Semente de Andiroba Outubro de 2013



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Transcrição:

Semente de Andiroba Outubro de 2013 Semente de Andiroba preço recebido pelo extrativista (em R$/kg) Ano Anterior Mês Anterior Mês Out Estados Unidade Média do Preço 12 meses 1 mês Mercado Mínimo Amazonas (AM)* kg - 0,56 0,56 1,14 Pará (PA)** kg - 0,70-1,14 Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - Sistema de Informações Agropecuárias e de abastecimento (Siagro). *Municípios de Carauari, Lábrea e Silves. A série histórica foi iniciada em 26/08. Para Silves, a série foi iniciada em 16/09. **Município de Santarém Início da série em 09/09. Só foram feitas duas coletas de dados. *** Preço no atacado em Santarém R$ 1,17. Também só foram feitas duas coletas. Árvore da Andiroba Fruto da Andiroba Árvore da Andiroba O levantamento efetuado pela Conab em relação aos preços pagos ao produtor extrativista pela da semente de andiroba, iniciou-se em setembro de 2013, portanto, não há série histórica da evolução de preços para este produto. Os preços levantados em setembro e outubro de 2013 apontam para valores da ordem de R$ 0,56/kg (AM) e R$ 0,70/kg (PA).

No decorrer desta conjuntura, poderá ser observado que tais valores estão muito abaixo do custo de produção levantado pela CONAB para sementes de andiroba, fixado em R$ 1,14/kg, atingindo respectivamente 49% e 61% do custo de produção. Tal situação constituiu-se num dos principais argumentos para a inclusão deste produto na Política de Garantia de Preços Mínimos para a Sociobiodiversidade PGPM Bio. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não faz levantamento da produção de sementes e nem de óleo de andiroba, o que dificulta sobremaneira o acompanhamento da evolução desta cultura, do ponto de vista produtivo e comercial. Da mesma forma, nem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), nem o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), efetuam qualquer acompanhamento específico da exportação/importação do óleo da andiroba, com o mesmo contabilizado junto com vários outros óleos, não sendo possível, dessa maneira, identificar as quantidades específicas comercializadas. ASPECTOS SÓCIO-PRODUTIVOS A andiroba é uma árvore neotropical que ocorre no sul da América Central, como também na Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Peru, Paraguai e nas ilhas do Caribe. No Brasil, é encontrado em toda a bacia Amazônica, com maior incidência nos estados da Amazônia e Pará, em várzeas e áreas alagáveis, estando frequentemente associada com a seringueira (Hevea brasiliensis) e a ucuúba (Virola guianensis). A primeira conferência Estadual das Populações Tradicionais do Amazonas, realizada em agosto de 2004, apontaram a seguinte distribuição dos polos municipais de produção de óleo de andiroba no estado do Amazonas: Vale dos Solimões: parte dos municípios de Fonte Boa, Jutaí, Tonantins, Santo Antônio do Içá, Amaturá e São Paulo de Olivença. Vale do Juruá: município de Carauari. Vale do Purus: parte dos municípios de Lábrea, Pauini e Boca do Acre. Os resultados da oficina indicaram ainda os municípios de Codajás, Eirunepé e Envira como produtores potenciais de Andiroba no estado. O levantamento do número de famílias associadas ao extrativismo da andiroba segue abaixo: Município Famílias Lábrea 600 Carauari 330 Jutaí 120 São Paulo de Olivença 100 Fonte Boa 60 Total 1.210 Fonte: Oficina sobre a Cadeia Produtiva de Produtos Extrativos no Amazônia, ago/2004.

