ENSINANDO A ESCREVER: O GÊNERO CARTA DO LEITOR EM QUESTÃO



Documentos relacionados
DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

Alfabetizar e promover o ensino da linguagem oral e escrita por meio de textos.

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

ANÁLISE DE COMPREENSÃO DE TEXTO ESCRITO EM LÍNGUA INGLESA COM BASE EM GÊNEROS (BIOGRAFIA).

Novas possibilidades de leituras na escola

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA LEITURA NA PONTA DA LÍNGUA E ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: 184 Parábola Editorial, 2010.

APRENDER A LER PROBLEMAS EM MATEMÁTICA

CULTURA E HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA NA AULA DE INGLÊS: E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL NA ESCOLA

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: UM BREVE ESTUDO

GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO CURRICULO ANO 2 - APROFUNDAMENTO

Disciplina: Alfabetização

A inserção de jogos e tecnologias no ensino da matemática

ALFABETIZAÇÃO DE ESTUDANTES SURDOS: UMA ANÁLISE DE ATIVIDADES DO ENSINO REGULAR

AGENDA ESCOLAR: UMA PROPOSTA DE ENSINO/ APRENDIZAGEM DE INGLÊS POR MEIO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ACERCA DO PROJETO A CONSTRUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO NO ENSINO MÉDIO: UM OLHAR SOBRE A REDAÇÃO DO ENEM

PLANO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ESPANHOL 2 Área: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Disciplina: Língua Espanhola carga horária: 60 horas

ALUNOS DO 7º ANO CONSTRUINDO GRÁFICOS E TABELAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO MARIA MAZUR

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: ORALIDADE

PALAVRAS-CHAVE: PNLD, livro didático, língua estrangeira, gênero.

O USO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

LER E ESCREVER: APRENDER COM O LÚDICO

O lugar da oralidade na escola

A Educação Bilíngüe. » Objetivo do modelo bilíngüe, segundo Skliar:

ENSINO DE GRAMÁTICA OU ANÁLISE LINGUÍSTICA? SERÁ QUE ESSA ESCOLHA É NECESSÁRIA?

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

TRABALHANDO VOCABULÁRIO EM SALA DE AULA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

LEITURA E ESCRITA: HABILIDADES SOCIAIS DE TRANSCREVER SENTIDOS

Ajuda ao SciEn-Produção O Artigo Científico da Pesquisa Experimental

Pedagogia Profª Silvia Perrone. Ensino de Língua Portuguesa. Roteiro. Teorias que orientam o ensino

Diretrizes para programas de leitura organizados por bibliotecas - algumas sugestões práticas

A MODELAGEM MATEMÁTICA E A INTERNET MÓVEL. Palavras Chave: Modelagem Matemática; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Internet Móvel.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA

Neologismos no Facebook: o ensino do léxico a partir das redes sociais

A realidade dos alunos trazida para a sala de aula. Ao ser perguntado Que possibilidade(s) de escrita(s) os seus alunos

PROJETO CONVIVÊNCIA E VALORES

ESTADO DE GOIÁS PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA BÁRBARA DE GOIÁS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO SANTA BÁRBARA DE GOIÁS. O Mascote da Turma

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS GÊNEROS TEXTUAIS

5 Considerações finais

Pedro Bandeira. Leitor em processo 2 o e 3 o anos do Ensino Fundamental

PORTIFÓLIO DA OFICINA CURRICULAR DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS ATIVIDADES DO MAIS EDUCAÇÃO

DISCURSOS SOBRE A POLÍTICA POR MEIO DE GÊNEROS VARIADOS

A aula de leitura através do olhar do futuro professor de língua portuguesa

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

O ORIENTADOR FRENTE À INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIENCIA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DE ENSINO EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA A DISTÂNCIA

O ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS: CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

O USO DE SOFTWARE EDUCATIVO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE CRIANÇA COM SEQUELAS DECORRENTES DE PARALISIA CEREBRAL

ÁLBUM DE FOTOGRAFIA: A PRÁTICA DO LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59. Elaine Leal Fernandes elfleal@ig.com.br. Apresentação

BRITO, Jéssika Pereira Universidade Estadual da Paraíba

A Formação docente e o ensino da leitura e escrita por meio dos gêneros textuais

A ABORDAGEM DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA. Palavras-chave: Ensino de química; histórias em quadrinhos; livro didático.

