RT 2.003 Página 1 de 15 TÍTULO: DIMENSIONAMENTO DE POSTE DE CONCRETO COM SEÇÃO CIRCULAR, UTILIZADO EM REDE DE DISTRIBUIÇÃO



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Transcrição:

RT 2.003 Página 1 de 15 1. OBJETIVO Estabelecer parâmetros técnicos para subsidiar a padronização dos critérios para dimensionamento de postes de concreto com seção circular padronizados para uso em Redes de Distribuição da Eletropaulo. 2. CONSIDERAÇÕES Os postes de concreto para utilização em Redes de Distribuição de Energia Elétrica da Eletropaulo são padronizados através das normas: ABNT - NBR 8451 Postes de Concreto Armado para Redes de Distribuição de Energia Elétricas Especificação; ABNT - NBR 8452 Postes de Concreto Armado para Redes de Distribuição de Energia Elétricas Padronização; Eletropaulo NTE 109-0 Especificação Técnica Postes de Concreto Armado; Desenho MP-01-01 Postes de Concreto Armado Seção Circular; e Desenho MP-01-07 Postes Especiais Concreto Armado Seção Circular 3. ESFORÇOS MECÂNICOS Os postes de concreto armado são construídos para suportarem os esforços horizontais e verticais transmitidos pela rede e equipamentos neles instalados, bem como esforços excepcionais por cargas acidentais e cargas de vento. Os esforços referentes ao peso da rede e seus equipamentos são obtidos junto a especificações e fabricantes e com relação às cargas de vento podemos considerar os valores apresentados abaixo com vento máximo em áreas urbanas à velocidade de 60km/h. Considerar a pressão do vento em corpos de formato cilíndricos com aproximadamente 17daN/m 2 e em corpos de formato plano aproximadamente 27daN/m 2. Pressão do Vento nas Estruturas Standard Handbook for Electrical Engineers Pressão na Estrutura (dan/m 2 ) 80,0 75,0 70,0 65,0 60,0 55,0 50,0 45,0 40,0 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Velocidade do Vento (km/h) Corpos Cilíndricos Corpos Planos

RT 2.003 Página 2 de 15 3.1. ESFORÇOS VERTICAIS Os Esforços Verticais no poste são cargas que atuam no sentido paralelo ao eixo do poste, porém normalmente distantes desse eixo o que acarreta em esforços de compressão e flexão do poste através de três situações básicas: 3.1.1. Peso da Rede O peso da Rede é constituído por peso dos condutores (considerando a parcela de peso do cabo), peso dos isoladores, peso das cruzetas, peso das ferragens, peso do eletricista, pressão do vento na área da seção mais desfavorável, etc. O valor total destes pesos independem de ângulos em planta existente na Rede. A seguir apresentamos um dos inúmeros exemplos destes esforços e a conseqüente resultante de carregamento transferida para o poste. Pc 3 d 3 Pc 2 d 1 Pc 1 d 2 Pe RHa A B RVa Pcz MF d 7 d 5 d 6 RHc C MF Pmf d 4 RVc Observação: A parcela do peso do cabo depende da configuração da rede, caso o poste analisado faça parte de vãos contínuos devemos considerar o peso do cabo como sendo o valor do Vão Regulador x peso/metro do cabo, caso o poste analisado seja final de linha considerar o valor igual a Vão Regulador x peso/metro do cabo / 2 e na situação particular de ponto mecânico deve ser considerado a expressão (Vão Regulador 1 x peso/metro 1 do cabo + Vão Regulador 2 x peso/metro 2 do cabo) / 2 no caso dos Vãos Reguladores e pesos dos cabos serem diferentes.

