UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS - UEA PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. RAIMUNDO ALDENIR SOUZA DA SILVA. RELATO DE EXPERIENCIA: UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM ALUNOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL SEBASTIÃO NORÕES Manaus-AM 2015
RAIMUNDO ALDENIR SOUZA DA SILVA RELATO DE EXPERIENCIA: UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM ALUNOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL SEBASTIÃO NORÕES Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, apresentado como requisito para obtenção de grau de Pós-graduação em Metodologia do Ensino da Educação Física pela Universidade Estadual do Amazonas. Orientador: Prof. Dr. Jefferson Jurema Manaus-AM 2015
RELATO DE EXPERIENCIA UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS ALTERNATIVOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1 Raimundo Aldenir Souza da Silva 2 Jefferson Jurema Professor da Escola Estadual Sebastião Norões em Manaus AM, ministro aulas nas turma de 6º ano do ensino fundamental, realizar um trabalho criativo e diversificado tanto na sala de aula como na quadra tem sido um dos maiores desafios para professores de Educação Física Escolar, nas redes públicas de ensino da cidade de Manaus, pois sempre nos deparamos com a falta de materiais para utilizarmos nas aulas. Na realidade social brasileira, há uma quantidade grande de escolas, principalmente públicas, que não apresentam espaço físico adequado ou quantidade suficiente de materiais. Segundo Soler (2003), o espaço existente para as aulas de Educação Física, muitas vezes se resume a pátios e salas de aula. Essa má distribuição do espaço físico acontece logo na construção de uma unidade escolar, quando não está entre as prioridades a alocação de espaço próprio para as aulas de Educação Física (BATISTA, 2003). Estas observações podem ser complementadas com dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), os quais indicavam que, em 2006, das 159.016 escolas de Ensino Fundamental no Brasil (públicas e particulares), apenas 44.763 possuíam quadra poliesportiva (BRASIL, 2006), o que representava 28% do total, aproximadamente. Comparando com os indicadores de 1999, apresentados por Matos (2005), houve um crescimento no número de estabelecimentos de ensino que possuem quadras. No entanto, o crescimento ainda é insuficiente. Diante dessa situação, muitos profissionais alegam que sem recursos materiais não há condições para a preparação e aplicação de aulas adequadas 1 Pós graduando do Curso Metodologia da Educação Física. 2 Orientador do Curso Metodologia da Educação Física
(SOLER, 2003) e frequentemente excluem determinadas atividades de seu programa de ensino (FREIRE, 1997). Diante da ausência de materiais, buscase estratégias para superar as dificuldades, utilizando recursos alternativos e Bento (1998), afirma que falta de estrutura física e material não pode justificar o trabalho pedagógico descompromissado, pois, mesmo em condições relativamente simples, é possível aplicar boas aulas de Educação Física. Em se tratando de crianças em processo de desenvolvimento psicomotor, é necessário, além de respeitar sua individualidade, criar um ambiente de interação coletiva, desenvolvendo todas as atividades a partir do lúdico. A partir do tema central a utilização de materiais alternativos para aulas de Educação Física, e obsevando a dificuldade que encontrarmos para realizar aulas de Educação Física pela falta de matérias, pedagógicos convencionais, (comprados feitos) e aliando um pouco de criatividade o professor é capaz de fazer, construir diversos materiais com sucatas, geralmente encontrados no lixo, constitui-se um enorme incentivo ao professor para buscar informações, estudar, criar alternativas para realizar o seu trabalho e torna-se responsável pelo processo ensino aprendizagem, oferecendo aos alunos situações que visem ao incremento da criatividade, da geração de novas ideias que os auxiliem na construção do seu saber. A construção de matérias alternativos para serem utilizados nas aulas de educação física precisam seguir alguns critérios, antes de mais nada é preciso sabermos o que tipo de matérias podem ser utilizados ou seja a seleção de matérias para o reaproveitamento. Hurtado (1987), nos ensina que a utilização de materiais alternativos, tais como latas de diferentes tamanhos, cabos de vassouras, jornais, garrafas plásticas, meias velhas, pedaços de cordas, retalhos, pneus, etc. geralmente encontrados no lixo é uma opção para a realização das aulas de Educação Física Escolar. A junção do aproveitamento desses utensílios, até então desprezados por nós, com o reconhecimento da importância do movimento nos leva a compreender melhor o que se pode fazer para auxiliar na construção da personalidade e no desenvolvimento motor dos alunos. Os professores de Educação Física precisam quebrar paradigmas, desprezar a precariedade da situação de trabalho, o conformismo e a desconfiança que empurram para a simplificação e a simploriedade do ato