ANÁLISE DOS TEXTOS PRODUZIDOS POR UMA TURMA DO 3ºANO DO ENSINO MÉDIO À LUZ DOS CRITÉRIOS DO ENEM

UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE MODELAGEM MATEMÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS NO ENSINO FUNDAMENTAL I

JOGOS MATEMÁTICOS: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS

O interesse por atividades práticas contribuindo na alfabetização através do letramento

(Prof. José de Anchieta de Oliveira Bentes) 3.

Encantos de Mojuí dos Campos

CONSIDERAÇÕES SOBRE USO DO SOFTWARE EDUCACIONAL FALANDO SOBRE... HISTÓRIA DO BRASIL EM AULA MINISTRADA EM LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

Rotinas da escola e da sala de aula: possibilidades de organização do trabalho pedagógico na perspectiva do letramento. Prof. Juliana P.

A PROPOSTA DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA DOS PCN E SUA TRANSPOSIÇÃO ENTRE OS PROFESSORES DE INGLÊS DE ARAPIRACA

PROBLEMATIZANDO ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PRESENCIAL DEB

Critérios de seleção e utilização do livro didático de inglês na rede estadual de ensino de Goiás

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

Comunicação e Cultura Fortaleza

NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO E METODOLÓGICO (NADIME)

AS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS E A INCLUSÃO

A COMPETÊNCIA LEITORA NOS ESPAÇOS DA COMUNIDADE DO PARANANEMA-PARINTINS/AM

PROJETO: SEMANA LITERÁRIA: LEITURA, CIDADANIA E VIDA

Assessoria de Imprensa e Media Training

Aprendizagem da Matemática: um estudo sobre Representações Sociais no curso de Administração

PLANTANDO NOVAS SEMENTES NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

RELATÓRIO TREINAMENTO ADP 2013 ETAPA 01: PLANEJAMENTO

TEATRO COMO FERRAMENTA PARA ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESPANHOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 1

QUANTO VALE O MEU DINHEIRO? EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PARA O CONSUMO.

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

69% dos pais afirmam conversar com os filhos sobre dinheiro, mostra pesquisa do SPC Brasil

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ANÁLISE DO PLANO DE AULA

1 EDUCAÇÃO INFANTIL LINGUAGEM A GALINHA RUIVA. Guia Didático do Objeto Educacional Digital

ALUNOS LEITORES E REDATORES: O JORNAL MURAL EM SALA DE AULA PIBID/LETRAS 1

TEORIA E PRÁTICA: AÇÕES DO PIBID/INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA. Palavras-chave: Ensino; Recomendações; Língua Estrangeira.

Profa. Ma. Adriana Rosa

Padrões de Competências para o Cargo de Professor Alfabetizador

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

BRINCAR E APRENDER: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Analisando a construção e a interpretação de gráficos e tabelas por estudantes do Ensino Médio Regular e EJA

Oficina Alfabetização na Educação de Jovens e Adultos

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

A Tecnologia e Seus Benefícios Para a Educação Infantil

DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS DA EJA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Transcrição:

ENSINANDO A ESCREVER: O GÊNERO CARTA DO LEITOR EM QUESTÃO Mônica Farias de Vasconcelos OLIVEIRA (UEPB) E-mail: monica06farias@gmail.com. Clara Regina Rodrigues de SOUZA (UFCG/ POSLE/ UEPB) E-mail: clararegina.r.s@gmail.com. INTRODUÇÃO A necessidade de um cuidado maior no funcionamento de uma aula de português trouxe para o professor uma preocupação a mais no exercício da profissão, especialmente no que tange ao ensino de gêneros textuais e suas respectivas formas de abordar as propostas de atividades e a prática da leitura e escrita em sala de aula. Pensando nisso, estudiosos discutem estratégias para o ensino/ aprendizagem na educação básica. Schneuwly e Dolz (1999), mais especificamente, contribuíram para a melhor forma de interação do livro didático com o aluno, tendo tido seus argumentos como base para a construção das diretrizes dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais). Os teóricos defendem que a aprendizagem que conduz à interiorização das significações de uma prática social, implica levar em conta as características dessa prática e as aptidões e capacidades iniciais do aprendiz. A isso eles chamam de funcionamento da linguagem. Tais estudiosos compreendem a escola como o autêntico lugar de comunicação e as situações escolares como ocasiões de produção/recepção de textos. Este é o ambiente que fornece ao aluno a oportunidade que o aproximará de diversos textos, dos autores e, sobretudo, de sua própria imaginação. A aproximação acontece no curso de um trabalho com o LD em sala de aula, tido como uma ferramenta que serve para fazer o aluno pensar, refletir, e consequentemente tornar-se um aluno-escritor, através de atividades com

gêneros textuais que proporcionem aos aprendizes o contato com práticas de linguagem situada, mediante propostas com os textos livres, a conferência, a correspondência escolar, o jornal de classe, os romances coletivos, os poemas individuais. Em entrevista à Nova Escola (2002), Schneuwly defende que é essencial ensinar as crianças a ler e a produzir textos, por isso devemos observar se os LD trazem atividades voltadas para esse objetivo. Pensando nisso, este trabalho segue uma concepção sociointeracionista de ensino/ aprendizagem e tem como objeto de análise o livro didático Português - Literatura - Gramática - Produção de Texto - Volume Único - (SARMENTO; TUFANO, 2004). Parte-se da premissa de que para se criar um aluno escritor, é preciso instigá-lo à prática da leitura, colocando-o em contato com diversos gêneros textuais e levando-o a observar sua intencionalidade, a fim de tornar a prática da escrita um elo sociocomunicativo. O trabalho é fruto de discussões e análises de materiais didáticos realizadas na disciplina Prática de Ensino II, na UEPB e objetiva, de modo geral, refletir sobre o ensino de escrita como prática situada a partir de uma atividade de LD. De modo específico, objetiva-se descrever uma atividade de escrita sobre o gênero carta do leitor e verificar o ensino de Língua Portuguesa pela escrita de gêneros textuais. Justifica-se pela defesa de um ensino que considere o propósito sociocomunicativo de escrita, bem como pela importância teórico-aplicada de contemplar uma situação de interação, em que alunos têm contato com práticas de escrita através dos mais diversos gêneros textuais. Metodologia O Livro Didático de Ensino Médio de Sarmento e Tufano (2004), volume único, organiza-se em três seções: Literatura, Gramática e Produção Textual. O LD traz os diferentes gêneros textuais, tais como: Crônica Argumentativa, Conto, Fábula, Discurso, Carta do leitor, Notícia, Reportagem, entre outros. Dentre os quais, o presente trabalho focaliza a carta do leitor, haja vista tratar-

se de um texto de suma importância para uma situação interativa entre leitor e escritor de revistas diversas, propiciando uma reflexão e argumentação por parte de quem a escreve. Na atividade referente a este gênero, observa-se que os autores se limitam a fazer uma breve exposição da temática veiculada em um texto publicado na seção Cartas do leitor, da Folha de S. Paulo de 30/8/2000, apresentando a opinião do leitor acerca do assassinato de uma jornalista. A atividade favorece a um aluno o contato com o gênero foco, além disso, proporciona um vago entendimento sobre sua linguagem, ao solicitar a releitura do texto, a fim de identificar o que foi pedido em uma questão: a conotação presente em uma frase do texto. No entanto, a atividade não contempla um estudo deste gênero, não explicando seus aspectos discursivos e sua estrutura esquemática. Discussão de Dados A maneira com que o gênero carta do leitor é tratado na atividade que analisamos dificulta um ensino de escrita pautado na perspectiva sociointeracionista, com base em Schneuwly e Dolz (1999). O gênero é abordado superficialmente, através de um conceito resumido, de um exemplar do gênero e de uma atividade de análise linguística. Por seu turno, os aspectos linguísticos solicitados nesta atividade evidenciam que o gênero-modelo exposto tem utilidade de pretexto para o ensino e a aprendizagem de gramática. Estas observações são depreendidas da seguinte atividade que traz como referência uma carta do leitor publicada na Folha de S. Paulo de 30/8/2000. A saber: 2. (Unicamp-SP) O texto abaixo foi publicado na seção Cartas do leitor da Folha de S. Paulo de 30/8/2000. Referida a um crime que teve repercussão na imprensa escrita e falada, esta carta dá uma notável demonstração de machismo e desprezo pelas mulheres. A recente morte violenta de uma jornalista choca a todos porque, nesse fato, o assassino foge ao perfil comum de tais tipos, mas certas situações que levam a isso estão aí, nos

