O impacto econômico da atuação de 33 cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Estado do Rio de Janeiro

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O impacto econômico da atuação de 33 cooperativas de catadores de materiais recicláveis no Estado do Rio de Janeiro Luiz Carlos de Santana Ribeiro 1 Lúcio Flávio da Silva Freitas 2 João Damásio de Oliveira Filho 3 Júlia Trindade Alves de Carvalho 4 RESUMO: O descarte inadequado dos resíduos sólidos gerados pós-consumo no meio ambiente ainda é um desafio às políticas públicas de gestão dos resíduos no Brasil. A reciclagem de resíduos surge como uma medida econômica, social e ambientalmente viável para se tentar reverter este quadro. O aspecto central da discussão do presente trabalho gira em torno do sentido econômico da reciclagem. Este estudo baseou-se no volume físico de materiais recicláveis de uma amostra de 33 cooperativas de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, bem como na modelagem de insumo-produto para simular os impactos propiciados pela reciclagem sobre a economia fluminense para o ano de 2008. A atuação das cooperativas de catadores selecionadas originou uma economia de recursos de aproximadamente R$ 34 milhões para a economia fluminense. Palavras-chave: Reciclagem, Insumo-produto, Rio de Janeiro, Cooperativas de catadores, Recursos Poupados. 1 INTRODUÇÃO A gestão dos resíduos sólidos urbanos nas grandes cidades brasileiras vem se tornando um desafio ambiental de largas proporções. A exaustão da vida útil dos aterros sanitários, a poluição gerada pela disposição inadequada do lixo, a inexistência de áreas disponíveis para a criação de novos aterros e as oportunidades econômicas associadas à gestão eficiente dos resíduos indicam a necessidade de revisão do modo atual de lidar com o material gerado após a utilização dos bens ou serviços. Estão entre as conseqüências da gestão inadequada dos resíduos: o lançamento do gás metano na atmosfera; o chorume, que associado à água das chuvas gera o lixiviado, capaz de contaminar corpos d água e águas subterrâneas; a contaminação do solo no entorno de lixões e aterros; a desvalorização imobiliária local; a proliferação de microorganismos e vetores de doenças. Os modelos atuais de gestão apontam a importância da conexão entre a política de tratamento de resíduos e a comunidade local. Com efeito, nos últimos anos tem havido maior reconhecimento do papel desempenhado pelos catadores de materiais recicláveis na base da cadeia produtiva da reciclagem. A participação ativa destes agentes na gestão dos resíduos sólidos, com o apoio das administrações públicas, destacadamente os governos municipais, a quem compete gerir os resíduos, e governo federal, é um fato novo que vem chamando a atenção dos diversos segmentos da sociedade mais diretamente interessados na gestão dos resíduos urbanos. 1 Mestre em Economia CME/UFBA, pesquisador do Grupo de Estudos de Relações Intersetoriais (GERI). 2 Doutorando em Economia Unicamp, pesquisador do GERI. 3 PhD Boston University, Professor Adjunto do CME/UFBA coordenador do GERI. 4 Pesquisadora do GERI/PANGEA.

A gestão adequada dos resíduos pressupõe ações em favor da minimização de resíduos e reciclagem, atitudes que evitam a poluição ao mesmo tempo em que diminuem a pressão sobre a utilização de matérias-primas obtidas diretamente na natureza. Ademais, racionalidade econômica exige a quantificação da relação custo-benefício dos diferentes modos de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos como, por exemplo, a comparação entre os serviços de coleta tradicional e coleta seletiva do lixo; destinação final em aterros sanitários ou a incineração. Infelizmente, significativas externalidades sobre o meio ambiente e sobre a sociedade frequentemente são ignoradas na contabilidade tradicional dos prós e contras da gestão de resíduos. O impacto econômico da reciclagem, por sua vez, poucas vezes é estimado em termos de seus efeitos diretos, sobre as indústrias recicladoras, e também efeitos indiretos, sobre todo o conjunto da atividade econômica. Este artigo almeja preencher esta lacuna através da aplicação da metodologia de insumo-produto para o cálculo do impacto econômico da reciclagem sobre a economia do Estado do Rio de Janeiro. Os dados utilizados no presente estudo são fruto de pesquisas empíricas realizadas pela equipe de pesquisa do Grupo de Estudos de Relações Intersetoriais (GERI) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com a ONG PANGEA - Centro de estudos sócio-ambientais, á qual é ligada o Centro de Referência de Catadores de Materiais Recicláveis, e ocupa o papel de secretaria estadual do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). O financiamento desta pesquisa se deu com o recursos da Fundação Banco do Brasil. Dito isto, o objetivo deste artigo é calcular os benefícios econômicos da reciclagem, gerados a partir da atuação de 33 cooperativas de catadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMJR). O exercício foi realizado para o ano de 2008. Mais precisamente, o artigo traz o cômputo dos recursos financeiros poupados pela economia fluminense em função da recuperação de materiais presentes nos resíduos e passíveis de reintrodução no circuito produtivo como matéria-prima secundária, pelas 33 cooperativas analisadas. Grosso modo, esses materiais são agrupados nas categorias papel/papelão, metais, alumínio e plásticos. O trabalho que segue oferece, na próxima seção, um breve panorama da atual situação dos resíduos sólidos no país e também uma revisão das alternativas mais debatidas sobre a gestão dos resíduos sólidos urbanos. A seção seguinte discute o quadro atual dos resíduos sólidos no Estado do Rio de Janeiro e a atuação das 33 cooperativas ou grupos de catadores selecionados para a elaboração deste artigo. A quarta seção traz a estimação da MRI da economia fluminense e o cálculo dos recursos financeiros poupados a partir da reciclagem resultante da atuação dos catadores de recicláveis. A quinta seção encerra o artigo com os comentários finais dos autores. 2 SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), são resíduos sólidos urbanos os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola de serviços e de varrição (NBR 10004/2004). O manejo dos resíduos sólidos compreende as ações de coleta, transporte, acondicionamento, tratamento e disposição final. Dentre as possíveis classificações desses resíduos, a mais adequada ao objetivo aqui perseguido é aquela que considera o momento em que o resíduo é gerado. Há duas categorias, a dos resíduos pós-industriais, gerados como rebarba dos processos produtivos, seja como sucatas de manutenção ou obsolescência de máquinas e equipamentos, e a categoria dos resíduos pós-consumo, fruto do descarte das sobras quando do consumo de bens ou serviços. Resíduos domiciliares são exemplos desta última categoria.

