Aula 3 Concepções de poder e soberania: elementos da monarquia e da realeza em Portugal e Espanha

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Transcrição:

Aula 3 Concepções de poder e soberania: elementos da monarquia e da realeza em Portugal e Espanha

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Catedral de Santiago de Compostela: século XII www.esviajes.com/catedral-de-santiago-de-compostela-en-la-coruna-espana.html

D. Afonso VI de Castela e D. Urraca de Castela (afrescos da Catedral de Santiago de Compostela)

Conde D. Henrique da Borgonha (afresco da Catedral de Santiago de Compostela) D. Afonso VII de Leão e Castela (afresco da Catedral de Santiago de Compostela)

D. Afonso Hemriques A Batalha de Ourique e a Lenda do Milagre fundador Crônica de Duarte Galvão (1435-1517) Construção da Narrativa https://bdigital.sib.uc.pt/ bg1/ucbg-cofre- 9/UCBG-Cofre- 9_item1/P29.html

D. Afonso Henriques (Museu do Carmo Lisboa) Árvore dos Reis Dinastia de Borgonha Portugal (iluminura c.1530-1534)

Conde D. Henrique e D. Afonso Henriques em Manuel Faria e Souza gravuras segunda metade do séc. XVII

Natureza e Representação do Poder Real Tradição Imperial = Unção Régia e Taumaturgia Régia (poder de cura com as mãos Marc Bloch) P.I. Consiste em argumentos favoráveis à sobrevivência de uma linha imperial reivindicada por Castela no século XI, a partir da relação dos líderes guerreiros da guerra contra os mouros e a abadia de Cluny = ideologa da Guerra Santa. Daí os imperadores e reis da P.I. reivindicarem em vários momentos o direito à Unção Imperial que, entretanto, nunca foi efetivamente concedido a eles. Tradição Jurídica = Dois Corpos do Rei (corpo físico e corpo político E. Kantorowics)

Tradição Guerreira/Realeza Civil = Aclamação (usada em vários reinos da P.I) Milenarismo/ Messianismo = O Rei Oculto (tradição judaico-cristã) Corte Régia e Cerimonial de Corte Espanha: tradição visigótica tradição castelhano-leonesa tradição aragonesa incorporação das tradições da Borgonha, do Sacro Império e das cidades italianas

PODERES LOCAIS : FOROS E SENHORIOS Desde os inícios da Guerra contra os Mouros (séc. XI): A fixação dos Direitos: para proceder o registro dos FUEROS ou USOS, JUÍZES criam as FAZAÑAS = Registros anotados dos direitos consuetudinários e casuísticos - fontes para a constituição de um direito comum - Os FUEROS garantem a fixação das tradições locais Também o Rei pode executar DISPOSICIONES ou PACTOS PRIVADOS em relação às suas possessões Assim convivem as seguintes células/unidades de poder COSTUME / FAZAÑA / DISPOSICIÓN / PACTO Nem a fixação escrita, nem a refundição do Direito Consuetudinário alcançam o mesmo desenvolvimento em todas as partes multiplicidade de formas legais

Datas (segundo - GARCÍA DE CORTÁZAR pp. 295-296) Castrojeriz: 974 León 1017 Jaca: 1063 Sepúlveda: 1076 Sahagún: 1085 Estella: 1090 Logroño: 1095 Salamanca: finais do s. XI Palenzuela: 1104 Soria: 1120 Calatayud 1131

Fuero de Plasencia ano 1186

REGIMENTOS DO REINO de PORTUGAL (Dinastia de Borgonha) D. Afonso III (1248-1279) - criação das CORTES ou Curia Regia em 1254 - compostas por três braços - nobreza, clero e concelhos, reunida ao início de cada reinado D. Dinis (1279-1325) manda traduzir as Leys das Siete Partidas de Afonso X de Castela, seu avô - criação da Universidade em 1290 D. Pedro I (1357-1367) institui o Benplácito Régio - real aprovação de todas as bulas ou cartas papais antes de poderem ser publicadas no reino, e oficializa o Concelho consultivo D. Fernando (1367-1383) Lei das Sesmarias - Cortes de 1371 - tentativa de fazer avançar a nobreza no sentido da exploração das terras ociosas

A força dos poderes locais: Concelhos criados e regidos pelo Foral ou Carta Foral a partir da guerra contra os mouros constituídos inicialmente como meio de atrair as populações organizadas em aldeia na região de Reconquista, concedendolhes imunidades e privilégios cada um possui sua própria assembléia de notáveis, ou homens bons, - pequenos proprietários locais ou ricos mercadores tinham dois ou quatro juízes (alvasis ou alcades em árabe), supremos representantes da comunidade e um almotacé (palavra também árabe), que controlava a economia o rei era representado por um alcaide - nobre -, por ele nomeado, caso existisse um castelo ou cidadela, senão um juiz havia uma evidente diferença entre o número de Concelhos do Norte e do Sul, sendo o sul mais árabe, era superior sua presença. nessa lógica, os Concelhos mais poderosos da Baixa Idade Média estavam no Alentejo e no Algarve Ref. MATTOSO, José, Feudalismo e Concelhos. A propósito de uma nova interpretação, In. Fragmentos de uma composição medieval, pp. 139-147

"Cada regnum hispano-cristão constituía, definitivamente, um conglomerado de elementos diversos, senhorios, tenencias, honores, cidades, aldeias, dotados cada um de um ordenamento peculiar que o converte em uma ilhota jurídica; dentro dele, todavia, é possível distinguir situações pessoais corroboradas pelos especiais estatutos de mozárabes, mudéjares, judeus e francos, além dos correspondentes aos membros do clero ou os puramente derivados da situação social - nobreza, homem livre, servo." (GARCÍA DE CORTÁZAR: p. 296)

Bibliografia GARCÍA DE CORTÁZAR, Fernando e GONZÁLEZ VESGA, J. Manuel, Breve Historia de España. 3 a ed. Madrid: Alianza Editorial, 2000 (há edição em português) MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal, 8 a ed. Lisboa: Palas Editora, 1980, 3 vols. MATTOSO, José Identificação de um País. Lisboa: Estampa, 2 vols. MATTOSO, José, Fragmentos de uma Composição Medieval. Lisboa: Estampa, 1993 MEGIANI, Ana Paula Torres, O Jovem Rei Encantado. Expectativas do messianismo régio em Portugal, sécs. XIII a XVI. São Paulo: HUCITEC, 2003