RT 2.003 Página 3 de 15 Considerando os pesos envolvidos: Pc n = Peso dos Condutores (parcela de peso do cabo + pressão do vento) + Peso dos Isoladores e acessórios P cz = Peso da Cruzeta + pressão do vento P mf = Peso da Mão Francesa + pressão do vento P e = Peso do Eletricista (procedimento de resgate em caso de acidente) Considerando-se as distâncias de aplicação dos pesos: d 1 = Distância horizontal do 1º Isolador até o ponto de apoio B d 2 = Distância horizontal do 2º Isolador até o ponto de apoio B d 3 = Distância horizontal do 3º Isolador até o ponto de apoio B d 4 = Distância horizontal entre o ponto de apoio C até o ponto de apoio B d 5 = Distância vertical entre o ponto de apoio C até o ponto de apoio B d 6 = Distância horizontal do centro de gravidade da Mão Francesa até o ponto de apoio B d 7 = Distância horizontal do centro de gravidade da Cruzeta até o ponto de apoio B Todos estes esforços são transmitidos ao poste (ponto A e ponto C) através das Cintas e Mão Francesa. MF = Esforço Resultante da Mão Francesa para equilibrar o ponto B Temos então quatro Reações de Apoio no poste: RH a = Resultante Horizontal no ponto A RV a = Resultante Vertical no ponto A RH c = Resultante Horizontal no ponto C RV c = Resultante Vertical no ponto C Pelos princípios da Estática (Mecânica Geral) temos três equações de equilíbrio: ΣRH ΣRV ΣM = 0 (Somatória das Resultantes Horizontais iguais a zero) = 0 (Somatória das Resultantes Verticais iguais a zero) = 0 (Somatória das Resultantes de Momentos iguais a zero) Como temos quatro incógnitas que são as reações de apoio e apenas três equações de equilíbrio, concluí-se que a estrutura apresentada é hiperestática e a resolução da mesma é através do processo de análise de compatibilidade das deformações. Como temos na estrutura apresentada três materiais distintos, sendo dois homogêneos (madeira, aço) e um heterogêneo (concreto armado) e a magnitude das forças e muito pequena em relação à resistência dos materiais, podemos admitir de modo simplificado que a somatória dos momentos em relação ao ponto B é igual a zero considerando-se que a cruzeta é uma viga que está apoiada no ponto A e B (considerar apenas os esforços verticais e momentos no sentido anti-horário como valores negativos):

RT 2.003 Página 4 de 15 ΣMB = (RV a x d 4 ) (Pc 3 x d 3 ) (P cz x d 7 ) (Pc 2 x d 2 ) (P mf x d 6 ) + (Pc 1 x d 1 ) = 0 Conhecendo-se os valores dos pesos da rede e as distâncias padrões em função da classe de tensão, desta equação podemos obter o valor de RV a : RV a = {(Pc 3 x d 3 ) + (P cz x d 7 ) + (Pc 2 x d 2 ) + (P mf x d 6 ) (Pc 1 x d 1 )} / d 4 Como RV a + RVB = (ΣPc n + P cz + P mf + P e ), determinamos assim também o valor de RVB: RVB = (ΣPc n +P cz +P mf +P e ) - [{(Pc 3 x d 3 )+(P cz x d 7 )+(Pc 2 x d 2 )+(P mf x d 6 ) (Pc 1 x d 1 )} / d 4 ] Porém em nossa simplificação o valor de RVB é apenas a componente vertical resultante do esforço da Mão Francesa (MF) MF α RHB RVB Utilizando as distâncias de fixação da Mão Francesa tg α = (d 5 /d 4 ) Deste modo, tg α = (RVB / RHB) = (d 5 /d 4 ) RHB = RVB x d 4 / d 5 Portanto a Mão Francesa gera uma resultante Horizontal no ponto B que é resistida pelo ponto A com mesma intensidade, porém com sentido oposto RH a = RHB. A mesma Mão Francesa transfere as reações do ponto B para o poste no ponto C com os mesmos valores de RHB = RHc e RVB = RVc. Concluímos então que o peso da Rede é tranferido e suportado pelas cintas no ponto A e C e a Mão Francesa gera também resultantes horizontais no ponto A e C com mesma intensidade, porém com sentidos opostos (força binária) resultando em Momento na altura de fixação da cruzeta igual a: M A = (RH a x d 5 ) 3.1.2. Peso de Equipamentos Os equipamentos instalados nas Redes de Distribuição também estão fixados nos postes e seus pesos fisicamente encontram-se no centro de gravidade dos mesmos e distantes do eixo vertical do poste gerando também esforços nos suportes de fixação proveniente da transferência da carga do peso para o eixo do poste acarretando esforços de compressão e momento. A seguir apresentamos como exemplo a instalação de um transformador em suporte, onde: P tr = Peso Total do Transformador + Pressão do Vento