O último levantamento oficial sobre a coleta de resíduos sólidos, de alcance nacional, abrangendo os 5.507 municípios brasileiros, foi conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2000. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) apurou que à época eram coletadas diariamente 228.413 toneladas de resíduos sólidos, das quais 21,2% ainda eram destinadas a vazadouros a céu aberto, conhecidos como lixões 5. A tabela 1 abaixo apresenta esses dados para o Brasil. Tabela 1 - Quantidade diária de lixo coletado e destinação final, em toneladas e percentual, Brasil 2000 Destino final do lixo coletado Vazadouro a céu aberto (lixão) Vazadouro em áreas Brasil Ton./dia % 48.321,7 21,2 232,6 0,1 alagadas Aterro controlado 84.575,5 37,0 Aterro sanitário 82.640,3 36,2 Estação de compostagem 6.549,7 2,9 Estação de triagem 2.265,0 1,0 Incineração 1.031,8 0,5 Locais não-fixos 1.230,2 0,5 Outra 1.566,2 0,7 TOTAL 228.413,0 100,0 Fonte: PNSB (2000) Cumpre observar que os aterros controlados não atendem às exigências sanitárias e ambientais requeridas para a disposição final dos resíduos. Deste modo, até o ano de 2000, quase 60% do resíduo coletado no país recebia destinação final inadequada. As inexpressíveis quantidades de lixo destinadas às estações de compostagem e triagem refletem a baixa adesão aos programas de coleta seletiva entre os municípios brasileiros até o ano de 2000. Este fato revela o viés dos gestores públicos para o curto prazo, e a priorização do motivo contábil na tomada de decisões acerca do sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos, haja vista o custo monetário da coleta seletiva, desconsiderando seus eventuais benefícios ambientais, somar cinco vezes o custo da coleta convencional, respectivamente U$ 221 e U$ 42 (CEMPRE, 2007). Esta perspectiva, radicada em imediatismo, ao considerar somente a razão entre receitas e despesas monetárias acaba por dificultar uma prática ambientalmente correta e potencialmente benéfica a todo o setor produtivo, que começa na coleta seletiva e se confirma na reciclagem. Não obstante, o número de prefeituras que possuem programas deste tipo cresceu de 81 para 405 municípios entre 1994 e 2008 (CEMPRE). No ano de 2000, quase a metade dos municípios brasileiros, 45,4%, segundo a PNSB, cobrava taxa para o custeio dos serviços de limpeza urbana. O comprometimento financeiro com essa atividade era, em média, de até 5% do orçamento municipal. A tabela abaixo traz o destino dos resíduos urbanos no Brasil, comparado a outros países. Tabela 02: Destino do lixo em alguns países selecionados País Lixões ou Aterros Incineração* Compostagem e reciclagem Brasil 89% - 11% Rep. Tcheca 76% 14% 10% 5 Em 2008 o Ministério das Cidades e o IBGE iniciaram novo levantamento de dados para a PNSB (2008), entretanto, estes dados ainda não foram publicados. Espera-se alguma melhora na destinação final dos resíduos.

Espanha 62% 6% 32% França 41% 32% 27% Itália 58% 8% 34% Portugal 73% 20% 7% Reino Unido 79% 7% 14% Hungria 92% 6% 2% Suécia 9% 47% 43% EUA 54% 13% 32% Argentina 95% - 5% Colômbia 95% - 5% *com recuperação energética Fonte: ADEODATO FILHO (2007); CEMPRE/2007 O Brasil apresenta 11% do total dos seus resíduos reciclados, uma taxa relativamente baixa, principalmente, quando comparada às taxas de países como Suécia, Estados Unidos, Itália e Espanha. Diversos fatores interferem na geração do lixo, desde as preferências dos consumidores, seus hábitos e costumes, às variações sazonais, climáticas, densidade demográfica, leis e regulamentações específicas. Uma vez que as questões socioeconômicas também têm relevância, a composição gravimétrica e quantidade de resíduos per capita constituem parâmetros de comparação entre distintas regiões. Em geral, economias mais avançadas, em termos da industrialização e produção, geram maior quantidade de resíduos por habitante. Um exame entre os estados brasileiros dá suporte a esta afirmativa. No Estado de São Paulo, que concentra boa parte da renda nacional, total e per capita, a coleta de resíduos per capita atinge o maior valor do país, 1,21 kg/dia, enquanto, por exemplo, no Estado da Bahia, esse valor atinge apenas 0,8 kg/dia (ABRELPE, 2006). A limpeza urbana, abarcando a coleta e destinação dos resíduos sólidos, é competência do poder público local, a quem, portanto, cabe legislar, gerenciar e definir seu sistema de saneamento básico. O gerenciamento dos resíduos sólidos é todo o conjunto de ações normativas, financeiras, operacionais e de planejamento, desenvolvido pela administração pública, obedecendo a critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, tratar e dispor do lixo no município (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) em 2006, nas cidades acima de 50 mil habitantes a composição dos resíduos domiciliares no Brasil apresenta a relação gravimétrica disposta no gráfico 1, abaixo:

2% 2% 1% 9% 13% 16% 57% Matéria Orgânica Plástico Papel/papelão Outros Vidro Material ferroso Alumínio Gráfico 1 Composição do lixo urbano no Brasil. FONTE: ABRELPE (2006). Somados os percentuais de papel/papelão, plástico, vidro, alumínio e materiais ferrosos, o total de 34% oferece o primeiro indício do potencial econômico da reciclagem no país. De fato, a literatura econômica recente vem demonstrando a viabilidade da atividade. Por exemplo, Calderoni (1997) estima em mais de um bilhão de reais o valor dos resíduos recicláveis desperdiçados no lixo. Já Freitas e Damásio (2009) calculam em mais de 700 milhões a economia potencial de recursos, direta e indireta, que o Estado da Bahia deixou de obter no ano de 2003. Em linhas gerais, a gestão integrada de resíduos sólidos é compreendida como a elaboração, implementação e execução de um modelo de administração dos resíduos sólidos, considerando a participação das autoridades competentes. Entrementes, na gestão dos resíduos sólidos há significativas oportunidades de ganhos econômicos e ambientais. Não surpreende, portanto, a formação de um amplo mercado e consolidação de interesses associados ao gerenciamento, recuperação e reciclagem de resíduos, bem como a crescente atenção de setores da sociedade civil pelo tema. Neste contexto, surgiu o conceito de gestão compartilhada de resíduos sólidos, ou seja, uma ampliação do conceito de gestão integrada que inclui a participação ativa da dos setores da sociedade e a perspectiva do desenvolvimento sustentável. A gestão de resíduos difere-se, portanto, do seu gerenciamento, que pode ser entendido como a fixação das diretrizes e realização dos serviços de limpeza urbana, observando questões ambientais, econômicas, técnicas, sociais e legais em cada fase do manejo dos resíduos. A Gestão integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos deve considerar i) a redução da geração de lixo na fonte, ii) a reutilização do material produzido, iii) a reciclagem, iv) a recuperação de energia e v) o aterro sanitário. Cumpre observar que a gestão dos resíduos sólidos assume as características de um bem público, pois o serviço é cobrado em uma taxa única universal, de modo que existe a possibilidade do comportamento oportunista, em que a geração de resíduos do agente individual supera o que seria seu nível ótimo caso a cobrança pelo serviço fosse individualizada (MOTA; SAYAGO, 1998). A redução de lixo na fonte de geração associa-se tanto a mudanças tecnológicas nos produtos e processos produtivos quanto a modificações no padrão de consumo da população, sejam tais mudanças induzidas por políticas públicas ou não. Em relação ao avanço tecnológico, um exemplo é o aumento de 47% na produtividade da reciclagem das latas de alumínio desde 1968, neste ano eram produzidas 42 latas de 350 ml com um quilo de alumínio reciclado, atualmente são produzidas 62 latas (CEMPRE, 2007). Ademais, há todos os desenvolvimentos relacionados à produção mais limpa e mais eficiente, em que tanto a geração de resíduo é minimizada quanto a produtividade do recurso natural, enquanto matéria-prima, é aumentada. Já as mudanças no padrão de consumo,

incluindo o item reutilização do material produzido, derivam da maior consciência ambiental da população, ou podem ser induzidas a partir de instrumentos de mercado que incentivem tal atitude. O que os estudos de caso têm indicado é que a cobrança pela quantidade de resíduos gerada, nos moldes do princípio do poluidor-pagador 6, ao invés do pagamento de uma taxa única pelo serviço de limpeza urbana, traz melhor resultado por tornar visíveis aos usuários os custos da limpeza 7 (AZEVÊDO, 2004). A reciclagem em um sistema de gestão integrada de resíduos sólidos remete às etapas de recuperação de recicláveis dos resíduos urbanos e sua utilização como matéria-prima secundária. Determina-se aqui como o processo de recuperação da matéria-prima ao conjunto de ações envolvendo a coleta seletiva e triagem dos resíduos, sua limpeza e prensagem e/ou enfardamento, conforme o tipo de material, deixando-o pronto para ser transformado como matéria prima secundária. A esta última etapa fica reservado o termo reciclagem propriamente dita. Ademais, a reciclagem abrange também a compostagem de matéria orgânica. A recuperação de energia consiste na incineração controlada dos resíduos com o objetivo de obtenção de energia. A disposição final dos resíduos sólidos urbanos, em aterros sanitários, aterros controlados ou incineração, deve ser uma atividade suplementar aos quatro momentos anteriores, desde a minimização de resíduos na fonte à recuperação de energia. Evidentemente, um sistema deste tipo deve mostrar-se viável e apresentar o menor custo de oportunidade. Alguns instrumentos econômicos podem ser utilizados como forma de incentivar as atividades relacionadas à gestão integrada dos resíduos sólidos, Chermont e Motta (1996) apresentam seis modalidades: A primeira é a concessão de créditos para a reciclagem, que consiste na transferência aos recicladores dos recursos que seriam despendidos com a disposição final do material recuperado dos resíduos, caso fossem destinados aos aterros ou à incineração. Trata-se, portanto, do repasse dos recursos que seriam utilizados com o tratamento do lixo, caso não houvesse a recuperação desses materiais para o sistema produtivo, alerta-se que o crédito caberia àqueles que recolhem os recicláveis dos resíduos urbanos. Para Chermont e Motta (1996) é um meio de reconhecimento e internalização dos benefícios sociais da prática de reciclagem, ou seja, a correção da falha de mercado representada pela ausência de remuneração pelas externalidades positivas da atividade dos recicladores. A segunda modalidade apresentada pelos autores é a cobrança pela disposição em aterro. Além de financiar o próprio aterro sanitário, a cobrança tem como principal objetivo a redução de lixo na fonte de geração, podendo ainda incentivar o reuso e a reciclagem de materiais. Enquanto os resíduos de origem industrial e de grandes geradores comerciais podem facilmente ser quantificados, estimulando sua redução mediante cobrança pela disposição, soluções alternativas devem ser encontradas para os resíduos domésticos, eventualmente a cobrança de uma taxa única. Outra alternativa é a cobrança sobre a geração de lixo, novamente os objetivos incluem a indução da reciclagem e reuso de materiais, bem como a redução de resíduos na fonte geradora. Esta forma de cobrança atende ao princípio do poluidor-pagador e novamente é mais prontamente aplicável aos resíduos industriais e comerciais de grandes geradores, deixando aos resíduos domésticos a cobrança em uma taxa única ou soluções alternativas, vide estudos de caso em Azevêdo (2004) e Chermont e Motta (1996). 6 O princípio do poluidor-pagador versa sobre a necessidade de que qualquer tipo de taxação ou cobrança relativa a danos ambientais causadas por agentes deva estar diretamente relacionado com a produção e/ou consumo de um determinado produto ou, ainda, ao custo de recuperação do ambiente atingido (CHERMONT; MOTTA, 1996, pg 12) 7 Certamente há severos custos de transação na tentativa de quantificação do resíduo gerado por cada agente econômico, contudo, soluções criativas têm sido apresentadas a este respeito. Azevêdo (2004) traz algumas dessas alternativas comparando estudos de caso.

