Classificação da Criticidade das Rotas do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos da Braskem Kátia Oliveira DNV Energy Solutions Consultora de Análise de Riscos da Det Norske Veritas (DNV) Energy Solutions katia.oliverira@dnv.com Mariana Bardy DNV Energy Solutions Consultora de Análise de Riscos e Gerente da Filial do Rio de Janeiro da Det Norske Veritas (DNV) Energy Solutions mariana.bardy@dnv.com Américo Diniz BRASKEM Competitividade Empresarial/SSMA - BRASKEM americo.neto@braskem.com.br ABSTRACT The precarious situation of the Brazilian roads has demanded a more efficient management of the transporting companies of hazardous materials with the objective to prevent and to minimize accidents with possible actions for containment of releases with potential to reach communities and water resources. In this context, DNV and BRASKEM companies had developed a methodology of qualitative risk analysis, called Criticality Analysis for Hazardous Materials Transportation. The objective of this methodology is identifying the most critical points of routes to make actions to avoid accidents. In general, the risk of determined activity can be defined as a combination between frequency of occurrence of the activity and its consequences. The expression most common of the combination of frequency and consequence for the evaluation of the risk is the one considers that it as the product of the frequency for the consequences. This conceptualization of risk was used for the definition of the item of criticality evaluation, divided in two distinct categories: relative item of evaluation to the frequency of occurrence and to the consequences. At the end, is possible the identification of stretches of bigger criticality of the transport route. For this stretches is necessary to propose actions to emergency control to reduce the frequency or to minimize the consequences of eventual accidents. Moreover, the construction of a criticality map is possible, in qualitative terms, of all the products carried for BRASKEM, with its respective routes, what it will be extremely important for the effective management of risks in the transport of hazardous materials.
1. INTRODUÇÃO A técnica denominada Classificação da Criticidade das Rotas do Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos foi elaborada com o objetivo da formação de um critério para a identificação da criticidade de trechos rodoviários, por onde são transportados produtos perigosos, do ponto de vista de risco de acidentes. A metodologia leva em consideração as condições das vias, a gestão da empresa transportadora frente aos equipamentos utilizados para o transporte e principalmente o tratamento dado aos motoristas, com relação ao controle de jornada de trabalho, controle de saúde, entre outros. Os trechos identificados como de alta criticidade, posteriormente, deverão ser objeto de análises de segurança onde serão determinadas ações preventivas ou de controle de emergências, visando diminuir a freqüência ou minimizar as conseqüências de eventuais acidentes. 2. METODOLOGIA A metodologia utilizada para classificação da criticidade de trechos das rotas do transporte rodoviário de produtos perigosos, do ponto de vista de risco de acidentes, tem como base a avaliação de itens (segurança e meio ambiente) relevantes na identificação da criticidade dos trechos. O processo de seleção dos itens de avaliação foi feito com base nos conceitos de risco. 2.1CONCEITOS DE RISCO De um modo geral, o risco de uma determinada atividade pode ser definido como uma combinação entre a freqüência de ocorrência de acidentes decorrentes da realização da atividade e as suas conseqüências. A expressão mais comum da combinação de freqüência e conseqüência para a avaliação do risco é a que o considera como o produto da freqüência pelas conseqüências. Assim, o risco pode ser expresso pela equação: Risco = Freqüência X Conseqüência 2.2CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DOS ITENS DE AVALIAÇÃO A conceituação de risco apresentada foi utilizada para a definição dos itens de avaliação de criticidade. Tais itens são divididos em duas categorias distintas: itens de avaliação relativos à freqüência de ocorrência, e itens de avaliação relativos às conseqüências. Os itens de avaliação da freqüência de ocorrência de acidentes correspondem aos fatores ou características presentes em cada trecho da rota rodoviária que contribuem para o aumento da probabilidade de ocorrência de acidentes no trecho. Por exemplo, sabe-se por experiência, que trechos com curvas ou declives acentuados são mais suscetíveis de