Do ponto de vista da produção, a Oficina sobre a Cadeia Produtiva de Produtos Extrativos no Amazônia, realizada em agosto de 2004, destacou que há poucos dados sobre a produção da andiroba no estado. Aponta para a produção de 20 toneladas em Carauari, 14 em Lábrea e 3 em São Paulo de Olivença, totalizando 37 toneladas. A produção de óleo bruto é realizada nas unidades industriais de Lábrea, Carauari e Tabatinga, sendo que o restante é produzido de forma artesanal. Destaca-se que tais dados referem-se a cerca de uma década, de forma que a situação atual pode ter se alterado. Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, a renda per capita/mês no ano de 2000, variou entre R$ 44,09, em Fonte Boa, e R$ 92,58, em Boca do Acre, com uma média de R$ 64,20 para 10 municípios do Amazonas. Existem duas espécies da família Meliaceae: Carapa guianensis e Carapa procera. Carapa Guianensis ocorre amplamente no oeste, entre a América Central (até Belize) e o Equador, e no leste entre Cuba até os estados do Amazonas e Maranhão. Carapa Procera é conhecida nas Guianas e Amazônia Central, e também ocorre na África. A área de abrangência destas duas espécies está especificada na imagem abaixo. Área de ocorrência da Andiroba na América do Sul e América Central CARACTERÍSTICAS DA CULTURA A andiroba pertence à mesma família do mogno e cedro e como sua madeira é resistente a ataques de insetos é muito procurada pelas serrarias. A andirobeira pode atingir 30 metros de altura e uma árvore adulta pode produzir até 120 kg de sementes (média 50 kg/pé). As sementes contêm 43% de gordura, sendo necessários, em média, 12 kg de sementes in natura para se obter um litro de óleo, de forma artesanal. Utilizandose prensa mecânica é possível obter-se 1 litro de óleo com 4 kg de semente seca, e fazendo a aplicação de solventes químicos, com 3 kg de sementes secas, obtém-se o mesmo volume (1 litro). Sendo assim, o rendimento em óleo de andiroba extraído de modo artesanal por árvore/ano, pode alcançar 10 litros e industrial até 30 litros.

A época de flor e fruto da andiroba é diferente em cada Estado da Amazônia. No leste do Pará, a andiroba floresce entre agosto e outubro e os seus frutos amadurecem entre janeiro e abril. As árvores de Manaus frutificam entre março e abril. Nem todos os anos as árvores de andiroba produzem frutos. Os caboclos de Santarém dizem que tem ano em que a andirobeira joga muito e ano em que ela falha. Em relação ao período de floração e frutificação de Carapa guianensis, alguns indivíduos podem ter flores em qualquer mês, porém o pico de floração é entre agosto e novembro. Os frutos precisam de quase um ano para amadurecer, sendo que a dispersão ocorre principalmente entre abril e junho, havendo, entretanto, variações em relação ao período da safra (conforme bibliografia consultada). Aparentemente, as populações da várzea e da terra firme não diferem nas suas fenologias. Período de floração e frutificação PA Período de floração e frutificação AM As sementes são flutuantes e podem ser dispersas através da correnteza dos cursos d água, havendo localidades em que são coletadas a quilômetros de distâncias dos pés, em beiras de rios e mares (PA). Porém, em floresta de terra firme, a maioria dos frutos e sementes é encontrada embaixo da árvore-matriz. No período de dispersão, as sementes são muito consumidas por roedores, tatus, porcos do mato, pacas, veados, cotias, etc. Semente da andiroba Semente da andiroba

As amêndoas são coletadas no chão, devendo ser observado se estão sadias (pré-seleção), para produzir um óleo de boa qualidade. As sementes que já estiverem germinadas devem ficar na floresta para garantir a regeneração da espécie. A coleta das amêndoas é uma atividade relativamente simples e não exige alto investimento, pois para esta atividade não se necessita de materiais e equipamentos caros. A madeira das andirobeiras possui um sabor amargo e é oleaginosa, não sendo atacada por cupins. Por suas qualidades físico-mecânicas é muito procurada para construção de casas, forros e esquadrias, tendo sofrido intensa exploração, ocasionando redução das espécies. Por conta disto, a andiroberia corre alto risco, uma vez que praticamente não existe plantação tecnicamente organizada, nem replantio sistemático. Sua madeira é de fácil manuseio, permitindo um bom acabamento, moderadamente pesada, mas não resistente à umidade. É muito procurada no mercado interno para a fabricação de móveis, caixotaria fina, construção civil, lâminas, compensados, acabamentos internos de barcos e navios e também por seu alto poder calorífico. Sua casca tem uso medicinal contra febre, vermes, bactérias e tumores. Madeira de andiroba Madeiras de andiroba

