1. CASAMENTO 24/4/2012. Emenda Constitucional n. 66/2010. Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas

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Transcrição:

Escola Superior da Magistratura do Estado de Alagoas 1. Casamento e união estável: histórico e natureza; diferenças entre casamento, união estável e namoro requisitos da união estável; efeitos pessoais e patrimoniais; dissolução do casamento e da união estável; relevância da manutenção da culpa na dissolução do casamento e da união estável; a Emenda Constitucional nº 66/2010 e suas repercussões no Direito de Família; reparação de danos na dissolução do casamento e da união estável. 2. Poder familiar: paternidade socioafetiva; alienação parental; conceito e espécies de guarda; guarda compartilhada; guarda e domicílio do menor; visitas; fiscalização do genitor não guardião; reparação de danos nas relações entre pais e filhos. 3. Alimentos: natureza, conteúdo, princípios e critérios de fixação; espécies de alimentos transitórios, compensatórios, indispensáveis; efeitos da idade na pensão alimentícia; culpa, comportamento indigno e seus efeitos. 1. CASAMENTO Emenda Constitucional n. 66/2010 CF, art. 226, 6º Redação anterior: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos Redação após a Emenda: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio Ementa da Emenda: Dá nova redação ao 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos DIVÓRCIO NÃO TEM MAIS NATUREZA CONVERSIVA ELIMINAÇÃO DOS REQUISITOS TEMPORAIS DO DIVÓRCIO 1

Relevância da manutenção da culpa Culpa: descumprimento consciente de norma de conduta Descumprimento de norma de conduta: sanção cumprimento da finalidade do Direito: organização da vida em sociedade até mesmo na ciência da psicanálise: culpa é essencial para estabelecer limites e possibilitar o convívio social Casamento: relação jurídica que gera deveres e direitos (normas de conduta) - fidelidade, mútua assistência imaterial e material, respeito e consideração (CC, art. 1.566) Sanções civis pelo descumprimento dos deveres conjugais: - Perda do direito à pensão alimentícia plena (CC, art. 1.704, caput) - Perda do direito ao sobrenome conjugal (CC, art. 1.578) - Reparação dos danos morais e materiais (CC, art. 186) Cf. REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Divórcio e Separação após a EC n. 66/2010, São Paulo, Saraiva, 2012. Relevância da manutenção da culpa Eliminação da culpa na dissolução do casamento: - eliminação daquelas sanções civis Deveres sem sanção: meras faculdades ou recomendações Cônjuge poderia descumprir os deveres conjugais sem que pudessem lhe ser aplicadas aquelas sanções civis Somente no casamento, dentre todas as relações jurídicas: descumprimento de deveres ou normas de conduta sem sanção Mesmo que conservada a possibilidade de aplicação do princípio da reparação de danos: tirar com uma mão (condenação do culpado no pagamento de indenização) dar com a outra (atribuição ao culpado de pensão alimentícia) As espécies dissolutórias na legislação infraconstitucional após a EC 66/2010 Sistema misto combina modelo francês (sanção culpa) e modelo alemão (ruptura) Ruptura - Separação e Divórcio mera impossibilidade de convivência Remédio - Separação e Divórcio doença mental grave Sanção - Separação e Divórcio grave descumprimento de dever conjugal Cf. REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Divórcio e Separação após a EC n. 66/2010, São Paulo, Saraiva, 2012. 2

Reparação de danos nas relações de família Principais fundamentos jurídicos CF, artigo 1º, inciso III: proteção da dignidade da pessoa humana CF, artigo 5º, inciso X: garantia da indenizabilidade dos danos causados por violação a direitos da personalidade CF, artigo 226, caput: proteção especial aos membros da família CF, art. 226, 8º: combate à violência doméstica CC, artigo 186 do CC: quem causa dano a outrem tem o dever de indenizar regra geral que se aplica a todas as relações jurídicas REGRA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL Ação ilícita nexo causal dano art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e causar prejuízo a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito Pressupostos: Ação: violação a direito - caráter comissivo ou omissivo Dano: prejuízo a bens morais ou materiais Nexo causal: liame entre a ação e o dano 3