ocorrência de acidentes que trechos horizontais em linha reta. Portanto, a presença de tais características da via aumenta a criticidade do trecho no que concerne à possibilidade de ocorrência de acidentes. Sabe-se igualmente que a severidade das conseqüências de um acidente tende a ser maior em trechos que atravessam áreas densamente povoadas ou áreas ambientalmente sensíveis. Portanto, a presença de áreas de grande população ou com importantes aspectos ambientais deverá ser selecionada como um item de avaliação de criticidade relativo às conseqüências de acidentes. 2.3APLICAÇÃO DA METODOLOGIA A metodologia utilizada para classificação da criticidade de trechos das rotas do transporte rodoviário de produtos perigosos, consiste no preenchimento de planilhas, conforme modelos apresentados nas Tabelas 1 e 2. As planilhas deverão ser preenchidas com a participação de técnicos que conheçam os seguintes aspectos do transporte: características operacionais do trecho; características da via permanente do trecho; características do produto transportado; características geográficas e climatológicas do trecho. Tabela 1. Itens de Avaliação para a Freqüência Itens de Avaliação para Freqüência Peso do Item VIA Projeto (Geometria da via, presença de obras de arte, presença de obstáculos na pista) 20 Estado de conservação 20 Gestão da Via 15 Histórico de vandalismo, roubo e/ou acidentes 20 Clima 10 Fluxo de veículos 5 Fluxo do produto transportado 10 TOTAL 100 EQUIPAMENTO Estado de conservação do veículo deficiente ou sem sinalização 30 Inexistência de Plano de Manutenção/Inspeção do veículo 20 Ano de fabricação do cavalo 10 Inexistência de inspeção da carreta 10 Monitoramento do veículo 30 TOTAL 100 EMPRESA TRANSPORTADORA Inexistência de política de recrutamento/critério de seleção. 20 Falta de treinamento do motorista / Falta de reavaliação do treinamento 30 Falta ou deficiência de controle de jornada de trabalho 10 Motorista terceirizado 10 Sem monitoramento físico/psicológico/médico/visual 10 Falta ou deficiência no controle de alcoolismo e drogas 20
Itens de Avaliação para Freqüência Peso do Item VIA TOTAL 100 Tabela 2. Itens de Avaliação para a Conseqüência Itens de Avaliação para Conseqüência Peso do item Presença de Comunidades 25 Atendimento à Emergência 10 Proximidade com Obras de arte, pólo industrial, tubovias, dutovias, subestação, outros. 10 Presença de Corpos d água e/ou Ecossistemas 20 Potencial de Dano do Produto 25 Imagem da Empresa 10 TOTAL 100 Para cada item de avaliação, podem ser consideradas características e presença de elementos especiais como, por exemplo: Estado de conservação: deve-se avaliar a existência de sinalização precária, ausência de acostamento, erosão da costa, drenagem deficiente, pavimento danificado, entre outros). São atribuídos 4 pontos por item, com o valor máximo de 20 pontos; Fiscalização ineficiente: se não é feita a fiscalização da documentação, deve-se atribuir 2 pontos; se não é feita a fiscalização pelo Tacógrafo, deve-se atribui 3 pontos; se não é feita vistoria do equipamento, deve-se atribuir 3 pontos; se não é feita a checagem do kit de emergência, deve-se atribuir 2 pontos, e assim sucessivamente. Da mesma forma, para os itens de avaliação de conseqüência, há um detalhamento dos aspectos considerados: População exposta: atribuir 15 pontos para acima de 10.000 pessoas; 10 pontos para 1.000 a 10.000 e 5 pontos para inferior a 1.000 pessoas; Potencial de Dano do Produto: devem ser atribuídos pontos de acordo com o tipo de produto, variando pelo estado físico (sólido, líquido e gasoso) e categoria (tóxico, inflamável, corrosivo e radioativo). Os passos para a aplicação da metodologia estão listados a seguir: 1 Passo: Seleção da rota e do produto transportado. 