Madeiras de andiroba ASPECTOS DE MERCADO A comercialização referente a esta cultura é efetuada na maioria das vezes sob a forma de óleo. Para este produto (óleo) há série histórica de preços formada, elaborada pela Conab, desde 2008, para os estados do AM (Municípios de Lábrea e Carauari) e do PA (Município de Belterra), sendo que a série histórica do PA foi interrompida em agosto de 2011. O gráfico abaixo aponta a oscilação no preço do óleo de andiroba comercializado pelos extrativistas no período de 2008 a 2013 em dois municípios do Amazonas (Lábrea e Carauari). Pode ser observada uma boa elevação dos preços no último ano (2012-13), alcançando entre R$ 12,00 a R$ 15,00. Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - Sistema de Informações Agropecuárias e de Abastecimento (Siagro).

Efetuando-se uma rápida conta, tendo por base que, mediante processamento artesanal são necessários 12 kg de semente para se extrair um litro de óleo, cujo preço de venda varia entre R$ 12,00 e R$ 15,00, verifica-se que, se o produto for vendido in natura (R$ 0,56 a R$ 0,70/kg), o valor recebido pelos produtores para os mesmos 12 kg, seria de R$ 6,72 a R$ 8,40. Sendo assim, a princípio, do ponto de vista da comercialização, é muito mais interessante processar o produto artesanalmente, do que vender in natura. Veja abaixo o quadro comparativo: 1 litro de óleo (12 kg/sementes) R$ 12,00 a R$ 15,00. 12 Kg de sementes in natura R$ 6,72 a R$ 8,40. A tabela apresentada a seguir, aponta os preços pagos aos produtores extrativistas em relação ao óleo de andiroba em alguns municípios do Amazonas, que variam entre R$ 6,00 e R$ 15,00/litro. Preço pago aos produtores de óleo de Andiroba em alguns municípios da Amazônia em US$* Municípios Comunidades Valor (US$/litro) Local de Venda Bela Vista 3,33 Comunidade Manacapuru Lago do Castanho 3,33 Comunidade Jaiteu - - Anamã Paraná do Anamã 3,33 Comunidade Cuiá 2,66 a 4,00 Feira Manacapuru, encomenda e atravessadores Marupá 3,33 Silves, Itacoatiara e encomenda Silves N. S. de Aparecida - - N. S. da Conceição 6,66 Comunidade São Tomé do Jacu 3,33 a 5,00 Silves, Itacoatiara e encomenda Feiras de Manaus - 3,35 a 6,71* Manaus Feiras de Manacapuru - 3,33 a 5,00** Manacapuru * Preço de revenda: US$ 3,50 a US$ 6,71 (litro); US$ 2,34 e a US$ 2,68 (600 ml); US$ 0,67 a US$ 1,00 (100 ml). ** Preço de revenda: US$ 0,67 (100 ml). Fonte: Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas IDAM *Valores mínimos e máximos em Reais R$ 5,85 a R$ 14,76 (com dólar a R$ 2,20). Conforme apontado anteriormente, observando os custos de produção levantados pela Conab no extrativismo de semente de andiroba, abaixo apontados, pode-se verificar que, em relação à semente (R$ 1,14/kg), o valor máximo obtido pelos produtores extrativistas com a comercialização, está muito aquém destes custos R$ 0,70/kg (61% do custo de produção).

