A VIRALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS SOBRE CELEBRIDADES EM REDES SOCIAIS E A INTERAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DA NOVA NOTÍCIA: o caso Anitta 1



Documentos relacionados
Uma Reflexão Sobre a Interferência das Redes Sociais na Notícia 1. Juliana dos Santos Ferreira COSTA 2 Instituto Federal de Pernambuco, Recife, PE

Resenha. Fernanda Gabriela Gadelha ROMERO 1

Uma Publicação Grupo IPub. Guia. redes sociais para clínica de estética. Guia de redes sociais para clínica de estética

Blog da House Comunicação entre a Agência Experimental e acadêmicos de Publicidade e Propaganda da FURB 1

Como e por onde começar e os melhores formatos de conteúdo para você

Projeto de pesquisa apresentado para o Programa de Pós Graduação em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora

Mídias sociais como apoio aos negócios B2C

E-BOOK [TÍTULO DO DOCUMENTO] Matrix [NOME DA EMPRESA] [Endereço da empresa]

ASSESSORIA DE IMPRENSA 1 Felipe Plá Bastos 2


. Indice. 1 Introdução. 2 Quem Somos. 3 O que Fazemos. 4 Planejamento. 5 Serviços. 6 Cases. 9 Conclusão


Proposta de publicidade

5 Considerações finais 5.1. Reflexões sobre os resultados

Blog NoRascunho 1. Andrew Philip Saldanha de FRANÇA 2 Melissa Cirne de Lucena 3 Universidade Potiguar, Natal, RN

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

Índice. Novo canal. Canais de Comercialização. Canais de Comunicação

Estratégias em Propaganda e Comunicação

Universidade de Brasília

O guia completo para uma presença. online IMBATÍVEL!

Usuários Únicos. Visitas. Pageviews. Educação 6,3% Celebridades 8,0% Esportes 9,2% Notícias 14,5% Família 7,1% Entretenimento 13,1% Negócios 6,7%

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Guia Definitivo sobre Tráfego Gratuito na Internet.

Área de Comunicação. Tecnologia em. Produção Multimídia

THE VOICE ESTUDO EXPLORATÓRIO. Integrado Ações de Merchandising

Relatório de Consumo de Conteúdo Profissional 2014

Número de pessoas com acesso à internet passa de 120 milhões

Social Media. Criação Personalização Gerenciamento.

OS DESAFIOS DO MARKETING DIGITAL NA SOCIEDADE DE CONTEMPORÂNEA

A informação que você precisa!

Introdução redes sociais mulheres Digg

História Diferenciações Assessoria o que é? Estrutura Comunicação x Imprensa Papéis e funções Planejamento Conteúdo Processamento interno x externo

Outside On-Line LTDA Telefone: +55 (19) (19) (claro) carlos@outside.com.br

A Parceria UNIVIR / UNIGLOBO- Um Case Focado no Capital Intelectual da Maior Rede de TV da América Latina

Jornalismo Interativo

Midiatização: submissão de outras instituições à lógica da mídia.

Mídias sociais como apoio aos negócios B2B

A Dehlicom tem a solução ideal em comunicação para empresas de todos os portes, sob medida.

Segmentação Inteligente: como utilizá-la

A LB Comunica desenvolve estratégias e ações de marketing e comunicação, feitas sob medida para a realidade e as necessidades de cada cliente.

Lucas Arantes Zanetti 1 Lívia Cadete da Silva 2 Orientadora: Caroline Kraus Luvizotto 3 Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP

Os tempos mudaram. Campanha de valorização

A DIVULGAÇÃO DO CURSO DE JORNALISMO ATRAVÉS DO SITE E DAS REDES SOCIAIS

Gestão da Informação e do Conhecimento

Blogs corporativos: uma inovação na Comunicação Organizacional 1

Imagem corporativa e as novas mídias

Relatório de comunicação digital da Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis Janeiro a Julho/2012

Curso Marketing Político Digital Por Leandro Rehem Módulo III MULTICANAL. O que é Marketing Multicanal?

MARKETING PARA FAZENDAS

multi media soluções em comunicação

*Todos os direitos reservados.

Gerenciando Sua Reputação Online Parte 1

COMECE A TRABALHAR COM A INTERNET

Cinco pontos sobre redes sociais na Internet

MIDIA KIT. Aqui você fica atualizado.

O QUE É ECONOMIA VERDE? Sessão de Design Thinking sobre Economia Verde

AVM Faculdade Integrada MBA Executivo em Marketing e Redes Sociais Aluno Max Diniz Cruzeiro O PODER DAS REDES SOCIAIS E SUA INFLUÊNCIA

#10 PRODUZIR CONTEÚDO SUPER DICAS ATRATIVO DE PARA COMEÇAR A

RESUMO EXECUTIVO realmente significa estar informado? Como filtrar a informação certa do montante de informações triviais

Área de Comunicação. Tecnologia em. Produção Publicitária

Problemas em vender? Veja algumas dicas rápidas e práticas para aumentar suas vendas usando marketing

O Jornal. A Contagem TV. Distribuição. Estatísticas. Por quê? Público Alvo. Publicidade. Contatos

QuEm SomoS missão 5 DESIGN & ComuNICação PublICIDaDE EvENtoS PromoçõES WEb

Antes de tudo... Obrigado!