2 Passo: Divisão da rota em trechos. 3 Passo: Para cada trecho, atribuir pontos para os itens de avaliação de freqüência da via e para os itens de avaliação de conseqüência. 4 Passo: A categoria de freqüência para o trecho analisado será obtida de acordo com as categorias de freqüência, apresentadas na Tabela 3. O total de pontos é obtido através do somatório de todos os itens. Tabela 3. Categorias de Freqüência dos Trechos
Categoria de Freqüência Pontuação dos itens de avaliação Freqüente 80 pts. 100 Provável 60 pts. < 80 Ocasional 40 pts.< 60 Remoto 20 pts. < 40 Improvável 0 pts. < 20 5 Passo: A categoria de conseqüência para o trecho analisado será obtida de acordo com as categorias de conseqüência, apresentadas na Tabela 4. O total de pontos é obtido através do somatório de todos os itens. Tabela 4 Categorias de Conseqüência dos Trechos Categoria de conseqüência Pontuação dos itens de avaliação Catastrófica 75 pts. 100 Crítica 50 pts. < 75 Moderada 25 pts. < 50 Baixa 0 pts. < 25 6 Passo: Combinando-se as categorias de freqüência com as de conseqüência, obtém-se a criticidade do trecho através da Matriz de Criticidade, conforme Figura 1, a qual fornece uma indicação qualitativa do nível de risco de cada trecho identificado na análise. A Matriz de Criticidade está dividida em três regiões, a saber: Criticidade Baixa: região para qual não há necessidade de medidas obrigatórias, as medidas propostas são consideradas sugestões; Criticidade Média: região para qual deverão: 1) Ser propostas medidas para redução da criticidade que deverão efetivamente reduzir a criticidade para região de criticidade baixa quando implementadas, ou 2) Ser realizados estudos complementares, conforme matriz de criticidade, para maior detalhamento da criticidade do trecho e proposição de medidas caso necessário. Caberá à Liderança da unidade responsável pelo transporte definir prazo e responsável para implementação das recomendações e para realização dos estudos complementares. As recomendações propostas deverão ser econômica e tecnicamente viáveis. Criticidade Alta: região para qual deverão ser realizados estudos complementares, conforme matriz de criticidade, para maior detalhamento da criticidade do trecho e proposição de medidas caso necessário. Caberá à Liderança da unidade responsável pelo transporte definir prazo e responsável para implementação das recomendações e para realização dos estudos complementares. 7 Passo: Após a obtenção da criticidade do trecho, será feita uma reavaliação dos resultados utilizando a avaliação dos itens referentes à gestão da empresa transportadora.
Desta forma o total de pontos para a freqüência será reavaliado. O novo valor para a freqüência de acidentes de cada um dos trechos será obtido através de uma média ponderada entre os três principais itens de avaliação de freqüência: Via, Equipamento e Empresa Transportadora. A soma dos itens para Via e Equipamento tem pesos de 35% cada e a soma dos itens para a Empresa Transportadora tem peso de 30%. A avaliação dos itens referentes à gestão da empresa transportadora deverá ser validada através do relatório de auditoria do SASMAQ da empresa transportadora durante a análise da rota. 8 Passo: Combinando-se o novo valor para a categoria de freqüência com o valor de conseqüência já obtido no Passo 5, obtém-se a criticidade do trecho, considerando a gestão da empresa transportadora. Ou seja, uma vez que uma outra empresa seja responsável pelo transporte, a reavaliação deverá ser refeita. 