Estudo de caso 1... A procedência do pedido de indenização por danos materiais exige a demonstração efetiva de prejuízos suportados, o que não ficou evidenciado no acórdão recorrido, sendo certo que os fatos e provas apresentados no processo escapam da apreciação nesta via especial. Para a materialização da solidariedade prevista no art. 1.518 do CC/16 (correspondência: art. 942 do CC/02), exige-se que a conduta do cúmplice seja ilícita, o que não se caracteriza no processo examinado. A modificação do valor compulsório a título de danos morais mostra-se necessária tão-somente quando o valor revela-se irrisório ou exagerado, o que não ocorre na hipótese examinada. Recursos especiais não conhecidos. (REsp 742.137/RJ, 3ª T., Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21/08/2007) DIANTE DOS FATOS E DOS ARGUMENTOS NARRADOS NA DECISÃO, RESPONDA: Na decisão em análise, é afirmado que o descumprimento do dever conjugal de fidelidade configura ato ilícito, capaz de ensejar reparação indenizatória. Pergunta-se: 1. Qualquer ato de infidelidade pode dar causa à reparação de danos? 1.1. Havendo perdão tácito ou mesmo expresso, resta afastada a possibilidade de pedido de reparação de danos por infidelidade? 1.2. O dever de fidelidade vigora na separação de fato? 1.3. O dever de fidelidade vigora quando o casal ainda reside sob o mesmo teto, mas já não há mais verdadeira comunhão de vidas? 2. A hipótese enquadra-se como paternidade socioafetiva? 2.1. Quais os requisitos da paternidade socioafetiva? 3. Concorda com a inexistência da solidariedade na obrigação de reparação de danos do cúmplice do adultério? 3.1. O que é poliamor? Existe sua aplicabilidade no Direito Brasileiro? 4. A mulher fará jus à pensão alimentícia, diante de sua conduta? 4.1. Em caso negativo, quais as medidas judiciais cabíveis para evitar que essa mulher venha a receber alimentos? 5. A separação judicial permanece como espécie dissolutória da sociedade conjugal após a Emenda Constitucional 66/2010? 6. No Divórcio, após a EC 66/2010, cabe a causa de pedir referente ao grave descumprimento de dever conjugal, com o pedido de decretação da culpa? 4

2. UNIÃO ESTÁVEL 1º Requisito: Existência de núcleo familiar duradouro (constituição de família) 2º Requisito: Notoriedade ou publicidade da relação 3º Requisito: Continuidade da relação 4º Requisito: Separação de fato, se um dos companheiros permanecer com estado civil de casado 5º Requisito: Ausência de impedimento V. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de Direito Civil, v. 2: direito de família, 42ª ed., São Paulo, Saraiva, 2012, p. 58-63. V. REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA (coord.), Código Civil Comentado, 8ª ed., São Paulo, Saraiva, 2012, comentários ao art. 1.723. Responsabilidade Civil Como é sabido, os deveres dos companheiros são recíprocos, de modo que o dever de um deles corresponde ao direito do outro. Desse modo, o descumprimento de um dever importa na violação de um direito, a configurar o ato ilícito, diante da ocorrência de dano, e sujeita o lesante ao pagamento da devida indenização (Cód. Civil de 2002, art. 186). V. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de Direito Civil, v. 2: direito de família, 42ª ed. São Paulo, Saraiva, 2012, p. 86. 5

3. PODER FAMILIAR Definição e caracteres O poder familiar pode ser conceituado como o conjunto de obrigações, a cargo dos pais, no tocante à pessoa e aos bens dos filhos menores WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de direito civil, vol. 2: direito de família, 42ª ed., São Paulo, Saraiva, 2012, p. 500. Paternidade socioafetiva CC, art. 1.593: O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem Outra origem: filiação adotiva filiação gerada por meio de técnicas de reprodução assistida heteróloga paternidade ou maternidade socioafetiva Conceito: paternidade estabelecida independentemente do vínculo genético, biológico ou consanguíneo entre pai e filho, mas baseada no reconhecimento social e afetivo da paternidade e na posse do estado de filho Atenção ao princípio da primazia do interesse do menor V. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de Direito Civil, v. 2: direito de família, 42ª ed. São Paulo, Saraiva, 2012, p. 423-432. 6