Monitoramento de Redes Sociais

Fabiola Rizzo Sanchez José Carlos Balbino Rosa Eliane Aparecida Souza Cruz Gildete de Oliveira Batista

MARKETING DE RELACIONAMENTO UMA FERRAMENTA PARA AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO SOBRE PORTAL INSTITUCIONAL

Desde Mídia Kit encontrasãopaulo.

SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

PADRÃO DE RESPOSTA DAS QUESTÕES DISCURSIVAS PROFISSIONAL BÁSICO COMUNICAÇÃO SOCIAL

Trabalhando em conjunto, trabalhando sempre.

Como o Scup pode ajudar consultores políticos durante o período eleitoral

Política de Comunicação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) - PCS

Projeto Incubadora no SecondLife

Mídias Sociais nos Negócios. GorillaBrand BRAND

DP6: Gerando novos negócios a partir do monitoramento de redes sociais

Clipping: medindo a presença da Embrapa Soja na mídia em 2008

Fabyanne Nabofarzan Rodrigues

As Tecnologias de Informação e Comunicação para Ensinar na Era do Conhecimento

SONDAGEM NACIONAL JORNALISTAS 2013

MÍDIA KIT VAREJO PROMOCIONAL. meio & mídia

ANNA PATRICIA DE MELO SILVA SÃO PAULO I 2010

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

Proposta Revista MARES DE MINAS

3º Seminário Blogs: Redes Sociais e Comunicação Digital

As oportunidades de utilização do SMS no marketing político

E-books. Guia para Facebook Ads. Sebrae

Comunicação Empresarial

SISTEMÁTICA WEBMARKETING

Comunicação de Governo Redes Sociais e Convergência de Mídias Ministério da Saúde

Apresentação Institucional

Marketing de Serviços e de Relacionamento. MBA em Gestão de Marketing Prof.: Alice Selles

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS - FAN CEUNSP SALTO /SP CURSO DE TECNOLOGIA EM MARKETING TRABALHO INTERDISCIPLINAR

social media para bares, restaurantes e afins

Distribuidor de Mobilidade GUIA OUTSOURCING

Como monitorar seus concorrentes e fazer pesquisa de mercado nas redes sociais. Por Gustavo Valvasori

10 estratégias para gerar tráfego para seu blog

FATEC Cruzeiro José da Silva. Ferramenta CRM como estratégia de negócios

Equipe da GCO: 1. Carlos Campana Gerente 2. Maria Helena 3. Sandro 4. Mariana

Trabalho interdisciplinar e atividade extensionista na UEPG: o projeto Portal Comunitário

Transcrição:

A VIRALIZAÇÃO DAS NOTÍCIAS SOBRE CELEBRIDADES EM REDES SOCIAIS E A INTERAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO DA NOVA NOTÍCIA: o caso Anitta 1 Juliana dos Santos Ferreira Costa 2 Beatriz Braga Bezerra 3 Resumo: A notícia é o produto jornalístico por excelência. Com os sites de redes sociais na internet, a interação pode permitir ao usuário do site de rede social a repercussão de um tema, através da viralização. Com o usuário da rede social levado à condição de emissor de opinião e/ou informação, o alcance de sua opinião é convertido em uma nova notícia nos veículos de comunicação. Dito isso, o trabalho analisa o caso da cantora Anitta, suja repercussão no Twitter motivou novas notícias. Palavras-chave: Viralização; Rede social; Celebridade; Notícia. Abstract: The news is the journalistic product par excellence. With social networking sites on the internet, the interaction may allow the user of the social networking site the impact of a theme through viralization. With the user of the social network led to the condition of opinion and / or sender information, the scope of his opinion is converted into a new story in the media. That said, the paper examines the case of the singer Anitta, dirty repercussions on Twitter prompted new news. Keywords: Viralization; Social network; Celebrities; News. 1. Introdução O jornalismo está ligado a uma dinâmica própria de funcionamento e continuidade e está marcado por uma série de fatores constituintes: a pauta, a linha editorial, as fontes, a apuração, entre outros, formam o fio condutor do que resultará no produto buscado: a notícia que contém a informação. Na atualidade, alguns desses pressupostos jornalísticos vêm sendo reconfigurados em função da evolução tecnológica e da crescente participação dos 1 Trabalho apresentado no Seminário Temático Redes de Produção e Circulação do Conteúdo Audiovisual, durante a I Jornada Internacional GEMInIS, realizada entre os dias 13 e 15 de maio de 2014, na Universidade Federal de São Carlos. 2 Graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas (2007) e Especialista em Gestão da Comunicação Empresarial pela Faculdade Frassinetti do Recife (2011). Jornalista do Instituto Federal de Pernambuco desde 2010. E-mail: julianacosta.jornalista@gmail.com. 3 Graduada em Publicidade pela Universidade Católica de Pernambuco (2008), Especialista em Gestão da Comunicação Empresarial pela Faculdade Frassinetti do Recife (2011) e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Professora da Graduação em Publicidade e Propaganda e do curso de Tecnologia em Marketing da Universidade do Vale do Ipojuca (UNIFAVIP). E-mail: beatriz.braga@hotmail.com.