A quarta modalidade de instrumentos econômicos é o estabelecimento de um imposto sobre produtos. Com vistas à prevenção da poluição, este tipo de imposto procura desencorajar nos processos produtivos a utilização de materiais potencialmente danosos ao meio ambiente e, no caso específico, promover reduções nos níveis de geração de lixo. Há, para tanto, uma incorporação ao preço dos produtos, matérias primas ou bens finais, dos seus custos posteriores de coleta e disposição final, sejam eles custos privados ou determinados por externalidades. O sistema depósito-retorno é um instrumento de mercado voltado a induzir a reciclagem e reutilização de produtos específicos, como pilhas, baterias ou vasilhames. Consiste na cobrança de um depósito monetário ao consumidor quando este realiza sua compra, e posterior devolução do dinheiro quando a embalagem do produto é devolvida. O último instrumento de mercado apresentado em Chermont e Motta (1996) é o estabelecimento de certificados comercializáveis. Trata-se da proposta de criação de um mercado para tais certificados, assim, o produtor que investe em tecnologias limpas e reciclagem, logrando menores níveis de geração de lixo do que a posse de seus certificados lhe permite, teria a possibilidade de retorno financeiro pela revenda dos certificados em excesso. Desta feita, é requerida previamente a fixação das metas de reciclagem pelas autoridades ambientais e formuladores de políticas. Chermont e Motta (1996) não encontraram experiências internacionais ou locais da ocorrência deste tipo de instrumento de mercado. Para além da correção das externalidades ambientais decorrentes das falhas de mercado, as políticas públicas de gestão dos resíduos sólidos envolvem a distribuição dos custos e benefícios da gestão dos resíduos sólidos entre os variados setores da sociedade. A Gestão Compartilhada dos Resíduos Sólidos Urbanos chama a atenção para a o papel desempenhado pelos catadores de materiais recicláveis na cadeia produtiva da reciclagem. A gestão compartilhada vem assumindo formatos distintos entre as cidades brasileiras, mas em comum está o apoio, em maior ou menor grau, dado às cooperativas de catadores de recicláveis, e o reconhecimento do trabalho que estes agentes desempenham. Na mesma linha, o Ministério do Meio Ambiente estuda a possibilidade do pagamento pelos serviços ambientais urbanos, que se constitui na remuneração dos catadores pelas externalidades positivas decorrentes de sua atuação. As duas políticas citadas, em tese, possuem duplo objetivo, o primeiro de integrar a figura do catador à gestão dos resíduos sólidos, estimulando a reciclagem, o segundo, de promover a inclusão social através de uma tecnologia trabalho-intensiva. Outra política ambiental para a gestão dos resíduos diz respeito à redução das emissões de gases do efeito estufa emitidos nos aterros sanitários, e a venda dos créditos de carbono resultantes desta redução, através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). No Brasil, está em tramitação no Congresso Nacional, há mais de 20 anos, um projeto de lei que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS. A redação final do substitutivo ao projeto de lei nº203 de 1991, aprovada no Senado Federal em 7 de julho de 2010, e aguardando a sessão plenária na Câmara dos Deputados, prevê, entre outros instrumentos, a concessão de subsídios e incentivos fiscais para a atividade de reciclagem. Ademais, indica proibições relacionadas ao tratamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos e confere responsabilidades aos geradores de resíduos e poder público, em um sistema integrado de gestão dos resíduos. O mecanismo mais interessante do projeto de lei é aquele que institui a logística reversa na atribuição das responsabilidades sobre alguns tipos de resíduos, quais sejam: pilhas, baterias, agrotóxicos, pneus, óleos lubrificantes e suas embalagens, lâmpadas fluorescentes e equipamentos eletrônicos, e, mediante acordos setoriais ou regulamentação posterior, embalagens plásticas, de vidro ou metálicas, e outras embalagens conforme seu impacto ambiental. Ou seja, trata-se da responsabilização das empresas produtoras pelos resíduos decorrentes do consumo de seus