9 Passo: Seguir os mesmos passos para os demais trechos da rota. 10 Passo: De acordo com o resultado obtido para a criticidade dos trechos da rota em análise, adotar as medidas obrigatórias para redução da criticidade dos trechos, conforme apresentado no 6º Passo. F R E Q U Ê N C I A Matriz de Criticidade BRASKEM LOGÍSTICA IMPROVÁVÉL REMOTO OCASIONAL PROVÁVEL FREQUENTE C O N S E Q U Ê N C I A CATASTRÓFICA CRÍTICA MODERADA BAIXA MÉDIA OBRIGATÓRIO RECOMENDAÇÃO OU ESTUDOS COMPLEMENTARES BAIXA OBRIGATÓRIO ESTUDO DE VULNERABILIDADE PARA CENÁRIOS COM LIBERAÇÃO DE SUBSTÂNCIA INFLAMÁVEL E/OU TÓXICA BAIXA MÉDIA OBRIGATÓRIO RECOMENDAÇÃO OU ESTUDOS COMPLEMENTARES ALTA OBRIGATÓRIO RECOMENDAÇÃO E ESTUDOS COMPLEMENTARES MÉDIA OBRIGATÓRIO RECOMENDAÇÃO OU ESTUDOS COMPLEMENTARES MÉDIA OBRIGATÓRIO RECOMENDAÇÃO OU ESTUDOS COMPLEMENTARES Para regiões de Criticidade Média, as recomendações devem obrigatoriamente baixar o risco para a região de Criticidade Baixa, caso contrário, é necessário realizar estudo complementar. Figura 1. Matriz de Criticidade 3. ESTUDO DE CASO
O estudo de caso realizado com a aplicação desta metodologia tem como objetivo avaliar o potencial de risco para o transporte rodoviário de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), desde o Porto de Salvador até o Pólo Industrial de Camaçari, no estado da Bahia. A freqüência do transporte é cerca de 3 carretas/dia. 3.1DESCRIÇÃO DA ROTA O trajeto entre o Porto de Salvador e o Pólo de Camaçari foi dividido em 4 trechos, de acordo com as características encontradas ao longo das vias da rota analisada. Trecho 1 Porto de Salvador BR-324 A carreta deixará o Porto de Salvador em direção ao Pólo de Camaçari; passará pela Avenida da França e fará o retorno na Rua Suécia, pegando o acesso ao Túnel Américo Simas e percorrendo a Avenida Presidente Castelo Branco e posteriormente a Avenida Mário Leal Ferreira. O trecho dentro de Salvador caracteriza-se por ser uma região de médio povoamento, tráfego intenso e alguns locais mais críticos que cabe ressaltar: Túnel Américo Simas local de confinamento Vale de Nazaré (próximo ao Estádio Otávio Mangabeira - Fonte Nova) tráfego intenso, principalmente na ocorrência de eventos na Fonte Nova. As Tabelas 5 e 6 apresentam como exemplo, a classificação de freqüência e severidade, considerando as especificidades do Trecho 1. Tabela 5 Exemplo de Classificação de Freqüência Trecho 1 Itens de Avaliação Relativos à Freqüência de Ocorrência de Acidentes (Via) Trecho 1 TOTAL Geometria da Via Obras de arte cul os na Projeto Declive 2 Aclive 2 Mão-Dupla 2 Cruzamento na Pista 0 Rotatórias 0 Curvas Acentuadas 2 Outros 8 Viadutos de Passagem Superior ou Inferior 1,5 Túneis 1,5 Passarelas 0 Pontes 0 Outros 0 3 Área urbana 1,5
Itens de Avaliação Relativos à Freqüência de Ocorrência de Acidentes (Via) Trecho 1 TOTAL Avaliar a existência de: Fiscalização Ineficiente Redutores de Velocidade 1,5 Animais na pista 0 Obras/ Serviços Eventuais 1,5 Outros 0 4,5 Estado de conservação Sinalização Precária 4 Ausência de acostamento 0 Erosão da Costa 0 Drenagem Deficiente 0 Pavimento Danificado 4 Outros 0 8 Gestão da Via Ausência/Inexistência de bases ou pontos de apoio ao longo 0 do trecho 0 Não é feita a fiscalização da documentação 0 Não é feita a fiscalização pelo Tacógrafo 3 Não é feita vistoria do equipamento 0 Não é feita a checagem do Kit de Emergência 0 3 Histórico de vandalismo, roubo e/ou acidentes Histórico de Vandalismo 0 0 Histórico de Roubo 7,5 7,5 Histórico de Acidentes 7,5 7,5 Clima Avaliar altos índices pluviométricos 0 Queimadas 0 Interferência de Vegetação na Pista 0 Intensidade de Radiação Solar Elevada 2 Neblina 0 Outros 0 2 Fluxo de veículos 0 Alto fluxo de veículos na via 5 5 Fluxo do produto transportado 0 Acima de 5 carretas/dia 0 0