espectadores na construção das pautas jornalísticas seja por demanda, por criação de notícia ou servindo como fonte de informação. Diante dessa reconfiguração da cadeia produtiva de notícias e das adaptações no que diz respeito aos conteúdos das pautas, bem como a motivação para ocuparem tal destaque, cabe aqui uma breve investigação sobre o cenário atual de produção e emissão de mensagens; uma rápida abordagem sobre a apropriação do aparato tecnológico, que contribui para a multiplicação de informações; e uma análise o surgimento de novas notícias, sobre a repercussão que as notícias sobre celebridades alcançaram nas redes sociais. 2. Jornalismo: Breve Explanação Conforme Clóvis Rossi (2007), jornalismo é, antes de tudo, uma batalha cujo alvo a ser conquistado são mentes e corações. Leitores, ouvintes, telespectadores: todos buscam informação; acompanham o desenvolvimento (ou acontecimento) de fatos cuja característica primordial é a possível influência, direta ou indireta, na vida daqueles indivíduos. As pessoas buscam informações em diferentes meios de comunicação, por diferentes razões. E é a fim de atender a demanda por informações que o exercício da atividade jornalística está marcado por uma série de fatores constituintes: a pauta, a linha editorial, as fontes, a apuração, entre outros, formando o fio condutor do trabalho que irá resultar no produto buscado: a notícia, a reportagem, contendo a informação. Além da chamada revolução da prensa gráfica, o surgimento dos jornais no século XVII trouxe como consequência irremediável a explosão de informações apontando para a necessidade de novos métodos de administração de conteúdos (BRIGGS & BURKE, 2006) numa espécie de prévia do que a contemporaneidade testemunha quando considera o advento do jornalismo especializado, da Internet e das chamadas redes sociais digitais, por exemplo. A influência na chamada opinião pública, desde as origens da atividade jornalística, sempre figurou como uma preocupação de primeira necessidade, a fim de atender o chamado interesse público. Para Joseph Pulitzer (2009), não seria exagero dizer que a imprensa é a única força portadora da correção pública: para o autor, apenas a imprensa faria do seu próprio interesse o interesse público, de modo que seria objetivo do jornalismo servir ao público transmitindo conhecimentos para fortalecer o exercício da cidadania. Agora, as

massas estão preparadas. Elas conhecem seus problemas e seu poder (PULITZER, 2009, p. 54), afirma ainda o autor. O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros aponta para a importância da soberania do interesse público sobre quaisquer outros tipos de interesse. Segundo o Código, os jornalistas não podem impedir o acesso do público à informação e os conteúdos devem prezar pela veracidade dos fatos, sendo a censura um delito contra a sociedade. Por pressuposto profissional, a liberdade de imprensa implica em responsabilidade perante a sociedade (Federação Nacional dos Jornalistas, 2007) 4. Mas a discussão de temas de interesse público seria também possibilitada pelo conhecimento dos fatos e assuntos tratados através da mídia (com especial enfoque na imprensa), num recorte da esfera pública - que permite tanto a crítica ao Estado quanto a tomada autônoma de decisões do cidadão (REESE-SCHÄFER, 2010). O cenário atual, no entanto, nos mostra também a mudança do princípio básico norteador da esfera pública, numa necessária releitura crítica em que o contexto no qual a sociedade e a mídia estão inseridas é considerado determinante. A comercialização da mídia altera seu caráter profundamente: o que antes era um fórum exemplar de debate crítico-racional torna-se mais um domínio de consumo cultural, e a esfera pública burguesa esvazia-se num mundo fictício de imagens e opiniões (THOMPSON, 2011, p. 109). 3. Internet: a Terra das Possibilidades Na contemporaneidade, o contexto no qual a sociedade e a mídia estão, mergulhadas no advento de novas tecnologias aliadas aos diferentes modelos de comunicação e disseminação das mensagens, fez surgir aquela que é considerada também mais uma possibilidade de debate público: a Internet. Através das Plataformas Comunicativas Multimidiáticas Ciberespaciais (caracterizadas por competências comunicativas que favorecem o processo de construção da opinião com o mínimo de interferências), conforme Castells (2011), a Internet se estabelece como o meio de comunicação interativo universal via 4 Disponível em: http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_ jornalistas_brasileiros.pdf. Acesso em: 25/03/2011