círculos milionários, meios artísticos, esportivos e de poder. Tudo porque o homem não aprende. Há milênios, gosta de passar aos demais uma imagem de eterna juventude e virilidade, posando com fêmeas muito mais jovens. Fingem acreditar que elas estão por aí por amá-los. São poucas vezes atraídas pelo seu intelecto, e muitas pela fama, poder e dinheiro. A durabilidade de tais ligações, no geral, termina quando tal fêmea atinge seu objetivo. Pior ainda, quando essa fêmea mostra também intelecto e capacidade de sobrevivência sem seu protetor. Duro, triste, real. (Laércio Zanini, Garça, SP). a) O texto usa, em relação às mulheres, um termo fortemente conotado e lhes atribui um comportamento que as desqualifica. Transcreva uma frase em que o termo ocorre, associado à descrição e comportamento que desqualificariam as mulheres. Sublinhe o termo em questão na sua frase. A atividade exposta aponta para um não favorecimento da necessária apropriação do gênero textual carta do leitor, para que o aluno que venha a respondê-la e tenha condições de produzir o referido gênero. Com isso, acaba-se prejudicando o papel do professor de português de desenvolver a habilidade, dentre outras, de escrita, conforme argumentam Antunes (2007) e Azeredo (2007). Diante de atividades como esta apresentada, multiplica -se a responsabilidade do professor pelo funcionamento de sua aula, pois é dele o dever de incitar a interação, por exemplo, entre o Livro didático e o aluno. Considerações finais Observamos na sessão Produzindo, nas páginas 414 e 415, que as atividades de produção de texto são conduzidas a partir de uma contextualização breve sobre o gênero Carta do Leitor, seguida de uma leitura de um texto base, com uma atividade de decodificação, que faz com que o aluno transcreva uma frase extraída do referido texto. Outras questões trazem uma reflexão sobre o assunto abordado e cria uma opção de reescrita para confrontar opiniões, o que podemos considerar importante, uma vez que por trás das palavras mais simples, das informações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença (ANTUNES, 2003, p.82).

Portanto, concluímos que é o professor quem proporciona a interação do aluno com o texto e com o autor, uma vez que o Livro didático não é suficiente para essa prática, sendo apenas um instrumento no processo de ensino/aprendizagem. Referências ANTUNES, Irandé. Repensando o objeto de ensino de uma aula de português. In: Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2007, p. 107-153. AZEREDO, José Carlos de. Ensino de português: fundamentos e objetos. In: Ensino de português: fundamentos, percursos, objetos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 31-43. SARMENTO. Leila Lauar; TUFANO, Douglas. Português. Literatura. Gramática. Produção de Textos. Moderna. São Paulo, 2004. SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Os Gêneros Escolares: das Práticas de Linguagem aos Objetos de Ensino. Revista Brasileira de Educação. n. 11, maio a ago. 1999, Anped. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n11/n11a02.pdf. Acesso em: 31 mar. 2014. PELLEGRINI, Denise. O ensino da comunicação. Entrevista com Bernard Schneuwly. Nova Escola, nov. de 2002. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/ensinocomunicacao-423584.shtml>. Acesso em: 31 mar. 2014