CONCEITO: CONTRATO DE MANDATO Art. 653 Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. Assim, nos termos do art. 653, o mandato é o contrato pelo qual alguém (mandatário ou procurador) recebe de outrem (mandante) poderes para, em seu nome (no nome do mandante), praticar atos ou administrar interesses. Destarte, o mandato é o contrato pelo qual uma pessoa confere à outra poderes para representála. Conforme explica Roberto de Ruggiero, citado por Gonçalves, o que tecnicamente se chamar conferir ou dar mandato é encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e nosso nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente à nossa pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado.
A procuração é o instrumento do mandato, ou seja, é o instrumento pelo qual a pessoa física ou jurídica outorga poderes a outras, sendo um documento formal, assinado pelo outorgante com o objetivo o outorgado a representar. Etimologia: A palavra mandato deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência. Partes: As partes do contrato de mandato são: Mandante ou outorgante: aquele que outorga poderes; Mandatário ou outorgado:aquele que recebe os poderes. Representação: O mandato é espécie de representação, que ocorre quando uma pessoa é incumbida de realizar declaração de vontade de outra em seu lugar. Há três espécies de representação:
a) representação legal (decorrente de lei, que ocorre em relação aos pais, tutor e curador, que representam seus filhos incapazes, seu pupilo e curatelado por força de lei); b) representação judicial (decorrente de nomeação por juiz, como, por exemplo, o inventariante e o síndico da falência); c) representação contratual (decorrente do contrato de mandato, em que a pessoa que confere os poderes o mandante é a representada, e a pessoa que os aceita o mandatário é o representante daquela). Atos que podem ser praticados por mandato: A maioria dos atos pode ser praticada por meio de procurador (representante convencional), não se limitando o objeto do mandato aos atos patrimoniais. Como exemplo, até mesmo a adoção, o reconhecimento de filho natural e o casamento (um dos atos mais solenes do Código Civil e de grande importância para a vida das pessoas) podem ser praticados mediante procuração.
Exceções a representação por mandado: São exceções à possibilidade de serem praticados por meio do mandato alguns atos personalíssimos, como o testamento, a prestação de concurso público, o serviço militar, o mandato eletivo, o exercício do poder familiar. Diferenças e comparações: Mandato e Mandado: Não se deve confundir mandato com mandado, que é ordem judicial para que se faça ou não alguma coisa. Venosa também distingue o contrato de mandato da representação e da preposição. Preposição: o preposto age em decorrência de vínculo empregatício ou de uma prestação de serviços em favor do preponente. Já pelo mandato o mandatário pratica atos em nome e no interesse do mandante. Diferença da prestação de serviços e do mandato: É por causa da figura da representação que o contrato de mandato não se confunde com um contrato de prestação de serviço, pois o mandatário está sempre representando o
mandante em algum ato, diferentemente da prestação de serviço, em que o contratado obra em seu próprio nome. CARACTERÍSTICAS: a) Contrato personalíssimo ou intuitu personae: É baseado na confiança, na presunção de lealdade e probidade do mandatário, que a aceita. Aceitacao: a aceitação pode ser expressa ou tácita. Esta se configura pelo começo de execução dos atos de representação (CC, art. 659). b) Consensual: Consenso das partes para se aperfeiçoar; c) Não solene: Podendo inclusive ser admitido o mandato tácito e o verbal (CC, art. 656), malgrado a afirmação constante do art. 653, segunda parte, de que a procuração é o instrumento do mandado. Solene: Art. 657, CC. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado.
d) Gratuito ou oneroso: Em regra, contrato gratuito, vez que o art. 658 diz presumir-se a gratuidade, no entanto quando corresponder o objeto ao daqueles que o mandatário por ofício trata como profissão é presumível oneroso. Exemplos: O mandato confiado ao advogado, corretor ou despachante, presume-se oneroso. Parágrafo único do art. 658, CC. Inexistência de acordo sobre a remuneração. e) Unilateral ou bilateral: O 1º porque gera obrigações somente para o mandatário; o 2º quando se convenciona remuneração. Particularidade: É contrato que só pode ter por objeto atos jurídicos e não simples atos materiais, fatos ou serviços, pois ninguém confere mandato para cozinhar, fazer um vestuário ou calça. (Cunha Gonçalves). É contrato preparatório, pois habilita o mandatário, pois habilita o mandatário para a prática de atos que poderão ser característicos de outro contrato típico (a procuração outorgada para a compra e venda de um imóvel).