Itens de Avaliação Relativos à Freqüência de Ocorrência de Acidentes (Via) Trecho 1 TOTAL 1 a 5 Carretas por dia 5 5 Inferior a 1 carreta/dia 0 0 Tabela 6 Exemplo de Classificação de Severidade Trecho 1 Itens de Avaliação Relativos às Conseqüências dos Acidentes Trecho 1 TOTAL População exposta Fatores Agravantes Avaliar existência de: Avaliar a proximidade Presença de Comunidades Acima de 10.000 pessoas 15 Entre 1.000 a 10.000 pessoas 0 Inferior a 1.000 pessoas 0 15 Existência de área indígena 0 Existência de comunidades tradicionais 0 Existência de patrimônio histórico cultural 0 Existência de via elevada 0 Existência de população sazonal (eventos, festas) 0 Existência de trânsito urbano intenso 2 2 Atendimento à Emergência Área de sombra 0 Distância acima de 80 km entre evento e recursos para atendimento 0 Hospitais ou aeroportos 0 Dificuldades no acesso ao local 0 Baixa qualificação dos recursos 0 Outros 0 0 Proximidade com Obras de arte, pólo industrial, tubovias, dutovias, subestação, outros. Viadutos de passagem superior ou inferior 1,5 Pontes 0 Túneis 1,5 Passagem de nível 0 Pólo Industrial 0 Tubovias 0 Dutovias 0
Itens de Avaliação Relativos às Conseqüências dos Acidentes Trecho 1 TOTAL Estado Físico Categoria Avaliar: Subestação 0 Outros 0 3 Presença de Corpos d água e/ou Ecossistemas Corpo d'água classe especial até 1 km de distância 0 Corpo d'água classe 1 até 1 km de distância 0 Planície de Inundação 0 Área agrícola 0 Para mar, lagos, lagoa, reservatórios de água 0 Para captação de água direta ou indireta 0 Para ecossistema frágil 0 Para cobertura vegetal favorável a combustão 0 Área de preservação ambiental 0 0 Potencial de Dano do Produto (Para material não perigoso - classificar somente de acordo com o estado físico) Líquido 0 Gás 5 Sólido 0 Tóxico 0 Inflamável 8 Corrosivo 0 Radioativo 0 13 Imagem da Empresa Impactos econômicos 2 Comunidade 2 Sindicatos 2 Órgão ambiental 2 Mídias 2 10 Trecho 2 BR-324 A carreta seguirá pela BR-324 margeando os bairros de Águas Claras, Valéria e Nova Palestina, cruzando alguns afluentes do Rio Ipitanga e a BA-526. A carreta, ainda na BR- 324, cruzará a linha férrea na altura de Simões Filho, e passará ao lado da Lagoa da Sebra. Após Simões Filho, a carreta segue à direta, pela BA-093.
O trecho a partir da BR-324 é caracterizado por médio povoamento, asfalto danificado em alguns pontos, iluminação deficiente e tráfego em mão única. Também apresenta desnível entre a pista e o acostamento. Trecho 3 BA-093 Na BA-093, a carreta cruzará um afluente do Rio Joanes e passará ao lado das comunidades de Simões Filho, Palmares e Pitanga de Palmares. Logo no início da BA-093, existe uma série de quebra-molas, em uma região onde há também uma escola. Em outras partes deste trecho, existe pouco povoamento, próximo à estrada. A pista é de mão dupla, sem acostamento em alguns pontos, com desnível entre a pista e acostamento. Além de iluminação deficiente no trecho. A BA-093 apresenta cruzamentos com a Dutovia Pólo-Aratu e com dutos da Petrobras. Trecho 4 Canal de Tráfego A carreta seguirá pelo Canal de Tráfego, cruzará alguns afluentes do Rio Joanes, chegando finalmente ao Pólo Petroquímico de Camaçari. Este trecho apresenta boas condições de tráfego e com asfalto em boas condições. Não há comunidades próximas. 3.2RESULTADOS OBTIDOS Após a compilação das pontuações em cada trecho os resultados encontrados estão resumidos na Tabela 7 a seguir. Como pode ser observado, o Trecho 2 apresenta criticidade Alta, o Trecho 3 criticidade Média e os Trechos 1 e 4 criticidade Baixa. O próximo passo na análise foi feito considerando aspectos referentes à empresa transportadora e aos equipamentos utilizados no transporte. Tabela 7 Resultados do Estudo de Caso Transporte de GLP Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3 Trecho 4 Freqüência - via 53,5 66,0 73,0 38,0 Conseqüência 43,0 56,5 42,0 39,5 Categoria de freqüência obtida Ocasional Provável Provável Remota Categoria de conseqüência obtida Moderada Crítica Moderada Moderada Categoria de Criticidade obtida Baixa Alta Média Baixa Foi considerado, como exemplo, que a empresa responsável pelo transporte do GLP nesta rota apresenta um alto nível de atendimento aos requisitos identificados como críticos para a minimização da freqüência de ocorrência de acidentes rodoviários, obtendo pontuação mínima neste item. Com relação aos equipamentos utilizados, a única ressalva feita trata-se da utilização de veículos com mais de 10 anos de fabricação, alcançando 10 pontos, conforme indicado na Tabela 8. Tabela 8 Exemplo de Avaliação da Empresa Transportadora
