O OLHAR DO PROFESSOR DA EJA: METODOLOGIA COM CARÁTER INVESTIGATIVO EM SALA DE AULA

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Transcrição:

O OLHAR DO PROFESSOR DA EJA: METODOLOGIA COM CARÁTER INVESTIGATIVO EM SALA DE AULA INTRODUÇÃO Renata Nery Ribeiro Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia natinhanery@hotmail.com Baraquizio Braga do Nascimento Junior Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia baraquizio@gmail.com Inserir-se na Educação para Jovens e Adultos (EJA) é compreender que essa modalidade de ensino tem o objetivo de levar às pessoas, que não tiveram acesso à escrita e leitura, para uma perspectiva de conclusão de seu processo formativo. A Lei de Diretrizes e Bases (1996) traz a seguinte afirmação sobre essa educação: A educação para jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. (Seção V, no Art. 37, da LDB/1996). É perceptível que a maior parte dos alunos da EJA são pessoas trabalhadoras e que não concluíram seus estudos. Contudo esta realidade tem mudado aos poucos. Atualmente, consegue-se encontrar jovens que estudam a noite somente por opção e que não trabalham durante o dia. Este trabalho origina-se de uma pesquisa acadêmica que estuda o limite e a possibilidade da aplicação de uma metodologia, com caráter investigativo, em uma sala de aula da EJA, numa determinada Escola Estadual, na cidade de Jequié - Bahia. Existem 14 professores que lecionam para jovens e adultos nesta escola. Mediante a convivência com esses professores, surgiu a questão norteadora: Qual a possibilidade para o professor da EJA utilizar uma metodologia com caráter investigativo em sala de aula? A partir desta questão surgiu o objetivo principal investigar a concepção de professores da EJA sobre a aplicação de metodologias com caráter investigativos em sala de aula. Sendo os objetivos secundários: analisar o seu pensamento e compreender seu papel nesta formação de jovens e adultos.

METODOLOGIA Um dos pensamentos quando se refere ao sentido da pesquisa, é que esta é uma idéia defendida com fundamentação teórica. Para Minayo ( 1994), entende-se que pesquisa é a construção de uma realidade a partir dos questionamentos da atividade básica da ciência. Isso nos leva a entender que a pesquisa é um método utilizado com a intenção de fornecer respostas aos problemas questionados. Para a realização desta presente pesquisa, foi realizada uma análise das Escolas Estaduais e Municipais onde a Educação para Jovens e Adultos (EJ A) esteja inserida. Em Jequié, no estado da Bahia, são 10 escolas estaduais e 13 municipais que atendem a EJA. Dentre estas, uma determinada escola estadual foi escolhida pelo fato de ser a que tem professores que lecionam na EJA há um tempo maior que nas outras escolas, além de ser a primeira escola a se envolver com a educação para jovens e adultos. Por isso, os professores desta escola serão os sujeitos desta pesquisa. Primeiramente foi realizado um período de conversação para expor o objetivo da pesquisa e os procedimentos que seriam utilizados tanto para os professores quanto para a coordenação da escola. Esse processo de realização da entrevista com os professores não foi uma tarefa fácil. Teve-se que marcar e remarcar horário, sendo estes, nos momentos da disponibilidade desses professores na escola, em vista que fora da escola eles não teriam horário disponível. Então, foi necessária a elaboração de um questionário bem formulado, claro e conciso segundo o tema da pesquisa. Como a fonte principal da pesquisa são pessoas, a coleta de dados ocorreu mediante a utilização de: gravador de voz, caneta, papel, sala dos professores para a entrevista e diário descritivo da pesquisadora analisando as características dos professores mediante suas colocações. Segundo Triviños (1987 ), uma entrevista semi-estruturada caracteriza-se através de questionamentos, fundamentados em teorias e hipóteses que venham a se relacionar com o tema da pesquisa elaborada. Esses questionamentos devem fornecer frutos que darão origem às novas hipóteses que surgiriam a partir das respostas dos entrevistados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES Analisaremos as falas de três professores em três pontos característicos: Sua formação inicial e tempo com a EJA; Quais os pontos positivos e negativos da Educação para Jovens e Adultos e a possibilidade de aplicar uma metodologia de caráter investigativo em sala de aula. Para preservar a identidade dos professores utilizaram-se letras, indiscriminadamente e as falas foram conservadas na íntegra. 1. Formação Inicial: A professora A 1, que leciona Matemática e Artes, declara que apesar de ser licenciada em letras, sentiu medo no início, pois compreender a matemática era uma dificuldade que ela própria tinha, mas que isso a incentivou a buscar conhecer mais a disciplina. Estou na EJA há mais de 5 anos. Mesmo assim, no início me bateu o medo por ensinar matemática, então percebi que eu já possuo um curso de matemática básica e matemática financeira pelo SENAI. Com isso o medo foi passando aos poucos... Tive contato com a EJA nesse período também e gosto bastante de ensinar a jovens e adultos. (Professora A, Rede Pública Estadual) 2. A professora B, leciona História e Artes Laboratoriais, e possui formação em Pedagogia, mas através de suas falas demonstra um contentamento disciplinas que leciona e pela sala de aula. pelas Ensino nesta escola desde quando começou a Educação para Jovens e Adultos, há 6 anos. Adoro ensinar História e Artes Laboratoriais porque consigo aproximar os meninos de grandes nomes como Picasso, Leonardo Da Vinci e outros. (Professora B, Rede Pública Estadual). O professor C é o único que leciona na sua área de formação. Ele é licenciado em Química, mas desenvolve aulas de física e matemática. Creio que sou o mais novo por aqui na Educação de Jovens e Adultos. Mas, você sabe como é, devido a escassez de professores de física e matemática, nós formados em Química, acabamos ficando na vaga. (Professor C, Rede Pública Estadual). 1 Para preservar a identidade dos professores utilizou-se letras, indiscriminadamente. 2 As falas dos professores foram conservadas na íntegra.

