SAFETY ATITUDES QUESTIONNAIRE COMO MENSURADOR DO CLIMA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EM UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1

Documentos relacionados
SEGURANÇA DO PACIENTE PERCEBIDA PELA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 1

CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE: DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS 1

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Palavras-chave: Enfermagem; Segurança do Paciente; Enfermagem em Emergência.

CLIMA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA PERSPECTIVA DE ENFERMEIROS 1 PATIENT SAFETY CLIMATE IN THE PERSPECTIVE OF NURSES

CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 1

CLIMA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA ÓTICA DE TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 1 PATIENT SAFETY CLIMATE IN THE OPTICS OF NURSING TECHNICIAN

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE TRABALHADORES DE EQUIPES DE ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA 1

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Subprojeto de Iniciação Científica

COMUNICAÇÃO COMO ELO PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE 1 COMMUNICATION AS A LINK FOR THE PATIENT SAFETY

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO DE QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-TESTE

Trabalho desenvolvido durante a Iniciação Científica,no projeto "Segurança do paciente: Percepções de profissionais de Saúde" 2

ATRIBUTOS ESSENCIAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE SOB A ÓTICA DE PROFISSIONAIS. 1

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

Jamille Guedes Monteiro Evangelista

CONFLITO EM EQUIPE: DESAFIOS ENFRENTADOS POR ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM 1

SEGURANÇA DO PACIENTE: PROMOVENDO A CULTURA DE SEGURANÇA.

TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA EM PROFISSINAIS DE ENFERMAGEM CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA

BUSCANDO A SENSIBILIZAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA NO HOSPITAL FELÍCIO ROCHO AUDITORIA DE ADESÃO AOS PROTOCOLOS: BUSINESS ASSURANCE

ATRIBUTOS GERAIS DE UM SERVIÇO DE SAÚDE AMBULATORIAL EM MARINGÁ-PR: OPINIÃO DE USUÁRIOS

SEGURANÇA DO PACIENTE: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA

CARACTERIZAÇÃO DOS COLABORADORES DE ENFERMAGEM E LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES PARA EDUCAÇÃO PERMANENTE

PROGRAMA DE DISCIPLINA. DISCIPLINA: Estágio Curricular em Unidades de Saúde de Média e Alta Complexidade CÓDIGO: EFMO64 COORDENADOR:

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES DE UM HOSPITAL GERAL 1

Evolução da Cultura de Segurança do Paciente: uma análise linear e comparativa com os Hospitais Americanos

CURSO DE ENFERMAGEM. Projeto de Pesquisa

Ana Fernanda Yamazaki Centrone Enfermeira Centro de Oncologia e Hematologia Hospital Albert Einstein

ANÁLISE DE UM INSTRUMENTO DE NOTIFICAÇÃO COMO BASE PARA DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EVENTOS ADVERSOS: BUSINESS ASSURANCE

PERCEPÇÃO DO CLIMA DE SEGURANÇA DO PACIENTE, SOB A ÓTICA DE TRABALHADORES DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1

A EXPERIÊNCIA DO ACADÊMICO DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM UM HOSPITAL PÚBLICO DE FOZ DO IGUAÇU, PR.

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS ACERCA DAS EQUIPES MÉDICA E ENFERMAGEM DE UM PRONTO ATENDIMENTO MUNICIPAL

QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ASSISTIDOS NA ATENÇÃO BÁSICA 1

COMISSÃO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ PARANÁ: AÇÕES NO ANO DE 2009

AVALIAÇÃO DOS ATRIBUTOS DERIVADOS DA APS NA PERSPECTIVA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 1

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE NA QUALIFICAÇÃO DO PRÉ-NATAL

Barbara Correia Neves; Laura Motta Fernandes; Maysa Alahmar Bianchin; Bolsa de IC Faculdade de Medicina de S.J.Rio Preto

ESTRESSE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO SERVIÇO DE PRONTO ATENDIMENTO DE UM HOSPITAL PÚBLICO

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PARECER CONSUBSTANCIADO Nº. 068/2011

Implementação do Núcleo de Segurança do Paciente e elaboração do Plano de Segurança do Paciente. Helaine Carneiro Capucho, DSc.

ANÁLISE DO CONHECIMENTO ERGONÔMICO E NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO.