Já em relação ao óleo, o custo de produção (R$ 13,61), está acima do valor obtido pelos produtores extrativistas em Lábrea - AM (R$ 12,58), porém, está abaixo do valor obtido no município de Carauari AM (R$ 15,03). Em Manacapuru, Anamã e Silves, os valores obtidos pelos extrativistas com a comercialização do óleo (entre R$ 5,85 e R$ 11,25/litro), também estão abaixo do custo de produção. Somente nas feiras de Manaus, é que o preço obtido com a venda do óleo de andiroba (R$ 14,76), supera o custo de produção (R$13,61). O custo de produção da andiroba (sementes e óleo), foi apurado pela Conab na Floresta Nacional do Tapajós, município Belterra, comunidade São Domingos/PA, com participação de 62 extrativistas, envolvidos na coleta da semente e na produção do óleo. A área envolvida é plenamente representativa em termos de famílias, com cerca de 25 comunidades com um número estimado de 1.750 famílias envolvidas na coleta da semente. Custo de Produção Semente de Andiroba (extrativismo) CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO - SOCIOBIODIVERSIDADE ANDIROBA - SEMENTE - EXTRATIVISMO ANO 2013 LOCAL: Flona Tapajós - PA Produtividade Média: 1.600 kg R$/Safra R$/1 kg DISCRIMINAÇÃO JAN/2011 JAN/2013 JAN/2011 JAN/2013 (a) (b) (c) (d) I - DESPESAS DE CUSTEIO DA ATIVIDADE EXTRATIVISTA 1 - Operação com avião 0,00 0,00 0,00 0,00 2 - Operação com máquinas próprias 0,00 0,00 0,00 0,00 3 - Aluguel de máquinas/serviços 446,50 446,50 0,28 0,28 4 - Operação com animais próprios 0,00 0,00 0,00 0,00 5 - Operação com animais alugados 0,00 0,00 0,00 0,00 6 - Mão-de-obra temporária 960,00 1.248,00 0,60 0,78 7 - Mão-de-obra fixa 0,00 0,00 0,00 0,00 8 - Sementes 0,00 0,00 0,00 0,00 9 - Fertilizantes 0,00 0,00 0,00 0,00 10 - Saco de ráfia 4,00 4,00 0,00 0,00 11 - Outras despesas 70,53 84,93 0,04 0,05 TOTAL DAS DESPESAS DA ATIVIDADE EXTRATIVISTA (A) 1.481,03 1.783,43 0,93 1,11 II - DESPESAS PÓS-COLETA 1 - Seguro agrícola 0,00 0,00 0,00 0,00 2 - Assistência técnica 0,00 0,00 0,00 0,00 3 - Transporte externo 0,00 0,00 0,00 0,00 4 - Armazenagem 0,00 0,00 0,00 0,00 5 - CESSR 0,00 18,40 0,00 0,01 6 - Impostos 0,00 0,00 0,00 0,00 7 - Taxas 0,00 0,00 0,00 0,00 8 - Saco de ráfia 0,00 0,00 0,00 0,00 Total das Despesas Pós-Coleta (B) 0,00 18,40 0,00 0,01 III - DESPESAS FINANCEIRAS 1 - Juros 0,00 26,23 0,00 0,02 Total das Despesas Financeiras (C) 0,00 26,23 0,00 0,02 CUSTO VARIÁVEL (A+B+C = D) 1.481,03 1.828,06 0,93 1,14

Custo de Produção Óleo de Andiroba (processamento artesanal) O óleo de Andiroba é uma fonte rica de ácidos gordurosos essenciais, além de conter componentes não graxos. Análises químicas de óleo de andiroba identificaram as propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes e insetífugas. A vela de andiroba é usada como repelente eficaz para o mosquito Aedes aegypti, vetor da febre amarela e da dengue, uma vez que, ao ser queimada, exala um agente ativo que inibe a fome do mosquito, reduzindo consequentemente a sua necessidade de picar as pessoas. Pesquisas revelaram uma eficiência de 100% na repelência do mosquito, e, além desta característica, a vela é totalmente atóxica, não produzindo fumaça e não contendo perfume.

O óleo de andiroba é um dos óleos medicinais mais vendidos na Amazônia. É um produto de difícil extração, manuseio e rastreabilidade. Em mistura com mel e copaíba é um remédio anti-inflamatório muito popular no combate a infecções de garganta e em processos de gripe em geral. Também fortalece e embeleza os cabelos e em forma de sabonete é utilizado no combate às acnes e espinhas. O produto final é o óleo, objeto de comercialização para indústrias locais e do exterior, sendo largamente utilizado na indústria farmacêutica e cosmética, na produção de repelentes de insetos, antissépticos, anti-inflamatório, contra coceira, cicatrizante de ferimentos, distensões musculares, gripe e dor de garganta, sendo. Estão registrados pela Anvisa 325 produtos que utilizam a andiroba. Produtos de andiroba: óleos, velas, etc. O processo de extração deixa dois resíduos: as cascas das sementes após o repouso e a massa após o encerramento do recolhimento do óleo. Algumas extratoras queimam as cascas para afastar mosquitos. Já o resíduo da massa pode ser aproveitado na fabricação caseira de sabão de andiroba. Há também relatos de extratores que dão a massa para o gado comer. No mercado interno, são três as empresas com maior atuação no mercado de beneficiamento do óleo de andiroba: Cognis do Brasil, CRODA e BERACA, todas fornecendo esta matéria-prima para grandes empresas cosméticas, tanto no mercado interno, quanto externo. Há ainda outras empresas que compram o óleo de andiroba, tal como a Natura, Engefar, Amazon Oil, dentre outras.