computador da chamada Era da Informação, capaz de transformar para sempre e irremediavelmente nossa cultura. Assim, a Internet se mostra como um ambiente no qual a instantaneidade de conexão dos usuários e a possibilidade destes produzirem e acessarem conteúdos de acordo com sua vontade faz do usuário não apenas influenciado, mas também influenciador do meio (BRITTES, 2007). A revolução tecnológica presenciada na contemporaneidade permite ao indivíduo maior disponibilização das informações e do conhecimento. Conforme nos diz Castells (2006), a Internet permite descentralizar os meios de comunicação de massa, mostrando-se cada vez mais como um espaço social amplo e diversificado. Permitindo não apenas o conhecimento, mas também a interação, ela se mostra como um meio através do qual o alcance comunicativo do indivíduo tem potencial para maiores proporções: qualquer um pode, com computador e acesso à internet, conferir as informações que desejar e/ou deixar suas impressões, bem como orientar ou repassar tais orientações aos seus pares e/ou aos profissionais de mídia. Trata-se do que Castells (2006) apontou como a capacidade de mudar o fluxo de informação a partir da capacidade autônoma de comunicação, reforçada mediante tecnologias digitais de comunicação. O advento das novas tecnologias, aliado aos diferentes modelos de comunicação e disseminação das mensagens, fez da Internet um campo fértil para o surgimento de espaços propícios, inclusive, ao debate público. A abordagem de temas relacionados ao interesse coletivo de uma maneira geral (administração pública, mobilizações e modificações políticas, entre outros) passa pela publicização, na qual os conceitos de público e privado apontam para a prática regida de acordo com a oposição entre publicidade e privacidade (THOMPSON, 2011). Neste cenário, as redes sociais surgem como um novo meio através do qual os cidadãos também tomam conhecimento de fatos, buscam informações e/ou externam posicionamentos, num processo que pode abordar temas diversos. Diversos veículos jornalísticos expandiram seus braços na Internet. O acompanhamento da informação através de sites e portais de notícias já faz parte do cotidiano de um número crescente de pessoas, que por sua vez encontram nas chamadas redes sociais da Internet uma maneira de expressar suas opiniões. Com o uso abundante destas nos meios profissionais e de entretenimento, não é difícil lembrar da repercussão alcançada por temas

contemplados pelos Trending Topics 5 do Twitter ou das quantidades registradas de compartilhamentos 6 no Facebook dados que todos os dias (ou em tempo consideravelmente inferior) sofrem alteração. 4. Novidades das Redes Sociais: Interação, Impressão, Informação Conforme Raquel Recuero (2010) explica, as redes sociais são um conjunto formado por dois elementos: os atores e as conexões, ou seja, as pessoas, instituições ou grupos (os indivíduos envolvidos na rede), de um lado, e suas respectivas conexões, de outro. Na atualidade, uma característica marcante dos atores nas redes é a necessidade de visibilidade, que por sua vez reforça a possibilidade de interação. Por isso, os chamados sites de redes sociais possuem uma grande diferença se comparados a outras formas de comunicação que não as mediadas por computador: o modo como permitem aos seus usuários a visibilidade e a articulação de suas redes sociais, bem como a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço off-line (RECUERO, 2010). Um mesmo ator social pode utilizar, para diferentes objetivos, diferentes sites de redes sociais, nos quais poderá construir valores diferentes. Os usuários, percebidos, identificados e capazes de interação, têm também a consciência da impressão que pretendem causar e que podem construir. O que eles publicam/divulgam é, dessa maneira, reflexo da percepção do valor que podem gerar. Os sites de redes sociais amplificam a expressão na rede social, bem como a conectividade estabelecida entre os grupos sociais. Aliando-se à apropriação social das ferramentas de comunicação da internet na dinâmica das redes sociais, torna-se possível otimizar possibilidades de produção de conteúdo, pulverização da informação e interação no processo comunicativo. Com o amplo alcance às redes sociais, a produção e disseminação de conteúdos por qualquer ator inserido neste ambiente tornou-o um novo espaço comunicativo ao qual o público tem acesso, no qual os fluxos de informação são direcionados para a publicização de informações diretamente associada ao efeito de exposição e/ou confronto de declarações, dados e opiniões, bem como a reação ao que for exposto no mesmo ambiente. 5 Sequência de assuntos mais comentados no Twitter. 6 No Facebook, ao compartilhar qualquer conteúdo (próprio ou de outra pessoa), uma pessoa permite que aqueles que estão ligados a ela vejam o conteúdo compartilhado.

Como resultado do advento dos sites de redes sociais e a consequente descoberta de seu potencial na comunicação, tornou-se cada vez mais comum a criação de perfis de organizações em redes sociais com o intuito de aproximá-las dos usuários, abrindo um canal de contato direto e através do qual o indivíduo possa acompanhar informações e interagir. É importante perceber que não se trata meramente da disponibilização de dados, a informação pura e simples, mas sim de um processo mais amplo cujo alcance pode possibilitar reações por parte dos usuários dos sites de redes sociais diante de algum tema. Os processos dinâmicos que constituem as redes sociais conseguem burlar a mera exposição de conteúdo e deixa ao alcance dos usuários uma maior proximidade com a exposição de considerações individuais e coletivas podendo, inclusive, causar a convergência de posicionamentos e ações numa esfera exterior à comunicação mediada por computador, no seio da sociedade. Segundo pesquisa realizada pela PR Newswire em 2012 7, o Twitter foi considerado como a rede social que mais ajuda no trabalho por 73,4% dos jornalistas brasileiros e 79,7% dos profissionais entrevistados admitiram usar as redes sociais para entrar em contato com as fontes. Em 2014 8, pesquisa da ComScore apontou o Facebook e o Twitter como estando em primeiro e terceiros lugares, respectivamente, entras as redes sociais mais acessadas no Brasil. Parte do cotidiano de indivíduos em diversas partes do mundo, as chamadas redes sociais (que vem sendo absorvidas pelas redações jornalísticas como mais um canal de comunicação) são sites na internet construídos para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o compartilhamento de informações em diversos formatos (TELLES, 2010, p. 19). São diversos os veículos de comunicação que possuem perfis nas redes. Neste contexto, os laços sociais (produto das conexões em uma rede social) são usados pelos atores envolvidos no processo para construção de valores. Os atores são conscientes das impressões que desejam criar e dos valores e impressões que podem ser construídos nas redes sociais mediadas pelo computador. Por conta disso, é possível que as informações que escolham divulgar e publicar sejam diretamente influenciadas pela percepção de valor que poderão gerar (RECUERO, 2010, p. 118). 7 Disponível em http://blogprnewswire.com/2012/08/06/twitter-e-a-rede-social-preferida-dos-jornalistas-nobrasil-e-no-mexico-aponta-pesquisa-da-pr-newswire/. Acesso em 22/12/2013. 8 Disponível em http://www.dinaweb.com.br/pesquisa-214-quais-sao-redes-sociais-mais-acessadas-brasil/. Acesso em 20/07/2014.