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DOS COLABORADORES SOBRE SEU AMBIENTE DE TRABALHO ATRAVÉS DA PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL

HIGIENE DAS MÃOS NA PERSPECTIVA DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM 1 HAND HYGIENE IN THE PERSPECTIVE OF NURSING STUDENTS

HABILITAÇÃO ACADÊMICA DO ENFERMEIRO ASSOCIADA À AUTONOMIA PROFISSIONAL

ENFERMAGEM E O ABSENTEÍSMO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

O Uso do Formulário Google como Ferramenta para Notificação e Gestão de Eventos Adversos nas Instituições de Saúde

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA GESTÃO DE PROGRAMAS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA NA CIDADE DE CRISÓPOLIS BA RESUMO

Me Gislene Ap. Xavier dos Reis Enfermeira Supervisora de Gerenciamento de Riscos e Protocolos Clínicos Hospital Santa Casa de Maringá

A DIMENSÃO QUALITATIVA E O DIMENSIONAMENTO QUANTITATIVO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO AMBIENTE DO CUIDADO/CONFORTO DA UTI.

SEGURANÇADO PACIENTE. Segurança do paciente. Parte 1. Profª PolyAparecida

A AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA PERSPECTIVA DAS EQUIPES DE ESF 1

Estresse ocupacional e cultura de segurança: tendências para contribuição e construção do conhecimento em enfermagem

ANÁLISE DA CARGA DE TRABALHO E DISPONIBILIDADE DA EQUIPE DE ENFERMAGEM EM UNIDADE NEONATAL

Análise de erro de medicação sob a ótica de auxiliares/técnicos de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva

TÍTULO: O ACOLHIMENTO DO ENFERMEIRO DO SERVIÇO DE PROCURA DE ÓRGÃOS E TECIDOS AOS FAMILIARES DO POTENCIAL DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS.

Reunião do Grupo de RH Pesquisa de Clima Organizacional Setembro Carlos Bertazzi

Análise da administração de medicamentos intravenosos pela enfermagem: uma prática segura.

SABERES E PRÁTICAS DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E ENFERMEIROS SOBRE BIOSSEGURANÇA E SUA APLICAÇÃO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

Clima organizacional dos colaboradores da indústria de Panificação do Grupo Cíntia

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE - HCPA / UFRGS

DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL: QUALIDADE E CLIMA ORGANIZACIONAL NO TRABALHO EM UM RESTAURANTE DA CIDADE DE JOÃO PESSOA

SEGURANÇA DO PACIENTE A NÍVEL HOSPITALAR: IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DOS REGISTROS EM PRONTUÁRIOS

ENFERMAGEM ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM. Gestão em Saúde Aula 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO DESTINADO À ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO ORIGINAL NO ÂMBITO DO CURSO DE MESTRADO EM EPIDEMIOLOGIA (1ª EDIÇÃO)

IV Seminário do Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais Faculdade de Filosofia e Ciências 26 e 27 de fevereiro de 2018 ISSN

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

MANUAL DE INDICADORES ENFERMAGEM NAGEH ENFERMAGEM PESSOAS (2017)

Relatório de Avaliação

A importância da anamnese e do exame físico para a prática de enfermagem: relato sobre a experiência acadêmica

A Gestão do Cuidado e dos Serviços de Saúde

Palavras-chave: Ensino em inclusão escolar, Educação especial, Formação dos professores.

SERVIÇO DE RADIOLOGIA A PERCEPÇÃO DA ENFERMEIRA DE DENTRO E DE FORA DO CDI

DESAFIOS DO CLIMA ORGANIZACIONAL NO ESTÁGIO EM TERAPIA INTENSIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho realizado na disciplina de ESCll do curso de enfermagem da UNIJUI. 2

RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO: estudo entre profissionais de uma instituição federal de educação


Acácio Lustosa Dantas Graduanda em Educação Física pelo PARFOR da Universidade Federal do Piauí

Questionários de satisfação Grupo de trabalho da Avaliação Interna

SEGURANÇA DO PACIENTE: EXECUÇÃO DE AÇÕES APÓS O PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS EM PEDIATRIA

GRUPO DE GESTANTES: A PARTICIPAÇÃO ATIVA DAS MULHERES E O COMPARTILHAR DE CUIDADOS NO PRÉ-NATAL

CONHECIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO RESUMO

Segurança do Paciente Profa Fernanda Barboza

Avaliação da cultura de segurança das instituições de saúde por profissionais de Enfermagem