RT 2.003 Página 5 de 15 d 1 = Distância do Centro de Gravidade do Transformador até o eixo do poste d 2 = Distância entre os suportes do transformador R h = Reação Horizontal resultante Análogo ao caso do Peso da Rede, o momento gerado na altura de fixação do Transformador (Mt) é igual a: d2 Rh Ptr Rh d1 Mt = (P tr x d 1 ) e este momento é transferido para o poste através dos suportes gerando o momento binário R h x d 2, portanto temos uma carga momento gerada no eixo do poste, na altura de fixação, igual em módulo a R h x d 2 = P tr x d 1. 3.1.3. Rede em Desnível (Resultante Vertical) No caso de Redes de Distribuição em desnível, podemos ter além do peso considerado no item 3.1.1. desta Recomendação Técnica o esforço adicional da resultante da Tensão de Projeto do cabo que poderá gerar tanto esforços de compressão aumentando o valor da resultante vertical como também podendo ocorrer o oposto, com esforços de arrancamento do poste, conforme exemplo genérico simplificado apresentado abaixo: Detalhe 1 β µ Linha do Horizonte H1 Cabo Detalhe 2 H2 Poste PL β n µ n Poste PK Perfil da Via Poste PM L1 L2 Perfil do Projeto

RT 2.003 Página 6 de 15 Considerando: L 1 = Comprimento do vão anterior ao poste analisado L 2 = Comprimento do vão posterior ao poste analisado H 1 = Desnível do vão anterior ao poste analisado H 2 = Desnível do vão posterior ao poste analisado L eq = Vão Regulador = Resultante Horizontal da Tensão de Projeto no cabo para o Vão Regulador V 1 = Resultante Vertical do peso da Rede referente ao vão L1 V 2 = Resultante Vertical do peso da Rede referente ao vão L2 A título de exemplo, considerando o Vão Regulador do Projeto conforme RT 2.001: L eq = (ΣL n ³ / Σ L n ) ½ Com o valor do vão regulador, e o tipo de cabo a ser utilizado, obtemos o valor da Tensão de Projeto na Recomendação Técnica RT 2.001. Está Tensão de Projeto representa o valor máximo da tensão no cabo que ocorrerá na condição mais crítica de temperatura e vento que possa atuar na rede. A Tensão de Projeto é a força tangente a curva do cabo junto do ponto de fixação (isolador) e a mesma é decomposta em uma resultante horizontal que é o valor de que será constante em todos os vãos mecanicamente contínuos e outra resultante vertical que representa a parcela do peso do cabo no ponto de fixação (isolador). Deste modo a força Vertical no ponto de fixação do cabo é V = (p x L eq )/2, para finais de linha, vãos isolados ou vão onde ocorre ponto mecânico, sendo p = peso do cabo por metro + pressão do vento no mesmo. Tensão de Projeto Cabo V θ Na prática Tração de Projeto =, pois o ângulo θ é muito pequeno e no caso de vãos contínuos mecanicamente V = p x L eq 3.1.3.1. Poste Comprimido pela Rede No caso do poste PL (Detalhe 1), temos um caso particular de desnível na Rede, onde: β e µ = ângulos da Rede em relação a linha do horizonte de ambos os lados considerando os ângulos abaixo da linha do horizonte em valores positivo