5. Viralização: Possibilidade Contemporânea Atualmente não há mais linhas que delimitem o que é uma mídia e o que é outra. Lúcia Santaella (2007) defende a distinção de seis tipos de culturas da comunicação: oral, escrita, impressa, massiva, midiática e digital. Entretanto, ela afirma que todas as formas de cultura coexistem, convivem e sincronizam-se, resultando numa trama cultural híbrida e hipercomplexa. E o leitor se encontra imerso nessa cultura. Os internautas de hoje estão cada vez mais informados e críticos em relação aos conteúdos que recebem. Desenvolvem uma nova postura diante das mensagens comunicacionais e, principalmente, publicitárias. Mostram-se reativos, conectados aos pares e dispostos a compartilhar suas experiências particulares com desconhecidos no ambiente virtual em defesa ou para denúncia de uma marca. Esses indivíduos se tornam também aptos a produzirem seus próprios textos, vídeos e fotos. Empoderam-se do discurso de outros e recriam, transformam e mais, disseminam essas informações em questão de segundos. Essa configuração de interação que se estabelece altera o cenário comunicacional dos grandes veículos de informação que dominavam a emissão de notícias. O internauta hoje registra acontecimentos do cotidiano e os divulga, filma e fotografa sem pedir licença e, em muitos casos, adquire credibilidade semelhante aos veículos de comunicação instituídos no ambiente digital. São os chamados prossumers, termo cunhado por Alvin Toffler (1980) que se aplica à nova atuação dos internautas: indivíduos capazes não só de consumir, mas de produzir conteúdo. Como diz Eugenia Barichello (2010) as imagens de emissor e receptor borram-se em função da livre participação de todos com produção e difusão de conteúdos próprios (BARICHELLO, 2010, p.33). O cenário digital permite pela primeira vez, a comunicação de muitos para muitos em tempo escolhido e a uma escala global (CASTELLS, 2004, p. 16). A comunicação passa, portanto, do modelo verticalizado onde os grandes conglomerados midiáticos dominavam a produção de conteúdo para um esquema horizontal, onde as informações são emitidas por vários polos, descentralizando e desmassificando as informações. A desmassificação dos meios de comunicação de massa desmassifica igualmente as nossas mentes. Hoje, em vez de massas de pessoas recebendo todas as mensagens, grupos desmassificados menores recebem e enviam grandes quantidades de suas próprias imagens de uns para os outros (TOFFLER, 1980, p.171).

Com essa desmassificação dos meios de comunicação de massa, cresce o número de informações personalizadas. Os prossumers registram, compartilham, comentam e discutem sobre pontos de vista do mundo que eles mesmos produziram. Os meios de comunicação, por sua vez, filtram essas informações e dão destaque aos conteúdos mais acessados, utilizando fontes distintas para divulgação de informação. O processo se inverte. Se antes os indivíduos recorriam aos meios de comunicação de massa para conseguirem informações, hoje, os meios recorrem aos conteúdos dos indivíduos para criarem suas pautas. Diversos são os exemplos de notícias geradas por internautas que tomam a frente dos noticiários, e hoje já vemos o estímulo por parte dos veículos de comunicação à colaboração na criação das pautas. De maneira menos formal, as redes sociais servem como um verdadeiro mural de avisos, onde todos os usuários estão livres para expressar vontades, angústias e desabafos. Além das postagens de cunho pessoal, muitos se utilizam desse espaço para gerar conteúdo, divulgar trabalhos, buscar oportunidades ou para replicar mensagens enviadas por outras pessoas. O ato de reenviar, disseminar, multiplicar ou compartilhar, apropriado pelo usuário da rede social, embasa atualmente a estratégia do marketing viral. A internet se aliou aos publicitários e aos jornalistas na luta pela atenção do consumidor diante das possibilidades de entretenimento e informações personalizadas (BARICHELO, 2010). E a estratégia do marketing viral parte justamente do princípio do envolvimento, ou seja, se o internauta se envolve com o conteúdo e é realmente encantado, ele irá disseminá-la. A propaganda visava atingir o consumidor e motivá-lo à efetivação da compra. Hoje isso não é o bastante. Busca-se conquistar o consumidor de tal forma que ele se torne um defensor, um advogado e vendedor da marca, detalhando seus benefícios e atrelando sua imagem à da empresa ou serviço. O marketing viral funciona, então, como suporte para esse novo interesse da publicidade. Que, na verdade, não é tão novo assim, mas ganhou outra roupagem: em relação ao boca-a-boca, podemos afirmar que o marketing viral é o seu correspondente no ciberespaço (SILVA, 2008, p.95). Ou seja, o hábito de comentar em rodas de amigos sobre determinadas marcas defendendo-as ou denegrindo-as, chamada propaganda boca-a-boca, foi transposto para o ambiente digital na forma do marketing viral. O conceito de marketing viral poderia ser sintetizado em um:

Modelo de comunicação com públicos da internet, que pressupõe que a mensagem irá se disseminar por contágio de pessoas próximas ao público inicialmente alcançado, num espiral de crescimento constante (SILVA, 2008, p.93). E entende-se por contágio a difusão da informação como a ação de um vírus que se espalha sem controle, daí a nomenclatura viral. Nelito Silva (2008) diferencia o marketing viral do efeito viral: o primeiro trata das ações feitas propositalmente (geralmente publicidades, mesmo que camufladas como entretenimento) para envolver o internauta e motivar o compartilhamento; já o efeito viral é espontâneo e pode ocorrer até com vídeos caseiros que, por alguma razão ou temática (comicidade, lição de moral, declaração de amor) motivaram a disseminação rápida na internet. Para que uma mensagem seja utilizada nessa prática de marketing visando atingir o efeito viral ela deve conter entretenimento, humor e conteúdos relevantes ou curiosos com informações úteis, motivando o internauta a compartilhá-la com os amigos. O envolvimento fundamental para o sucesso do viral (BARICHELLO, 2010). E a mensagem deve indicar ferramentas acessíveis para o compartilhamento, pois quanto mais fácil for o reenvio, maior a oportunidade de aumentar a disseminação (ROSEN, 2001). É importante, nas campanhas publicitárias e na disseminação de notícias, que o conteúdo a ser viralizado seja distribuído em ambientes virtuais que favoreçam sua replicação. Nas redes sociais os indivíduos se agrupam por interesses em comum, compartilham hábitos de consumo e fazem das comunidades focos para possíveis anunciantes iniciarem campanhas. Os nichos de consumidores ou potenciais consumidores, aglutinados em torno de interesses comuns nas comunidades online, fornecem uma geografia do ciberespaço favorável à disseminação da mensagem publicitária, potencializando uma estratégia de marketing viral (SILVA, 2008, p. 97). Os profissionais responsáveis pelo lançamento das mensagens devem observar a existência de pessoas influentes na rede. Formadores de opinião, como Silva (2008) nomeia, ou hubs, indivíduos conectores que servem de referência no universo digital como pontua Toffler (1980). Essas pessoas são peças importantes para fazer as mensagens se multiplicarem em grande escala na internet. Elas repassam o conteúdo a seus contatos, aos grupos que pertencem e dão seu crédito ao que enviam, validando aquela informação como interessante.

Nova Notícia: a Movimentação das Redes como Fontes sobre Celebridades Informações sobre as chamadas celebridades de qualquer área: artes, entretenimento, política, esportes ou até mesmo um produto de outra circunstância, como é o caso das chamadas celebridades instantâneas são um alvo em potencial nessa configuração atual de difusão de mensagens. As notícias sobre elas movimentam um mercado editorial próprio. Mesmo as transgressões em que se envolvem (já que estão sujeitas ao escândalo) podem atrair a atenção do público. Douglas Kellner (2006) afirma que na sociedade atual, entretenimento e espetáculo são incorporados ao universo dos negócios, da economia e da política. Temos uma nova cultura do espetáculo, na qual sociedade e vida cotidiana estão mergulhadas numa nova configuração que envolve, também, novas formas culturais, relações sociais e tipos de experiências. Esther Hamburguer (2008) comenta que a noção de espetáculo descrita por Guy Debord (1997), trabalhada inicialmente em 1967, se estabeleceu de forma incontestável: A noção de espetáculo tal como descrita por Debord se estabeleceu quase como um dado, mas descritivo. Vivemos na sociedade do espetáculo, não há como contestar. De maneira mais genérica, a noção busca dar conta da dimensão cotidiana que a presença do jogo midiático impõe para as relações sociais e políticas. A noção de sociedade do espetáculo é eficiente (HAMBURGUER, 2008, p.14). Dessa maneira, as notícias sobre as celebridades transformam suas vidas em um verdadeiro show. As pessoas públicas estão sujeitas à espetacularização, mas sem a certeza de que isso lhes trará efeitos exclusivamente positivos. Exemplo disso foi o vazamento de fotos íntimas da atriz Carolina Dieckmann 9 na Internet, ocorrido em maio de 2012. Com a ampla cobertura do caso, a mídia também produziu matérias sobre dicas de segurança virtual fornecidas por especialistas bem como acompanhando o desenrolar do processo envolvendo a atriz, a polícia do Rio de Janeiro e os suspeitos. Tal evento pautou noticiários, portais online, e foi o mais comentado no Twitter na tarde do dia 4 de maio de acordo com o blog Bombou na Web, que mapeia os conteúdos mais falados no Brasil na rede social. 9 Disponível em http://diversao.terra.com.br/gente/vazam-na-internet-fotos-intimas-de-carolinadieckmannb9880ce68385a310vgncld200000bbcceb0arcrd.html. Acesso em 20/07/2013.