Mediante as falas, torna-se perceptível que alguns professores da EJA não possuem uma formação específica para a área de atuação, independente da sua formação acadêmica, eles são inseridos mediante as vagas propostas pelas escolas. 2. Quais os pontos positivos e negativos da Educação para Jovens e Adultos: Por um lado a EJA oferece a oportunidade para esses alunos concluírem seus estudos, terminarem sua formação e continuarem no mercado de trabalho. Por outro, ela não oferece subsidio nenhum para que esses alunos ingressem numa faculdade. (Professora A, Rede Pública Estadual). Creio que a parte positiva da EJA é que ela oferece meios para que os alunos ingressem no Mercado de Trabalho ou universidade, mas por outro lado, o cansaço dos alunos dificulta muito a aprendizagem. (Professora B, Rede Pública Estadual). Não há uma preparação para que os alunos entrem diretamente numa universidade, pois muitas vezes temos alunos que estão numa 7º/8º, mas não sabem ler e escrever direito. A parte boa é que a EJA os ajudam a concluir seus estudos. (Professor C, Rede Pública Estadual). Desse modo, torna-se claro que somente uma professora acredita que os alunos da EJA possam ingressar no ensino superior. Sabe-se de toda a dificuldade quando se trata de um ensino noturno, ainda mais quando se trata de estudantes com uma rotina cansativa. Contudo, percebe-se que há um comodismo com esta realidade, e por isso, se faz necessário que os professores busquem uma transformação que venha possibilitar um novo olhar sobre a Educação para Jovens e Adultos. aula: A possibilidade de aplicar uma metodologia investigativa em sala de Sei que muitos dizem você tem que fazer uma aula diferente, uma metodologia diferente, mas gente, isso funciona hoje, mas no outro dia é diferente. E nem todo dia você tem coisas diferentes pra trazer na sala de aula, pra alguém de fora dizer: o aluno é assim porque você não faz isso e isso. Então, qual é a minha tática, eu como professora e como ser humano? Eu prefiro conversar com o aluno e ali eu ser companheira dele independente de conteúdo. Eu quero que ele aprenda algo da vida dele. (Professora A, Rede Pública Estadual).

Com certeza. Eu, por exemplo, sempre tento elaborar uma aula diferente. Em Artes Laboratoriais, não trabalho com reciclagem, mas sim com vidas que foram importantes em meio à arte. Também utilizo bastante a TV Pendrive como uma ferramenta. São bastantes filmes que passo e discuto com eles. (Professora B, Rede Pública Estadual). Como eu trabalho em mais duas escolas diferentes, não me resta muito tempo para desenvolver uma aula diferente. Acaba restando às mesmas aulas de sempre. (Professor C, Rede Pública Estadual). Percebe-se que há certa resistência nas falas dos professores quando se trata de inovação em sala de aula. Por um lado, as cargas horárias não permitem que eles aprofundem seus conhecimentos em preparar aulas investigativas. Por outro lado, a professora B, também possui 40 horas em sala de aula, mas consegue desenvolver aulas com caráter investigativo. A partir desta análise, consegue-se entender que apesar de nem os professores conseguirem desenvolver aulas investigativas, eles concordam que a EJA tenta desenvolver nos alunos conteúdos relacionados com seu dia-a-dia para que possam constituir uma análise crítica social. CONCLUSÃO Diante dos resultados apresentados, pode-se observar que os professores da EJA possuem uma formação inicial diferente daquela que exerce em sala de aula, e, além disso, a demanda da carga horária e a falta de uma capacitação para professores formadores de adultos influenciam numa prática pedagógica diferenciada e no anseio de conhecer novas metodologias para serem trabalhadas em sala de aula. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. M. E. C. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. Disponível em: <ftp://ftp.fnde.gov.br/web/siope/leis/ldb.pdf>. Acesso em 15/07/2014. MINAYO, M. C. de S. (1994). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987.