Mapa da Cadeia de Valor da Andiroba 1 7 9 2 5 8 10 0 11 3 4 6 12 Fonte: Ministério do Meio Ambiente Os produtores extrativistas coletam as sementes e podem comercializá-las diretamente junto às indústrias processadoras (1). As indústrias efetuam o processamento do óleo (2) e podem produzir sabonetes, óleos de banho, etc. (5), comercializando-os junto à rede varejista de farmácias e drogarias (8), que por sua vez efetuam a venda direta ao consumidor final (12). Tais produtos (sabonetes e óleos de banho), também podem ser exportados para indústrias farmacêuticas de cosmético e alimentícias (6). As indústrias processadoras podem também processar o óleo (2) e vendê-lo diretamente para tradings (3), que efetuam a exportação para indústrias farmacêuticas de cosméticos e alimentícia (4). Os produtores extrativistas podem também efetuar o processamento artesanal do óleo (7), utilizando-o para o autoconsumo (9), ou vendendo o óleo bruto para os intermediários locais (aviamento) (10), que o comercializa junto à rede varejista de farmácias e drogarias (11), que por sua vez efetuam a venda direta ao consumidor final (12).

Processo tradicional de extração do óleo de Andiroba 1. Coleta, seleção de sementes boas e um primeiro armazenamento (3-15 dias) 2. Preparo da massa pelo cozimento das sementes em água (1-3 horas) 3. Armazenamento (até 20 dias). 5. Extração do óleo (até 30 dias), pelo gotejamento colocando a massa sobre uma superfície inclinada. 4. Retirada da casca e amassamento das amêndoas. Segundo os relatos, podem ser extraídos de um a cinco litros de óleo (cada litro possui 965 ml), de uma lata de 18 litros cheia de sementes (cada lata possui cerca de 11 kg e contém, em média, 700 a 800 sementes de C. procera, ou 450 a 500 sementes de C. guianensis). Ou seja, o rendimento varia de 11 kg/ litro a 2,2 kg/ litro. Observou-se que as extratoras que obtiveram somente um litro, armazenaram as sementes de andiroba após a coleta 2 a 15 dias e as sementes cozidas de sete a 20 dias, enquanto que as extratoras que extraíram cinco litros armazenaram as sementes após a coleta por somente 2 dias e as sementes cozidas pelo menos 15 dias. Portanto, esse manejo das sementes é um fator que afeta diretamente a rentabilidade do óleo.

Processo tradicional de extração do óleo de Andiroba

Principais gargalos da cadeia produtiva da andiroba, segundo a bibliografia Baixa qualidade do produto Gestão precária Falta de demanda para os produtos Entraves burocráticos para o registro de produtos (órgãos públicos de agricultura e saúde) Falta de logística Falta de capital de giro Fonte: Oficina sobre a Cadeia Produtiva de Produtos Extrativos no Amazônia, ago/2004. Proposta de Atividades para a Gebio Mapeamento de áreas de produção em parceria com as SUREGs do AM e PA. Visita às áreas de produção, comercialização e processamento na Amazônia e Pará, juntamente com técnicos das SUREGs AM e PA. Debate e implementação de proposta de divulgação da PGPM-BIO junto aos produtores extrativistas de andiroba. Apresentação e debate junto à equipe da Gebio e Sugof/Conab, dos dados levantados.

Agroindústria de extrativistas (pequeno porte) Assista ao vídeo sobre uma cooperativa da ilha de Marajó/PA que organiza a coleta de andiroba: http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/cooperativa-na-ilha-do-marajo-organiza-acoleta-de-andiroba/2409799/ Obs. Todas as fotos foram extraídas do google imagens. Eng. Agr. Augusto de Andrade Oliveira. Tel. (61) 3312-2300. augusto.oliveira@conab.gov.br