Paternidade socioafetiva Requisitos do estabelecimento da paternidade socioafetiva: Inexistência de vício de consentimento. Homem que registra o filho como seu deve ter consciência de que se trata de filho alheio. Esse homem não pode ter sido enganado pela mulher. Não pode ter feito o registro por erro ou por dolo da mulher. Pai deve tratar o filho como seu, de modo a assim ser havido em sociedade. Posse do estado de filho, situação de fato em que o filho é tratado e havido socialmente como tal. Adoção à brasileira : por se tratar de reconhecimento voluntário da paternidade, o pai não pode se furtar a esta condição caso rompa seu relacionamento com a mãe do menor, pois filho não é descartável. Nesse caso, o pai socioafetivo poderá, inclusive, pleitear a regulamentação de suas visitas ao filho, desde que esta situação represente o melhor interesse do menor V. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de Direito Civil, v. 2: direito de família, 42ª ed. São Paulo, Saraiva, 2012, p. 423-432. Estudo de caso 2 Leia a decisão proferida no REsp 878.941/DF, de relatoria da Min. Nancy Andrighi, cuja ementa segue abaixo. Reconhecimento de filiação. Ação declaratória de nulidade. Inexistência de relação sanguínea entre as partes. Irrelevância diante do vínculo socioafetivo. O reconhecimento de paternidade é válido se reflete a existência duradoura do vínculo socioafetivo entre pais e filhos. A ausência de vínculo biológico é fato que por si só não revela a falsidade da declaração de vontade consubstanciada no ato do reconhecimento. A relação socioafetiva é fato que não pode ser, e não é, desconhecido pelo Direito. Inexistência de nulidade do assento lançado em registro civil. O STJ vem dando prioridade ao critério biológico para o reconhecimento da filiação naquelas circunstâncias em que há dissenso familiar, onde a relação socioafetiva desapareceu ou nunca existiu... Continuação:... Não se pode impor os deveres de cuidado, de carinho e de sustento a alguém que, não sendo o pai biológico, também não deseja ser pai socioafetivo. A contrario sensu, se o afeto persiste de forma que pais e filhos constroem uma relação de mútuo auxílio, respeito e amparo, é acertado desconsiderar o vínculo meramente sanguíneo, para reconhecer a existência de filiação jurídica. Recurso conhecido e provido... No ato do reconhecimento, duas verdades, biológica e socioafetiva, antagonizavam-se e o de cujus optou por reconhecer a recorrente como se fosse sua filha, muito embora não fosse seu genitor. (REsp 878.941/DF, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21-8-2007) 7

DIANTE DOS FATOS E DOS ARGUMENTOS NARRADOS NA DECISÃO, RESPONDA: Na decisão em análise, é analisada a paternidade socioafetiva. Pergunta-se: 1. O que é paternidade socioafetiva? 2. Aponte os respectivos requisitos. 3. O critério biológico deve prevalecer sobre o socioafetivo em todos os casos? 4. Se não existir vínculo afetivo, pode prevalecer a paternidade socioafetiva? 4. ALIMENTOS Dever de assistência material e alimentos Art. 1.566, Código Civil Art. 1.724, Código Civil Mútua assistência tem duplo conteúdo material e imaterial No aspecto material: auxílio econômico necessário à subsistência dos cônjuges v. REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Código Civil Comentado, 8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2012, comentários aos artigos citados. 8

Pensão alimentícia natureza e conteúdo Alimentos naturais: necessarium vitae. Manutenção da vida de uma pessoa: alimentação, tratamentos de saúde, vestuário, habitação Alimentos civis: necessarium personae. Outras necessidades: intelectuais, morais e educacionais (V. WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO e REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA, Curso de Direito Civil, v. 2: direito de família, 42ª ed., São Paulo, Saraiva, 2012, p. 520.) Princípio da igualdade Lei do Divórcio - igualdade CF - art. 226, parágrafo 5º igualdade absoluta Pressupostos: Possibilidades do alimentante (devedor) Necessidades do alimentando (credor) Nova Espécies de Alimentos Alimentos transitórios Alimentos regra geral fixação sem termo Alimentos transitórios: sentenças homologatórias de acordo de dissolução do casamento ou da união estável estipulação de pensão alimentícia ao excônjuge ou ex-companheiro a termo satisfação das necessidades temporárias mudança de residência, reinserção no mercado de trabalho, entre outras. sentenças condenatórias fundamento jurisprudencial 9

Estudo de caso 3 Leia a decisão proferida no REsp 1025769/MG, de relatoria da Min. Nancy Andrighi, cuja ementa segue abaixo.... 6. A obrigação de prestar alimentos transitórios a tempo certo é cabível, em regra, quando o alimentando é pessoa com idade, condições e formação profissional compatíveis com uma provável inserção no mercado de trabalho, necessitando dos alimentos apenas até que atinja sua autonomia financeira, momento em que se emancipará da tutela do alimentante outrora provedor do lar, que será então liberado da obrigação, a qual se extinguirá automaticamente. 7. Nos termos do art. 1.710 do CC/02, a atualização monetária deve constar expressamente da decisão concessiva de alimentos, os quais podem ser fixados em número de salários mínimos. Precedentes. 8. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1.025.769/MG, 3ª T., Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 24-8-2010) DIANTE DOS FATOS E DOS ARGUMENTOS NARRADOS NA DECISÃO, RESPONDA: Na decisão em análise, são analisados os alimentos transitórios Pergunta-se: 1. O que são alimentos transitórios? 2. Aponte os respectivos requisitos. 3. Cabe a sua fixação em decisão liminar? 4. Cabe a sua fixação em decisão condenatória? 10