MESTRANDA: PATRÍCIA DANIELLE FEITOSA LOPES SOARES ORIENTADORA: SYLVIA HELENA BATISTA

IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

Teorias de Enfermagem

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PERFIL E FATORES DE RISCO RELACIONADOS A ÚLCERA POR PRESSÃO EM PACIENTES INTERNADOS NUM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE CURITIBA/PR

5º Simposio de Ensino de Graduação

IMPLANTAÇÃO DE INDICADORES DE QUALIDADE NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO DE UM CENTRO CIRÚRGICO AMBULATORIAL. ATENÇÃO ESPECIALIZADA

A integração dos Núcleos de Segurança do Paciente com os Setores e Comissões Hospitalares. Antonio da Silva Bastos Neto

SINTOMAS OSTEOMUSCULARES EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UNIDADES DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR ADULTA

ENTREVISTA COM FAMÍLIA DE PACIENTES PÓS-INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 1 RESUMO

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO CURSO QUALIFICAÇÃO DO ATO TRANSFUSIONAL DA ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

AS AÇÕES DE ENFERMAGEM NO CUIDADO À GESTANTE: UM DESAFIO À ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

Transcrição:

SAFETY ATITUDES QUESTIONNAIRE COMO MENSURADOR DO CLIMA DE SEGURANÇA DO PACIENTE EM UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1 Thays Cristina Berwig Rutke 2, Carine Feldhaus 3, Catiele Raquel Schmidt 4, Letícia Flores Trindade 5, Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz 6, Marli Maria Loro 7. 1 Projeto vinculado ao Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde GPAS. 2 Acadêmica do 10º Semestre do Curso de Enfermagem da Unijuí. Bolsista PIBIC/CNPq do Projeto Clima de Segurança do Paciente: Percepção da Equipe de Enfermagem, vinculado ao Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde GPAS.thaysrutke@hotmail.com 3 Acadêmica do 10º Semestre do Curso de Enfermagem da Unijuí. Bolsista PIBIC/CNPq do Projeto Clima de Segurança do Paciente: Percepção da Equipe de Enfermagem, vinculado ao Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde GPAS. 4 Acadêmica do 6º Semestre do Curso de Enfermagem da Unijuí. Bolsista PIBIC/CNPq do Projeto Clima de Segurança do Paciente: Percepção da Equipe de Enfermagem, vinculado ao Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde GPAS. 5 Acadêmica do 6º Semestre do Curso de Enfermagem da Unijuí. Bolsista PIBIC/UNIJUÍ do Projeto Demandas de Cuidado de Pacientes Oncológicos em Tratamento: Proposta de Intervenção pela Convergência da Pesquisa e Prática Educativa, vinculado ao Grupo de Pesquisa Atenção à Saúde GPAS. 6 Enfermeira. Doutora em Ciências e Docente do Departamento de Ciências da Vida Unijuí. Integrante do Grupo de Pesquisa Atenção em Saúde GPAS. 7 Orientadora. Enfermeira. Doutora em Ciências e Docente do Departamento de Ciências da Vida Unijuí. Integrante do Grupo de Pesquisa Atenção em Saúde GPAS. INTRODUÇÃO O ambiente hospitalar apresenta alguns riscos à saúde dos pacientes, os quais podem agravar seu estado de saúde (FASSINI E HAHN, 2012). Frequentemente são divulgados dados de erros que poderiam ser evitados relacionados à assistência à saúde, além dos inúmeros incidentes que são omitidos. Diante disso, faz-se necessário que sejam adotadas ações em conjunto para, não somente diminuir o número de erros, mas tratá-los de maneira educativa mudando a cultura de punição, e assim ofertar ao paciente um cuidado seguro e de qualidade. Um marco para a segurança do paciente, no Brasil, foi a instituição, pelo Ministério da Saúde, do Programa Nacional de Segurança do Paciente através da Portaria n 529, de 1 de abril de 2013. O objetivo é contribuir para a qualificação do cuidado em saúde, promover e apoiar iniciativas voltadas à segurança do paciente que envolvam pacientes, familiares, bem como a sociedade, além de produzir conhecimento sobre o tema e incluí-lo desde a formação dos profissionais (BRASIL, 2013a). Cabe aos serviços de saúde, públicos ou privados, a criação de um Núcleo de Segurança do Paciente, previsto na Portaria 529 e na RDC n 36 de 25 de julho de 2013, que é uma instância do serviço criada para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente. Os Núcleos são responsáveis pela elaboração do Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde, documento que aponta situações de risco e estabelece as estratégias e ações de gestão de