RT 2.003 Página 7 de 15 V n = V (peso do cabo) + peso do isolador e acessórios T = Tensão de Projeto = R c = Resultante dos Esforços de compressão no isolador p = peso do cabo por metro + pressão do vento β µ T T Vn Rc sen β = H 1 / (H 1 2 + L 1 2 ) ½ e sen µ = H 2 / (H 2 2 + L 2 2 ) ½ R c = {T x (sen β + sen µ)} + V n, onde R c é o valor que deverá ser considerado no lugar do valor de Pc n indicado no item 3.1.1. quando verificada está situação. Observação: Postes com carregamento vertical comprimindo sua seção apresentam diminuição de resistência devido ao efeito de flambagem quando a relação do comprimento em relação à seção é muito grande. Estes parâmetros podem ser aferidos através da fórmula de Euler, porém nos casos de postes de seção circular para Redes de Distribuição de Energia, mesmo com a redução da resistência à compressão estamos dentro de níveis compatíveis com as cargas de peso próprio do poste mais pesos da rede e esforços devido a ângulos verticais existentes na prática, dispensando a verificação de carga crítica de compressão no poste. 3.1.3.2. Poste Tracionado pela Rede No caso do poste PM (Detalhe 2) temos outro caso particular de desnível na Rede, onde temos as mesmas considerações do caso anterior porém no lugar de R c teremos R t, onde: R t = Resultante dos Esforços de tração no isolador β e µ = ângulos da Rede em relação a linha do horizonte de ambos os lados considerando os ângulos acima da linha do horizonte em valores negativos. Rt T T β µ Vn

RT 2.003 Página 8 de 15 R t = { -T x (sen β + sen µ)} + V n R t é o valor que deverá ser considerado no lugar do valor de Pc n indicado no item 3.1.1. quando verificada está situação. Neste caso simplificando a favor da segurança, podemos desprezar o valor de Vn e considerar o momento da força binária que atuará nas cintas de sustentação da cruzeta ocorrerá em sentido inverso ao item 3.1.1. e deverá ser também analisado no projeto a condição de resistência das amarrações e esforços de arrancamento dos isoladores. 3.2. ESFORÇOS HORIZONTAIS Os Esforços Horizontais são oriundos das tensões resultantes dos cabos quando da existência de ângulos em planta, finais de linha, tirantes de estaiamento, Rede de Trolebus, Ramais de Ligação, etc. Estes esforços, ao contrário dos esforços verticais, não são paralelos ao eixo do poste e geram apenas esforços de momentos máximos na base do poste junto ao solo e mínimos no ponto de aplicação da carga Rn. 3.2.1. Vãos mecanicamente contínuos Conforme referido anteriormente as Tensões de Projeto podem ser obtidas nas RT 2.001 e RT 2.002 e também podemos considerar a Tensão de Projeto =. No caso de resultantes horizontais provenientes de ângulos do traçado em planta da Rede temos: Ψ = ângulo da Rede verificado em planta = Tração de Projeto H y = Resultante dos esforços parciais no plano horizontal na direção longitudinal da Rede H x = Resultante dos esforços parciais no plano horizontal na direção transversal da Rede H n = Resultante Horizontal que atuará no poste H y H x ψ H y H n = Σ H x H x = Resultante por Condutor

