser planejada para controlar severamente as circunstâncias sob as quais despejos possam ser praticados. A legislação é aplicável a todos os agentes agindo em nome da autoridade do Estado ou àqueles que possam ser responsabilizados pelas ações. As proteções quanto ao procedimento que devem ser aplicadas em relação aos despejos forçados incluem: (i) Uma oportunidade para a consulta genuína às pessoas afetadas; (ii) Notificação de despejo adequada e razoável para todos os afetados, (iii)informação sobre o despejo proposto e, onde for cabível, informações sobre o propósito que será destinado a área. Estas informações devem ser postas á disposição, em tempo hábil, à todos os afetados, (iv) Que os oficiais do Governo ou seus representantes estejam presentes durante o despejo; especialmente quando grupos de pessoas estejam envolvidos; (v) Todas as pessoas que estejam realizando um despejo devem estar devidamente identificadas; (vi) Que os despejos não sejam realizados em circunstâncias de mau tempo ou a noite, a não ser que as pessoas envolvidas consintam em assim proceder; (vii) Provisão de remediações legais; (viii) Provisão, caso possível, de assistência jurídica às pessoas que dela necessitam para buscar reparações judicialmente.

brasileiro, em razão do Brasil ser signatário destes tratados e convenções; sob pena de configurar violação do estado Brasileiro aos Direitos Humanos a ser julgada em tribunais internacionais. De outra sorte, recomenda-se evitar a realização de qualquer tipo de despejo sem que seja dado antes algum tipo de alternativa à moradia para as 1700 famílias que estão ocupando a área da comunidade de Pinheirinho, urgindo-se que sejam realizadas tratativas para solucionar o grave problema habitacional existente e de que são vítimas as famílias ora ocupantes. Recomendações: 1. Seja provisoriamente suspensa a ordem de despejo contra as famílias e seja concedido o direito de permanência provisória das 1700 famílias na área ocupada até que sejam ultimadas as negociações em andamento. É importante lembrar que a área está ocupada há muito tempo e que a ocupação não traz prejuízos ao proprietário. O Poder Judiciário efetue o monitoramento das obrigações e dos prazos a serem definidos em negociação. 2. O compromisso da Prefeitura Municipal de São José dos Campos SP em proceder na assinatura do protocolo de intenções entre as partes para fins de regularização fundiária e assim evitar o despejo. 3. O compromisso da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades com o protocolo de intenções em andamento, no sentido de que seja adquirida a presente área para fins de regularização fundiária posterior. 4. O o auxílio da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos e da Coordenação de Prevenção e Mediação de Conflitos Fundiários Urbanos do Ministério das Cidades para que seja garantido o direito á cidade das 182 famílias ameaçadas de despejo, com a realização de visita no local e o acompanhamento do caso e se necessário a disponibilização de recursos públicos federais para tanto. Atenciosamente, Cristiano Müller Diretor Executivo Karla Moroso Vice-Presidente e Secretaria