risco visando a prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a admissão até a transferência, o óbito ou a alta do paciente (BRASIL, 2013b). Uma das ações importantes é avaliar o clima de segurança, que pode ser medido pelas percepções individuais dos colaboradores sobre as atitudes da organização quanto à cultura de segurança (RIGOBELLO et.al. 2012). Esta é uma etapa fundamental, pois o clima de segurança é um indicador que retrata a qualidade da assistência prestada, mostra lacunas existentes e pontos a serem aprimorados. O passo seguinte é planejar e realizar as intervenções necessárias para alcançar a melhoria dos resultados e assim estabelecer uma cultura de segurança positiva. (CARVALHO, 2011). Um dos instrumentos mais utilizados para mensurar o clima de segurança é o Questionário de Atitudes de Segurança (Safety Attitudes Questionnaire - SAQ), que tem sido usado para explorar a relação entre a cultura da segurança no cuidado e o resultado da assistência ofertada ao paciente (FIDELIS, 2011). Nesta perspectiva, o objetivo deste estudo é comparar o clima de segurança do paciente, sob a ótica de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, de três unidades abertas de uma instituição hospitalar privada do noroeste do Rio Grande do Sul. MÉTODO Este estudo faz parte de um projeto institucional intitulado Clima de segurança do paciente: percepção da equipe de enfermagem. Estudo transversal de natureza quantitativa, desenvolvido nas unidades 100, 200 e 300 de um hospital privado, localizado na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. A coleta de dados ocorreu por conveniência, no período de maio a julho de 2014. Os critérios de inclusão foram: ser enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem, trabalhar no mesmo setor há pelo menos um mês e ter carga horária semanal de pelo menos 36 horas. Foram excluídos os profissionais que se encontravam em licença-saúde no período de coleta de dados, os menores de 18 anos de idade, e os profissionais que participaram como integrantes da equipe de pesquisa. O instrumento utilizado foi o Questionário de Atitudes de Segurança, Safety Atitudes Questionnaire (SAQ), desenvolvido por pesquisadores da Universidade do Texas em 2006. No Brasil ele foi adaptado por Carvalho e Cassiani em 2012. O SAQ possibilita mensurar a percepção dos trabalhadores por meio de seis domínios: 1 Clima de Trabalho em Equipe: considerado como a qualidade do relacionamento e a colaboração entre os membros de uma equipe (itens 1 a 6); 2 Clima de Segurança: percepção dos profissionais quanto ao comprometimento organizacional para segurança do paciente (itens 7 a 13); 3 Satisfação no Trabalho: visão positiva do local de trabalho (itens 15 a 19); 4 Percepção do Estresse: reconhecimento de quanto os fatores estressores,podem influenciar na execução do trabalho (itens 20 a 23); 5 Percepção da Gerência: aprovação das ações da gerência ou administração, tanto da unidade em que o profissional atua, quanto do hospital como um todo (itens 24 a 29) e 6 Condições de Trabalho: percepção da qualidade do ambiente de trabalho (itens 30 a 33). Entretanto os itens 14, 34 a 36 não fazem parte de nenhum domínio no instrumento original. (RIGOBELLO et.al. 2012). A escala de cinco pontos de Likert foi utilizada para responder cada questão: opção (A) discorda totalmente, (B) discorda parcialmente, (C) neutro, (D) concorda parcialmente, (E) concorda

totalmente e (X) não se aplica. Ordena-se a pontuação da seguinte forma: (A) discorda totalmente vale 0, (B) discorda parcialmente vale 25, (C) neutro vale 50, (D) concorda parcialmente vale 75, (E) concorda totalmente vale 100, e (X) não se aplica com valor de 0 (RIGOBELLO et.al. 2012). As questões foram ordenadas por domínios, assim, somou-se as respostas das questões de cada domínio e dividiu-se pelo número de questões de cada um. A pontuação final pode ter valores de 0 a 100, sendo 0 a pior percepção do clima de segurança e 100 a que representa a melhor percepção. São considerados valores positivos quando a pontuação final é maior ou igual a 75 (CARVALHO, CASSIANI, 2012). A análise descritiva e analítica dos dados foi realizada pelo programa SPSS - 18.0. Os aspectos éticos foram respeitados e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) sob parecer consubstanciado nº 652.985/2014. RESULTADOS E DISCUSSÃO A caracterização do perfil laboral dos participantes do estudo está disposta na tabela 1. A amostra foi composta por 80 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, colaboradores da instituição. Tabela 1. Características do perfil laboral de téc./aux. de enfermagem e enfermeiros de três unidades de um hospital privado do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 2016. Os escores por domínio das unidades 100, 200 e 300 estão dispostos na tabela 2. Consideram-se satisfatórios os escores com resultados iguais ou acima de 75. Tabela 2. Distribuição dos escores por domínio de três unidades de um hospital privado do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 2016.