produtos, nos moldes do princípio do poluidor-pagador. No caso das embalagens, entre outras medidas as empresas produtoras poderão estabelecer parcerias com cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis. Também chama a priorização e apoio previstos às cooperativas e outras organizações de catadores de materiais recicláveis no âmbito da gestão compartilhada dos resíduos sólidos (SDC, 2010). 3 A ATUAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CATADORES DE RECICLÁVEIS NA REGIÃO METROPOLITANTA DO RIO DE JANEIRO (RMRJ). Segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), em 2007, o volume diário de resíduos coletado pela empresa no município do Rio de Janeiro foi de 7.767 quilos, de origem pública e domiciliar, o que representou 47,4% do total coletado (16.386 kg). Se os recicláveis representaram 36,26% deste total, tem-se, em termos absolutos, 2.816,31 quilos diários de materiais recicláveis, ou 475,3 gramas por habitante (CARVALHO, 2009). Os principais materiais recicláveis se dividem basicamente em: papel/papelão, plástico, vidro e metal. De acordo com esta divisão, o gráfico 2, revela a participação de cada material no total de materiais recicláveis no ano de 2007. Metais; 4,38% Vidros; 8,16% Plásticos; 47,30% Papel e papelão; 40,15% Gráfico 2: Participação do Material no Total de Recicláveis no Município do Rio de Janeiro 2007 FONTE: COMLURB - Diretoria técnica e Industrial Relatório mensal de operações 10 Materiais efetivamente coletados pela Comlurb. Os grupos de papel/papelão e plásticos apresentam muitos materiais agregados, daí seus valores bem maiores quando comparados com os demais materiais, representando, 40,15% e 47,3%, respectivamente. Quando se somam estes dois grupos de materiais, a taxa atinge quase 88%. Em 2008 foi realizada pesquisa de campo junto a cooperativas e grupos de catadores de recicláveis na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) 8. O trabalho teve como objetivo orientar a construção de uma organização em rede dos catadores, composta por quatro entrepostos comerciais de reciclagem e uma central administrativa, estabelecidos em regiões estratégicas. Cada entreposto seria formado por um grupo de cooperativas de catadores de materiais recicláveis. O intuito da rede é aumentar do poder de negociação dos catadores diante de um mercado tipicamente oligosônico, à semelhança das redes de cooperativas em funcionamento nos estados de São Paulo e Bahia. 8 A realização técnica do projeto coube ao Grupo de Estudos das Relações Intersetoriais (GERI) da Universidade Federal da Bahia.

Os dados utilizados no trabalho de concepção da chamada rede fluminense foram obtidos através de pesquisa direta e resultam de uma amostra intencional, estratificada e não-aleatória, com o objetivo de atender uma distribuição territorial e dimensional das cooperativas, associações e grupos informais pesquisados. Ressalta-se que a informalidade existente neste setor constitui um significativo obstáculo ao levantamento de dados primários, bem como à delimitação do universo de cooperativas e outras formas de organização dos catadores. Deste modo, os dados trazidos aqui representam exclusivamente a atividade das 33 cooperativas, associações ou grupos de catadores considerados 9, impedindo sua interpretação como uma amostra aleatória da atuação mais geral dos catadores na RMRJ. As cooperativas visitadas reuniam 1284 catadores e produziam em média 1500 toneladas de materiais recicláveis por mês, cujo valor da produção atingia pouco mais de R$ 536 mil / mês (GERI, 2008). 4 A MATRIZ DE RELAÇÕES INTERSETORIAIS (MRI) DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A MRI da economia do Rio de Janeiro partiu da regionalização de uma matriz nacional de insumoproduto, através da modificação do algoritmo RAS 10, conforme o método proposto em Silveira (1993), entretanto, expandindo o método de duas para três dimensões, inserindo fatores de correção em cada etapa do processo iterativo, propostos em Leite (2009). Desta forma, parte-se de uma matriz original nacional de insumo-produto, e dos vetores marginais retirados dos dados sobre a produção setorial da região objetivo. O resultado é uma aproximação da matriz regional. A principal exigência deste método é aceitar que a matriz estimada não reflete necessariamente a estrutura produtiva regional, trata-se de uma aproximação que pressupõe a evolução bi-proporcional das relações intersetoriais. Em Silveira (1993, p. 208): A proposta não é procurar diretamente a [matriz] bi-proporcional da matriz A, para o tempo t = 0, mas sim de uma matriz de insumos Q, que já tenha embutida a hipótese do market-share. Este procedimento facilita as operações, uma vez que os valores passam a ser expressos diretamente em unidades monetárias. Decorre daí que variações de coeficientes estimadas podem refletir mudanças de perfil da produção, como também dos custos associados ao perfil tecnológico. O processo iterativo {Q*(0); c; q} pode ser resumido na expressão: t+2 Q * (0) = t <r>. t Q * (0). t <s>, onde < t r> = { t r i t r i = (q(1) j / t-1 q(0) j )} e, < t s> = { t s j t s j = c(1) j / t-1 c(0) j }. 9 Doravante chamados apenas de cooperativas, em favor da simplicidade do texto. 10 O RAS é a aplicação de um algoritmo bi-proporcional a uma matriz de insumo-produto observada, de forma que se obtenha, ao fim de várias iterações, uma matriz que se aproxime suficientemente bem da matriz objetivo, não observada, contudo, com seus vetores marginais conhecidos. Formalmente: o problema bi-proporcional é para encontrar A B tal que A B 0. A B i = u ; ia B = v A B = lim t <R t >A<S t >, para as seqüências {R t }, {S t } dos vetores, com R 1 t = 1 para todo t.; onde A é uma matriz m x n tal que: a i 0, a j 0 para todo i, j; u > 0, v > 0. Em que a i e a j indicam a i-ésima linha e a j-ésima coluna de A. O sinal 0 denota semi-positividade e > 0 positividade estrita, i é o vetor soma. O processo bi-proporcional então consiste em: A 2t+1 = <r t+1 >A 2t, A 2t+2 = A 2t+1 <s t+1 > = <r t+1 >A 2t <s t+1 >, Onde, r i t+1 = u i / a ij 2t, com j = 1,..,n. ; s i t+1 = v j / a ij 2t+1, com i = 1,..,m. t assume os valores 0, 1, 2, e A 0 = A.