RT 2.003 Página 9 de 15 Quando temos uma mudança de direção da Rede podemos determinar o valor da resultante pela lei dos cossenos. R T1 T2 Ψ = ângulo interno entre T 1 e T 2 R = [ T 1 ² + T 2 ² + (2 x T 1 x T 2 x cos Ψ)] 1/2 Porém considerando o alinhamento das cruzetas na bissetriz do ângulo Ψ e todas as Tensões de Projeto =, quando os vãos são mecanicamente contínuos, garantimos que o poste não sofrerá esforços de torção e que as somatórias das resultantes H y se anulam e dessa forma temos apenas a resultante H x em cada condutor, onde: H x = x 2 x (1 + cos Ψ) Resultante por condutor de mesma bitola H n = n x H x, onde H n é a resultante total na horizontal que atuará no poste, sendo n o número de condutores. 3.2.2. Ponto Mecânico No caso particular de ponto mecânico, poderão ocorrer valores de Tensão de Projeto diferentes em cada lado da estrutura, pois o Vão Regulador anterior ao ponto mecânico pode ser diferente do Vão Regulador posterior ao ponto mecânico e neste caso teremos que utilizar a equação dos cossenos apresentada anteriormente e com o resultado da diferença de H y deve-se projetar o estaiamento da cruzeta para compensar as diferenças de tensões mecânicas na estrutura. T 1 T 1 T 1 T 1 Hy 1 ψ Hn = Σ Hx Hx T 2 Hy 2 Hx = Resultante por condutor T 2 T 2 T 2

RT 2.003 Página 10 de 15 Outro caso particular ocorre nos finais de linha ou derivações cujo ângulo em planta seja inferior a 120, onde o comportamento da estrutura equivale a um ponto mecânico com tensão em apenas um dos lados, nestes casos o valor de H n = n x T o 3.2.3. Transferência de Forças Horizontais para topo do poste Quando temos diversas Forças Horizontais aplicadas em diversas alturas, precisamos transferi-las para o ponto virtual de aplicação de esforços horizontais no topo do poste com o valor da Força Horizontal Resultante que seja equivalente aos diversos momentos provocados pelas diversas forças Horizontais existentes. d Fh j Fh i h Fh j = Fh i x h i h h i Transferindo as forças horizontais para o ponto de aplicação virtual deve-se levar também em consideração o ângulo em planta destas componentes e através da soma vetorial (lei dos cossenos) chegar ao valor resultante da força equivalente que atua no topo do poste. Fh 1 Resultante 1 Poste Resuntante 2 Fh 3 Fh 2

RT 2.003 Página 11 de 15 4. DEFINIÇÕES DAS CARACTERISTICAS MECÂNICAS DOS POSTES DE CONCRETO ARMADO A seguir apresentamos o diagrama genérico de momento fletor conforme definido na norma ABNT NBR 8451: d B F Rn MA = F x B Valor Tabelado na NBR - 8452 A L H h e Nível do Solo MB = 0,70 ME E ME = Rn x h Diagrama de Momento Fletor estabelecido na NBR - 8451 Onde: L = comprimento do poste H = altura do poste acima do solo d = 0,10 metros (distância de aplicação da resultante dos esforços horizontais em relação ao topo do poste) e = engastamento do poste (e = L/10 + 0,6) unidade metros h = altura de aplicação da resultante dos esforços horizontais R n = resultante dos esforços horizontais Os tipos de postes são identificados pelo seu comprimento e a sua carga nominal (L e R n ) e a norma prescreve que:

RT 2.003 Página 12 de 15 Devem suportar cargas excepcionais de até 40% acima da carga nominal sem apresentar deformações residuais e/ou trincas permanentes (Cargas Excepcionais = 1,4 x R n ). Carga de ruptura deve ser igual ou superior a 100% acima da carga nominal (Carga de Ruptura = 2 x R n ). Cada tipo de poste apresenta seu respectivo diagrama de esforços de que por norma o fabricante deve garantir e cabe ao projetista da rede verificar se o poste calculado está dentro do estabelecido por norma. Como visto inicialmente os postes estão sujeitos a cargas verticais que normalmente não estão atuando no eixo do poste e a transferência das mesmas para o eixo adiciona uma componente de carga momento. Os postes estão também sujeitos as cargas horizontais cujas resultantes rebatidas para o topo geram momento em relação ao engastamento do poste, sendo assim devemos somar todos os efeitos para obter o Momento Resultante Final e verificarmos se o mesmo está compreendido dentro dos limites definido pela norma, como exemplo ilustrativo, temos: Hn Vi Vj Momentos das Cargas Verticais Exemplo: Vi + Vj Momentos das Cargas Horizontais Exemplo: Hn Momento Resultante Total O Momento Resultante Total deve estar contido dentro dos limites estabelecidos pelas Normas NBR-8451 e NBR-8452. 6. CONCLUSÃO Para escolher o tipo de poste necessário para atender ao projeto, normalmente o comprimento é definido por gabarito padrão das alturas e com relação à capacidade de carga do mesmo devemos levar em consideração os momentos devido aos esforços verticais e comparar com os valores estabelecidos por norma e quanto aos esforços horizontais devemos levar em consideração que as Tensões de Projeto, estabelecidas

RT 2.003 Página 13 de 15 pelas Recomendações Técnicas RT 2.001 e RT 2.002, são condições máximas que podem ocorrer na Rede e que o carregamento no poste não é constante ao longo do tempo, sendo que o mesmo varia principalmente em função das condições climáticas (temperatura e vento). Carregamento % Zona de Colapso Estrutural 200% 140% Rn = 100% Zona de Alto Risco com Redução da Vida Útil do Poste Zona de Carregamento Excepcional Dias Normais Dias Quentes Zona de Trabalho Adequado 1 Dias Frios 2 Dias Normais Vida Útil Rn = Capacidade de Carga Nominal do Poste Pontos 1 e 2 são valores excepcionais máximos que podem ocorrer (Tensão de Projeto) Dentro da Zona de Trabalho Adequada a vida útil do Poste é de aproximadamente 35 anos Com relação à carga horizontal resultante a mesma é conseqüência da Tensão de Projeto que considera o valor máximo que pode atuar durante um período curto de tempo, comparando-se com a vida útil do poste sendo que a norma permite considerar este esforço como excepcional e o mesmo pode atingir até 40% acima do valor da capacidade nominal R n. Sendo assim, considerando o critério de máxima economia: H n = 1,4 x R n, portanto, para determinar o valor de R n calculado devemos considerar: R n calculado = H n / 1,4 Os Valores de R n padronizados na Eletropaulo são de 300, 600, 1000, 1500, 1800 e 2500 (dan), portanto o valor do R n calculado deve ser: R n calculado R n padronizado Obviamente todos os procedimentos de dimensionamento do poste estão atrelados a condição de instalação dos cabos em campo obedecendo às tabelas de instalação de cabos que consideram as temperaturas no dia de instalação e os valores de flecha e tensão em função do vão.

Altura Útil (m) 8,75 8,50 8,25 8,00 7,75 7,50 7,25 7,00 6,75 6,50 6,25 6,00 5,75 5,50 5,25 5,00 4,75 4,50 4,25 4,00 3,75 3,50 3,25 3,00 2,75 2,50 2,25 2,00 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 Momento Máximo Conforme NBR - 8452 para Postes Comuns de 10,5 metros Poste 300daN Poste 600daN Poste 1000daN 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 Momento (dan x m) ANEXO I RT 2.003 Página 14 de 15

Altura Útil (m) 10,00 9,75 9,50 9,25 9,00 8,75 8,50 8,25 8,00 7,75 7,50 7,25 7,00 6,75 6,50 6,25 6,00 5,75 5,50 5,25 5,00 4,75 4,50 4,25 4,00 3,75 3,50 3,25 3,00 2,75 2,50 2,25 2,00 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 Momentos Máximos Conforme NBR - 8452 para Postes Comuns de 12,0 metros Poste 300daN Poste 600daN Poste 1000daN 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000 9500 10000 Momento (dan x m) ANEXO II RT 2.003 Página 15 de 15