Evidencia-se que todas as unidades obtiveram escores positivos nos domínios: Clima de Trabalho em Equipe, Satisfação no trabalho e Condições de Trabalho. Estes resultados podem estar relacionados, pois o estado de satisfação ou insatisfação é influenciado pelas condições gerais de trabalho oferecidas (MELO, BARBOSA e SOUZA, 2011). Destaca-se que o profissional que avalia suas condições de trabalho como adequadas, que mantém bom relacionamento com os colegas, possivelmente estará satisfeito com sua ocupação laboral. Uma pesquisa realizada na Atenção Básica destacou três fatores associados à satisfação no trabalho: a afinidade pela profissão, a satisfação do usuário e o trabalho em equipe (LIMA et.al. 2014). Contrariando com o contexto deste estudo, pesquisa realizada em um hospital universitário do noroeste do Paraná, cujo objetivo era determinar o índice de satisfação no trabalho, apontou que a enfermagem trabalha insatisfeita (VERSA e MATSUDA, 2014). O menor valor obtido pelas três unidades foi em relação à percepção do estresse, o que significa que os profissionais têm dificuldade em reconhecer a influência dos fatores estressores na execução do trabalho. O estresse é apontado como um dos problemas de saúde mais incidentes resultante do mundo globalizado e capitalista. Neste sentido, a enfermagem é considerada uma profissão com alto nível de estresse ocupacional, ao considerar-se o ambiente hospitalar e as responsabilidades inerentes à função, que acarretam demandas físicas e mentais, e tem potencial de gerar fadiga e adoecimento devido à sobrecarga (OLIVEIRA et.al. 2014; COSTA e MARTINS, 2011; VERSA et.al. 2012). Estudo colabora ao afirmar que o estresse é um fator limitante para o desenvolvimento das atividades e, por conseguinte, leva a um cuidado inseguro e de baixa qualidade (FERMO et.al. 2016). Em relação ao domínio Clima de segurança, apenas as unidade 100 e 200 alcançaram um valor positivo. Este domínio apresenta questões relativas a erros que possam ocorrer os quais interferem diretamente na segurança do paciente. Ainda, faz-se necessário modificar formas de gerenciar situações em que erros ocorrem, no sentido de revelá-los e substituir a punição por ações de educação em saúde, com vistas a identificar causas e evitar sua recorrência. Para Silva e Carvalho (2016) isto configura-se em desafio para as organizações, na medida em que a cultura de culpabilidade vigente desencoraja a notificação dos erros pelos colaboradores e, portanto, impossibilita o aprendizado coletivo (SILVA e CARVALHO, 2016). Pesquisa semelhante obteve, no mesmo domínio, média de 65,9, resultado insatisfatório assim como o escore médio da unidade 300 do presente estudo (FERMO et.al. 2016). No que se refere à Percepção da Gerência, tanto a nível de unidade quanto hospitalar, ambas as unidades obtiveram escores aquém do mínimo ideal. Resultado preocupante, pois a gestão possui importância fundamental nas questões relacionadas à segurança do paciente, mesmo não estando na