O conjunto solução respeita as seguintes condições de chegada: t<r>. tq * (0).t<s> = Q(1) i.q(1) = c(1) <α>.q(1).i = x(1), o vetor x j traz a produção intermediária. Os vetores utilizados a cada rodada podem ser anotados como: 0 q ( t+ / 2 c r e 1) bi s i 1 c 0 ( t+ 1) / 2 bi i = t 1 qai = t ai Este método não distingue a origem de insumos entre regionais e importados, deste modo, a matriz resultante pode ser considerada uma matriz híbrida. Se interpretada pelo consumo intermediário, revela como os setores produtivos da matriz regional demandam seus insumos, independentemente da origem destes insumos, nacional, estrangeira ou local. Se observada a produção setorial, mostra a produção dos setores que constituem a matriz da região considerada. Os fatores de correção propostos em Leite (2009), inseridos em cada etapa do processo iterativo, tanto na pré-multiplicação da matriz A pelo vetor r, quanto na pós-multiplicação pelo vetor s, pretendem assegurar a compatibilidade das matrizes estaduais à matriz nacional. Neste método, as matrizes regionais que compõem a matriz nacional devem ser calculadas simultaneamente, de maneira a garantir que as matrizes subnacionais calculadas sejam compatíveis com a matriz nacional (LEITE, 2009). O fator de correção consiste em: f t ij = qij( N ) k H 1 1 q t ij( H ) Cada elemento da Matriz Q nacional, identificada pelo subscrito N, deve ser multiplicado por uma razão, qual seja 1/x. Neste caso, o x vai ser o somatório de todos os elementos correspondentes de todas as matrizes regionais, isto é, faz-se uso da álgebra tensorial. O somatório varia de acordo com o número de matrizes que se esteja trabalhando. Por exemplo, se forem para grandes regiões brasileiras, o somatório variaria de um até cinco, já se fosse para os estados brasileiros, o somatório variaria de um até vinte e sete. Realizado esta etapa, obtêm a Matriz Q Regional corrigida (RIBEIRO, 2010). 5 OS IMPACTOS ECONÔMICOS DA ATIVIDADE DAS COOPERATIVAS DE CATADORES DE RECICLÁVEIS NA RMRJ Os impactos para trás, ou à montante dos materiais recicláveis, representa as relações de demanda intersetoriais, por isso o seu resultado indicará os recursos poupados pelos diversos setores da atividade econômica, a partir do uso do insumo reciclado. Esta seção baseou-se na metodologia adotada em Freitas e Damásio (2009). Antes de apresentar propriamente as fórmulas para os cálculos dos impactos, é interessante fazer menção ao modelo simples de insumo produto, pelo qual o produto total de uma determinada economia (q) é obtido através da soma entre o que foi consumido intermediariamente (m) e a produção final (f). Em termos matemáticos, tem-se a seguinte equação:

q = m + f Dado certo padrão tecnológico, representado pela Matriz Tecnológica (A), em que cada a ij é a quantidade de produtos utilizados como insumos pelo setor i para produzir uma unidade monetária de produto do setor j, tem-se que o consumo produtivo intermediário total da economia que é representado pôr: m = A.q Onde: m = [m j ] é o vetor de consumo produtivo intermediário total, em que cada m j representa a quantidade total do produto j consumido intermediariamente na cadeia produtiva de toda a economia. A = [a ij ] é a Matriz Tecnológica, em que cada a ij representa a quantidade total do produto i utilizado como insumo produtivo na produção de uma unidade do produto j, para todo j = 1,..., n. q = [q j ] é o vetor de produto total da economia, em que cada q j é a quantidade total de produto j, produzida pela indústria j, para todo j = 1,..., n. Fazendo: m = m o + m s então, m o = Aq o, e m s = Aq s Neste caso, m s é a parte da produção intermediária que equivale à produção por meio da reciclagem. É também uma medida dos insumos diretos que seriam exigidos para a produção de q s pelo processo produtivo tradicional. Em função da inexistência de dados específicos sobre a produção a partir de matéria prima-recuperada, o modelo impõe que o setor reciclador é o mesmo que produz através de matéria-prima original. Assim, m s é também uma medida dos recursos econômicos poupados pela utilização através de matéria-prima recuperada. É aquilo que o sistema produtivo evita gastar com a produção primária, uma vez que esta é substituída pela matéria prima recuperada, na exata medida m s. O modelo utilizado configura-se em um exercício estático, ou seja, os vetores de produção e de demanda final não sofrem alteração. A análise aqui será realizada por grupo de materiais (metais, alumínio, plásticos e papel), de acordo com a produção física das cooperativas de catadores e o preço máximo cobrado pelos comerciantes de resíduos sólidos. A escolha do preço máximo resulta da tentativa de uma aproximação dos valores efetivamente pagos pela indústria recicladora. Os setores recicladores na matriz são: 307 Fabricação de Celulose e Produtos de Papel (reciclagem do papel), 318 Fabricação de Artigos de Borracha e Plástico (reciclagem do plástico), 320 Metalurgia Básica (reciclagem do alumínio) e 323 Fabricação de Produtos de Metal exclusive máquinas e equipamentos (reciclagem do ferro e do aço) 11. Uma vez realizada a agregação dos materiais, a próxima etapa foi calcular as receitas totais das cooperativas de acordo com o preço máximo de comercialização, proxy do valor de revenda à indústria. Sabe-se que o preço dos materiais recicláveis pago às cooperativas por grandes comerciantes de resíduos é subestimado em relação ao preço pago pela indústria recicladora. Na sequência são apresentadas as novas receitas totais anuais, por tipo de material, que somadas alcançam R$ 12.006.115,00. Quadro 1: Valores dos materiais recuperados dos resíduos sólidos urbanos pelas 33 cooperativas de catadores selecionadas, cotados aos preços máximos de comercialização, 2008 Metais Alumínio Plásticos Papéis 11 À época da elaboração deste trabalho as mais recentes tabelas de Recursos e Usos publicadas pelo IBGE, necessárias para a elaboração das matrizes tecnológica e de Leontief da economia fluminense, eram as tabelas de 2006. Deste modo, os autores assumem a hipótese implícita de estabilidade dos coeficientes tecnológicos no curto período entre 2006 e 2008.