A absorção das redes sociais na dinâmica condutora do jornalismo tem se mostrado como uma realidade cada vez mais presente em veículos jornalísticos. Wolf (2009) lembra que, sob a perspectiva teórica do newsmaking, o jornalista, profissional imbuído de atribuições cujo principal objetivo é proporcionar ao indivíduo a informação, está mergulhado numa série de práticas de rotina profissional empregadas na produção da notícia. Desde a escolha dos fatos passíveis de serem (ou não) noticiados, passando pela forma de realização da cobertura informativa e as operações empregadas pelos aparatos de informação nesta tarefa, o processo de produção das notícias é interativo e depende, além das rotinas profissionais, das iniciativas do jornalista e de demandas da sociedade, entre outros fatores (PENA, 2012). O fazer jornalístico, como já disse Ferrari (2010), está mudando e obrigando às novas gerações de profissionais a se adaptarem às modificações necessárias impostas pela convivência lado a lado com blogs, redes sociais e demais pontos nos quais os conteúdos são disponibilizados e se misturam, muitas vezes até furando a mídia tradicional. As redes sociais vêm sendo encaradas pelos profissionais da notícia não só como canal de exercício de uma comunicação essencialmente interativa, mas também como uma plataforma capaz de apontar possíveis pautas, sujeitas a critérios de noticiabilidade que podem ser afetados (ou afetar) o tratamento dos chamados temas de interesse público. Os estudos sobre o newsmaking tornaram esse ponto suficientemente claro e incontrovertível: a rede de fontes que os aparatos de comunicação estabilizam como instrumento essencial para o seu funcionamento reflete, de um lado, a estrutura social e de poder existente e, de outro, organiza-se na base das exigências colocadas pelos procedimentos de produção (WOLF, 2009, p. 235). E é a partir desta nova maneira de encarar as redes sociais, como uma possível fonte de pautas, que surge a possibilidade de uma nova notícia - além daquela eventualmente já veiculada. Nos sites de redes sociais, a interação entre os usuários é a responsável pela repercussão que o tema vai ter. Temas viralizados, além de engrossarem os números de compartilhamentos, citações ou curtidas, passam a ser encarados como um novo acontecimento digno de ser noticiado: a repercussão que estes alcançam nas próprias redes sociais (resultante da interação, que a alavancou no site da rede social em questão) originam matérias. Enquanto os usuários das redes se empoderam do discurso de outros e recriam, transformam e disseminam tais informações, as notícias também passam a focar no uso da própria rede social. Prova disso é que, tanto em veículos impressos quanto eletrônicos,

quando tratam de algum tema de grande repercussão, deixam registrados comentários de usuários de algumas destas redes sociais, numa espécie de povo-fala digital. 6. O Caso Anitta Personalidade alçada à fama nacional depois de lançar a música Show das Poderosas, a cantora Anitta foi uma das indicadas ao prêmio Melhores do Ano, transmitido ao vivo para todo o Brasil pela Rede Globo de Televisão na noite de 16 de março de 2014. Na ocasião, a artista se apresentou com um curativo no nariz, com a justificativa de que havia se submetido a procedimentos de cirurgia estética. Ainda na mesma noite, o nome de Anitta ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter: internautas passaram a utilizar hashtags para marcar comentários sobre o mesmo assunto e, durante dias, os Trending Topics do Twitter tiveram posts sobre a aparência da cantora entre os destaques do período. As hashtags #AnittaNarizDeCapivara e #AnittaVocêNãoéBonitaVcÉRidícula chegaram rapidamente aos assuntos mais comentados, com internautas opinando sobre o resultado final das cirurgias pelas quais a cantora havia passado. Neste intervalo, sites e portais de notícias, bem como outros veículos de veículos de comunicação, passaram a noticiar a repercussão que a aparência da cantora teve nas redes sociais. São exemplos os casos abaixo: QUADRO 1 Repercussão do Caso Anitta em sites e portais de notícia Veículo: Portal Terra Título da matéria: Após plástica, Anitta vira piada no Twitter Dia de publicação: 17/03/2014 Link:http://diversao.terra.com.br/gente/apos-plastica-anitta-vira-piada-no-twitter-nariz-de-capivarab9c4f9da 030d4410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.htm Veículo: Veja (versão on line) Título da matéria: Com novo nariz, Anitta é comparada a capivara no Twitter Dia de publicação: 17/03/2014 Link: http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/com-novo-nariz-anitta-e-comparada-a-capivara-no-twitter Veículo: E! On line Título da matéria: Anitta faz plástica no nariz e recebe críticas na web Dia de publicação: 17/03/2014 Link: br.eonline.com/2014/anitta-faz-plastica-no-nariz-e-recebe-criticas-na-web Veículo: Caras (versão on line) Título da Matéria: Anitta faz desabafo após críticas sobre cirurgia plástica Dia de publicação: 17/03/2014 Link: http://caras.uol.com.br/musica/anitta-faz-desabafo-apos-criticas-sobre-cirurgia-plastica