Itens de avaliação relativos à Freqüência de ocorrência de acidentes Transportadora EQUIPAMENTO Estado de conservação do veículo deficiente ou sem sinalização - atribuir 30 pts 0 Inexistência de Plano de Manutenção/Inspeção - atribuir 20 pts 0 Ano de fabricação do veículo Acima de 5 anos: 10 pts; Inferior a 5 anos: 0 pt 10 Inexistência de inspeção da carreta - atribuir 10 pts 0 Monitoramento do Veículo Sem utilização de GPS/Rastreamento - atribuir 8 pts; Sem controle de velocidade/tacógrafo - atribuir 8 pts; Sem comunicação - atribuir 8 pts; Ausência de rotograma - atribuir 8 pts - Máximo de 30 pts. 0 TOTAL 0 EMPRESA TRANSPORTADORA Inexistência de política de recrutamento/critério de seleção - atribuir 20 pts 0 Falta de treinamento do motorista / Falta de reavaliação do treinamento - atribuir 30 pts 0 Falta ou deficiência de controle de jornada de trabalho - atribuir 10 pts 0 Motorista terceirizado - atribuir 10 pts 0 Sem monitoramento físico/psicológico/médico/visual - atribuir 10 pts 0 Falta ou deficiência no controle de alcoolismo e drogas - atribuir 20 pts 0 TOTAL 0 Após a avaliação dos itens referentes à gestão da empresa transportadora e aos equipamentos utilizados, a nova classificação de criticidade está indicada na Tabela 9. Tabela 9 Resultados do Estudo de Caso Transporte de GLP Incluindo a Gestão da Empresa Transportadora Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3 Trecho 4 Freqüência - via 53,5 66,0 73,0 38,0 Freqüência - veículo 10,0 Freqüência - motorista 0,0 Freqüência total 22,2 26,6 29,1 16,8 Conseqüência 43,0 56,5 42,0 39,5 Categoria de freqüência obtida Remota Remota Remota Improvável Categoria de conseqüência obtida Moderada Crítica Moderada Moderada Categoria de Criticidade obtida Baixa Baixa - AV Baixa Baixa
Como pode ser observado, em relação à Figura 1, não há nenhum trecho classificado como criticidade Alta ou Média, pois todos os trechos situaram-se na categoria de criticidade Baixa, porém, para o Trecho 2 é necessária a realização de uma Análise de Vulnerabilidade, a qual indicará o potencial de dano às pessoas e/ou instalações ao longo do trecho. Em caso da possibilidade de dano, deverão ser propostas medidas para diminuir a probabilidade e/ou conseqüência dos danos. Para os demais trechos, o resultado indica que o transporte do produto GLP entre o Porto de Salvador e o Pólo de Camaçari, considerando o critério de aceitabilidade empregado e os sistemas de gestão utilizados pela empresa transportadora avaliada, possui criticidade baixa e desta forma, não há necessidade de medidas adicionais. 4. COMENTÁRIOS FINAIS A metodologia desenvolvida permite de uma forma simples e estruturada a avaliação de rotas de transporte de produtos perigosos, identificando os trechos de maior criticidade durante o transporte. Podem ser identificados pontos de melhoria que impliquem na redução dos riscos referentes ao transporte dos produtos e avaliar e qualificar empresas transportadoras que se adequem aos níveis de risco que cada tipo de produto pode representar à população. Esta análise pode ser utilizada também como primeiro filtro para identificar quais os produtos e trechos de rotas de transporte que deverão ser objetos de análises de risco mais detalhadas (quantitativas) onde serão determinadas ações preventivas ou de controle de emergências, visando diminuir a freqüência ou minimizar as conseqüências de eventuais acidentes. Observa-se que o objetivo principal deste estudo foi desenvolver uma metodologia de fácil aplicação que proporcione à Braskem obter uma melhor gestão de seus riscos, integrando os riscos de transporte de produtos ao seu programa de gerenciamento de risco. 5. REFERÊNCIAS 1. CCPS, Guidelines for Chemical Process Quantitative Risk Analysis; American Institute of Chemical Engineers, 2a. Edição, 2000. 2. CCPS, Guidelines for Hazard Evaluation Procedures, American Institute of Chemical Engineers, 3a. Edição, 1992. 3. Lees, Frank E., Butterworth s, Loss Prevention on the Process Industries, Londres, 3ª Edição, 1996.