R$ 1.281.705,93 R$ 614.113,54 R$ 7.916.262,34 R$ 2.194.034,08 Fonte: Elaboração própria A comparação entre o valor total dos materiais recicláveis recuperados pelas 33 cooperativas, aos preços de venda das cooperativas (R$ 536 mil reais/mês ou R$ 6,432 milhões/ano), e aos preços máximos de comercialização (R$ 12 milhões/ano), revela que as cooperativas recebem aproximadamente a metade do valor alcançado pelo seu material na indústria recicladora. A diferença á apropriada pelos comerciantes revendedores de recicláveis, aparistas, no caso dos papéis e plásticos, e sucateiros, no caso dos metais. O próximo passo foi estimar a economia de recursos decorrente da reciclagem originada com a recuperação de materiais realizada pelas cooperativas. O primeiro grupo de materiais cujos impactos foram calculados foi o grupo metais. O gráfico 3, em anexo, mostra, por setor de atividade econômica, os recursos totais, diretos e indiretos, poupados a partir da reciclagem dos metais das 33 cooperativas da amostra do Rio de Janeiro. Destaca-se o próprio setor de Fabricação de Produtos de Metal Exclusive Máquinas e Equipamentos, com uma economia total de recursos de aproximadamente R$ 1,4 milhões, o que corresponde a quase 42% da economia total de toda a cadeia produtiva do Rio de Janeiro. O setor de Metalurgia Básica apresentou quase R$ 540 mil de recursos poupados. Estes dois setores juntos correspondem a quase 60% da economia total de recursos na produção fluminense. Em conjunto, a indústria fluminense poupou, no total, R$ 3,4 milhões a partir da reciclagem do metal recuperado pelas cooperativas. O segundo grupo de materiais avaliado foi o grupo alumínio. A economia direta e indireta de recursos propiciada pela reciclagem do alumínio foi aproximadamente R$ 381 mil e R$ 635 mil, respectivamente. A economia total de recursos atingiu quase R$ 1,7 milhões. O gráfico 4, em anexo, revela, por setor de atividade econômica, os valores poupados com a reciclagem. A economia direta e indireta propiciada pela reciclagem do plástico atinge aproximadamente R$ 5,3 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente. Já a economia total gerada, isto é, a soma dos impactos diretos, indiretos e o impacto sobre o próprio setor é de aproximadamente R$ 23 milhões. Este grupo de materiais recicláveis se destaca dos demais em termos dos valores que movimenta. O gráfico 5, em anexo, mostra os setores mais impactos pela reciclagem do plástico. O próprio setor reciclador de plástico, Fabricação de Borracha e Materiais Plásticos é responsável pela maior contribuição na economia total de recursos, atingindo aproximadamente R$ 8,6 milhões, o que corresponde a quase 37% da economia total. Outro setor de destaque é o setor de Produtos Químicos que gerou uma economia total de recursos de aproximadamente R$ 5 milhões, o que corresponde a quase 22% da economia total. Estes dois setores somados representam quase 60% da economia total de recursos gerada a partir da reciclagem do plástico. O setor de Produtos Químicos também se destaca na economia direta de recursos, a qual atinge aproximadamente R$ 3 milhões, correspondendo a mais da metade da economia direta gerada pela soma de todos os setores. Um terceiro setor de destaque é o setor responsável pela Fabricação de Coque, Refino de Petróleo e Produção de álcool, que contribuiu com uma economia total de recursos de aproximadamente R$ 1,5 milhões, o que representa quase 7% do total. Outro setor petrolífero que se destaca é o associado a Extração de petróleo e serviços relacionados. Percebe-se pelo gráfico que a economia total de recursos deste setor é praticamente economia indireta, sendo aproximadamente R$ 1,1 milhões. No caso da reciclagem do papel, o próprio setor reciclador, Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel, foi o que maior gerou economia total de recursos, atingindo aproximadamente R$ 2,8 milhões, ou 46% da economia total de recursos. O segundo e terceiro setores que mais

geraram economias de recursos foram os setores de Fabricação de Produtos Químicos e Agricultura, Sivicultura e Exploração Florestal, atingindo, respectivamente, R$ 572 mil e R$ 363 mil. O gráfico 6, em anexo, revela a distribuição setorial dos recursos poupados. Quando as economias totais de recursos dos quatro grupos de materiais são somadas, atinge-se o montante de aproximadamente R$ 34 milhões de reais. Do ponto de vista da contribuição per capita, cada catador da amostra foi responsável por aproximadamente R$ 27 mil poupados para a economia estadual. Os dados estão resumidos na tabela 3. Tabela 3: Economia total de recursos, por tipo de material, originada na atuação das 33 cooperativas de catadores selecionadas, em 2008. (valores em R$ 1.000,00) Materiais Recicláveis Recursos Poupados Metal 3.373,62 Alumínio 1.630,10 Plástico 23.215,47 Papel 5.957,96 Total 34.177,15 Fonte: Elaboração Própria Tomando-se como base a composição gravimétrica e a quantidade diária de materiais recicláveis produzida por habitante no Rio de Janeiro disponíveis na pesquisa da COMLURB (2007), estima-se em aproximadamente R$ 87,2 bilhões de recursos poupados pelo Rio de Janeiro, caso todos os materiais recicláveis coletados no Estado em 2007 fossem efetivamente reciclados e re-introduzidos na estrutura produtiva como insumos secundários (RIBEIRO, 2010). 6 COMENTÁRIOS FINAIS O objetivo deste trabalho foi mensurar os impactos da reciclagem na estrutura produtiva fluminense no ano de 2008, a partir das receitas de 33 cooperativas. Vale citar que há também economias não contabilizadas em termos físicos (não utilização de máquinas e equipamentos); em termos energéticos (diminuindo o consumo energia); e em termos de redução de insumos virgens, o que impacta positivamente e diretamente no meio ambiente. Além desses benefícios econômicos e ambientais, há também o aspecto social ligado à reciclagem. Isto é, a inserção do catador de materiais recicláveis autônomo na estrutura formal de trabalho deste setor, o trabalho cooperativado. A formação de cooperativas também permite aos catadores alcançar preços maiores pelo material recuperado dos resíduos, à medida que ganham escala de produção e se aproximam da venda direta às indústrias recicladoras. A simulação dos impactos da reciclagem originada na atuação das 33 cooperativas selecionadas indica aproximadamente R$ 34 milhões poupados pelo sistema produtivo do Estado do Rio de Janeiro em 2008, com destaque para o grupo de plástico com 67,93% do total. A reciclagem do papel representa 17,43% do total economizado, a reciclagem do metal com 9,87% e do alumínio 4,77%.