pedagógico. É preciso mudar a percepção equivocada dos ideais acerca da escolarização e do que realmente ocorre na prática. O professor precisa ser estrategista e criativo, Guerra (1987), afirma que para a criança, as brincadeiras e as formas de jogos são limitadas. Quando colocamos um novo objeto ou elemento numa atividade qualquer, a situação se complica. As dificuldades cognitivas relacionadas à criatividade são grandes, por isso, a participação direta do (no início do processo) e indireta do professor, posteriormente é importante. Utilizar materiais de sucata tão especiais como os indicados anteriormente requer, primeiro, o interesse do professor em reunir tais materiais, antes, de mais nada, é preciso saber o que se pode aproveitar. O primeiro passo é entender o que é sucata. Machado (1994) define sucata como sendo, qualquer coisa que perdeu seu uso original, que se quebrou, que não serve mais ou que não tem mais significado. Cunha (1994) a define como sendo um material descartável que não tem utilidade, podendo ser reaproveitado com um pouco de criatividade. Acredito que tudo pode ser reaproveitado, mas não podemos confundir sucata com lixo. No início do trabalho os alunos foram orientados a trazer para a escola qualquer coisa, que eles encontrar-se em casa ou na rua, que não servisse mais pra nada; materiais descartáveis, latas, pneus, madeira, cabos de vassoura, cordas, meias usadas etc. Foi construído um acervo com as sucatas trazidas pelos alunos na sala que fica na quadra da escola. Em seguida foi feita a seleção dos materiais aproveitáveis ou não, segundo critérios definidos pela turma, a partir das características dos materiais, depois de organizado os materiais chegou o momento da confecção dos materiais e de brinquedos. O objetivo principal da utilização dessa forma de trabalho com os materiais alternativos é proporcionar o desenvolvimento da criatividade processo natural de todas as pessoas e, quando bem realizada, potencializa a cognição, estimula o convívio grupal e melhora a motricidade dos alunos, e contempla diferentes situações de aprendizagem, para diferentes níveis, conforme suas capacidades. Em grupos, os alunos foram orientados a fazer observações dos brinquedos e materiais, e registrar dados em fichas (anotações), identificando detalhes, tais como, nome, tamanho, cor e
descrevessem suas principais características que facilitaria uma maior compreensão e um melhor conhecimento dos materiais, proporcionando o surgimento de mais novas ideias. Realizamos uma discussão, com comentários referentes aos materiais confeccionados, dando a cada aluno a oportunidade de criar atividades e brincadeiras a partir da utilização de vários tipos de materiais, sejam eles encontrados no lixo ou em casa. O trabalho foi concluído dando aos alunos a oportunidade para que falassem o que se poderia fazer com os materiais dentro de uma aula de Educação Física na escola: Os objetivos foram alcançados: que era a construção de materiais alternativos para as aulas de Educação Física. Todos os alunos participaram em todas as etapas desse trabalho. Confeccionaram diversos materiais, brinquedos e jogos como: cones, bolas de meias, balanço, jogo de boliche, de argolas etc. A avaliação foi realizada, através de debates, conversas, relatórios, apresentação dos materiais e observação direta das atividades desenvolvidas nas aulas de Educação Física. BIBLIOGRAFIA BATISTA, L. C. da C. Educação Física no ensino fundamental. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. BENTO, J. O. Planejamento e avaliação em Educação Física. Lisboa: Livros horizonte, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Sistema de estatísticas educacionais. Brasília: MEC/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2006. Disponível em: http://www.edudatabrasil.inep.gov.br. CUNHA, N. H. S. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedos. Rio de Janeiro: FAE, 1994.
FREIRE, E. dos S.; MARIZ DE OLIVEIRA, J. G. Educação Física no Ensino Fundamental: identificando o conhecimento de natureza conceitual, procedimental e atitudinal. Motriz, v. 10, n. 3, p.140-151, 2004. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997. GUERRA, Marlene. Recreação e lazer. 2. Ed.Porto Alegre: Sagra, 1988. HURTADO, Johann G. G. Melcherts. Educação Física pré-escolar 1ª a 4ª série: uma abordagem psicomotora. 4.ed. Curitiba: Prodil, 1987. MACHADO, M. M. O brinquedo-sucata e a criança: a importância do brincar. Atividades e materiais. São Paulo : Loyola, 1994. MATOS, M. da C. A organização espacial escolar e as aulas de Educação Física. Monografia (Graduação em Educação Física) Centro de Ciências da Saúde- Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de janeiro, 2005. SANTOS, C. R. Brincando com sucatas. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. SOLER, R. Educação Física escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.