Além das matérias veiculadas no mesmo dia ou no dia seguinte, o comportamento dos usuários de redes sociais com relação a cantora continuou sendo tema de matérias produzidas posteriormente. A repercussão que o comportamento dos usuários do Twitter 10 alcançou naquela rede (sendo alçados aos Trending Topics) e os relatos de apelidos e hashtags empregadas pelos usuários para se referirem à cantora seguiram sendo abordados em matérias em diferentes veículos de comunicação. Considerações Finais A contemporaneidade testemunha uma produção jornalística voltada não apenas para o interesse público, mas essencialmente para o interesse do público ao destacar notícias da vida íntima das celebridades; a viralização de conteúdos da intimidade de personalidades da mídia reflete adequadamente as características da cultura de uma Sociedade do Espetáculo como propôs Debord (1997). A replicação destes conteúdos acaba por consolidar a atuação dos prossumers que adicionam conteúdos personalizados nas redes, ampliando e enaltecendo o indivíduo voyeur e por impulsionar o surgimento de uma demanda específica nos veículos de comunicação diante dessas temáticas. As celebridades, ou pessoas públicas, caem no gosto da população que dá audiência e alimenta programas e noticiários com informações sobre diversos aspectos da vida privada dessas personalidades. Os consumidores atuais produtores e receptores de conteúdo passam a comandar ainda mais as pautas jornalísticas tendo em vista o crescente número de veículos que dá acesso à participação e colaboração dos espectadores na discussão e na produção das notícias. As redes sociais são um veículo através do qual este comando tem a possibilidade de ser exercido, sendo a interação entre os seus usuários encarada como um critério de legitimidade e a repercussão ali alcançada pelos temas, um novo acontecimento digno de ser noticiado. Embora seja uma realidade recente, as redes sociais possibilitam interações potencialmente interferentes no rumo da notícia (e no surgimento de uma nova notícia). Esta nova notícia, no entanto, mostra-se nova enquanto envolta em critérios de noticiabilidade de acordo com a percepção das proporções dos acontecimentos nas redes sociais, oriundas 10 Disponível em http://entretenimento.r7.com/pop/jovem/fotos/ela-merece-tudo-isso-anitta-e-a-pessoa-maisodiada-das-redes-sociais-e-sofre-bullying-todos-os-dias-25082014#!/foto/1. Acesso em 23/05/2014.

principalmente da interação. O jornalismo pautado por estas circunstâncias pode, invariavelmente, produzir notícias a respeito do que se tornou notícia num movimento de retroalimentação onde as estratégias de comunicação se tornam os efetivos pontos que impulsionam a produção deste tipo de pauta. Referências Bibliográficas BARICHELO, Eugenia. O marketing viral como estratégia publicitária nas novas ambiências midiáticas. Em Questão: Porto Alegre, 2012. v.16, n.1, p.29-44. BRIGGS, Asa & BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. BRITTES, Juçara Gorski. A revitalização da esfera pública habermasiana pela comunicação ciberespacial. Covilhã: Biblioteca On Line da Ciências da Comunicação, 2007. Disponível em http: //www.bocc.ubi.pt/pag/brittes-jucara-revitalizacao-esfera-publica.pdf. Acesso em 05/09/2011. CASTELLS, Manuel. A Galáxia Internet: reflexões sobre internet, negócios e sociedade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.. Inovação, liberdade e poder na era da informação. In: MORAES, Dênis de (org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.. A sociedade em rede. 6 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. 4ª ed. São Paulo: Contexto, 2010 HAMBURGUER, Esther. Violência e pobreza no cinema brasileiro recente: reflexões sobre a ideia de espetáculo. CEBRAP, Novos Estudos, São Paulo, n.78, p. 113-128, jul, 2007. KELLNER, Douglas. Cultura da mídia e triunfo do espetáculo. In: MORAES, Dênis de (Org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006. PENA, Felipe. Teoria do jornalismo. 3ª Ed. São Paulo: Contexto, 2012. PULITZER, Joseph. A escola de jornalismo: a opinião pública. Florianópolis: Insular, 2009. REESE-SCHÄFER, Walter. Compreender Habermas. 3ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2010. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2010. ROSEN, Emanuel. Marketing boca a boca: como fazer com que os clientes falem de sua empresa, seus produtos e serviços. São Paulo: Futura, 2001. ROSSI, Clovis. O que é jornalismo. 10ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 2007.

SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007. SILVA, Nelito Falcão. Marketing viral: quando os internautas são a melhor propaganda. 2008. 171 f. Dissertação (Mestrado em Teorias e Tecnologias da Comunicação) Universidade de Brasília, Brasília, 2008. TELLES, André. A revolução das mídias sociais. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2010. THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2011. TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980. WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. 4ª ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.