Este estudo não teve a pretensão de esgotar a discussão acerca da reciclagem, ao contrário, um dos seus objetivos é estimular novos trabalhos no intuito de aprimorar essa ferramenta de análise. As principais limitações se referem à inexistência de dados relativos à reciclagem, o que impõe a hipótese de que a atividade de reciclagem e a produção a partir da matéria prima original são parte do mesmo setor, e, portanto, possuem estruturas de insumos semelhantes. Não obstante, como as matrizes de insumo-produto são construídas, tradicionalmente, no Brasil, a partir da hipótese de tecnologia de setor simples, pode-se argumentar que a estrutura de insumos de um setor qualquer é a estrutura média das atividades econômicas que compõem este setor, ponderada pelo peso de cada uma das atividades. O alto grau de informalidade na catação de recicláveis, que implica o desconhecimento do universo dos catadores e cooperativas, também impediu a elaboração de uma amostra representativa da atividade de recuperação de resíduos. Todavia, o trabalho conta com dados primários inéditos, coletados em 33 cooperativas localizadas na região metropolitana do Rio de Janeiro. REFERÊNCAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT- ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: 2004. Disponível em http://www.saac.com.br/pdf/nbr10004-2004 ClassificadodeResiduosSolidos.pdf. Acesso em 07/01/2010. ABRELPE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, 2006. Disponível em <www.abrelpe.org.br/downloads/panorama2006.pdf>. ADEODATO FILHO, S. A arte da reciclagem. São Paulo. Editora Horizonte, 2007. AZEVÊDO, G. O. Por menos lixo: a minimização dos resíduos sólidos urbanos na cidade de Salvador/Bahia. (Dissertação de Mestrado) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Engenharia Ambiental e Urbana da Escola Politécnica, Salvador, 2004. CARVALHO, J.T.A. Análise da apropriação dos excedentes econômicos gerados na etapa de comercialização de materiais recicláveis estudo de caso na região metropolitana do Rio de Janeiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Economia) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Ciências Econômicas, UFBA, Salvador, 2009. CEMPRE COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA A RECICLAGEM. Disponível em:<www.cempre.org.br>, acesso em 01 de novembro de 2009. CALDERONI, S. Os Bilhões Perdidos no Lixo. São Paulo: Humanitas Publicações FFLCH/USP, 1997. CHERMONT, L. S.; MOTTA, R. S. Aspectos Econômicos da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. IPEA - Texto para Discussão, nº 416, 1996. FREITAS, L. F. S.; DAMASIO, J.; Potencial Econômico da Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos na Bahia. Revista Econômica do Nordeste, volume 40, nº 02, abril junho, 2009. GERI Grupo de Estudos de Relações Intersetoriais. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Economia. Análise do custo de geração de postos de trabalho na economia urbana para o segmento dos catadores de materiais recicláveis. Relatório de Pesquisa, 2004.

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R$ 600,00 R$ 500,00 R$ 400,00 R$ 300,00 R$ 200,00 R$ 100,00 R$ - Impactos Diretos (A) Impactos Indiretos (A²+A³+...+An) Gráfico 3: Impactos para trás da reciclagem do metal sobre os insumos nacionais, por parte das 33 cooperativas dada a variação na produção do setor de Fabricação de Produtos de Metal Exceto Máquinas e Equipamentos (valores em R$ 1.000,00 correntes) FONTE: Elaboração Própria

R$ 180,00 R$ 160,00 R$ 140,00 R$ 120,00 R$ 100,00 R$ 80,00 R$ 60,00 R$ 40,00 R$ 20,00 R$ - Impactos Diretos (A) Impactos Indiretos (A²+A³+...+An) Gráfico 4: Impactos para trás da reciclagem do alumínio sobre os insumos nacionais, por parte das 33 cooperativas dada a variação na produção do setor de Metalurgia Básica (valores em R$ 1.000,00 correntes). FONTE: Elaboração Própria

R$ 6.000,00 R$ 5.000,00 R$ 4.000,00 R$ 3.000,00 R$ 2.000,00 R$ 1.000,00 R$ - Impactos Diretos (A) Impactos Indiretos (A²+A³+...+An) Gráfico 5: Impactos para trás da reciclagem do plástico sobre os insumos nacionais, por parte das 33 cooperativas dada a variação na produção do setor de Fabricação de Artigos de Borracha e Material Plástico (valores em R$ 1.000,00 correntes) FONTE: Elaboração Própria

R$ 600,00 R$ 500,00 R$ 400,00 R$ 300,00 R$ 200,00 R$ 100,00 R$ - Impactos Diretos (A) Impactos Indiretos (A²+A³+...+An) Gráfico 6: Impactos para trás da reciclagem do papel sobre os insumos nacionais, por parte das 33 cooperativas dada a variação na produção do setor de Fabricação de Produtos de Metal Exceto Máquinas e Equipamentos (valores em R$ 1.000,00 correntes) FONTE: Elaboração Própria