ponta da assistência, visto que os fatores organizacionais interferem neste processo (FERNANDES, 2014). Um fator que influencia a percepção negativa dos gestores é a forma como estes lideram. A liderança hierárquica e vertical, baseada na culpa e punição, afasta os colaboradores, fazendo com que estes não encontrem alicerce para relatar os erros e as situações que vivenciam (MISIAK, 2013). A partir destas reflexões, ressalta-se a importância do envolvimento coletivo para a promoção da segurança do paciente, visto que um clima de segurança positivo, em que os profissionais são valorizados, tem impacto direto no desenvolvimento de práticas seguras que qualificam a assistência. CONCLUSÃO A Segurança do Paciente é um dos pilares que fundamenta a qualidade da assistência e deve ser vista como prioridade nas instituições de saúde. Estabelecer uma cultura de segurança requer tempo e investimento das organizações a curto, médio e longo prazo. Avaliar o Clima de Segurança por meio do SAQ possibilitou identificar os aspectos favoráveis, bem como os pontos críticos relacionados a este processo. O estudo evidenciou que os domínios Clima de Trabalho em Equipe, Satisfação no Trabalho Condições de Trabalho, nas três unidades, e Clima de Segurança em duas, alcançaram escores positivos. Os escores Percepção do Estresse e da Gerência, e Clima de Segurança da unidade 300, que obtiveram valores insatisfatórios, sugerem esforços no sentido de implementar melhorias que possam fornecer subsídios para potencializar a segurança do paciente e, desta forma, garantir-se-á aos pacientes um cuidado eficaz e qualificado. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n 529, de 1 de abril de 2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 abr. 2013a. BRASIL. Anvisa. RDC n 36, de 25 de julho de 2013, que institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jul 2013b. CARVALHO, R.E.F.L. Adaptação Transcultural do Safety Attitudes Questionnaire para o Brasil Questionário de Atitudes de Segurança. 2011. 158f. Tese (Doutorado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011. CARVALHO, R.E.F.L.; CASSIANI, S.H.B. Questionário Atitudes de Segurança: adaptação transcultural do Safety Attitudes Questionnaire - Short Form 2006 para o Brasil. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet], v. 20, n.3, [8 telas], mai/jun, 2012. COSTA, D.T.; MARTINS, M.C.F. Estresse em profissionais de enfermagem: impacto do conflito no grupo e do poder do médico. Rev Esc Enferm USP,v. 45, n.5, p.1191-8, 2011. FASSINI, P.; HAHN, G.V.Riscos à segurança do paciente em unidade de internação hospitalar: concepções da equipe de enfermagem. Rev Enferm UFSM, v. 2, n. 2, p. 290-299, Mai/Ago 2012. FERMO, V.C. et.al.atitudes profissionais para cultura de segurança do paciente em unidade de transplante de medula óssea. Rev Gaúcha Enferm.v.37, n.1, p. e55716, mar 2016.

FERNANDES, L.G.G. Cultura e Clima de segurança do paciente em uma maternidade-escola: percepção dos profissionais de enfermagem de terapia intensiva. 2014. 87p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014. FIDELIS, R. E. Cultura de segurança: perspectiva da equipe de enfermagem em unidade de emergência do adulto. 2011. 170 p. Dissertação (Mestrado) Curso de Mestrado Profissional Gestão do Cuidado em Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. LIMA, L. et.al.satisfação e insatisfação no trabalho de profissionais de saúde da atenção básica.escola Anna Nery Revista deenfermagem, v. 18, n.1, jan/mar. 2014. MELO, M.B.; BARBOSA, M.A.; SOUZA, P.R. Satisfação no trabalho da equipe de enfermagem: uma revisão integrativa.rev. Latino- Am. Enfermagem [Internet], v.19, n.4, 9 telas,jul/ago. 2011. MISIAK, M. Cultura de segurança do paciente na perspectiva da equipe de enfermagem de uma instituição cardiovascular. 2013. 107 f.dissertação (Mestrado)- Programa de Pós Graduação de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. OLIVEIRA, E.B. et.al.estresse ocupacional e consumo de ansiolíticos por trabalhadores de enfermagem. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 22, n.5, p.615-21, set/out. 2014. RIGOBELLO, M.C.G. et al. Clima de segurança do paciente: percepção dos profissionais de enfermagem. Acta Paul. Enferm. São Paulo, v. 25, n. 5, p. 728-735, 2012. SILVA, M.V.P.; CARVALHO, P.M.G.Cultura de segurança do paciente: atitudes dos profissionais de enfermagem de um serviço de pronto-atendimento.r. Interd. v. 9, n. 1, p. 1-12, jan/mar 2016. VERSA, G.L.G.S. et.al. Estresse ocupacional: avaliação de enfermeiros intensivistas que atuam no período noturno.rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS), v.33, n.2, p78-85,jun. 2012. VERSA, G.L.G.S; MATSUDA, L.M. Satisfação profissional da equipe de enfermagem intensivista de um hospital de ensino. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro, v.22, n.3 p.409-15, mai/jun, 2014.